REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202511271850
Raphaelle Layara Gomes da Silva1
Felipe Anderson Silva de Aquino2
André Luis Rodrigues Mathias3
Ana Paula Mota Ferreira4
Taynah Cunha Bezerra5
RESUMO
O presente estudo analisa as principais manifestações patológicas presentes em uma edificação pública de concreto armado localizada em São Luís–MA, identificando suas causas, consequências e intervenções necessárias para garantir a durabilidade e segurança estrutural. A pesquisa caracteriza-se como aplicada, com base em inspeções in loco, registros fotográficos e ensaios não destrutivos, como esclerometria e verificação da profundidade de carbonatação. Os resultados evidenciaram deterioração significativa, destacando exposição e corrosão de armaduras, desplacamento do cobrimento, presença de fungos e umidade ascendente, além de elevada profundidade de carbonatação, indicando redução do pH e perda da proteção alcalina do aço. A análise da seção das armaduras revelou perdas críticas de área, comprometendo a capacidade resistente dos elementos estruturais. Apesar da resistência superficial do concreto ainda atender aos valores mínimos normativos, os danos observados apontam para necessidade urgente de recuperação estrutural. Por fim, foram descritas as etapas de intervenção recomendadas, como remoção do concreto deteriorado, tratamento anticorrosivo das armaduras e recomposição com materiais adequados, reforçando a importância da manutenção preventiva e de inspeções periódicas para prolongar a vida útil das estruturas.
Palavras-chave: Concreto armado; Manifestações patológicas; Corrosão da armadura; Carbonatação; Reforço estrutural.
1. INTRODUÇÃO
A durabilidade e segurança das estruturas de concreto armado são considerados temas de grande importância na Engenharia Civil, especialmente quando se trata da análise de patologias em elementos estruturais, como pilares, vigas e lajes. O concreto armado é considerado o sistema construtivo mais utilizado no Brasil, devido às suas características como a resistência mecânica, versatilidade e viabilidade econômica. No entanto, apesar de seus benefícios, esse material não está livre de manifestações patológicas que vão se formando ao longo do tempo, o que torna essencial a identificação e a classificação dessas anomalias que possam comprometer a integridade das edificações (Luiz e Leal, 2018).
Dentre as principais manifestações patológicas observadas no concreto armado, pode-se citar as fissuras, desplacamentos, corrosão das armaduras e degradação do concreto, eflorescências, entre outros. Esses problemas na edificação, se não forem devidamente monitorados e corrigidos, acabam comprometendo a estabilidade da estrutura e, em casos mais graves, podem levar ao colapso da edificação. Dessa maneira, a Engenharia Civil acaba desempenhando um papel crucial na prevenção e na mitigação dessas anomalias, adotando metodologias eficazes de inspeção, manutenção e reforço estrutural (Figueredo, 2018).
Além dos fatores que são inerentes ao próprio concreto, como por exemplo, a retração e variações térmicas, as patologias envolvendo elementos estruturais, também podem ser agravadas por falhas de projeto, execução inadequada e falta de manutenção preventiva (Luiz e Leal, 2018). O envelhecimento natural que ocorre nas edificações e a exposição a agentes agressivos, como gases poluentes, umidade, e variações climáticas, também são considerados aspectos que influenciam de forma direta na degradação do concreto armado. Nesse contexto, torna-se imprescindível a realização de estudos e técnicas que acabam possibilitando não apenas a identificação precoce dessas falhas, mas também a aplicação de soluções eficazes que conseguem aumentar a vida útil das estruturas (Freitas, 2013).
A corrosão das armaduras, por exemplo, é uma das principais manifestações patológicas que apresentam maior criticidade no concreto armado, pois consegue afetar diretamente sua capacidade de resistência. Esse fenômeno ocorre em grande parte devido à carbonatação do concreto e à presença de íons cloreto, que consegue acelerar o processo corrosivo das barras de aço, gerando expansões internas resultando no desplacamento do cobrimento de concreto (Otoni, 2021). Além disso, fissuras podem surgir por várias causas, como sobrecarga, recalques diferenciais ou erros no dimensionamento da estrutura. Essas manifestações patológicas exigem uma análise bem detalhada para a escolha do melhor método de reparo, garantindo assim a segurança e a funcionalidade da edificação (Giordani, 2016).
Dessa forma, compreender os motivos e os efeitos das manifestações patológicas no concreto armado é essencial para a tomada de decisão de estratégias preventivas e corretivas na construção civil. Técnicas avançadas de inspeção, como o ensaios não destrutivos e monitoramento estrutural, têm se mostrado ferramentas bem eficientes na detecção precoce de anomalias (Figueredo, 2018).
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar as manifestações patológicas presentes na estrutura de concreto armado de uma edificação pública localizada em São Luís–MA, identificando suas causas, efeitos e o nível de comprometimento estrutural, bem como propor técnicas adequadas de reparo e reforço capazes de restabelecer a segurança e a durabilidade da construção.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Identificar os tipos de manifestações patológicas presentes nos elementos estruturais da edificação, com foco em vigas, pilares, lajes e revestimentos.
- Diagnosticar as possíveis causas das patologias observadas, considerando fatores como carbonatação, infiltração, falhas de execução e ausência de manutenção, analisar a corrosão e seção das armaduras para determinar a perda de diâmetro e sua influência na capacidade resistente dos elementos estruturais.
- Classificar o grau de criticidade das patologias encontradas, relacionando suas consequências à segurança e à funcionalidade da edificação e propor técnicas de recuperação e reforço estrutural adequadas para cada tipo de manifestação patológica encontrada, considerando as normas vigentes (NBR 6118).
3. ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2023), toda estrutura deve priorizar três requisitos fundamentais: durabilidade, desempenho e capacidade resistente. Esses critérios acabam assegurando que a construção possa suportar os efeitos do tempo e das influências externas sem gerar um comprometimento de sua estabilidade e funcionalidade. No entanto, a resistência do concreto não depende apenas de sua composição, mas também do ambiente ao qual está exposto e das boas práticas de execução e manutenção (Figueredo, 2018).
Fatores como temperatura, umidade, agentes químicos e a própria classe de agressividade do meio onde a edificação se encontra têm papel crucial no processo de deterioração do concreto. Estruturas localizadas em regiões litorâneas, por exemplo, estão expostas a um dos ambientes mais agressivos devido à alta concentração de íons cloreto presentes na maresia, o que causa a aceleração do processo de corrosão das armaduras. Diante disso, algumas diretrizes fundamentais servem para minimizar os danos gerados por esses fatores, como a definição de cobrimento nominal adequado em relação ao ambiente e risco de deterioração conforme tabela 1.
Tabela 1 – Classe de agressividade

Fonte: ABNT NBR 6118 (2023)
Os ambientes considerados mais agressivos são o industrial e o ambiente marinho, pois possuem risco de deterioração do concreto elevado, devido a presença de íons de cloreto, sulfato e reações químicas dos compostos utilizados nesses ambientes. Entretanto os ambientes urbanos também são considerados locais de intensa influência na formação de patologias principalmente devido ao tráfego de veículos, colaborando assim para emissão de gases poluentes que ao entrar em contato com a estrutura acaba desgastando-a (Mehta e Monteiro, 2014).
Um exemplo claro desse fenômeno ocorre na cidade de São Luís – MA, cuja atmosfera é classificada como marinha. Embora grande parte da cidade não esteja em contato direto com a água do mar, há uma considerável elevação de concentração de sais no ar, o que expõe as estruturas ao ciclo de molhagem e secagem. Esse processo permite a aceleração das reações químicas que reduzem a alcalinidade do concreto e favorecem a corrosão das armaduras. À medida que as edificações vão se afastando da linha costeira, a quantidade de sais suspensos no ambiente diminui, reduzindo também os impactos da degradação.
Outro fator fundamental que contribui para o processo de deterioração do concreto e afeta a sua durabilidade é o fato de que a durabilidade está muito mais relacionada com a permeabilidade e a capacidade de absorção que dependem da porosidade do concreto (Neves et al., 2023).
A Figura 2 mostra como um pilar com esse processo de degradação do concreto devido a falha na emenda da fôrma.
Figura 1 – Falha na emenda de fôrma

Fonte: Sena (2014)
3.1 PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DA ESTRUTURA DE CONCRETO ARMADO
As patologias das estruturas são consideradas um campo recente dentro da engenharia civil, relacionada com uma abordagem multidisciplinar que tem como objetivo a investigação das causas, manifestações, impactos e alguns mecanismos de degradação das edificações (Arivabene, 2015).
Embora o concreto seja reconhecido amplamente como um material que apresenta uma boa durabilidade, sua exposição de forma contínua a agentes naturais acaba levando a um desgaste progressivo da estrutura. Assim, quando se tem uma análise das patologias, é possível reconhecer a origem e natureza dos problemas, assim como suas consequências. Na tabela 1, pode-se observar as principais manifestações patológicas identificadas nas estruturas de concreto armado.
Tabela 2 – Incidência de Manifestações Patológicas
| Manifestações Patológicas | Ocorrência Percentual |
| Deterioração e degradação química da construção | 7% |
| Deformações (flechas e rotações) excessivas | 10% |
| Segregação dos materiais componentes do concreto | 20% |
| Corrosão das armaduras do concreto armado | 20% |
| Fissuras e trincas ativas ou passivas nas peças de concreto armado | 21% |
| Manchas na superfície do concreto armado | 22% |
Fonte: Machado (2002)
3.1.1 DESAGREGAÇÃO DO CONCRETO
Para Santos, Silva e Nascimento (2017, p. 79), “quando ocorre um ataque químico expansivo devido a componentes intrínsecos ao concreto ou pela baixa resistência do mesmo, há uma redução da massa, a qual denominamos de desagregação do concreto”.
Acontece em decorrência do esfarelamento e degradação da camada de pintura, soltando-se da superfície acompanhada de pedaços do reboco. Um ponto de destaque a esta situação é que pode também está relacionada ao substrato, manifestado na pintura.
3.1.2 FISSURAS, TRINCAS E RACHADURAS
Entre os problemas mais recorrentes que são identificados nas edificações de concreto armado estão as aberturas que acabam se desenvolvendo nas superfícies dos elementos estruturais, indicando assim possíveis falhas na execução, na concepção do projeto ou até mesmo deterioração causada por agentes externos (Pina, 2013). No entanto, o modo de classificar essas aberturas ainda causa vários debates entre os especialistas, já que não existe um consenso absoluto sobre a nomenclatura, dimensões e profundidade exatas de cada tipo de dano (Bringel, 2014).
Dentre as classificações mais usadas na engenharia, destacam-se as fissuras, trincas e rachaduras, que variam de acordo com sua largura, profundidade e impacto na estrutura. As fissuras, por exemplo, são consideradas manifestações patológicas rotineiras no concreto e, apesar de serem inicialmente superficiais, podem apresentar uma evolução ao longo do tempo para danos mais severos se não forem devidamente monitoradas e tratadas (Otoni, 2021). De acordo com a NBR 9575:2003, fissura é a abertura ocasionada por ruptura de um material ou componente, com abertura inferior ou igual a 0,5 mm.
Outro exemplo são as trincas, que se apresentam como aberturas mais profundas e acentuadas. O principal fator que demonstre a configuração de uma trinca é a “separação entre as partes”, ou seja, o material em que a trinca se encontra está separado em dois. De acordo com a NBR 9575:2003, as trincas são aberturas ocasionadas por ruptura de um material ou componente com abertura superior a 0,5 mm e inferior a 1,0 mm.
Por fim, tem as rachaduras, que se caracterizam por aberturas mais expressivas, com tamanhos que variam de 1,5 mm a 5 mm. Em situações mais severas, é possível até enxergar o outro lado da estrutura por meio das fendas geradas, o que naturalmente traz uma certa insegurança para os usuários da edificação (Pina, 2013).
3.1.3 CARBONATAÇÃO DO CONCRETO
É conhecido como um dos fenômenos mais comuns e preocupantes por se tratar de um processo químico que acaba comprometendo a resistência e a vida útil da estrutura de concreto armado. Essa reação ocorre quando o dióxido de carbono (CO₂) presente na atmosfera penetra nos poros do concreto e, em contato com a umidade, forma ácido carbônico (H₂CO₃). Esse ácido, por sua vez, acaba reagindo com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)₂), presente na pasta de cimento hidratado, resultando assim na formação de carbonato de cálcio (CaCO₃) (Figueredo, 2018).
Esse fenômeno, embora inicialmente esse fenômeno possa parecer inofensivo, apresenta um impacto relevante na estrutura, pois acaba alterando o pH do concreto, reduzindo sua alcalinidade. Como consequência, a camada passivadora que protege as armaduras metálicas contra a corrosão pode ser destruída, deixando as barras de aço vulneráveis à oxidação. A longo prazo, esse processo pode levar ao enfraquecimento da estrutura, causando fissuras, delaminação do concreto e, em casos extremos, comprometimento da capacidade resistente dos elementos estruturais (Neville e Brooks, 2013). Por meio da representação da Figura 3 é possível entender melhor o processamento e avanço da carbonatação nos poros do concreto.
Figura 2 – Avanço do processo de carbonatação no concreto.

Fonte: Figueredo (2018)
3.1.4 CORROSÃO DAS ARMADURAS
Um dos principais desafios relacionados a longevidade das estruturas de concreto armado é o fenômeno da corrosão, que se trata de um processo eletroquímico que acaba comprometendo a resistência mecânica e a estabilidade da edificação. Esse problema ocorre, principalmente, quando agentes externos, como umidade, dióxido de carbono e íons de cloreto, penetram no concreto e acabam reagindo com a armadura, gerando uma aceleração no desgaste (Bringel,2014).
No estado inicial, o aço dentro do concreto fica protegido por uma camada passivadora, resultante da alta alcalinidade do meio, que impede a corrosão. Essa proteção ocorre devido à presença de hidróxidos de cálcio, sódio e potássio na fase líquida dos poros do concreto. No entanto, ao passar dos anos, essa barreira pode ser enfraquecida por fatores como a carbonatação e a infiltração de substâncias agressivas, reduzindo o pH do concreto e tornando a armadura vulnerável à oxidação (Berti et al., 2019)
A perda progressiva da integridade das armaduras pode gerar fissuras, delaminações e até mesmo falhas estruturais, exigindo intervenções corretivas e aumentando os custos de manutenção. Para mitigar esses problemas, é essencial adotar boas práticas construtivas, como o uso de concretos de maior durabilidade, aplicação de inibidores de corrosão e controle rigoroso do cobrimento das armaduras. Além disso, inspeções periódicas e métodos de monitoramento da corrosão são fundamentais para garantir a segurança e a longevidade das edificações.
4. METODOLOGIA
O estudo foi realizado no Batalhão da Polícia Militar que fica situado na Rua Viração com a Rua Rio Branco, no Bairro Centro, em São Luís do Maranhão. Localizado em uma região de uso único, patrimônio histórico. O Batalhão da Polícia Militar é constituído por 1 (um) pavimento, foi construído seguindo os padrões convencionais de construção da época. Sua estrutura é de concreto armado, com fechamento interno e externo feito em alvenaria de tijolos cerâmicos. A figura 3 mostra a Fachada Frontal do 9º Batalhão da Polícia Militar
Figura 3 – Fachada Frontal do 9º Batalhão da Polícia Militar

Fonte: Autor (2025).
Os pavimentos dos estacionamentos e acessos de pedestres são revestidos com material de resistência moderada, enquanto os acessos perimetrais possuem pavimento de concreto simples. Os halls e circulações internas apresentam piso cerâmico, com paredes pintadas e sem revestimento cerâmico. As fachadas possuem revestimento do tipo pintura e argamassada. A área frontal é definida por uma faixa de recuo usada de calçada, medida da face interna da edificação Rua da Viração com Rua Rio branco, Centro, e a edificação é constituída por materiais mistos, sendo em alvenaria e concreto armado, na parte superior, temos uma cobertura simples em telhado cerâmico colonial.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 VISTORIA DA EDIFICAÇÃO
O Batalhão da Polícia Militar foi vistoriado entre os dias 29 de Outubro de 2024 e 30 de Outubro de 2024, com o objetivo de coletar todos os dados necessários para realizar a catalogação das manifestações patológicas. Toda a área pertencente ao Batalhão da Polícia Militar, está guardada nos seus limites, por muros de alvenaria revestidos e de elementos mistos de cerâmica, pintura e textura.
5.2 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS IDENTIFICADAS
A primeira manifestação patológica observada foi em um dos pilares logo na recepção do batalhão. A manifestação identificada foi uma Exposição e Corrosão da Armadura, onde se pode observar uma dilatação do material. A Figura 3 mostra como a armadura está exposta, sem o cobrimento do concreto para protegê-la.
Figura 4 – Exposição da armadura

Fonte: Autora (2025)
As principais causas estão relacionadas a carbonatação do concreto e/ou Infiltração que foi o degradando com o tempo. Tendo em vista que essas manifestações patológicas comprometem diretamente a durabilidade e a segurança estrutural, é essencial destacar que esse tipo de dano já vem sendo amplamente discutido na literatura técnica. Estudos como o de Mehta & Monteiro (2014) apontam que a carbonatação do concreto, combinada com a ação de agentes agressivos como água e dióxido de carbono, é uma das principais responsáveis pela perda da alcalinidade do concreto, o que rompe a camada passivadora que protege as armaduras contra a corrosão. Esse cenário, infelizmente, é comum em edificações públicas com manutenção precária ou inexistente.
A possível solução a se adotar é a remoção do concreto danificado, posteriormente realizar o reforço estrutural e tratamento do aço da armadura com aplicação de anticorrosivo, por fim realizando a aplicação de nova camada de concreto.
A Figura 5 mostra a seguir um Desplacamento do Cobrimento Nominal na laje de hall da entrada.
Figura 5 – desplacamento do cobrimento nominal da laje

Fonte: Autora (2025)
A causa para a formação dessa manifestação patológica é a degradação natural da estrutura, além da falta de cobrimento adequado, avaliado pela espessura do cobrimento e a presença da umidade que acaba possibilitando a expansão e contração dos materiais, facilitando a oxidação do aço.
A solução está também na remoção do concreto danificado, onde posteriormente deve ser realizado um tratamento no aço com tinta anticorrosiva e por fim realizando uma camada de concreto.
Outra patologia que foi identificada na delegacia, foi a presença de manchas e fungos nas paredes provocando um destacamento da pintura conforme a figura 6.
Figura 6 – Presença de manchas e fungos

Fonte: Autora (2025)
Nota se que a patologia também se encontra próximo ao piso, ressaltando a presença de umidade ascendente e caracterizando a falta de impermeabilização da fundação.
A presença de fungos também está associada à rachadura e vazamento que fazem com que a umidade proveniente do solo entre em contato com os materiais que componham o revestimento, nutrindo diretamente esses microorganismos.
5.3 ANÁLISE DA SEÇÃO DO AÇO
A análise da seção de aço para identificar patologias é uma etapa fundamental na avaliação da integridade estrutural de elementos metálicos em edificações. Esse processo consiste na verificação visual e técnica da superfície e do interior dos perfis metálicos, a fim de detectar sinais de deterioração, como corrosão, fissuras, deformações plásticas, perda de seção transversal e falhas em soldas ou conexões. A corrosão é uma das patologias mais comuns, comprometendo diretamente a capacidade resistente da estrutura ao reduzir a área útil da seção de aço. A Figura 7 mostra por meio de um paquímetro digital a redução de 3mm de área de aço em uma viga e uma redução de 2,16 mm nos estribos de um pilar, sendo que a seção natural é de 16 mm e a identificada atualmente é de 13,10 mm na viga, e de 5 mm e a identificada no estribo foi de 2,84 mm. Isso acaba caracterizando uma perda de resistência à tração dessa armadura influenciando diretamente na estrutura da delegacia.
Figura 7 – Análise da seção do aço

Fonte: Autora (2025)
Segundo pesquisas sobre corrosão e deterioração de estruturas de concreto armado, a perda de seção transversal em armaduras pode comprometer significativamente a capacidade resistente de elementos estruturais, tornando-os vulneráveis à ruptura antecipada, especialmente em situações de carregamentos elevados. No caso analisado, a redução de 3 mm no diâmetro da armadura representa aproximadamente 34% de perda de área, o que é estruturalmente crítico, sobretudo em zonas de maior solicitação.
5.4 ENSAIO DE CARBONATAÇÃO NA ESTRUTURA DA DELEGACIA
O objetivo do ensaio de carbonatação é determinar a profundidade até a qual a carbonatação já ocorreu no concreto, ou seja, identificar até que ponto o pH do concreto foi reduzido e a proteção alcalina ao redor das armaduras foi comprometida. Este ensaio é crucial para a avaliação do risco de corrosão das armaduras e, consequentemente, para a durabilidade e segurança estrutural da edificação.
A fenolftaleína é um indicador de pH que muda de cor dependendo do nível de acidez ou alcalinidade. Ela foi preparada em uma solução alcoólica a 1% e, em seguida, aplicada à superfície recém-exposta do concreto por meio de pincelamento. Após esse procedimento foi realizado a observação da cor da superfície do concreto, sendo:
- Cor Rosa ou Roxa: Se o concreto não estiver carbonatado, a fenolftaleína reagirá com o pH alto (alcalino) e a superfície ficará rosa ou roxa, indicando um pH superior a 9.
- Sem Cor (Incolor): Se o concreto estiver carbonatado, a solução de fenolftaleína não mudará de cor, permanecendo incolor, o que indica que o pH foi reduzido para abaixo de 9.
Nas Figuras 8 e 9 podem-se notar respectivamente a coloração rosa em alguns pontos, sendo pouquíssimos, constatando que a maior parte da estrutura está com o concreto carbonatado, indicando que o pH da estrutura foi reduzido abaixo de 9
Figura 8 – Concreto exposto a carbonatação

Fonte: Autora (2025)
Figura 9 – Verificação das condições da estrutura pós carbonatação.

Fonte: Autora (2025)
5.5 ENSAIO DE ESCLEROMETRIA NA ESTRUTURA DA DELEGACIA
O esclerômetro utilizado está ilustrado na figura 10 e teve como objetivo medir a dureza superficial do concreto, que pode ser correlacionada com a resistência à compressão do concreto. Essa correlação é usada para avaliar a qualidade do concreto e verificar se ele atende aos requisitos de projeto.
Figura 10 – Esclerômetro utilizado para análise

Fonte: Autora (2025)
Baseado no ensaio, e levando em consideração que o valor característico mínimo da resistência do concreto admissível é fck = 20 MPa, segundo a ABNT NBR 6118:2003, todos os elementos ensaiados obtiveram medição superior ao valor mínimo normativo, estando entre 26,5 MPa e 40,9MPa. A tabela 3 mostra um relatório desses ensaios.
Tabela 3 – Relatório do ensaio de esclerometria de um pilar

Fonte: Autora (2025)
5.6 PROCESSO DE RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL
Foi necessário verificar se a recuperação ou reforço proposto seria suficiente para restaurar a capacidade de suporte original do elemento ou para melhorar sua capacidade conforme necessário.
Depois foi realizado um estudo de escoramento, onde foi necessário verificar a necessidade de escoramento das estruturas durante a execução da recuperação e/ou reforço estrutural, através do estudo, apontando a necessidade, deve ser realizado projeto de escoramento.
Todo o concreto deteriorado ou que apresentava desagregação foi removido até que seja atingido um substrato sólido e saudável. A etapa seguinte foi o tratamento das armaduras, onde com o auxílio de um martelete ou ponteiro e marreta, foi feito o apicoamento das regiões danificadas e retirar o concreto em volta das armaduras corroídas, deixando no mínimo, 2 a 3 cm livres em seu entorno, a fim de garantir um bom acesso e permitir a correta limpeza das armaduras. Vale lembrar que se deve fazer a limpeza de toda a armadura que apresentar ferrugem, podendo ser por meio manual, utilizando escova de aço, ou mecânico, com pistola de agulha ou hidrojato, depois realizar a aplicação de primer anticorrosivo com base epóxi ou cimentícia (zarcão não atende).
Após a preparação da superfície e o tratamento das armaduras, aplica-se uma ponte de aderência para garantir uma boa ligação entre o concreto novo e o existente a base de resina epóxi ou cimentícia. Por fim, o concreto de reparo é aplicado, onde recomenda-se a utilização de graute ou argamassa estrutural para os pilares e graute tixotrópico para as vigas e lajes, cabendo alterações destas especificações de acordo com projeto de recuperação. A aplicação pode ser feita manualmente, com uso de formas ou por projeção, conforme a necessidade. A Figura 12 mostra como foi esse processo
Figura 12 – processo de recuperação de viga

Fonte: Autora (2025)
6. CONCLUSÃO
A NBR 6118:2023 enfatiza a importância de seguir um processo rigoroso e técnico para a recuperação estrutural, assegurando que todos os passos sejam realizados por profissionais qualificados e que os materiais e técnicas escolhidos estejam de acordo com as exigências específicas da estrutura. O objetivo é garantir a segurança, a durabilidade e o desempenho da edificação ao longo de sua vida útil.
A presente pesquisa mostrou a necessidade de intervenção urgente em uma delegacia devido a presença de manifestações patológicas que afetam diretamente a estrutura da edificação. Essas patologias foram identificadas por meio de ensaios não destrutivos que verificaram que a seção da armadura estava reduzida e que o concreto estava carbonatado, necessitando que haja todo um processo para a chegada de um concreto de reparo.
As principais manifestações patológicas foram a desagregação do concreto e a corrosão da armadura. Os resultados dos ensaios de carbonatação indicam avançado processo de carbonatação em todas as estruturas de concreto armado, corroborando com a inspeção visual, na qual foi possível identificar vários pontos de corrosão das armaduras e desprendimento das camadas de cobrimento e reboco, tendo como principal causa a falha na execução do cobrimento das armaduras das estruturas de concreto armado. Já a esclerometria mostrou que a resistência ainda continua nos padrões, entretanto não se pode deixar de analisar a inspeção visual e o ensaio de carbonatação mostrando que a estrutura está danificada. Dessa maneira pode-se notar que a pesquisa foi considerada satisfatória, por demonstrar por meio de uma investigação de manifestação patológica, problemas na estrutura, levando assim para soluções cabíveis.
REFERÊNCIAS
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1Engenharia Civil (Centro Universitário FACAM). E-mail: raphaelle.layara198@gmail.com
2Prof. Msc Engenharia Civil e Produção (Centro Universitário FACAM). E-mail: aquinofelipe444@gmail.com
3Prof. Msc Engenharia Civil e Produção (Centro Universitário FACAM). E-mail: engandremathias@gmail.com
4Prof. Dra. Engenharia Civil e Produção (Centro Universitário FACAM).
5Esp. Confiabilidade na Manutenção e Engenharia Civil (Centro Universitário FACAM). E-mail: taynah_cunha@hotmail.com
