ANÁLISE DAS REPERCUSSÕES FETAIS, NEONATAIS E OBSTÉTRICAS RELACIONADAS A IDADE MATERNA AVANÇADA E PRECOCE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410051643


Victoria Akemi da Silva Suzuki1;
Adriana Cunha Vargas2


RESUMO

No Brasil, a gravidez em idades extremas, seja na adolescência ou em idade avançada, traz desafios importantes à saúde materna e neonatal. Em um país onde um em cada sete bebês nascidos de mães adolescentes, e houve um aumento de 70% nas gestações em mulheres entre 35 e 38 anos nas últimas duas décadas, torna-se fundamental compreender as repercussões obstétricas e neonatais dessas gestações. O presente estudo teve como objetivo analisar as complicações fetais, neonatais e obstétricas associadas à idade materna precoce e avançada. Trata-se de um estudo epidemiológico, com dados coletados no TabNet do DataSUS, abrangendo o período de 1996 a 2020. As variações encontradas incluíram óbitos maternos e fetais, além de características sociodemográficas das mães. Os resultados mostram que mães adolescentes apresentam maior risco de recém-nascidos com baixo peso e mortalidade fetal, especialmente na região Nordeste. Por outro lado, mães em idade avançada apresentam menor mortalidade fetal, mas maior prevalência de complicações obstétricas, com destaque para a região Sudeste. A pesquisa destaca a necessidade de políticas públicas focadas na redução dos riscos em gestações de maior vulnerabilidade e na capacitação dos profissionais de saúde para um acompanhamento

Palavras chave: Mortalidade Materna; Gravidez na Adolescência; Idade Materna; Gravidez de Alto Risco

ABSTRACT

In Brazil, pregnancy at extreme ages, whether in adolescence or advanced age, poses significant challenges to maternal and neonatal health. In a country where one in every seven babies is born to adolescent mothers, and there has been a 70% increase in pregnancies among women aged 35 to 38 over the last two decades, it becomes essential to understand the obstetric and neonatal repercussions of these pregnancies. This study aimed to analyze the fetal, neonatal, and obstetric complications associated with early and advanced maternal age. It is an epidemiological study with data collected from TabNet of DataSUS, covering the period from 1996 to 2020. The variations found included maternal and fetal deaths, as well as sociodemographic characteristics of the mothers. The results show that adolescent mothers have a higher risk of newborns with low birth weight and fetal mortality, especially in the Northeast region. On the other hand, older mothers show lower fetal mortality but a higher prevalence of obstetric complications, particularly in the Southeast region. The research highlights the need for public policies focused on reducing risks in pregnancies with greater vulnerability and on training health professionals for better monitoring.

Keywords: Maternal Mortality; Pregnancy in Adolescence; Maternal Age; Pregnancy, High-Risk

INTRODUÇÃO

A gravidez em idades extremas, seja na adolescência ou em idade avançada, representa um desafio significativo para a saúde pública e tem sido associada a uma série de complicações obstétricas e neonatais que comprometem a qualidade de vida materna e infantil (GONÇALVES et al., 2012)

No Brasil, um em cada sete bebês nasce de mães adolescentes, totalizando 48 nascimentos por hora entre mães de faixa etária precoce (FEBRASGO, 2021). Por outro lado, entre 2000 e 2018, houve um aumento de 70% no número de mulheres entre 35 e 38 anos que engravidaram, conforme registrado pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) (DATASUS, 2020). Apesar de uma queda de 18% nas gestações adolescentes desde 2019, o país ainda apresenta uma taxa elevada de 684 nascimentos para cada mil adolescentes entre 15 e 19 anos, muito superior à taxa global de 46 nascimentos por mil (BRASIL, 2022). Já a gravidez em idade avançada também cresceu: em 2020, a taxa de nascimentos vivos de mães entre 35 e 39 anos foi de 501 por 1.000 mulheres, um aumento em comparação com 342 por 1.000 em 2010 (BRASIL, 2022).

A gestação, embora seja um processo fisiológico, traz riscos tanto para mães muito jovens quanto para aquelas em idade avançada. Os adolescentes enfrentam maiores riscos de complicações como síndromes hipertensivas, anemias, partos prematuros e maior probabilidade de mortalidade materna e fetal (DINIZ et al., 2015). Para as mães em idade avançada, as complicações mais frequentes incluem diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e maiores taxas de parto por cesariana (SAMPAIO et al., 2018). Fatores socioeconômicos, como baixa escolaridade e falta de acesso adequado aos serviços de saúde, agravam esses riscos em regiões com maior desigualdade, como o Nordeste (SOUSA et al., 2018)

A gravidez tardia tem se tornado mais comum devido ao adiamento da maternidade por mulheres que buscam educação, estabelecem carreiras e adiam o casamento. Isso ocorre, muitas vezes, sem considerar os maiores riscos associados à gravidez. Além disso, fatores como, aumento da expectativa de vida, maior acesso à métodos contraceptivos e avanços na medicina contribuem para esse adiamento, compensando a diminuição natural da fertilidade.(MARTINELLI, 2018). Ainda é classificada como de alto risco, visto que quanto maior a idade da mulher, maiores serão as chances de desenvolver complicações, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, bebês macrossômicos, necessidade de cesarianas e partos prematuros. A idade avançada torna as mulheres mais susceptíveis a problemas de saúde que aumentam o risco de complicações graves. Dada a prevalência crescente da gravidez tardia, é essencial avaliar suas implicações. (FERNANDES et al., 2020)  

Dessa forma, o sistema de saúde deve estar preparado para atender tanto jovens mães que tiveram gestações precoces, como mães na idade avançada. Entretanto, nos países em desenvolvimento, essa realidade ainda não está bem estabelecida devido à falta de recursos apropriados e estudos avançados para tal abordagem. Até onde se sabe não há pesquisas que relacionam as idades maternas precoce e avançada com as repercussões fetais, neonatais e obstétricas. Por isso, torna-se importante que um estudo seja feito trazendo essa comparação com o intuito de analisar as complicações geradas em ambas as idades. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é analisar as repercussões fetais, neonatais e obstétricas relacionadas a idade materna a avançada e precoce. 

METODOLOGIA  

O presente trabalho refere-se a um estudo epidemiológico. Foram utilizados no estudo, dados de mulheres, entre 10 e 54 anos, que deram à luz e tiveram complicações e óbitos relacionados a gestações tardias e precoce. 

Os dados foram coletados por meio de domínio público do TabNet do DATASUS (https://datasus.saude.gov.br).

Foram abrangidas informações segundo as categorias de identificação materna, tipo de gravidez, identificação do recém-nascido, óbitos fetais e maternos, associadas às regiões do Brasil. O período da pesquisa foi entre 1996 e 2020, sendo este escolhido por ser o mais atualizado na plataforma.

As variáveis analisadas foram: óbitos maternos e óbitos fetais no Brasil, a partir da faixa etária por região, além de óbitos maternos por ano do óbito e região. Também foram coletadas informações para a identificação das gestantes, sendo elas, a faixa etária, a cor/raça, a escolaridade e o estado civil, separados por cada região. Foram excluídos casos de anomalias congênitas decorrentes de complicações pré-existentes à gestação, ou iniciadas posteriormente, como no pós-parto ou puerpério.

As taxas de mortalidade foram calculadas por regiões e a razão foi determinada entre o número de óbitos, dividido pela população feminina naquele ano e local, obtido a partir da projeção da população do Brasil e Unidades da Federação no período 1996 -2020 multiplicado por 100.000.

Para a avaliação dos motivos pelos quais ocorrem inúmeras gestações nos determinados grupos das faixas etárias mencionadas, foram utilizados dados referentes à nível socioeconômico de cada grupo, desinformação sobre o assunto abordado, sendo relacionados com o desejo e realidade de cada faixa etária, ambos por região do Brasil. Os dados foram consolidados em uma planilha de Excel e, posteriormente, foram discutidos de forma descritiva, analisando os números coletados e comparando aqueles de maior e menor prevalência, a fim de gerar uma conclusão sobre o tema proposto. O presente estudo seguiu os procedimentos éticos conforme Resolução n466/2012 CNS, porém, utilizou bases de dados públicos (http://datasus.saude.gov.br/).

RESULTADOS

No período do estudo foi possível levantar 23.001.940 mulheres que apresentaram filhos nascidos vivos, dentre elas, 14.999.201 (65,2%) adolescentes na faixa etária dos 10 a 19 anos, e 8.002.739 (34,8%) na faixa etária dos 35 a 54 anos. A região Nordeste apresentou a taxa mais elevada de mães adolescentes, atingindo 69,5% do total. Enquanto que, para as mulheres de 35 a 54 anos, a maior proporção na faixa etária avançada é encontrada na região Sudeste com 83,8% do total. 

Quando se trata do grau de escolaridade das mães, é evidente que de um total de 14.999.201 mães adolescentes, 1.368.497 (9,12%) apresentam o 1º grau incompleto, com uma predominância na região Nordeste (32%). Em comparação com as mães em idade avançada, que de um total de 8.002.273, 329.720 (4,12%) possuem o 1º grau incompleto, demonstrando uma porcentagem significativamente menor, especialmente na região Sudeste (37,2%). Além disso, em relação à conclusão do 1º grau completo, observa-se maior taxa entre mães adolescentes (2,25%), principalmente na região Sudeste (37,2%), quando comparada com as mães mais velhas (1,01%), onde a prevalência também foi na região Sudeste (46,3%). Entretanto, apesar desse aumento, a população total aumentou, tanto quanto a porcentagem, o que sugere que não houve grandes diferenças ao longo desses anos. 

Em se tratando de estado civil, o número de mães adolescentes solteiras (55,8%) é muito maior quando comparado com mães em idade avançada (27,4%), sendo ambas com maior prevalência na região Sudeste nos valores de 35% e 42,7%, respectivamente. Enquanto que, mulheres em idade avançada, a maior porcentagem se encontra em mulheres casadas (45,9%), com maior predominância na região Sudeste (49,9%), ao passo que as mães adolescentes demonstraram percentual de 10,95%, com maior prevalência na região Nordeste (34,5%). 

No que diz respeito à etnia, mulheres brancas são mais prevalentes em mães de idade avançada (44,9%), quando comparadas com mães adolescentes (32%). Ambas apresentam predominância na região Sudeste, com 53,5% e 44,8%, respectivamente. Já sobre mulheres pretas, observa-se maior número de mães mais velhas (3,80%), tendo um predomínio na região Sudeste (52,9%). Em contraste, mães mais jovens apresentam um número inferior (2,86%) de mulheres pretas, com maior concentração também na região Sudeste (45%). Sobre mulheres pardas, mães mais jovens estão em maior número (47,8%), com um foco maior na região Nordeste (44,6%), quando comparadas com mães mais velhas que estão em menor número (36,9%), com um foco também na região Nordeste (41,2%).

Tabela 1. Dados de identificação materna entre adolescentes e idade avançada (1996-2020). Brasil, 2024.

De acordo com dados obtidos, sobre a gestação e o tipo de gravidez, foi observado uma predominância em gestações únicas (97,2%), tanto para adolescentes (97,8%), com maior foco na região Nordeste (33,3%), quanto para mulheres em idade avançada (96%), com maior predominância na região Sudeste (45,1%). Em contraste, quando comparado às gestações múltiplas (1,7%), onde adolescentes (1,1%) apresentaram menor taxa em relação às mães mais velhas (3%), ambas com um predomínio na região Sudeste, com 33,7% e 48,7%, respectivamente. Além disso, sobre a gravidez tripla, observa-se uma maior predominância entre mulheres mais velhas (0,14%), principalmente na região Sudeste (49%), quando comparado às mães jovens (0,03%), com um foco na região Nordeste (46,3%). 

Em relação ao tipo de parto realizado, a maior porcentagem das mães adolescentes optou por parto vaginal (66,5%), principalmente na região Nordeste (35,9%). Ao mesmo tempo que 38% das mães em idade avançada optaram pelo mesmo tipo de parto, apresentando um predomínio na região Sudeste (37,7%). Já sobre partos cesáreos (61,6%), observa-se que mães mais velhas apresentaram uma maior taxa (61,6%), especialmente na região Sudeste (50,4%), quando comparado com mães jovens que apresentaram uma taxa significativamente menor (33,1%), com foco na região Sudeste (37,2%) também.

No que se refere aos grupos de Robson, dentre as várias opções observadas na tabela abaixo, algumas se destacam. Dentre as mães adolescentes, observa-se que o grupo 01 (nulíparas, gestação única, cefálica > 37 sem., parto espontâneo) é o grupo com maior taxa de nascidos vivos (8,8%), com um predomínio na região Nordeste (37,9%), comparado com mães em idade avançada que apresentaram uma taxa inferior de nascimentos (1,9%), com foco maior na região Sudeste (44,2%). Em seguida, o grupo 03 (multípara, sem cesárea prévia, gestação única, cefálica >37 semanas, parto espontâneo) e grupo 05 (com cesárea anterior, gestação única, cefálica, >37 semanas) também apresentam números significativos. 

Especificamente ao grupo 03, mães adolescentes demonstram taxas menores (2,4%), com predomínio na região Nordeste (38,5%), em contraste as mães em idade avançada que apresentam taxas mais elevadas (7,0%), com maior prevalência na região Sudeste (34,4%). Já sobre o grupo 05, mães na faixa etária dos 35 aos 54 anos revelam uma maior taxa (12,3%), com maior relevância na região Sudeste (49,8%). Ao passo que, mães na faixa etária dos 10 aos 19 anos, demonstram uma taxa menor (1,2%), com um foco na região Nordeste (31,4%).  

Na análise de consultas pré-natais, em um total de 14.999.201 mães adolescentes, 602.161 (4%) não tiveram acesso a nenhuma consulta pré-natal. Assim como, em um total de 8.002.739 mães em idade avançada, 245.414 (3%) também não tiveram nenhum acesso. Dentre essas que não tiveram acesso às consultas, observou-se um maior predomínio na região Nordeste, em ambas as faixas etárias. Especificamente, 47,6% de mães adolescentes e 46,3% de mães em idade avançada pertenciam a essa região. Em contrapartida, a análise mostra que um maior número de mães adolescentes (45%) teve acesso a 7 consultas ou mais durante o pré-natal, assim como as mães em idade avançada (64,1%). Entre as mães que obtiveram acesso a mais de 7 consultas, foi perceptível uma predominância significativa na região Sudeste, em ambas as faixas etárias. Mais precisamente, 39,5% de mães jovens e 51% de mães mais velhas.   

Tabela 2.  Dados sobre características da gravidez entre adolescentes e idade avançada (1996-2020). Brasil, 2024.

Baseado nos dados obtidos a partir de pesquisas feitas pelo DataSUS em relação a identificação dos nascidos vivos, pode se observar que tanto as mães adolescentes (51,2%), quanto as em idade avançada (51%) tiveram mais filhos do sexo masculino, ambas com foco maior na região Sudeste, sendo 33,1% e 45,5%, respectivamente. Enquanto que o sexo feminino obteve-se um número significativo entre as mães mais velhas (48,9%), quando comparado com as mães adolescentes (48,6%). Ambas também com predominância na região Sudeste, com valores de 45,6% e 33,2%, respectivamente. 

Sobre a cor e raça dos recém-nascidos, percebe-se um predomínio da cor parda (47%) no grupo das mães adolescentes, com maior concentração na região Nordeste (44,6%), seguido da cor branca (32%) com segundo maior valor entre mães adolescentes, com foco na região Sudeste (44,8%). Enquanto isso, a cor branca (44,9%) prevalece entre as mães com idade avançada, com maior taxa na região Sudeste (53,5%). A cor parda vem em segundo lugar, com uma prevalência de 36,9%, destacando-se, principalmente, na região Nordeste, onde atinge 41,2%

Em relação ao peso ao nascer do recém-nascido (RN), em ambas as faixas etárias foi notável um maior índice de nascimento de bebês com 3000 a 3999 g (60,7%), onde os de mães adolescentes obteve uma prevalência de 60,79%, especialmente na região Nordeste (33,9%) e os de mães em idade avançada obteve uma taxa similar de 60,76%, principalmente na região Sudeste (44,7%). Entretanto, de um total de 14.999.201 mães adolescentes, 1.320.293 (8,8%) deram à luz ao RN com o peso entre 1000 a 2499 g, substancialmente na região Sudeste (36,2%), Em comparação com os RN de mães em idade avançada, é perceptível taxas maiores, com o resultado de, em um total de 8.002.739 mães, 767.962 (9,5%) tiveram o RN com o peso entre 1000 a 2499 g, com prevalência na região Sudeste (49,2%), o que revela bebês com baixo ou muito baixo peso. 

Em se tratando do Apgar, um teste realizado nos primeiros minutos de vida (1 e 5 minutos) que permite avaliar as condições de vitalidade do RN, baseado em alguns critérios que ao final podem chegar a uma soma de 10 pontos. Analisando os dados obtidos por meio da plataforma do DataSUS, observa-se que a taxa de recémnascidos com notas de 8 a 10 no Apgar de 1º minuto é maior entre os filhos de mães em idade avançada (79,5%), quando em comparação com os filhos de mães adolescentes (74,3%). Ambos os grupos apresentam predominância na região Sudeste, com os respectivos valores, 46,8% e 34,3%. Além disso, também foi observado uma maior prevalência de RN com notas de 8 a 10 no Apgar de 5º minutos, sendo maior em filhos de mães mais velhas (90,8%) e relativamente menor em filhos de mães jovens (87,1%). Ambos os grupos se destacaram na região Sudeste, com os respectivos valores 34,1% e 46,6%. 

Em contrapartida, analisando nascimento de filhos com notas de 0 a 7 no Apgar de 1º minuto, que são considerados notas intermediárias ou baixas, percebe-se uma maior taxa entre RN de mães adolescentes (17,1%), com predomínio na região do Nordeste (33,6%), enquanto uma taxa menor é observada entre RN de mães em idade avançada (14,6%), com uma maior prevalência na região Sudeste (43,2%).  

Tabela 3. Dados de identificação de recém-nascidos vivos entre adolescentes e idade avançada (1996-2020). Brasil, 2024.

Tabela 3.1. Dados de identificação de recém-nascidos vivos entre adolescentes e idade avançada (19962020). Brasil, 2024.

Diante de dados obtidos a partir de pesquisas em relação a taxa de óbitos fetais, de um valor total de 256.751, 140.838 (54,8%) foram de mães adolescentes, com predomínio na região Nordeste, com um valor de 34,8%. Enquanto que, nas mães em idade avançada, foi observado uma taxa menor de 115.913 óbitos (45,1%) quando comparado com as adolescentes, com predominância na região Sudeste (41,3%). Resultados demonstrados nas figuras (1 e 2) abaixo.

Além disso, foi perceptível uma maior taxa de mortalidade em gestações únicas (90,4%) em relação a ambas as faixas etárias, tendo a mães adolescentes (90,5%) com maior percentual e com um predomínio na região Nordeste (35,2%), quando comparado com mães em idade avançada (90,3%), onde o foco maior foi na região Sudeste (40,2%). Em contrapartida, a menor taxa de mortalidade em relação aos tipos de gravidez, foi as gestações triplas com 0,2% dentre todas as faixas etárias, com leve predominância em mães com idade avançada (0,3%), especialmente na região Sudeste (46,6%). As mães adolescentes apresentaram uma menor taxa de 0,1%, com um predomínio também na região Sudeste (39,3%).

Tabela 4.  Dados sobre óbitos fetais entre mães adolescentes e idade avançada (1996-2020). Brasil, 2024.

Em análise dos dados obtidos a partir de pesquisas sobre os óbitos maternos fornecidos pelo DataSUS, de um total de 7.125 óbitos maternos no Brasil, 5.978 (83,9%) foi observada em maior percentual entre mães adolescentes, principalmente na região Nordeste (36,3%), quando comparado com mães em idade avançada, que apresentou um valor de 1.147 óbitos (16%), com predomínio na região Sudeste (35,1%). Resultados demonstrados nas figuras (3 e 4) abaixo. 

Em relação ao período em que ocorreu a morte, de um total de 5.978 mães adolescentes (83,9%), o maior número de mortes se apresentou durante o puerpério até 42 dias (P 42) com 2.128 (17,7%) óbitos, principalmente na região Nordeste (31%). Em segundo lugar, o período em que mais ocorreram mortes, foi durante gravidez, parto ou aborto, com um valor de 1.620 óbitos (27%), com predomínio também na região Nordeste (35,1%). Sobre os outros períodos, todos apresentaram taxas significativamente baixas.

No que diz respeito à taxa de óbitos maternos em idade avançada, de um total de 1.147 mortes (16%), 966 (84,2%) foram registradas durante o período do puerpério em até 43 dias, demonstrando a maior taxa dentro dessa faixa etária, especialmente na região Sudeste (35,3%). Em seguida, o período que mais ocorreram mortes, foi o período “Não na gravidez ou puerpério”, com valores de 56 óbitos (4,8%), especialmente na região Sul (44,6%). 

Tabela 5.  Dados sobre óbitos maternos ent

Na figura 1 demonstra o percentual de óbitos fetais entre adolescentes e a região mais predominante. Com isso, percebe-se, devido a cor verde mais escura, que a região que mais apresentou mortes fetais de mães adolescentes foi o Nordeste com uma porcentagem de 33,8%. Em comparação com o percentual de óbitos fetais entre mães em idade avançada, demonstrado na figura 2, nota-se um predomínio na região Sudeste, com 41,3% dos óbitos.

Na figura 3 é apresentado a taxa de óbitos maternos de adolescentes e a região que mais se destacou foi o Nordeste, representando 36,5% da mortalidade materna, representado pela cor roxo escuro. Em comparação a isso, na figura 4 demonstra os óbitos maternos de mães em idade avançada, onde apresenta uma maior prevalência na região Sudeste, com uma taxa de 35,1% dos óbitos, também representado pela cor roxo escuro.  

DISCUSSÃO

Diante dos resultados apresentados é imprescindível que o sistema de saúde esteja preparado para atender tanto jovens mães que tiveram gestações precoces, como mães na idade avançada. 

A pesquisa demonstrou que a região Nordeste apresentou a taxa mais elevada de mães adolescentes, atingindo 69,5% do total. Enquanto que, para as mães de 35 a 54 anos, a maior proporção na faixa etária avançada é encontrada na região Sudeste com 83,8% do total e essa disparidade pode ser justificada por fatores socioeconômicos, culturais e estruturais que influenciam nas decisões reprodutivas das mulheres. 

A região Sudeste, a qual possui maior população e maior urbanização, sendo considerada a região mais desenvolvida e com maior IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) (ATLAS BRASIL, 2022), apresenta altas taxas de natalidade, principalmente em idades mais avançada, justamente por conta de uma busca na melhora da qualidade de vida e maiores oportunidades. Isso se deve ao maior acesso à educação de qualidade, a qual interfere diretamente na decisão consciente sobre reprodução, o que pode acarretar em uma gravidez tardia. Em contrapartida, a região Nordeste, a qual se encontre entre as 3 regiões com menor desenvolvimento (MONTEIRO NETO, 2014) e possui quase metade de toda a pobreza no Brasil, enfrenta elevado número de mães adolescentes, justamente pela falta de recursos essenciais, como escolaridade adequada, um sistema de saúde de qualidade, gerando muita desinformação, intercorrências na gestação, tanto pela idade, como pela falta de assistência, comprometendo a qualidade de vida.  

Um estudo do UNFPA revela que mais de 60% das gestações na África Subsaariana ocorrem em meninas com menos de 17 anos, enquanto no Brasil essa taxa é de 57% (BRASIL,2022). Países como Suécia e Holanda apresentam taxas muito mais baixas, com 4,5 e 5,9 nascidos vivos por mil adolescentes, respectivamente. Os Estados Unidos têm uma taxa mais alta entre países desenvolvidos, com 17,1 nascidos vivos por mil adolescentes (BRASIL, 2023). No Brasil, a taxa de adolescentes com filhos (16,2 por mil) é maior do que na Europa e nos EUA, mas próxima da América Latina e Caribe (66,5 por mil) e inferior à da África (98,5 por mil), (BRASIL,2023). 

Em contraste a isso, entre os anos 2000 e 2019, houve uma redução no número de nascimentos no estado de São Paulo, caindo de 699,4 mil para 580,2 mil. Durante esse período, observou-se uma transformação significativa no perfil etário das mulheres que deram à luz. No entanto, de acordo com uma pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), ocorreu um aumento na proporção de mães com idades entre 30 e 39 anos no estado de São Paulo, passando de 26% para 39,1% (BRASIL, 2020).

Analisando os resultados mais relevantes sobre o estado civil de ambas as faixas etárias, observou-se padrões sociais e culturais significativos. A alta proporção de mães adolescentes solteiras (55,8%) em comparação com mães mais velhas (27,4%) evidencia uma maior vulnerabilidade que as mais jovens enfrentam. Essa situação tem maior predominância na região Nordeste (345%), o que reflete a questão do desenvolvimento socioeconômico conforme já pontuado acima. Por outro lado, mães em idade avançada (45,9%) se apresentam mais casadas, com notável predomínio na região Sudeste (49,9%), o que pode indicar um maior acesso a estabilidade financeira e suporte familiar, fatores que influenciam na decisão de ter filhos em fase tardia. Tudo isso é reflexo do alto desenvolvimento humano e financeiro da região Sudeste, como citado anteriormente.

No que diz respeito à etnia, o percentual alto de mulheres brancas entre mães tardias (44,9%), pode estar ligado a fatores socioeconômicos e culturais que permite um planejamento familiar e acesso à saúde de qualidade e o foco na região Sudeste reforça mais ainda essa ideia. Já a porcentagem de mães brancas adolescentes se mostrou significativamente menor (32,9%). Isso pode ser resultado de fatores socioculturais onde adolescentes pretas e pardas têm mais chance de se tornarem mães jovens, demonstrando desigualdade estrutural.

Além disso, existe uma maior representação de mulheres negras entre mães mais velhas (3,80%) em comparação com as adolescentes (2,86%), com uma predominância na região Sudeste (52,9% para mais velhas e 45% para jovens). E apesar da representação em ambos os grupos etários, mulheres negras ainda enfrentam barreiras que podem limitar suas escolhas em relação à maternidade.

A predominância de gestações únicas (97,2%), em ambas as faixas etárias, pode ser um reflexo de que geralmente esse tipo de gestação é a forma mais viável e segura de intercorrência. Além disso, a maior taxa entre as adolescentes (97,8%) está relacionada com questões de preferências ou até mesmo por falta de planejamento reprodutivo, refletindo uma maior vulnerabilidade a situações de riscos. Já sobre as regiões mais prevalentes, a região Nordeste concentra o maior número de gestações únicas em adolescentes, enquanto a região Sudeste concentra as mães em idade avançada e isso reflete a desigualdade sociodemográfica comentada anteriormente. As gestações múltiplas (1,7%) apresentam um contraste entre as mães, com maior foco nas mais velhas (3%) quando comparadas com as mais jovens (1,1%) Essa discrepância pode estar relacionada com o fato de que as mães de idade avançada possuem maior acesso a tratamentos de fertilidade, o que aumenta as chances de gemelaridade. Ademais, o fato de a região mais prevalente ser o Sudeste é justificado pelo alto desenvolvimento socioeconômico que permite acesso às tecnologias reprodutivas. 

A alta prevalência de partos vaginais em adolescentes (66,5%), principalmente na região Nordeste (35,9%), é reflexo de vários fatores que podem influenciar nessa decisão, como questões culturais que valorizam o parto de forma mais natural e até mesmo falta de informações sobre outras opções e acesso limitado a serviços médico.

Já em relação às mães em idade avançada que apresentaram taxas menores (38%) de partos vaginais, demonstra uma maior conscientização sobre o risco de gestações tardias, fazendo com que optem por cesarianas como opção mais segura. Esse padrão é observado especialmente na região Sudeste (37,7%), o que reflete na questão do alto desenvolvimento, possibilitando maior acesso a cuidados obstétricos avançados. Além disso, questões de conforto e planejamento estão envolvidos nessa faixa etária. Com isso, entende-se que a taxa de cesárea é maior entre mulheres mais velhas (61,6%), do que quando comparado com as mais jovens (33,1%).

A respeito dos Grupos de Robson, o grupo 01 que consta nulíparas com gestação única e parto espontâneo, é observado uma maior taxa entre mães adolescentes (8,8%) do que mães mais velhas (1,9%). Isso pode ser atribuído a uma questão de saúde geral, que mesmo que a gestação precoce seja desafiadora, pacientes jovens apresentam condições físicas melhores. O predomínio na região Nordeste (37,9%) sugere que a prática desse tipo de parto traz mais benefícios devido à menor medicalização. O grupo 02, que inclui nulíparas com indicação de cesárea pré-parto, mostrou um percentual maior entre mães adolescentes (4,7%) do que entre as de idade avançada (3,0%). Isso se deve aos riscos associados à gravidez precoce, que podem necessitar de cesárea de emergência. A predominância na região Sudeste sugere um melhor acesso a recursos adequados para esse procedimento em ambas as faixas etárias

Em relação ao grupo 03 que engloba multíparas com parto espontâneo, demonstrou maiores taxas entre mães mais velhas (7,0%) em contraste com mães mais jovens (2,4%). Isso pode indicar uma ideia de maiores experiências e melhor preparação, pensando que se tratando de mulheres mais velhas, já tiveram outros filhos e estão mais familiarizadas com o processo. Isso serve para o grupo 05 também que apresenta mulheres com cesárea anterior, onde o maior foco está entre as mães de idade avançada (12,3%) quando comparada com mães adolescentes (1,2%).

Segundo dados coletados a partir do DATASUS, 4% das mães adolescentes não tiveram acesso a nenhuma consulta de pré-natal, assim como, 3% das mães em idade avançada também não tiveram acesso. Isso é um grande sinal de alerta, visto o quão importante é essa assistência do pré-natal para a saúde da gestante e do recém-nascido. A maior prevalência na região Nordeste para ambas as idades é reflexo do baixo desenvolvimento socioeconômico que leva a menos acesso aos serviços de saúde. 

Em contrapartida, o fato de que houve um maior número de mães em idade avançada (64,1%), que tiveram acesso a 7 consultas ou mais do pré-natal, assim como, mães adolescentes (44,9%), também tiveram acesso, é um dado positivo. Esse acesso pode estar relacionado com uma melhora na qualidade dos cuidados e consequente melhores resultados para a saúde das mães e do neonato.  A predominância na região Sudeste em ambos os grupos se justifica pela maior urbanização e estrutura para serviços de saúde, contribuindo para uma melhor assistência.

Em relação a cor e raça dos nascidos vivos, o predomínio da cor parda entre mães adolescentes (47%), quando comparada com mães em idade avançada (36,9%), com maior concentração na região Nordeste (44,6%) sugere que essa idade seja representativa de uma realidade social onde a cor parda é a mais prevalente. A cor parda está associada a uma mistura racial e de acordo com o Censo de 2022, 58,3% das cidades brasileiras são ocupadas majoritariamente por pessoas de cor ou etnia parda (IBGE, 2022). Esse padrão está relacionado com questões socioeconômicas já que o Nordeste enfrenta grandes desafios de desigualdade e acessos limitados à saúde. Embora a cor parda seja uma das mais predominantes, a cor branca ocupa uma posição significativa, sendo mais prevalente entre mães mais velhas (44,9%), em contraste com mães jovens (32%), principalmente na região Sudeste (53,5%). Isso preconiza que, geralmente, mulheres mais velhas apresentam melhor estabilidade financeira e são mais representadas na cor branca.

Outro dado coletado durante a pesquisa realizada foi sobre o peso do nascer dos RN. Na pesquisa demonstrouse que ambas as faixas etárias foram notáveis um maior índice de nascimento de bebês com 3000 a 3999 g, com uma leve diferença entre mães adolescentes (60,79%), com foco região Nordeste (33,9%) e em idades avançadas (60,76%), que apresentou especialmente na região Sudeste (44,7%). Isso reflete no avanço dos serviços de saúde, em relação ao acompanhamento adequado dessas gestantes, principalmente na região Nordeste, onde costuma apresentar carência de serviços da saúde, devido a questões socioeconômicas.

Entretanto, 8,8% das mães adolescentes deram à luz a RN com o peso entre 1000 a 2499 g, com um predomínio da região Sudeste (36,2%), em comparação com as mães em idade avançada (9,5%) que apresentaram uma taxa relativamente maior, com prevalência na região Sudeste (49,2%). Esses índices são considerados alarmantes, devido ao alto risco de intercorrências, assim como, sérias complicações, tanto imediatas como a longo prazo.  É perceptível que essas altas taxas de RN de baixo peso ocorrem principalmente na região Sudeste, onde costuma ser a região com melhores recursos, e mesmo assim as gestantes podem não estar recebendo o suporte necessário. Com isso, conclui-se que o peso de um RN após o parto está intimamente ligado à qualidade da nutrição durante a gestação, tanto para a mãe quanto para o bebê e isso desempenha um papel fundamental na influência sobre o crescimento e desenvolvimento da criança

Em análise dos dados do teste do Apgar, nota-se que a maioria dos RN de mães adolescentes (74,3%) e RN de mães em idade avançada (79,5%) apresentaram uma nota de 8 a 10 no Apgar de 1º minuto, com uma predominância entre mães mais velhas, principalmente na região Sudeste (46,8%), sendo relacionado com o melhor acesso aos serviços de saúde e infraestrutura hospitalar. 

No Apgar de 5 º minutos, o índice é ainda mais elevado, principalmente entre mães em idade avançada (90,8%) quando comparada com mães adolescentes (87,1%), ambos com predomínio na região Sudeste, com os respectivos valores 34,1% e 46,6%.  Isso sugere que mesmo após a estabilização, o desenvolvimento permanece estável e devido ao fato de ser principalmente na região Sudeste, reflete a questão do alto desenvolvimento com melhores assistências e serviços de saúde.

Por outro lado, os dados das notas de 0 a 7 apresentaram uma alta taxa entre as mães adolescentes (17,1%), com predomínio na região Nordeste (33,6%), quando comparado com as mães mais velhas (14,6%), com foco na região Sudeste (43,2%). O predomínio de RN de adolescentes, especialmente na região Nordeste, está relacionado com o fato de adolescentes serem mais vulneráveis, além de que essa região apresenta muita precariedade quanto ao acesso a serviços de saúde de qualidade.

Discutindo os dados obtidos em relação aos óbitos fetais, observa-se uma maior taxa de 54,8% de mortalidade fetal entre mães adolescentes, com um predomínio na região Nordeste. Enquanto que, entre mães de idade avançada, obteve-se uma taxa um pouco menor de 45,1%, especialmente na região Sudeste. Isso reflete no fato de que, filhos de mães adolescentes enfrentam maiores riscos a vida, devido à grande vulnerabilidade, tanto materna quanto fetal, a qual os tornam susceptíveis a isso, além da questão de apresentar maior concentração na região Nordeste, conhecida por enfrentar desafios em termos de acesso à saúde, educação e infraestrutura.

Assim como para os óbitos fetais entre mães mais velhas, apesar de demonstrarem um menor percentual quando comparadas, o risco de ocorrer intercorrências e situações de risco em gestações tardias também existe. A prevalência na região Sudeste ressalta o fato de ser uma região de alto desenvolvimento, permite maior acesso a assistência e cuidados médicos em casos de intercorrências, diminuindo os índices de mortalidade, mas mesmo assim os números de mortes persistem.

Em relação à mortalidade baseada nos tipos de gravidez, percebe-se um índice elevado em gestações únicas, tanto para as adolescentes (90,5%), quanto para as mais velhas (90,3%). O fato de mães adolescentes apresentarem maiores taxas, principalmente na região Nordeste, sugere que esse grupo enfrente muitos desafios acerca de saúde e acesso a assistência pré-natal e nessa fase da vida se encontram mais suscetíveis a menos apoio social e muita desinformação, ainda mais com um foco em uma região que apresenta muitas falhas e faltas em termos de infraestrutura e acesso limitado aos serviços de saúde. 

Verificando os dados obtidos acerca dos óbitos maternos, destaca-se uma maior taxa entre mães adolescentes (83,9%), com um predomínio na região Nordeste. Isso demonstra que essa faixa etária continua a enfrentar desafios críticos acerca de acesso aos serviços de saúde adequado e necessidades básicas, junto a isso, pela predominância na região Nordeste, engloba questões socioeconômicas e culturais que influenciam nesses resultados, como falta de infraestrutura, falta de acesso a uma educação sexual adequada, entre outros.

Por outro lado, apesar das mães em idade avançada terem apresentado taxas relativamente menores, ainda assim representa uma preocupação para a saúde pública. Por serem mulheres mais velhas, pode ser atribuído a doenças crônicas pré-existentes e que acabam se agravando durante a gestação, junto a isso, por ter uma prevalência na região Sudeste, reflete nos índices baixos de mortalidade, devido à alta infraestrutura e um acesso de qualidade ao sistema de saúde e cuidados médicos

CONCLUSÃO

Diante do cenário atual, faz se necessário analisar esses desfechos que afetam a vida dessas mães e seus conceptos na população brasileira no que diz respeito ao acesso aos serviços de saúde e às características socioeconômicas. Em conjunto a isso, vale ressaltar a importância da introdução da educação sexual nos âmbitos escolares, a fim de proporcionar mais conhecimentos para crianças e adolescentes e além disso, o direcionamento de mais verbas para melhoria dos serviços de saúde direcionado para gestantes de alto risco. 

Nossa pesquisa apresenta algumas limitações. A investigação foi realizada por consulta a um banco de dados, sendo possível que informações se encontrem incorretamente compiladas. Contudo, alcançando uma pesquisa de tendências de análises maternas e fetais de mães adolescentes e em idade avançada em um país com amplas dimensões territoriais, é essencial ver as nuances existentes entre as mudanças desta causalidade.  Também deve ser respeitado que a coleta de dados secundários pode ser um cenário de fonte de dados sigilosos, e são efetivas para estudos ecológicos no país como exclusiva fonte de dados disponíveis sobre os desafios enfrentados durante a gravidez. Neste sentido, o estudo dos dados de repercussões maternas e fetais constitui um aliado importante, pois permite a descrição dos desafios enfrentados por mães adolescentes e em idade avançada, além de servir como uma ferramenta para identificar lacunas no acesso das pacientes aos serviços de saúde e indicar avanços nas consultas pré-natais, bem como da rede apoio.

A gravidez em mulheres mais novas (10 a 19 anos) está ganhando relevância e, por sua vez, um elevado índice de mulheres com 35 ou mais anos, também estão passando por esse processo de gestação. 

Diante do exposto é necessário considerar as mudanças frequentes que ocorrem nos hábitos pessoais, considerando a sexualidade precoce e na idade avançada, assim como grau de escolaridade, estado civil,          desenvolvimento cultural, bem como questões sobre acesso a consultas pré-natais, planejamento local estratégico, principalmente para a detecção, tanto da gravidez precoce, como da gravidez tardia. Desta forma, considerando as particularidades de cada região, as tendências de gravidez não planejadas em idade que podem gerar risco tanto para a vida materna, como a vida fetal, poderão diminuir no país.

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1Estudante do curso de medicina Universidade Cesumar – UNICESUMAR

2Doutora em ciências da saúde Universidade Cesumar – UNICESUMAR