ANÁLISE DE MODO DE FALHAS E EFEITOS (AMFE) APLICADA À ATIVIDADE DE INSTALAÇÃO DE INTERNET DE FIBRA ÓPTICA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505302002


Djalma Ribeiro de Andrade Filho1
Gustavo Cutis Lima de Oliveira1
Letícia Efrem Natividade de Oliveira1


Resumo: Os trabalhadores do setor de telecomunicações, que atuam como instaladores de internet de fibra óptica, estão expostos a diversos riscos ocupacionais, que podem causar danos a sua saúde e integridade física. O gerenciamento desses riscos pode contribuir para a proteção desses profissionais. Assim, o objetivo deste estudo é analisar os riscos ocupacionais presentes nas atividades executadas por instaladores de internet de fibra óptica, que atuam em uma empresa de telecomunicações localizada em Minas Gerais (MG), a partir da aplicação da ferramenta de análise de riscos Análise de Modo de Falhas e Efeitos (AMFE). Os objetivos específicos incluem: analisar as principais atividades executadas; identificar e classificar os riscos ocupacionais presentes em tais atividades; e propor medidas de prevenção. Trata-se de um estudo de caso descritivo, qualitativo e de natureza aplicada. Realizou-se uma revisão bibliográfica acerca do tema pesquisado, a partir de consultas em livros, legislações e artigos científicos disponíveis na internet. Para a coleta de dados, foi realizada análise do procedimento operacional de trabalho adotado pelos instaladores, além de consulta a dados da empresa referentes a acidentes de trabalho registrados nos últimos dois. Essas informações foram utilizadas na elaboração de um quadro de análise de riscos da atividade, a partir da aplicação da AMFE. As falhas com maior Número de Prioridade de Risco (NPR), que foram “acidente de trânsito” e “choque elétrico”, devem ser priorizadas na adoção das medidas de prevenção recomendadas. Pesquisas semelhantes apontam falhas análogas, como o uso incorreto de EPI na execução do trabalho em altura e o atropelamento, em razão da sinalização inadequada. A aplicação de outras técnicas de análise de riscos na atividade pesquisada merece atenção em novas pesquisas, uma vez que pode colaborar para a identificação de outros riscos. Sugere-se, ainda, que estudos futuros abordem a análise dos riscos psicossociais associados à referida atividade.

Palavras-chave: Falhas; Riscos; Gerenciamento de riscos; Telecomunicação; Internet.

Abstract: Workers in the telecommunications sector, who work as fiber optic internet installers, are exposed to a variety of occupational risks that can damage their health and physical integrity. Managing these risks can help protect these professionals. Therefore, the aim of this study is to analyze the occupational risks present in the activities carried out by fiber optic internet installers, who work in a telecommunications company located in Minas Gerais (MG), based on the application of the risk analysis tool Failure Mode and Effects Analysis (FMEA). The specific objectives include: analyzing the main activities carried out; identifying and classifying the occupational risks present in such activities; and proposing preventive measures. This is a descriptive, qualitative case study of an applied nature. A bibliographical review was carried out on the subject, based on consultations of books, legislation and scientific articles available on the internet. Data was collected by analyzing the work operating procedures adopted by the installers, as well as consulting company data on accidents at work in the last two years. This information was used to draw up a risk analysis table for the activity, based on the application of the FMEA. The failures with the highest Risk Priority Number (RPN), which were “traffic accident” and “electric shock”, should be prioritized in the adoption of the recommended prevention measures. Similar research has pointed to similar failures, such as the incorrect use of PPE when working at heights and being run over due to inadequate signage. The application of other risk analysis techniques to the activity in question deserves attention in further research, as it could help to identify other risks. It is also suggested that future studies address the analysis of psychosocial risks associated with this activity.

Keywords: Failures; Risks; Risk Management; Telecommunication; Internet.

1.     INTRODUÇÃO

O setor de telecomunicações representa relevância para a sociedade, sendo responsável pela comunicação e transmissão de dados de um país. O avanço da tecnologia possibilita que a comunicação entre as pessoas se torne cada vez mais rápida e eficiente, em tempo real. As empresas têm adotado as plataformas online para realizar processos seletivos, reuniões de colaboradores, videoconferências, dentre outros. O ambiente virtual também permite que as pessoas se capacitem à distância, participem de redes sociais, dentre outras questões.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL, 2020), em dezembro de 2019 foram contabilizados mais de 300 (trezentos) milhões de acessos no país, entre telefonia móvel e fixa, acesso à internet banda larga fixa e TV por assinatura. Segundo dados da ANATEL divulgados pelo Ministério das Comunicações (2022), em 2022, o número de acessos à internet teve um aumento de 14% (quatorze por cento) em relação ao ano de 2021, o que confirma o crescimento do setor de telecomunicações.

Os trabalhadores vinculados às empresas do setor de telecomunicações, que executam serviços operacionais, estão sujeitos a diversos riscos ocupacionais no desempenho de suas atividades diárias. Dentre esses riscos, destacam-se: o trabalho em altura, a possibilidade de contato com cabos elétricos energizados, a atuação em meio ao trânsito, entre outros (Silva; Jorge, 2023). De acordo com o Anuário Estatístico de Acidente de Trabalho do Ministério da Previdência Social (MPS, 2024), no ano de 2023, foram registrados 811 (oitocentos e onze) acidentes de trabalho relacionados ao ramo da telecomunicação no estado de Minas Gerais.

Segundo Saliba (2018), o gerenciamento de riscos ocupacionais contribui para a minimização e controle dos mesmos, o que proporciona maior segurança para os trabalhadores no exercício de sua função. Assim, entende-se que é necessário gerenciar os riscos presentes nas atividades operacionais desenvolvidas na área de telecomunicações, em razão da necessidade de prevenir a ocorrência de acidentes de trabalho e proteger os trabalhadores que executam tais serviços. Para tanto, destaca-se a utilização da ferramenta de análise de riscos denominada Análise de Modo de Falhas e Efeitos (AMFE), cujo desenvolvimento permite a proposição de medidas de prevenção e proteção dos trabalhadores em relação aos riscos identificados.

Diante do exposto, este estudo tem como objetivo geral analisar os riscos ocupacionais presentes nas atividades executadas por instaladores de internet de fibra óptica, que atuam em uma empresa de telecomunicações localizada em Minas Gerais (MG), a partir da aplicação da ferramenta AMFE. Os objetivos específicos da pesquisa são: analisar as principais atividades executadas pelos instaladores; identificar os riscos ocupacionais presentes em tais atividades; realizar a classificação dos riscos identificados; e propor medidas de prevenção em relação a tais riscos.

2.     REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1  Fibra óptica e instalação de internet

A fibra óptica se apresenta como um fragmento de vidro ou polímero capaz de conduzir luz. Sua composição fundamental reside em um material dielétrico, comumente sílica ou plástico, dotado de transparência e flexibilidade, além de dimensões bastante reduzidas, comparado a um fio de cabelo humano (Ribeiro, 2010).

A rede de fibra óptica é geralmente instalada em postes e demanda uma fonte emissora para iniciar a propagação de dados. Esses dados são convertidos em pulsos de luz, que se deslocam pelo cabo através do fenômeno físico da refração. Essa conversão luminosa pode ser realizada por meio de laser ou diodo emissor de luz (LED) (Silva; Jorge, 2023). 

As vantagens da utilização da fibra óptica para a transferência de dados e informações incluem a alta capacidade de transmissão, a eficiência da luz como meio de propagação e a abundância de sua matéria-prima no planeta. Tais características resultam em um custo benefício superior, quando a utilização de cabos de fibra óptica é comparada ao uso do cobre para a transmissão de dados entre diferentes pontos (Silva; Jorge, 2023).

A instalação de internet de fibra óptica demanda a utilização de materiais e equipamentos, como: cabos de fibra óptica; conectores de fibra, que unem as extremidades do cabo aos dispositivos que ficam no estabelecimento do cliente; testador de fibra óptica, utilizado para verificar a continuidade e a qualidade do sinal, detectando falhas e perdas; divisores ópticos, que distribuem o sinal entre múltiplas linhas de fibra; transmissores e receptores ópticos, responsáveis por enviar e receber os sinais de luz. Além disso, são utilizadas ferramentas de manuseio, como: cortadores de fibra; decapador de cabo; e alicates de crimpagem, usados no preparo e na conexão da fibra. Destaca-se, ainda, a utilização de escadas extensíveis, para acessar os postes onde os cabos serão instalados, além do fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) aos instaladores (DM Solution, 2025).

A instalação de internet de fibra óptica envolve as etapas descritas no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1 – Descrição das etapas de instalação de internet de fibra óptica

Fonte: Adaptado de (MMNet, 2024; DMSolution, 2025).

2.2  Riscos ocupacionais

Em diversas atividades laborais, o trabalhador está sujeito a riscos ocupacionais, que podem causar danos à sua saúde e/ou integridade física. Conforme definição apresentada pela Norma Regulamentadora (NR) nº 01, considera-se risco ocupacional a “combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde” (Brasil, 2024).

Ainda segundo Brasil (2024), é dever do empregador informar aos trabalhadores sobre os riscos ocupacionais presentes no local de trabalho, além das medidas de prevenção que a empresa possui para mitigar tais riscos. A NR nº 1 também determina que o trabalhador deve cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador, além de utilizar os EPI que lhe forem fornecidos pela organização.

Brasil (2024) estabelece que os agentes biológicos são microrganismos, parasitas ou materiais originados de organismos que podem acarretar lesão ou agravo à saúde, como bactérias, vírus, dentre outros. Já os agentes físicos dizem respeito a qualquer forma de energia, que a depender de sua natureza, exposição e intensidade, possa causar danos à saúde do trabalhador, como ruído, vibração, pressões anormais, dentre outros. Brasil (2024) determina, ainda, que os agentes químicos são substâncias químicas, produzidas ou geradas no processo de trabalho, que são capazes de causar lesão ou agravo à saúde do trabalhador, como fumos de cádmio, poeira mineral contendo sílica cristalina, dentre outros. 

Além dos agentes de riscos citados acima, há ainda os agentes mecânicos que, segundo Vivan (2019), representam condições dos ambientes ou situações que venham a causar danos à integridade física do trabalhador, como má iluminação, piso irregular, máquina sem dispositivo de proteção, dentre outros. Já os agentes ergonômicos dizem respeito a esforços físicos intensos, postura inadequada, dentre outros (Vivan, 2019).

Brasil (2024) determina que a organização deve implementar o gerenciamento de riscos ocupacionais que, deve constituir um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Este programa deve conter a identificação de perigos e a avaliação dos riscos ocupacionais relativos aos perigos identificados nas atividades desenvolvidas pela organização, definindo-se o nível do risco, a partir da combinação entre a severidade de possíveis lesões que possam ser ocasionadas e a probabilidade de sua ocorrência. Também devem constar no PGR os planos de ação, indicando as medidas de prevenção a serem introduzidas, aprimoradas ou mantidas no ambiente de trabalho, observando-se a avaliação de riscos realizada (Brasil, 2024).

Algumas técnicas são utilizadas na realização do gerenciamento de riscos ocupacionais. Dentre elas, destacam-se: Análise de Árvore de Falhas, Análise Preliminar de Riscos, Série de Riscos e Análise de Modo de Falhas e Efeitos (Barbosa et al., 2021).

2.3  Análise de Modo de Falhas e Efeitos (AMFE)

A AMFE é uma metodologia de análise de riscos que tem como objetivo analisar as falhas que possam ocorrer em determinado processo ou, de maneira específica, em um equipamento. Após a análise das falhas, essa ferramenta avalia os seus efeitos e as suas causas, possibilitando a proposta de medidas, a fim de evitar a sua ocorrência (Silva; Casagrande, 2022).

Nesse sentido, a AMFE pode ser aplicada na Engenharia de Segurança do Trabalho, como forma de prever e evitar falhas em procedimentos que possam resultar em acidentes do trabalho. Segundo Silva e Casagrande (2022), esse método demanda a adoção dos seguintes passos: identificação das etapas do processo a ser analisado; levantamento das falhas que possam vir a ocorrer, bem como suas causas e seus efeitos ou consequências; classificação, através da designação de uma pontuação, da ocorrência de cada falha, da severidade de seus efeitos e do seu modo de detecção; proposição de medidas de prevenção e proteção (Silva; Casagrande, 2022). 

Para classificar a severidade dos efeitos da falha, que pode variar de 1 (dano de menor importância) até 10 (dano de grande relevância), deve-se observar a gravidade do dano que a mesma pode ocasionar ao processo. A probabilidade de ocorrência a falha, que pode oscilar de 1 (menor probabilidade) a 10 (maior probabilidade), é determinada considerando-se, por exemplo, a periodicidade de registros desta falha, ou ainda através de uma mensuração realizada por uma equipe que analisa o processo em questão. Já para estimar a probabilidade de sua detecção, que pode ir de 1 (falha de fácil detecção) a 10 (falha de difícil detecção), pondera-se o quanto a falha é perceptível (Santos et al., 2017).

Após essas classificações, é possível identificar quais falhas devem receber maior cuidado, através do Número de Prioridade de Risco (NPR). O NPR de cada falha é determinado, multiplicando-se a severidade de seus efeitos, a probabilidade de sua ocorrência e a probabilidade de sua detecção, conforme Equação 1, a seguir. Quanto maior o valor do NPR, mais crítica é a falha, ou seja, maior atenção ela requer (Santos et al., 2017).

NPR = S x O x D (Equação 1)

Onde: S = Severidade dos efeitos da falha; O = Probabilidade de ocorrência da falha; D = Probabilidade de detecção da falha.

A descrição dos índices relacionados a S, O e D é apresentada no Quadro 2.

Quadro 2 – Determinação dos índices de Severidade dos efeitos, Probabilidade de ocorrência e Probabilidade de detecção da falha

Fonte: Adaptado de Santos et al. (2017).

2.4  Medidas de prevenção e proteção

A NR nº 01 define prevenção como “o conjunto das disposições ou medidas tomadas ou previstas em todas as fases da atividade da organização, visando evitar, eliminar, minimizar ou controlar os riscos ocupacionais” (Brasil, 2024). Segundo a mesma NR, é um dever do empregador informar aos trabalhadores sobre as medidas adotadas pela organização para reduzir ou até mesmo eliminar os riscos. 

Para a implementação das medidas de prevenção, de acordo com a NR nº 01, a organização deve executar as seguintes ações, na ordem em que estão listadas: eliminar os fatores de risco; minimizar e controlar os fatores de risco, adotando-se medidas de proteção coletiva; minimizar e controlar os fatores de risco, implementando-se medidas administrativas ou de organização do trabalho; providenciar medidas de proteção individual (Brasil, 2024). A organização deve acompanhar o desempenho das medidas de prevenção, corrigindo-as quando os dados obtidos no monitoramento indicarem a sua ineficácia (Brasil, 2024).

3.     METODOLOGIA

Em relação a seus objetivos, este estudo classifica-se como descritivo, pois visa analisar e descrever as atividades desempenhadas por instaladores de internet e os riscos presentes nas mesmas. Segundo Guerra (2024), a pesquisa descritiva busca descrever uma situação de forma detalhada, a fim de investigar as características de um determinado grupo, atividade, bem como analisar a relação entre eventos.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, uma vez que categoriza os riscos identificados, conforme o valor do NPR. Conforme Guerra (2024), a abordagem qualitativa possui caráter subjetivo, uma vez que o critério para a análise dos resultados não é exato, numérico, mas envolve atribuição de valor.

Em relação aos procedimentos, esta pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso, visto que foram analisadas as etapas da atividade de instalação de internet desenvolvidas por uma empresa de telecomunicações, localizada em Minas Gerais, a fim de identificar os riscos presentes nas mesmas e propor medidas de prevenção em relação aos mesmos. O estudo de caso engloba a coleta e a análise de dados, com o objetivo de identificar tendências e possíveis soluções para determinado problema (Guerra, 2024).

Já quanto a sua natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada. Conforme Guerra (2024), esse tipo de pesquisa pode ser utilizado para resolver problemas práticos e otimizar processos específicos.

Foi realizada uma revisão bibliográfica acerca do tema deste estudo, a partir de consultas em livros, legislações e artigos científicos disponíveis na internet. Para a pesquisa desses últimos, foram consultados sites como o Scielo, Periódicos CAPES, Researchgate, além de repositórios acadêmicos, através do buscador Google Acadêmico.

Para a coleta de dados, foi realizada uma análise documental acerca da rotina de trabalho de instaladores de internet de fibra óptica, que atuam na empresa de telecomunicações estudada. O documento analisado foi o procedimento operacional de rotina de trabalho dos instaladores. Também foi realizada uma consulta a dados da organização, referentes a acidentes de trabalho registrados nos últimos dois anos relacionados à atividade de instalação de internet de fibra óptica. Esse intervalo de tempo corresponde ao período em que a empresa passou a registrar os acidentes de trabalho de forma mais assídua. Os dados coletados foram utilizados para determinar a probabilidade de ocorrência de cada falha, no desenvolvimento da AMFE.

Todas essas informações foram utilizadas para elaborar o quadro correspondente à AMFE da atividade desempenhada pelos instaladores de internet de fibra óptica. Para cada risco (modo de falha) identificado, foram determinados os índices referentes à severidade, à probabilidade de ocorrência e aos meios de detecção. A partir desses índices, determinou-se o valor do NPR correspondente a cada risco (falha), o que permitiu a identificação dos riscos mais críticos presentes na atividade analisada. Para todos os riscos identificados, foram sugeridas medidas de prevenção e proteção, visando o controle dos mesmos. 

4.     RESULTADOS E DISCUSSÕES

A atividade de instalação de internet de fibra óptica desenvolvida por uma empresa de telecomunicações localizada em Minas Gerais, que foi analisada nesse estudo, demanda a participação de dois profissionais e de um veículo. O lugar onde a atividade é realizada varia, correspondendo ao local para o qual o cliente contratou a instalação. O tempo médio de duração da atividade é de duas horas. As etapas necessárias para a execução da atividade desenvolvida pela organização estão representadas no fluxograma exibido na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma da atividade de instalação de internet de fibra óptica, desenvolvida por uma empresa de telecomunicações localizada em Minas Gerais.

O Quadro 3 apresenta a descrição de cada uma das etapas da atividade de instalação de internet de fibra óptica.

Quadro 3 – Descrição das etapas da atividade de instalação de internet de fibra óptica.

Fonte: Elaborado pelos autores (2025).

A partir do fluxograma e do detalhamento das etapas, apresentados acima, elaborou-se a AMFE da atividade de instalação de internet de fibra óptica, apresentada no Quadro 4.

Quadro 4 – Análise de Modo de Falhas e Efeitos (AMFE) aplicada à atividade de instalação de internet de fibra óptica

Fonte: Elaborado pelos autores (2025).

Diante dos dados constantes no Quadro 4, nota-se que as falhas com maior NPR foram “Acidente de trânsito” e “Choque elétrico”, com valores equivalentes a 162 e 90 respectivamente, principalmente em razão da severidade de suas consequências. A organização deve priorizar a adoção das medidas de segurança sugeridas para esses riscos. Destaca-se que o fato de uma das possíveis causas do acidente de trânsito corresponder à imprudência do motorista que está dirigindo o outro veículo, torna a detecção dessa falha difícil e, até mesmo, imprevisível. 

Analisando outros estudos que tratam da análise de riscos em atividades semelhantes à abordada nesta pesquisa, verificou-se que foram identificados riscos semelhantes. O estudo de Silva e Jorge (2023), cujo tema foi a análise de riscos na implantação e manutenção de redes de fibra óptica, observou que, muitas vezes, os trabalhadores não faziam o uso correto do cinto de segurança no momento em que estavam executando o trabalho em altura. Além disso, eles não respeitavam as distâncias corretas para operar próximo à rede elétrica energizada. Essas não conformidades vão ao encontro das causas do risco de choque elétrico, apontadas na AMFE elaborada nesta pesquisa. 

Já o estudo realizado por Valpecovski (2014), cujo tema é semelhante àquele abordado por Silva e Jorge (2023), menciona o risco de atropelamento, em razão do posicionamento incorreto dos cones de sinalização, o que também corresponde a uma falha identificada na análise de riscos da atividade de instalação de internet de fibra óptica, realizada neste estudo. Valpecovski (2014) afirma que, na organização analisada em sua pesquisa, existe um fiscal que é responsável por garantir a disponibilidade dos EPI para os trabalhadores, além de conferir o estado de conservação dos mesmos, o que é importante para a proteção dos trabalhadores em relação aos riscos aos quais permanecem expostos.

5.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da técnica de análise de riscos AMFE, no contexto apresentado neste estudo, permitiu a identificação dos principais modos de falha presentes na atividade de instalação de internet de fibra óptica, desenvolvida por uma empresa de telecomunicações localizada em Minas Gerais (MG). Além disso, foi possível apontar possíveis causas e efeitos relacionados aos riscos identificados. 

Foram identificados os riscos mais críticos presentes na atividade analisada, ou seja, aqueles que apresentaram os maiores valores de NPR. A partir dessas informações, foram propostas ações preventivas e corretivas, que podem contribuir para o controle das falhas e, como consequência, para a prevenção de acidentes de trabalho. Recomenda-se que tais medidas sejam implementadas pela organização, na tentativa de gerenciar os riscos e, assim, controlar os custos diretos e indiretos associados à ocorrência de acidentes.

A análise de riscos realizada neste estudo pode ser aplicada a organizações que executam procedimentos de instalação de internet de fibra óptica semelhantes ao adotado pela empresa, objeto deste estudo. Porém, recomenda-se a adaptação da aplicação da metodologia para aquelas que adotam outros métodos de instalação.

Observa-se que se trata de uma análise qualitativa, ou seja, associada à subjetividade e à experiência dos pesquisadores. Para determinações acerca da probabilidade de ocorrência de danos em razão das falhas identificadas, recomenda-se a aplicação de técnicas que possibilitem a realização de análises quantitativas.

A aplicação de outras técnicas de análise de riscos na atividade de instalação de internet de fibra ótica merece atenção em novos estudos, uma vez que pode colaborar para a identificação de outros riscos, além daqueles apontados por esta pesquisa. Sugere-se, ainda, que estudos futuros abordem a análise dos riscos psicossociais associados à referida atividade, já que além de favorecer o desenvolvimento de doenças ocupacionais, tais riscos podem contribuir para a ocorrência de acidentes de trabalho. 

REFERÊNCIAS

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