Tâmilly Gabrielle Guimarães dos Santos¹ Tháfenes da Silva Sevalho¹ Bárbara Lira Bahia² Joanne Figueiredo Vidal de Oliveira²
Resumo A gripe é uma infecção respiratória comum, e sua incidência e gravidade variam de acordo com a circulação de novos tipos de vírus. Em março de 2009, no México, foi identificado o surgimento dos primeiros casos de uma nova gripe causada pelo vírus H1N1. Dez anos depois, em 2019, na China, também houve o aparecimento de um novo surto de gripe, dessa vez causada pelo vírus SARS-CoV-2. Ambas as doenças evoluíram de forma rápida por todo o mundo e se tornaram pandemias. Este estudo buscou na literatura evidências para traçar um perfil epidemiológico e sintomatológico das maiores infecções datadas neste século XXI, a influenza A e a COVID-19. Trata-se de uma revisão integrativa feita com estudos secundários realizados entre os anos de 2009 e 2020. Foram utilizadas as bases de dados: Cochrane Libary, MEDLINE (via PubMed), EMBASE e para complementar foi realizada uma busca manual. Foram encontrados um total de 209 publicações, destas foram excluídas 193 por não atenderem aos critérios de inclusão, então restaram 12 artigos que constituíram a pesquisa. Após a análise dos artigos incluídos, observou-se que o perfil epidemiológico dos pacientes das infecções virais, eram similares no que se refere ao sexo e comorbidades pré-existentes, mas no quesito idade não houve uma maior incidência. A prevalência de manifestações cardíacas e neurológicas secundárias à infecção foram mais presentes em pacientes com COVID-19. Os sintomas primários em ambas as infecções foram febre, cefaleia, vômito, diarreia e mialgia.
Abstract: The flu is a common respiratory infection, and its incidence and variation according to the circulation of the new types of viruses. In March 2009, in Mexico, the first case of a new flu caused by the H1N1 virus was identified. Ten years later, in 2019, in China, there was also identified a new flu outbreak, this time caused by the SARS-CoV-2 virus. Both diseases have evolved rapidly around the world and have turned into pandemics. This study searched the literature for evidence to trace an epidemiological and symptomatological profile of the biggest changes dated in the 21st century, the influenza A and COVID-19. It is an integrative review carried out with secondary studies carried out between the years of 2009 and 2020. The following databases were used: Cochrane Library, MEDLINE (via PubMed), EMBASE and to complement a manual search was made. A total of 209 publications were found, 193 of which were excluded for not meeting the inclusion criteria, so there were 12 articles that constituted the research. After analyzing the articles, we observed that the epidemiological profile of the patients of the two viral variants was similar regarding sex and pre-existing comorbidities, but in terms of age, there was no prevalence. The prevalence of cardiac and neurological manifestations secondary to infection was seen more in patients with COVID-19. The primary symptoms (more commonly) seen in both cases were fever, headache, vomiting, diarrhea and myalgia.
Descritores: Physical Therapy Department, Coronavirus Infections, Influenza A Virus, H1N1 subtype, e Sings and Symptoms.
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial da saúde 1,2 registrou em 2019 que 50,5% dos casos de síndromes gripais eram de indivíduos infectados pelo vírus H1N1 e até junho de 2020 foram registrados mais de um milhão de indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2.
Originalmente, os vírus foram diferenciados de outros agentes infecciosos por serem muito pequenos (filtráveis) e por serem parasitas intracelulares obrigatórios – ou seja, requerem células hospedeiras vivas para se multiplicarem3, mas o que realmente os diferem de outras estruturas é a sua organização estrutural, onde apresentam um único tipo de ácido nucleico (DNA ou RNA) que é revestido por proteína (as vezes contendo lipídeos, proteínas e carboidratos), apresentam poucas ou nenhuma enzima para produção de ATP ou síntese proteica, induzem a síntese no interior das células, se multiplicam através da mesma e como consequência o ácido nucleico é transferido para outras células3.
A gripe é uma infecção respiratória comum globalmente e sua incidência e gravidade mudam ano após ano devido à circulação de novos tipos de vírus4.
Em 2002, na China, foram registrados novos casos de infecções virais onde o responsável era um novo vírus denominado SARS-CoV (da família coronavírus), que logo foi associado à síndrome respiratória aguda severa3. Em março de 2009, os primeiros casos de uma nova gripe causada pelo vírus influenza A de origem suína foram relatos no México e denominados H1H15. Em 2012, outro coronavírus foi descoberto sendo de chamado de MERS-CoV, onde o mesmo causou a síndrome respiratória aguda do oriente médio3.
O conhecido SARS-CoV sofreu mutação, no qual, em 2019, recebeu o nome de SARS-CoV-2 onde causou muitos casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na china3.
O responsável pela gripe influenza descoberta em 2009 é o vírus H1N1, um vírus de fita simples de RNA que é altamente mutável e sua transmissão para humanos é feita através de gotículas contaminadas com o vírus, tornando-o de fácil contágio5. Para Enserink e Swine et al.6 o vírus originou-se devido uma recombinação genética humana, suína e aviária. Sendo assim, apenas três meses após a primeira infecção, foi decretado um estado de alerta pandêmico pela Organização Mundial De Saúde (OMS) devido à sua disseminação global.
O vírus H1N1 provoca um ataque celular ou citotoxidade direta, acarretando lesão no epitélio respiratório, liberação de citocinas e mediadores inflamatórios, resposta inflamatória e os mecanismos de defesa são responsáveis pela forma como o indivíduo irá reagir7.
Segundo o estudo de Fred et al.8 a recombinação do vírus da influenza A das aves e de humanos, quando passada a um mesmo hospedeiro pode levar a criação de um novo vírus com grande potencial infeccioso, que é o que geralmente leva a uma pandemia. A recombinação de genes que levou ao surgimento da influenza H1N1 não tinha descrição prévia e se apresentava diferente das demais linhagens já conhecidas8.
O vírus (SARS-CoV-2) encontrado em Wuhan rapidamente se espalhou pelo país, transformando-se em uma epidemia e logo em seguida os números foram crescendo por todos os países, sendo assim elevado à nível de pandemia9. A OMS1 definiu a doença como COVID-19 (doença causada pelo novo corona vírus encontrado em 2019) responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave.
O coronavírus é vírus de RNA de fita simples envelopados por proteínas e por meio da recombinação de genes e variabilidade, essa família de vírus pode se adaptar e infectar novos hospedeiros10. No início da infecção o vírus ataca as células epiteliais, brônquicas, nasais e os pneumócitos através das proteínas que constituem sua estrutura10. A protease serina presente na célula hospedeira irá absorver o vírus, ativando a proteína do mesmo que logo em seguida irá se multiplicar para outras células. Indivíduos com a COVID-19 podem evoluir para uma linfopenia profunda, pois o SARS-CoV-2 infecta e auxilia no apoptose dos linfócitos T10.
No recente estudo feito por McIntosh et al.11 apresentou a sequência de genoma do vírus Sars-CoV-2, onde foi observado que o mesmo trata de um betacoronavírus do mesmo subgrupo do vírus responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave, sua semelhança se dá por meio de um receptor semelhante ao vírus antigo para a entrada de células. Neste estudo é comprovado que há uma grande similaridade com o RNA dos vírus encontrados no morcego, tornando-o a provável fonte primária de transmissão.
O estudo de Lenzi et al.12 mostra que as manifestações clínicas apresentadas em casos de H1N1, de forma geral, é de uma gripe normal, com febre e tosse, em alguns casos assintomática, podendo ou não evoluir para o aparecimento de uma pneumonia atípica (grave ou mortal), com dificuldades respiratórias e alterações em radiografias de tórax.. Já na metanálise de Sun et al.13 foi relatado que vários pacientes com infecções por Sars-CoV-2 apresentaram manifestações clínicas como dor ou fadiga muscular, além de síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA, e a doença pode evoluir para um choque séptico, acidose metabólica e coagulopatia14.
Em virtude do que foi exposto e levando em consideração a falta de estudos diferenciando essas infecções virais bem semelhantes, o presente estudo tem como objetivo apresentar as características de cada vírus, suas manifestações clínicas e seu perfil epidemiológico, identificando e confrontando a diferença e semelhança entre ambas, possibilitando um melhor diagnóstico através do quadro clínico apresentado pelos mesmos e seus os fatores de risco associados. Tratando-se de um assunto atual e de grande relevância devido a semelhança na sintomatologia, podendo haver casos de confusão entre ambas doenças no momento do diagnóstico.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de estudos primários e secundários (estudos randomizados controlados, revisões sistemáticas, estudos observacionais e de coorte). Para coleta de dados, foi feito um levantamento bibliográfico, publicados entre 2009-2020, em língua inglesa, francesa, espanhola, italiana e chinesa. A análise dos dados visou englobar indivíduos maiores de 18 anos infectados pelo Sars-CoV-2 e pacientes infectados pelo vírus H1N1 sintomáticos.
Foram pesquisadas as bases de dados Cochrane Library, MEDLINE (via PubMed) e EMBASE, utilizando os descritores e palavras-chave “physical therapy”, “covid”, ‘’H1N1’’, ‘’manifestações clínicas’’, ‘’influenza’’ e ‘’Sings and Symptoms’’ como palavras-chave, e seus termos correlatos identificados no banco de dados Emtree e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) ‘’Physical Therapy Department’’, ‘’Hospital’’, ‘’Coronavirus Infections’’, ‘’Influenza A Virus’’, ‘’H1N1 subtype’’, ‘’Randomized Controlled Trial’’ e ‘’Sings and Symptoms’’, também foram incluídos artigos através da busca manual nas bases de dados. Nas pesquisas feitas no PubMed e Cochrane Library, os termos foram combinados entre si utilizando os operadores booleanos “AND” e “OR”. Para complementara busca, foi realizada uma busca manual nas referências dos artigos incluídos nesta pesquisa
Os critérios de exclusão foram estudos em animais ou in vitro, opiniões de especialistas, estudos de caso e estudos feitos antes de 2009. O ano de 2009 entrou como critério de inclusão por ter sido o ano da pandemia pelo vírus H1N1, a maioria dos grandes estudos foram feitos de 2009 a 2013 e o ano de 2020 por ter sido o ano da pandemia pelo Sars-CoV-2, onde temos inúmeros estudos publicados.
Diante desses achados, procuramos responder a dúvida sobre como diferenciar a infecção pelo vírus H1N1 e a infecção pelo Sars-CoV-2 através do quadro clínico. A questão de pesquisa foi baseada no acrônimo FINER®, pois ela é factível devido a quantidade de estudos disponíveis, viável a respeito de tempo e custos, interessante pois é um assunto novo e facilita o diagnóstico prévio, nova porque expande os achados anteriores, ética porque cumpre as normas da resolução CNS e relevante para o conhecimento científico, para diretrizes de saúde e direcionamento para futuras pesquisas.
RESULTADOS
A busca feita gerou um resultado de 209 publicações (4 Embase, 81 Medline, 108 Cochrane e 16 LILACS), que foram analisadas segundo os critérios pré-estabelecidos. Destes, foram excluídos 193 artigos por não abordarem o assunto sobre manifestações clínicas e não traçarem o perfil epidemiológico de indivíduos infectados pelos vírus abordados nessa pesquisa, não serem revisões sistemáticas, estudos randomizados controlados, observacionais e de coorte.
Dessa maneira, a amostra final desse estudo foi constituída por 12 artigos que foram encontrados nas bases de dados, incluídos e analisados como base desta revisão integrativa, conforme demonstrado na tabela 1, contendo perfil epidemiológico. e na tabela 2, contendo as manifestações clínicas apresentadas.
Tabela 1. Artigos levantados nas bases de dados sobre o perfil epidemiológico de infectados pela H1N1 e
Sars-CoV-2
Título/Ano | Média de idade | Sexo | Condições médicas subjacentes |
Pneumonia e insuficiência respiratória por influenza A de origem suína (H1N1) no México. 2009 | 38 anos | Masculino | Hipertensão, diabetes e asma. |
Pacientes hospitalizados com influenza H1N1 de 2009 nos Estados Unidos, abril-junho de 2009. | 21anos | Feminino | Asma, diabetes, DPOC, imunossupressão e doença cardiovascular crônica. |
Características clínicas e resultados da pneumonia associada ao H1N1 entre adultos na Coreia do Sul. 2010 | 48 anos | Masculino | Asma, DPOC, bronquiectasia e diabetes. |
Apresentação clínica e evolução de pacientes com infecção por influenza A (H1N1) que necessitaram de terapia intensiva durante a pandemia de 2009. 2010 | 30 anos | Feminino | Obesidade, hipertensão arterial, asma e DPOC |
Características clínicas e laboratoriais que distinguem a pneumonia relacionada à influenza pandêmica H1N1 da pneumonia adquirida na comunidade Inter pandêmica em adultos. 2011 | 42 anos | Feminino | Asma, DPOC, insuficiência cardíaca congestiva e diabetes. |
Características de pacientes adultos com influenza A (H1N1) hospitalizados em um pronto-socorro de um hospital nacional, em 2009. 2012 | 35,29 anos | Masculino | Asma, obesidade e gravidez |
Manifestações cardíacas em COVID – 19 pacientes – Uma revisão sistemática. 2020 | 47 e 64 anos | Masculino | Hipertensão, diabetes, cardiomiopatia e hipercolesterolemia. |
Reabilitação respiratória em pacientes idosos com COVID-19: um estudo randomizado controlado. 2020 | 65 anos | Masculino | Hipertensão, diabetes e osteoporose. |
Sinais e sintomas para determinar se o paciente com COVID-19 irá se apresentar na atenção primária ou em ambientes ambulatoriais de um hospital. 2020 | 18 a 65 anos | Feminino | Alterações cardiovasculares e diabetes |
Manifestações neurológicas de pacientes hospitalizados com COVID-19 em Wuhan, China: um estudo retrospectivo de série de casos. 2020 | 52,7 anos | Feminino | Hipertensão, diabetes, doença renal crônica e doenças cerebrovasculares. |
Manifestações neurológicas de COVID-19: uma revisão sistemática. 2020 | 33-50 anos | – | Alterações cardiovasculares e metabólicas |
Revisão sistemática de miocardite relacionada a COVID-19: insights sobre gerenciamento e resultado. 2020 | 50,4 anos | Masculino | Cardiomiopatia (1), Hipertensão (4), fumante (1), tuberculose e alergias (2) |
Tabela 2. Artigos levantados nas bases de dados sobre as manifestações clínicas de infectados pela H1N1
e SARS-CoV-2
Autor/Ano/Público | Sintomas Típicos | Manifestações respiratórias | Manifestações cardíacas | Manifestações Neurológicas e outros. |
Padilla R.P, et al. 2009 18 | Febre (18); diarreia (4) | Tosse (18), pneumonia (18), rinorreia (5) | mialgia ou artralgia (08), dor de cabeça (4) | |
Jain S, et al. 2009 272 | Febre (162) Diarreia e vômito (39%) | Tosse Pneumonia (100); Falta de ar (162); SDRA (21) | sepse (24) | desordens neurológicas em 14% (cognitivas 20, neuromusculares 19 convulsivas); |
Choi W.I, et al. 2010 266 | Febre (147) | Dispneia (48) Tosse (43) Dor de garganta (3) | Dor no peito (7) | Confusão mental (6) |
Nassar Junior A.P, et al. 2010 22 | Febre (21) Diarreia (4) | Dispneia (17) Tosse (17) | Mialgia (6) | |
Bewick T, et al. 2011 254 | Febre (245) | Tosse produtiva (147); Dispneia (151). | Confusão mental (18) | |
Santos M.D.L., Reyes N.F.D., et al. 2012 92 | Febre (62), diarreia (22,6%); vômitos (17, 7%) | Tosse; dispneia; SDRA (9) | Trombocitose; linfopenia. | Cefaleia (54,8%); mialgia (38,7%); |
Ahmed M.A, et al. 2020 1545 indivíduos | Insuficiência respiratória; SDRA | Insuficiência Cardíaca (60); choque cardiogênico (57); arritmias (26); lesão miocárdica (278); insuficiência circulatória (22); miocardite (14). | – | |
Liu K. et al. 2020 72 indivíduos | —– | —– | —– | Depressão e ansiedade. |
Struyf T, et al. 2020 | Febre; diarreia; | Tosse; secreção produtiva; dispneia; hipóxia | palpitações | Perda de olfato e paladar; mialgia ou artralgia; cefaleia |
Ling M, et al. 2020 214 indivíduos | diarreia (41); febre (132). | tosse (107) | – | tontura (36); dor de cabeça (28); diminuição da consciência (16); lesão muscular (23); hipogeusia (12); hiposmia (11). |
Whittaker A., Anson M., Harky A. 2020 451 | Tosse (82%); dispneia (31%) | Trombose (16) | Cefaleia 24%; tontura 13%; AVC 3%; AVC hemorrágico (1,12%), convulsão 0,5%; síndrome de guillain barré (20) | |
Sawalha K., Abozenah M., et al. 2020 14 indivíduos | Febre (9); tosse (8) | Dispneia (10); SDRA cardiogênico (2) | Choque séptico (7), choque cardiogênico (6); arritmias (2), dor no peito (8). | Sintomas gastrointestinais (4). |
DISCUSSÃO
Perfil Epidemiológico
As infecções virais tem nos acompanhado há muitos anos e muitas delas se tornaram pandemias. Este estudo buscou na literatura evidências científicas acerca do perfil epidemiológico e manifestações clínicas das maiores infecções datadas neste século XX1, as pandemias da Influenza A em 2009 e da COVID-19 em 2020, pois renderam muitas infecções e óbitos, devido as suas facilidades de contaminação. No que se refere à COVID-19, por tratar-se de uma gripe nova, não se tem um grande conhecimento sobre a patologia e seu quadro clínico, e por ser uma infecção viral acaba sendo comumente confundida com a Influenza A.
Após o levantamento da literatura e elaboração dos resultados, verificamos que indivíduos infectados pela Influenza A tinha um perfil muito similar quanto as comorbidades, mas quanto a idade não havia uma prevalência. A média de idade de pacientes infectados por influenza A no México no ano da pandemia foi de 38 anos15. Também foi observado que estes pacientes eram em sua maioria do sexo masculino e as comorbidades mais vistas eram hipertensão, diabetes e asma15. Já Jain et al.16 realizou nos Estados Unidos um estudo também sobre a influenza A e teve como perfil epidemiológico predominante mulheres com a média de idade de 21 anos e com presença de comorbidades como: asma, diabetes, DPOC, imunossupressão e doença cardiovascular crônica.
Um estudo feito na Coreia do Sul por Choi et al.17 com um público de 266 indivíduos infectados pelo vírus H1N1 observou que a prevalência foi no sexo masculino e a média de idade foi de 48 anos, apresentando comorbidades como: asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), broncoectasia e diabetes, se assemelhando ao estudo de Bewick et al.19 onde foi feita uma coorte com 254 indivíduos infectados pela H1N1, sendo a média de idade de 42 anos e prevalência no sexo feminino (57,1%), com comorbidades semelhantes, porém com um acréscimo na insuficiência cardíaca congestiva. Nassar Junior et al.18 e Santos et al.20 nos trazem comorbidades como asma, obesidade, gravidez, hipertensão e DPOC, porém a prevalência foi no sexo masculino para Santos et al. 20(feito no Peru) e feminino para Nassar Junior et al.18 (estudo feito no Brasil), fatores como público incluído no estudo devem ser levados em consideração, pois o mesmo fez um estudo com apenas 22 participantes, e as idades variavam de 25 a 43,5 anos.
Após um levantamento nas bases de dados, encontramos alguns estudos de grande relevância para o entendimento do vírus SARS-CoV-2. Na revisão sistemática feita por Ahmed et al.21 a prevalência da infecção é em indivíduos do sexo masculino, com variação de idade de 47 a 64 anos, apresentando comorbidades como hipertensão, diabetes, cardiomiopatia e hipercolesterolemia. Os autores tiveram o intuito de listar as manifestações cardíacas e perfil epidemiológico apresentados por esses indivíduos, totalizando 4305 pacientes incluídos. No ECR de Liu et al.22 observamos que a média de idade era de 65 anos em indivíduos do sexo masculino e se apresentavam com comorbidades como hipertensão, diabetes e osteoporose. Na Revisão sistemática feita por Sawalha et al.26 foram incluídos 14 indivíduos com a média de idade de 50,4 anos, com prevalência no sexo masculino, onde apresentavam comorbidades como cardiomiopatia, hipertensão, tuberculose e alergias.
Estudos feitos por Struyf et al.23 e Ling et al.24 mostram uma incidência maior da infecção no público feminino. Alterações cardiovasculares e diabetes foram observadas em um público com idades de 18 a 65 anos23, e Ling et al.24 observou uma mediana de 52,7 anos também com alterações cardiovasculares e diabetes pré-existentes, mas acrescenta a doença renal crônica e a hipertensão como causa de agravamento da doença. Whittaker et al.25 abordou em sua revisão sistemática alterações neurológicas, incluindo em seu estudo pacientes de 33 a 50 anos com alterações cardiovasculares e metabólicas. O mesmo realizou sua pesquisa com 451 indivíduos diagnosticas com COVID-19.
Diante desses achados as infecções se assemelham em fatores como sexo e comorbidades. Observamos que as mesmas se diferem, pois a Influenza A tem uma prevalência em mulheres adultas gestantes ou não, com doenças respiratórias e cardiovasculares pré-existentes e com a prevalência no sexo masculino de indivíduos com mais de 40 anos com doenças cardiovasculares, metabólicas e doenças respiratórias. Já na COVID-19 foi observando uma prevalência no sexo masculino, porém a diferença entre masculino e feminino é de menos de 10%, observamos que a prevalência é de indivíduos acima de 33 anos, porém com um risco maior para indivíduos acima de 50 anos com comorbidades como diabetes, hipertensão e outras alterações cardiovasculares, alterações metabólicas. Apenas um estudo observou comorbidades de alterações respiratórias pré-existentes e o mesmo avaliou indivíduos com manifestação como miocardite, o que difere a COVID-19 da Influenza A.
Manifestações Clínicas
No que se refere às manifestações clínicas (listadas na tabela 2) mais relatadas pelos pacientes infectados pelo H1N1 ou pelo SARS-CoV 2, viu-se também uma semelhança muito grande entre os sintomas comuns. Ambas as infecções apresentavam manifestações típicas de outras síndromes gripais e a febre foi a manifestação mais vista, sendo relatada em nove dos doze estudos avaliados. No estudo de Padilla et al.15 além da febre também foram relatados: tosse, pneumonia, rinorréia, mialgia ou artralgia, diarreia e cefaleia. Já no relato de Jain et al.16 além dos sintomas de infecções respiratórias mais comuns também foram vistos a presença de SDRA em 21 pacientes, sepse em 24, desordens neurológicas e cognitivas em 14% e confusão mental. No coorte de Choi et al.17 mais da metade dos pacientes apresentaram febre, uma outra porcentagem relatou dispneia, tosse, dor de garganta e também foram vistos problemas neurológicos como confusão mental. Na coorte retrospectiva realizada por Junior et al.18 em São Paulo, foram observados apenas os sintomas mais comuns de síndromes gripais, como febre, tosse, dispneia, diarreia e mialgia, sintomas estes também presentes no estudo de Bewhick et al.19
Manifestações de cunho cardíaco também são comuns nos pacientes de ambas as patologias20. Ahmed et al.21 e Sawalha et al.26 descrevem em seus pacientes a presença de trombocitose, linfopenia, insuficiência cardíaca, choque cardiogênico, arritmias, lesão miocárdica, insuficiência circulatória, miocardite, choque cardiogênico e choque séptico.
Os pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 também tiveram além das apresentações clínicas comuns de síndromes gripais, acometimentos neurológicos secundários após a infecção, onde foi relatado a presença de depressão e ansiedade, diminuição do nível de consciência, tonturas, AVC e até mesmo a síndrome de guillain barré22,24,25. Outros sintomas como perda de olfato e paladar, palpitações e tosse produtiva também foram relatados por Struyf et al.23
Após a listagem das manifestações apresentadas pelos indivíduos infectados pelos vírus, observamos que a prevalência de manifestações neurológicas e cardíacas em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 foi maior, porém se assemelha com a H1N1 devido a sintomas como confusão mental, mialgias e artralgias, dores de cabeça e alterações cognitivas. A COVID-19 apresentou uma maior incidência de complicações cardíacas do que a Influenza, pois os indivíduos evoluíam para choque cardiogênico, miocardites, insuficiência cardíaca e cardiovascular, alterações gastrointestinais e neurológicas também foram observadas, a incidência de alterações neurológicas também aumentou na Covid-19, pois os indivíduos que alterações cardiovasculares facilmente evoluíam para alterações neurológicas como acidentes vasculares cerebral hemorrágico, devido a trombos. Sequelas como Síndrome de Guillain Barré e convulsões também foram frequentes na COVID-19, se diferindo da Influenza A que apresentou poucos casos de convulsão em apenas um estudo, mas ainda não há estudos que expliquem a ocorrência dessas alterações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos estudos analisados, foi observado que as infecções pelo H1N1 e pelo SARS-CoV 2 são bem similares no que se refere às manifestações clínicas mais comuns, como febre, diarreia e cefaleia, pois se tratam de infecções virais com sintomas gripais. Porém, se diferem em aspectos como gravidade e idade. O quesito sexo também apresentou semelhança, sendo observadas mais infecções em homens do que em mulheres.
A COVID-19 teve uma alta prevalência de manifestações cardíacas e neurológicas, algumas vistas na Influenza A, mas em baixa incidência. Diante disto, é de extrema importância a investigação e detalhamento mais a fundo destas manifestações, pois os sinais clínicos observados na admissão destes pacientes são comumente confundidos, dificultando o diagnóstico através dos sinais e sintomas e também o tratamento.
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