ANÁLISE DE PERFIS EPIDEMIOLÓGICOS DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202411300027


Thaís Araruna Lucena1; Andréa Karla Barcellos Gabao2; Marcus Vinicius da Silva Pereira3; Jadson Douglas Lopes Leite4; Ana Rita de Santana Barros5; André Ricardo de Alencar Roza e Véras6; Rayssa Macedo Rodrigues7; Caroline Louise Gabao de Menezes8; Rafaela Gabao Loureiro9; Livia Dulce Braz Morais10; Ana Jamile de Paiva Escarião11; Mohanna Caroline Oliveira Meireles12; Larissa Neves de Santana13


RESUMO:

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos por flebotomíneos do gênero Lutzomyia. A LTA apresenta ampla distribuição geográfica, sendo endêmica em diversas regiões tropicais e subtropicais, incluindo a América Latina. Este estudo é uma revisão integrativa que buscou reunir e sintetizar informações sobre a leishmaniose tegumentar americana em relação à sua epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. Foram selecionados 11 artigos publicados entre 2019 e 2021 nas bases de dados SciELO, LILACS, Google Acadêmico e BVS Saúde. A integração de ações de saúde pública com monitoramento contínuo, estratégias de controle vetorial e conscientização comunitária pode contribuir para a redução da incidência e o impacto da doença no estado. Assim, a compreensão ampliada dos determinantes da LTA contribui para subsidiar políticas públicas mais efetivas, capazes de mitigar o impacto dessa doença negligenciada e promover melhores condições de saúde nas populações vulneráveis.

PALAVRAS-CHAVES: Leishmaniose tegumentar americana, Epidemiologia, Brasil.

ABSTRACT:

American tegumentary leishmaniasis (ATL) is an infectious disease caused by protozoa of the genus Leishmania, transmitted by sandflies of the genus Lutzomyia. ATL has a wide geographical distribution and is endemic in several tropical and subtropical regions, including Latin America. This study is an integrative review aimed at gathering and synthesizing information about American tegumentary leishmaniasis in terms of its epidemiology, pathophysiology, clinical manifestations, diagnosis, and treatment. Eleven articles published between 2019 and 2021 were selected from the SciELO, LILACS, Google Scholar, and BVS Saúde databases. The integration of public health actions with continuous monitoring, vector control strategies, and community awareness initiatives can contribute to reducing the incidence and impact of the disease in the region. An expanded understanding of the determinants of ATL supports the development of more effective public policies, capable of mitigating the impact of this neglected disease and promoting better health conditions for vulnerable populations.

KEYWORDS: American tegumentary leishmaniasis, Epidemiology, Brazil.

1. INTRODUÇÃO:

A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos por flebotomíneos do gênero Lutzomyia. A LTA apresenta ampla distribuição geográfica, sendo endêmica em diversas regiões tropicais e subtropicais, incluindo a América Latina. No Brasil, representa um importante problema de saúde pública devido à sua alta incidência e potencial de causar deformidades e impactos psicológicos significativos (DOS SANTOS ARAÚJO et al., 2024).

A LTA é amplamente distribuída no território brasileiro, com maior prevalência em áreas de floresta tropical, onde há interação entre o ambiente silvestre e humano. A região Norte concentra a maioria dos casos, devido ao avanço do desmatamento e ocupação de áreas florestais, enquanto outras regiões apresentam surtos associados a mudanças ambientais e urbanização. Dados recentes indicam que populações de baixa renda, trabalhadores rurais e comunidades indígenas são os mais afetados, com alta incidência em homens na faixa etária de 20 a 50 anos (LOPES et al., 2023).

Após a picada do flebotomíneo infectado, os protozoários são fagocitados por macrófagos, onde se transformam em amastigotas e se replicam. A resposta imune inadequada ou exagerada pode levar a lesões destrutivas, que variam de úlceras cutâneas localizadas a formas mucosas graves. A evolução depende de fatores como espécie da Leishmania, resposta imunológica do hospedeiro e carga parasitária​(DE OLIVEIRA REGO et al., 2023).

Clinicamente, a LTA apresenta formas cutâneas e mucosas. A forma cutânea caracteriza-se por úlceras indolores com bordas elevadas, enquanto a forma mucosa, menos comum, compromete as mucosas do trato respiratório superior, podendo levar a deformidades severas. Os casos podem ser autolimitados ou evoluir para condições crônicas, especialmente na ausência de tratamento adequado (DA SILVA et al., 2021)​.

O diagnóstico da LTA combina métodos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. A confirmação geralmente requer exames parasitológicos, como visualização direta do parasito em lesões, ou testes moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), que têm alta sensibilidade. Métodos sorológicos e imunológicos também podem ser utilizados em situações específicas (SCARABELOT et al., 2023).

O tratamento é baseado no uso de antimoniais pentavalentes, como glucantime, embora alternativas, como anfotericina B lipossomal e miltefosina, sejam recomendadas em casos de resistência ou intolerância. A adesão ao tratamento é essencial para evitar complicações e recaídas, mas desafios como efeitos colaterais e interrupções no acesso a medicamentos persistem, especialmente em regiões remotas ( JUNIOR et al., 2022).

A leishmaniose tegumentar americana destaca-se pela complexidade de sua epidemiologia e manejo. A ampliação de estratégias de vigilância, acesso ao diagnóstico precoce e terapias mais acessíveis são essenciais para reduzir sua carga em populações vulneráveis. Este artigo tem por objetivo reunir estudos epidemiológicos sobre a LTA e seus principais objetivos.

2: METODOLOGIA:

Este estudo é uma revisão integrativa que buscou reunir e sintetizar informações sobre a leishmaniose tegumentar americana em relação à sua epidemiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. Foram selecionados 11 artigos publicados entre 2019 e 2021 nas bases de dados SciELO, LILACS, Google Acadêmico e BVS Saúde. Os critérios de inclusão consideraram estudos publicados em português, inglês ou espanhol, com foco na temática da leishmaniose tegumentar, enquanto artigos repetidos, fora do recorte temporal ou que não abordassem diretamente os objetivos da revisão foram excluídos. A análise dos dados seguiu uma abordagem sistemática, organizando as informações em categorias temáticas que subsidiaram a discussão dos achados.

A tabela a seguir apresenta a distribuição dos artigos selecionados por base de dados escolhidos para a revisão:

Tabela 01: Tabela de artigos encontrados em cada base de dados

Base de DadosArtigos EncontradosArtigos Selecionados
PubMed452
LILACS102
Google Scholar554
SciELO203

3: RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos artigos selecionados, foi construída uma tabela com os principais resultados encontrados abaixo:

Tabela 02: Resultados encontrados pelos estudos selecionados

AutorObjetivo do EstudoPrincipais Resultados
FERREIRA et al.Determinar a distribuição dos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) em Três Lagoas/MS entre 2007-2019 e identificar fatores de risco.Identificados 13 casos, maior prevalência em homens (84,62%), brancos (61,54%), zona urbana (84,62%) e em pessoas de baixa escolaridade. Maioria dos casos foi autóctone e na forma cutânea (76,92%). Tratamento predominante com antimonial pentavalente. Importância do monitoramento para controle da doença.
ESTUMANO et al.Identificar o perfil epidemiológico de LTA em Santarém/PA entre 2008-2017.Registrados 1244 casos, prevalência em homens (90%). Maioria dos diagnósticos realizados por métodos clínico-laboratoriais, com predominância de lesões cutâneas (98,8%). Dados indicam alta endemicidade na região.
SANTOS et al.Analisar o perfil epidemiológico da LTA em Alagoas entre 2019-2022.Registrados 40 casos, maior incidência em crianças de 10-14 anos, especialmente meninos. Predominância da cor parda entre os pacientes. Destacou-se a importância de ações preventivas para diferentes faixas etárias.
OLIVEIRA et al.Analisar padrões espaço-temporais de LTA em microrregiões brasileiras entre 2010-2019.Norte e Nordeste concentraram maior frequência de casos, com destaque para áreas rurais e a forma cutânea. A raça indígena teve maior incidência. Índices socioeconômicos, como o Índice de Gini, mostraram forte relação com os padrões de ocorrência. Clusters mais relevantes ocorreram entre 2010 e 2014.
VINHAS et al.Avaliar o perfil epidemiológico e fatores de risco da LTA na região Pré-Amazônica Maranhense entre 2011-2021.Notificados 9112 casos, predominância masculina e alta incidência na região. Baixa escolaridade e forma cutânea prevaleceram. O estudo destacou a importância de medidas profiláticas para redução de novos casos.
JÚNIOR et al.Avaliar o perfil epidemiológico dos casos de LTA no Brasil entre 2009-2018 e implicações odontológicas.Registrados 209.129 casos, com prevalência em homens de baixa escolaridade, forma cutânea e residentes de áreas rurais. Casos de lesões mucosas com implicações odontológicas foram relevantes.
MESQUITA et al.Levantar dados clínico-epidemiológicos de LTA em São Luís/MA entre 2013-2022.323 casos notificados, maioria homens, faixa etária de 20-39 anos, forma cutânea predominante (79,88% evoluíram para cura). Ressaltou-se a importância de notificação, diagnóstico precoce e integração médico-odontológica.
BERNARDES et al.Analisar o perfil epidemiológico da LTA em Patrocínio/MG entre 2007-2018.21 casos notificados, maior incidência em homens brancos (90,48%), faixa etária de 50-64 anos e moradores da zona urbana. Forma cutânea prevaleceu (85,71%), com taxa de cura de 80,59%.
ANHÊ et al.Determinar a evolução epidemiológica e distribuição espacial de LV e LTA em Birigui/SP entre 2010-2020.25 casos de LTA, predominância masculina (63%) e faixa etária acima de 60 anos. Forma cutânea foi mais comum (59,3%), com alta taxa de cura (77%). Áreas de clusters concentraram-se em regiões periféricas.
ALCANFÔR et al.Caracterizar o perfil epidemiológico da LTA em Porto Nacional/TO entre 2018-2022.Registrados 69,89% dos casos em homens, predominância da raça parda (63,44%) e maior incidência na faixa etária de 20-59 anos. Casos autóctones foram maioria. Destacou-se aumento padronizado no segundo semestre de cada ano.

Os estudos analisados apresentam um panorama sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) em diferentes regiões do Brasil, destacando características epidemiológicas que podem subsidiar estratégias de saúde pública. No artigo de Ferreira et al., a investigação em Três Lagoas (MS) identificou um total de 13 casos entre 2007 e 2019, com predominância de homens (84,62%), adultos entre 26 e 59 anos (61,54%) e moradores da zona urbana (84,62%). A presença de flebotomíneos foi associada a ambientes propícios para a transmissão da doença, como áreas da região oeste do município. Esses dados enfatizam a necessidade de intervenções focadas na vigilância entomológica e no controle ambiental.

O estudo de Estumano et al. examinou um período de dez anos (2008–2017) em Santarém, Pará, destacando a alta incidência de LTA na região amazônica, com 1.244 casos registrados. O perfil epidemiológico revelou predominância masculina (90%), diagnóstico clínico-laboratorial (96,9%) e manifestações cutâneas (98,8%). Esses achados sugerem um contexto de endemia associado ao impacto das atividades humanas em áreas florestais, onde o contato com vetores é elevado. A magnitude dos casos evidencia a urgência de políticas públicas de combate ao vetor e ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento.

No estudo de Santos et al., realizado em Alagoas entre 2019 e 2022, foram notificados 40 casos de LTA, com destaque para a faixa etária infantil e juvenil (10–14 anos), especialmente entre meninos. A cor parda foi predominante entre os casos registrados, refletindo a distribuição demográfica da população local. A análise por faixa etária e sexo ressalta a importância de campanhas de conscientização voltadas para comunidades mais vulneráveis, além de intervenções direcionadas à proteção de crianças em idade escolar.

Comparando os três primeiros estudos, observa-se que embora a prevalência seja maior em homens adultos nas regiões analisadas por Ferreira et al. e Estumano et al., em Alagoas, a doença afeta mais jovens de ambos os sexos. Esses padrões epidemiológicos distintos indicam que as estratégias de combate à LTA devem ser adaptadas às especificidades regionais, como intervenções em áreas urbanas no Centro-Oeste e programas voltados a populações em áreas rurais e florestais no Norte e Nordeste do Brasil.

Oliveira et al. evidenciaram que as regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores frequências relativas de LTA entre 2010 e 2019, com incidência mais alta em áreas rurais, principalmente no bioma amazônico. O estudo destacou que a raça indígena apresentou a maior incidência, correlacionando os clusters de maior risco aos baixos indicadores socioeconômicos, como o Índice de Gini. Esses dados reforçam a interdependência entre fatores sociais, econômicos e ambientais no padrão endêmico da doença.

Vinhas et al., ao investigar a região pré-amazônica do Maranhão entre 2011 e 2021, identificaram 9.112 casos de LTA, confirmando o estado como uma área de alta prevalência. A pesquisa apontou que as condições climáticas e socioeconômicas específicas da região favorecem a disseminação da doença, com impacto significativo em populações vulneráveis. A análise detalhou a predominância da forma cutânea e de indivíduos de baixa escolaridade, revelando lacunas em educação e conscientização sobre prevenção. Esses achados são fundamentais para orientar intervenções locais, especialmente em regiões onde a urbanização e atividades agropecuárias intensificam o contato humano com vetores.

A pesquisa de Júnior et al. avaliou um período mais longo (2009–2018), abrangendo dados nacionais e somando 209.129 casos notificados. Os resultados corroboram as tendências observadas em estudos regionais, destacando a predominância de homens de 20 a 39 anos, com baixa escolaridade e moradores de áreas rurais, particularmente na região Norte. Este artigo também trouxe um enfoque inovador ao apontar as manifestações de interesse odontológico associadas à forma mucosa da LTA, como lesões ulceradas na mucosa nasal e oral. Essa observação reforça a necessidade de sensibilização e capacitação de dentistas para o diagnóstico precoce e manejo adequado dessas manifestações.

Ao comparar os estudos de Oliveira, Vinhas e Júnior, emergem diferenças regionais importantes na distribuição e nos fatores de risco da LTA. Enquanto o Norte e o Maranhão apresentam alta incidência associada a condições ambientais e socioeconômicas específicas, o padrão observado em escala nacional revela uma doença que afeta predominantemente populações em situação de vulnerabilidade. Além disso, os biomas amazônico e pré-amazônico continuam sendo áreas críticas para intervenções, com impactos desiguais em grupos como indígenas e trabalhadores rurais.

Mesquita et al. investigaram o município de São Luís, Maranhão, e identificaram 323 casos entre 2013 e 2022, com uma incidência média de 2,7 casos por 100.000 habitantes. Os resultados apontaram predominância entre homens, na faixa etária de 20 a 39 anos, e maior prevalência da forma cutânea da doença (79,88% evoluindo para cura). Esses dados destacam a importância de estratégias locais de prevenção e controle, além de reforçar o papel da notificação precoce e da equipe multiprofissional na identificação e tratamento da LTA.

Bernardes et al., ao analisar o município de Patrocínio, Minas Gerais, entre 2007 e 2018, registraram 21 casos de LTA, com uma incidência média de 0,21 casos por 10.000 habitantes. O perfil dos indivíduos afetados mostrou predominância de homens (90,48%), brancos (71,43%) e moradores de áreas urbanas (90,48%), com idades entre 50 e 64 anos. A forma cutânea foi a mais frequente (85,71%), com uma taxa de cura de 80,59%. Embora a incidência tenha sido baixa, a persistência da doença ao longo dos anos reforça seu caráter endêmico e a necessidade de manutenção de medidas preventivas, mesmo em áreas com menor número de casos.

Anhê et al. analisaram os casos de LTA em Birigui, São Paulo, entre 2010 e 2020, identificando 25 ocorrências, com maior concentração em 2015 (22,2%). Os casos predominaram entre homens (63%), idosos acima de 60 anos (44,4%) e brancos (92,6%). A manifestação cutânea foi a mais frequente (59,3%), com taxa de cura superior a 77%. A análise geoespacial revelou padrões significativos de agregação espacial, com maior concentração em bairros periféricos da região oriental do município. Estes resultados reforçam a relevância do mapeamento geoespacial para direcionar ações de vigilância e controle em áreas específicas.

Os estudos destacam diferenças regionais significativas na ocorrência e nas características da LTA, relacionadas a fatores como condições socioeconômicas, urbanização e padrões de ocupação do solo. Enquanto São Luís apresenta maior número absoluto de casos e uma incidência notável, a situação em Patrocínio e Birigui demonstra que a LTA persiste em áreas urbanas e em populações específicas, como idosos e moradores de regiões periféricas. A heterogeneidade dos padrões epidemiológicos ressalta a necessidade de estratégias adaptadas à realidade local.

Os estudos de Alcanfôr et al. e Lopes et al. fornecem um panorama abrangente da Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no estado do Tocantins, destacando padrões epidemiológicos e características demográficas dos pacientes diagnosticados. No estudo de Alcanfôr et al., realizado em Porto Nacional entre 2018 e 2022, 69,89% dos casos ocorreram em homens, principalmente na faixa etária de 20 a 59 anos (59,14%) e de raça parda (63,44%). A maioria das notificações ocorreu em bairros próximos ao centro da cidade, e os casos autóctones foram predominantes, com um aumento padronizado no segundo semestre de cada ano. Esses achados ressaltam a necessidade de estratégias direcionadas ao controle e prevenção em áreas urbanas de maior risco.

O estudo de Lopes et al., que analisou os dados de todo o estado do Tocantins entre 2017 e 2022, revelou 2.223 casos de LTA. A região de saúde de Capim Dourado apresentou o maior número de notificações. Os dados indicaram maior prevalência entre homens adultos e predomínio da forma clínica cutânea, com desfechos positivos em sua maioria, resultando em cura. A taxa média de incidência na região Norte do Brasil, onde está localizado o Tocantins, foi de 46,4 casos por 100.000 habitantes, reforçando o impacto regional da doença.

Os estudos de Alcanfôr e Lopes evidenciam que a forma cutânea é a manifestação mais comum, corroborando a literatura sobre a prevalência dessa forma clínica em áreas endêmicas. Entretanto, a identificação de um padrão sazonal em Porto Nacional sugere que fatores ambientais e climáticos podem influenciar na transmissão da LTA, indicando um potencial para intervenções preventivas específicas em determinados períodos do ano. Essa sazonalidade destaca a importância de campanhas educativas e ações de controle vetorial em épocas de maior risco.

A alta proporção de casos autóctones em Porto Nacional e a concentração de notificações na região de saúde de Capim Dourado indicam que o controle da LTA exige atenção local. Fatores socioeconômicos, como o predomínio de pacientes com ensino médio completo (16,13%) e a maior concentração de casos em bairros centrais, apontam para um perfil epidemiológico heterogêneo, que exige estratégias adaptadas às condições urbanas e rurais.

Conclui-se que a LTA permanece um desafio significativo no Tocantins, com características epidemiológicas marcadas pela vulnerabilidade masculina, predominância da forma cutânea e padrões sazonais e geográficos distintos. A integração de ações de saúde pública com monitoramento contínuo, estratégias de controle vetorial e conscientização comunitária pode contribuir para a redução da incidência e o impacto da doença no estado.

4: CONSIDERAÇÕES FINAIS:

As pesquisas realizadas sobre a Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) evidenciam a complexidade epidemiológica da doença no Brasil, com características específicas em diferentes regiões. Os estudos analisados demonstram que a LTA afeta predominantemente homens, adultos em idade economicamente ativa, com baixo nível de escolaridade, destacando-se a forma cutânea como a manifestação clínica mais prevalente. Além disso, padrões sazonais e geográficos foram identificados, sugerindo a influência de fatores ambientais e sociais na transmissão. Apesar dos avanços no diagnóstico e no tratamento, a persistência de casos autóctones e a concentração em áreas específicas revelam a necessidade de monitoramento contínuo, estratégias integradas de controle vetorial, fortalecimento da vigilância epidemiológica e ações preventivas direcionadas. Assim, a compreensão ampliada dos determinantes da LTA contribui para subsidiar políticas públicas mais efetivas, capazes de mitigar o impacto dessa doença negligenciada e promover melhores condições de saúde nas populações vulneráveis.

5: REFERÊNCIAS:

ALCANFÔR, Kévin Carvalho Mendes et al. Perfil epidemiológico dos casos notificados de leishmaniose tegumentar americana em Porto Nacional no período de 2018 a 2022. Brazilian Journal of Health Review, v. 6, n. 6, p. 31739-31750, 2023.

ANHÊ, Nathan Bardini et al. Mapeando a leishmaniose visceral e tegumentar americana em Birigui-Sp: uma análise epidemiológica retrospectiva e geoespacial. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 27, n. 6, p. 2699-2717, 2023. autor:BERNARDES et al.

BERNARDES, Hellen Cristina et al. Análise epidemiológica dos casos de Leishmaniose Tegumentar Americana em um município do Triângulo Mineiro. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, v. 8, n. 1, p. 67-77, 2020.

DA SILVA, Anderson Peixoto et al. Estudo Epidemiológico de Leishmaniose Tegumentar Americana em Alagoas, no período de 2010 a 2018. Diversitas Journal, v. 6, n. 2, p. 2351-2364, 2021.

DE OLIVEIRA REGO, José Rogério Barbosa et al. Leishmaniose tegumentar americana: características epidemiológicas dos últimos 10 anos de notificação. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 5, n. 3, p. 751-765, 2023.

DOS SANTOS ARAÚJO, Quezia Machado et al. Caracterização epidemiológica e tendência temporal dos casos por Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) na Região Nordeste do Brasil entre os anos de 2001 a 2020. Research, Society and Development, v. 13, n. 7, p. e8613745205-e8613745205, 2024.

ESTUMANO, Joás Cavalcante; SÁ, Lucas Lopes; MACÊDO, Caroline Gomes. Leishmaniose tegumentar americana: Análise epidemiológica de uma década no interior da Amazônia, Brasil. Brazilian journal of development, v. 6, n. 6, p. 36311-36325, 2020.

FERREIRA, Caroline Gabriela Xavier et al. Avaliação retrospectiva dos casos confirmados de Leishmaniose Tegumentar Americana em Três Lagoas–MS no período de 2007 a 2019. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 2, p. 13535-13550, 2021.

JUNIOR, Arlindo Gonzaga Branco et al. A utilização de Artesunato e Cloroquina como alternativa terapêutica para tratamento de Leishmaniose tegumentar americana: uma revisão. Research, Society and Development, v. 11, n. 8, p. e38811830995-e38811830995, 2022.

JÚNIOR, Ernani Canuto Figueirêdo et al. Leishmaniose tegumentar americana: perfil epidemiológico dos casos notificados no Brasil entre os anos de 2009 a 2018 e considerações sobre os aspectos e manifestações de importância odontológica. Research, Society and Development, v. 9, n. 9, p. e872997950-e872997950, 2020.

LOPES, Leonardo Lameira et al. CARACTERIZAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO ESTADO DO AMAPÁ ENTRE OS ANOS DE 2018 A 2022. The Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 27, p. 103128, 2023.

LOPES, Manuella da Fonseca Gomes; FERRADOZA, Milene Tiburcio Narenti. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: COMPARAÇÃO ENTRE REGIÕES DE SAÚDE DO ESTADO DO TOCANTINS. Facit Business and Technology Journal, v. 1, n. 53, 2024.

MESQUITA, Áurea Regina Silva et al. Perfil clínico-epidemiológico da Leishmaniose Tegumentar Americana no período de 2013 a 2022 em São Luís-Maranhão. Caderno Pedagógico, v. 21, n. 11, p. e9330-e9330, 2024.

OLIVEIRA, Carolina Mateus Mamede de et al. Leishmaniose Tegumentar Americana: análise dos padrões espaçotemporais das microrregiões brasileiras de 2010 a 2019. 2022. Tese de Doutorado.

SANTOS, Maísa Isabella Faustino et al. Leishmaniose Tegumentar Americana em Alagoas no período de 2019-2022. OBSERVATÓRIO DE LA ECONOMÍA LATINOAMERICANA, v. 22, n. 10, p. e7175-e7175, 2024.

SCARABELOT, Bianka Aparecida et al. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: EXISTEM TRATAMENTOS ALTERNATIVOS?. Revista BioSalus, v. 5, 2023.

VINHAS, Larissa Vital Britto et al. AVALIAÇÃO DO PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO E DOS FATORES DE RISCO RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO DA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR EM ÁREA ENDÊMICA DO ESTADO DO MARANHÃO DURANTE O PERÍODO DE 2011 A 2021. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 2, p. 1122-1135, 2024.


1Faculdade Integrada de Patos thais_araruna@hotmail.com

2Universidade Gama filho andkarla@yahoo.com.br

3AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Santa Inês – MA medviniciuspereira@gmail.com

4Universidade Federal de Mato Grosso dlopesleite@gmail.com

5Universidade Tiradentes – Aracaju-SE anarita.pdf@gmail.com

6Centro Universitário Cesmac andrericardo.alencar@hotmail.com

7Faculdade de Medicina Nova Esperança rayssa_macedo@hotmail.com

8AFYA -Faculdade de Ciências médicas de Jaboatão dos Guararapes-PE carolgabao@yahoo.com.br

9Faculdade Pernambucana de Saúde rafagabaoloureiro@gmail.com

10Unifacisa Campina Grande/PB liviabmorais@hotmail.com

11Universidade Federal de Campina Grande mile_escariao@yahoo.com.br

12Faculdade de Medicina Nova Esperança mohanna_hanna@hotmail.com

13Universidade Federal de Goiás larineves@yahoo.com.br