ANALYSIS OF PEDIATRIC HOSPITALIZATIONS IN THE FEDERAL DISTRICT DUE TO RESPIRATORY DISEASES IN CHILDREN UNDER 5 YEARS OLD DURING SEASONAL PERIODS FROM 2018 TO 2024
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202412131101
Jordana Gomes Machado Burlamaqui De Miranda1
Alanna Ferreira Alves 2
José Edson Burlamaqui de Miranda Neto3
Resumo
As doenças respiratórias estão entre as principais causas de internações na faixa etária pediátrica, principalmente durante os períodos de sazonalidade. Este estudo analisa o comportamento das doenças respiratórias em crianças menores de cinco anos no Distrito Federal durante o período sazonal, no intervalo de 2018 a 2024, tendo como marco temporal a COVID-19. A análise foi realizada com base em dados relacionados às doenças respiratórias, avaliando a incidência, gravidade e mortalidade em crianças menores de cinco anos a partir de dados da rede pública de saúde do Distrito Federal, registrados nos sistemas SIH/SUS e SIM/MS. Os resultados evidenciam mudanças nos padrões de internações durante os períodos delimitados. No período pandêmico, por exemplo, foi caracterizado por uma redução do número de internações, assim como por um aumento da gravidade. Já no período pós-pandêmico, foi observado um aumento expressivo das internações e da gravidade, que ultrapassou os níveis observados antes da crise sanitária. Além disso, observou-se um aumento representativo no total de óbitos. A partir do estudo, é possível concluir que a pandemia impactou diretamente na frequência e gravidade das internações pediátricas, bem como na mortalidade por doenças do aparelho respiratório.
Palavras-chave: Pediatria; Internações; Sazonalidade; Doença do Aparelho Respiratório; COVID-19.
1. INTRODUÇÃO
As doenças respiratórias (DR) representam, globalmente, uma importante causa de morbidade e hospitalização em crianças. Estudos, como o de Natali et al. (2011), reforçam essa constatação ao concluir que crianças menores de cinco anos são especialmente suscetíveis a essas condições. Dentre as patologias respiratórias, Florin, Plint e Zorc (2017) destacam que dentre as infecções respiratórias agudas, a bronquiolite é a mais comum em crianças menores de 2 anos de idade. No Brasil, as doenças respiratórias representam cerca de 22,3% de todas as mortes em crianças de 1 a 4 anos conforme Passos et al. (2018). Ainda no contexto brasileiro, Toss, Zeni e Marques (2023) destacam entre as principais patologias, motivadoras de internação as pneumonias e a bronquiolite aguda.
Os picos de incidência de doenças respiratórias concentram-se, sobretudo, nos períodos de outono e inverno, denominado período de sazonalidade das DR. Esse padrão sazonal resulta da interação de múltiplos fatores, incluindo comportamento humano, variações climáticas (temperatura e umidade) e aspectos biológicos relacionados às estações mais frias. No Distrito Federal, o período de sazonalidade ocorre, em geral, entre março e julho, conforme descrito na Nota Técnica Conjunta nº 05/2015 (CGSCAM/DAPE/SAS/MS, CGAFME/DAF/SCTIE/MS e CGDT/DEVIT/SVS/MS).
A faixa etária pediátrica apresenta maior susceptibilidade às doenças respiratórias devido à imaturidade do sistema imunológico e ao menor calibre das vias aéreas, características que se agravam nos meses mais frios conforme relatado por Xavier et al (2022). Ainda segundo o mesmo estudo, em alguns casos, essas condições evoluem para formas graves caracterizadas por disfunção respiratória significativa, muitas vezes, causadas por espasmos no trato respiratório e isquemia devido a contração capilar comprometendo a remoção de patógenos no epitélio respiratório pelo movimento ciliar, demandando hospitalização. Essas formas graves podem demandar hospitalização em unidades de terapia intensiva (UTI) e, em alguns casos, estão associadas a óbitos.
Entre os diversos patógenos causadores das infecções respiratórias, destacam-se os agentes virais, principalmente o vírus sincicial respiratório (VSR), a influenza e o rinovírus. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (2017), o VSR é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade. Já de acordo com Brandão et al. (2017): “No Brasil, o VSR é responsável por 31,9 a 64% das internações por BVA e coinfecções ocorrem em 40% dos casos, o rinovírus é o agente mais comum” A gravidade dessas infecções, especialmente em crianças menores de cinco anos, torna esses agentes uma preocupação central para a saúde pública, particularmente em contextos de sazonalidades.
De acordo com Cavalcante et al (2020), no Brasil, em fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da infecção humana pelo COVID-19. Em março do mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de pandemia após identificar o novo coronavírus (SARS-CoV-2) como agente etiológico de uma síndrome respiratória aguda grave, que rapidamente se espalhou por mais de 114 países e foi denominada COVID-19.
A partir de então, diversas medidas de controle foram implementadas para conter a disseminação do vírus. Entre as principais ações destacaram-se: isolamento de casos suspeitos, uso de máscaras faciais, higienização frequente das mãos e o isolamento social. Conforme Toss, Zeni e Marques (2023), essas medidas foram determinantes para uma redução de 89,9% no número de hospitalizações por doenças respiratórias agudas em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Contudo, a flexibilização dessas medidas trouxe impactos significativos. Vittucci et al., (2023) citam um aumento no número de casos respiratórios após o término gradual das restrições. Esse aumento foi acompanhado por uma alta na gravidade dos casos, evidenciada por um maior número de internações em UTI e óbitos relacionados a DRs pediátricas. No Brasil, o encerramento oficial da ESPIN ocorreu em abril de 2022, pela Portaria GM/MS nº 188, embora o fim do estado de pandemia só tenha sido oficialmente decretado pela OMS em maio de 2023.
Logo esse estudo tem como objetivo analisar o comportamento das doenças respiratórias (DR) em crianças menores de cinco anos no Distrito Federal (DF) durante o período sazonal, no intervalo de 2018 a 2024, abrangendo desde o período pré-pandêmico até o contexto atual. Por meio da análise de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), busca-se compreender o impacto da pandemia pelo COVID-19 na incidência e na gravidade, incluindo a análise das diárias de UTI e dos óbitos por categoria do CID-10, das doenças respiratórias durante os meses de sazonalidade.
Além disso, o estudo também visa contribuir para a formulação e proposição de novas estratégias e políticas públicas a fim de favorecer cada vez mais um enfrentamento eficiente dos desafios impostos por essas patologias durante o período sazonal na pediatria.
2. METODOLOGIA
Trata-se estudo de caráter retrospectivo, descritivo e inferencial, utilizando abordagem estatística na análise de dados relacionados às doenças respiratórias em crianças menores de cinco anos. O estudo foi conduzido no Distrito Federal, com foco nos meses de sazonalidade das doenças respiratórias entre os anos de 2018 e 2024. O objetivo geral foi avaliar a incidência, gravidade e letalidade das doenças respiratórias em três períodos distintos: pré pandêmico, pandêmico e pós-pandêmico.
Os dados utilizados foram obtidos de dois sistemas de informações do Ministério da Saúde: o Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS). O SIH/MS foi utilizado para acessar os registros das Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), incluindo informações detalhadas sobre internações pediátricas, evolução para cuidados intensivos em Unidade de Terapia Intensiva e número de diárias de UTI relacionadas às doenças respiratórias. O SIM/MS foi a fonte dos registros de óbitos, permitindo a análise de mortalidade por categorias específicas do Capítulo X da Classificação Internacional de Doenças (CID-10: J00–J99), abrangendo bronquiolite, pneumonias, asma, insuficiência respiratória, entre outras condições.
Por se tratar de um estudo baseado em fontes secundárias de dados, com informações anonimizadas e de acesso público, o presente estudo está isento de aprovação prévia pelo sistema CEP/CONEP, conforme as diretrizes éticas nacionais. A pesquisa foi conduzida em conformidade com os princípios éticos da Resolução CNS nº 466/2012.
A população do estudo consiste em crianças na faixa etária de 0 a 4 anos, 11 meses e 29 dias, sem discriminação de sexo, que foram internadas em hospitais públicos do Distrito Federal em decorrência de doenças respiratórias classificadas no Capítulo X – Doenças do Aparelho Respiratório (CID-10: J00–J99), conforme registros nos sistemas SIH/MS e SIM/MS.
Os dados foram organizados em três períodos temporais distintos para possibilitar a análise do impacto da pandemia e suas consequências:
- Pré-pandêmico: janeiro de 2018 a janeiro de 2020, representando o período anterior ao impacto da pandemia de COVID-19 (24 meses);
- Pandêmico: fevereiro de 2020 a março de 2022, conforme delimitado pelo Ministério da Saúde em Nota Técnica e pelo término da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) pela COVID-19 (25 meses);
- Pós-pandêmico: abril de 2022 a julho de 2024, período após o término da ESPIN e o relaxamento das medidas restritivas (27 meses).
Os períodos possuem durações distintas visto que foram delimitados tendo como marcos a declaração, e o encerramento da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN).
As variáveis analisadas foram selecionadas com o objetivo de avaliar os aspectos de incidência, gravidade e mortalidade das doenças respiratórias nos períodos definidos. Para garantir uma análise detalhada e relevante, as internações e os óbitos foram agrupados conforme os grupos de diagnóstico definidos no Capítulo X da CID-10, permitindo a categorização das condições de acordo com sua pertinência à investigação ao objetivo do estudo.
- Incidência:
o Autorizações de Internação Hospitalar (AIH): Representam o número total de internações relacionadas às doenças respiratórias (J00–J99), sendo uma medida direta da incidência de casos no sistema hospitalar pediátrico.
Gravidade:
- AIH com evolução para UTI: Refere-se ao número de casos que demandaram cuidados intensivos, utilizado como um indicador de gravidade clínica;
- Diárias de UTI: Corresponde à quantidade de dias de permanência em Unidade de Terapia Intensiva, oferecendo uma perspectiva da complexidade e do impacto hospitalar dos casos graves.
Mortalidade:
Óbitos por Grupo do CID-10: Registros de mortalidade por doenças respiratórias, classificados de acordo com o Capítulo X da CID-10 (J00– J99), possibilitando a análise da letalidade de condições específicas, como insuficiência respiratória e pneumonias.
Essa perspectiva permitiu identificar correlações entre os desfechos clínicos e os grupos de doenças respiratórias, evidenciando padrões específicos que refletem a dinâmica epidemiológica ao longo dos períodos analisados.
A análise abrangeu os anos de 2018 a 2024, permitindo uma comparação detalhada entre os períodos pré-pandêmico, pandêmico e pós-pandêmico, buscando compreender os padrões de incidência, gravidade e letalidade ao longo do período estudado, comparando os dados entre os três contextos temporais definidos. Foram realizadas as seguintes etapas analíticas:
- Comparação entre os períodos: Para identificar diferenças significativas na frequência de internações, no uso de UTIs e nos óbitos relacionados às doenças respiratórias;
- Aplicação de testes estatísticos: Foram utilizados métodos apropriados para avaliar a significância das variações observadas, com foco em identificar tendências e alterações relevantes nos padrões de morbidade e mortalidade;
- Impactos associados à pandemia e ao período pós-pandêmico: Avaliou-se como as intervenções de saúde pública e a flexibilização das medidas restritivas influenciaram o comportamento das doenças respiratórias, especialmente em relação à gravidade e desfechos clínicos.
Essa abordagem sistemática permitiu a identificação de mudanças substanciais nos padrões epidemiológicos e hospitalares ao longo dos anos estudados, oferecendo subsídios para reflexões sobre o manejo clínico e o planejamento em saúde pública.
A análise foi limitada aos dados da rede pública de saúde do Distrito Federal, registrados nos sistemas SIH/SUS e SIM/MS. Esse enfoque oferece uma visão detalhada do impacto das doenças respiratórias pediátricas no sistema público, que atende à maior parte da população local. No entanto, os resultados podem não ser generalizáveis para hospitais privados ou outras regiões do Brasil.
Adicionalmente, a concentração nos meses de sazonalidade e no Distrito Federal pode limitar a compreensão de variações que ocorram fora desse período ou em diferentes contextos regionais. Apesar dessas limitações, os dados analisados são representativos de uma amostra significativa, fornecendo informações relevantes para a saúde pública.
Os seguintes testes estatísticos foram empregados para atender aos objetivos do estudo e obter conclusões robustas sobre o impacto dos diferentes períodos na saúde respiratória de crianças menores de cinco anos no Distrito Federal:
Tabela 1 – Resumo dos Testes Estatísticos Aplicados
Fonte: Elaborado pela autora
O Teste t de Welch é uma variação do teste t de Student, projetado para comparar as médias de dois grupos quando:
- As variâncias dos dois grupos não são iguais (heterocedasticidade).
- Os tamanhos dos grupos podem ser diferentes.
É usado em lugar do teste t padrão porque este último assume que as variâncias dos grupos são iguais (homocedasticidade). O teste de Welch relaxa essa suposição, sendo mais robusto em situações em que as variâncias diferem.
O Teste t de Welch calcula os valores:
- Estatística t: Mede a diferença entre as médias dos grupos ajustada pela variância e tamanho das amostras. Um valor t maior (em magnitude) indica uma diferença maior entre as médias.
- Graus de Liberdade (gl): Ajustados pelas variâncias e tamanhos dos grupos.
- Valor p: obtido com base na estatística t e nos graus de liberdade ajustados. Indica a probabilidade de observar uma diferença igual ou maior do que a observada, assumindo que as médias dos grupos são iguais (hipótese nula). O valor p é comparado com o nível de significância, tipicamente definido como 0,05, é usado como o nível de significância em testes estatísticos para determinar a probabilidade de cometer um erro do tipo I (rejeitar uma hipótese nula verdadeira).
Para este estudo será adotado nível de significância 0,05, que é interpretado como um limite razoável para considerar um resultado estatisticamente significativo.
A ANOVA é uma técnica estatística usada para comparar as médias de três ou mais grupos para determinar se existe uma diferença estatisticamente significativa entre elas. Ele verifica se a variação observada nos dados pode ser atribuída a diferenças entre os grupos ou se é explicada por variações aleatórias dentro dos grupos.
A ANOVA calcula os valores para determinar se existem diferenças significativas entre as médias de três ou mais grupos.
- Graus de Liberdade (gl): Número de valores independentes usados no cálculo das variâncias;
- Soma de Quadrados (SQ): Mede a variação nos dados, dividida em componentes (entre grupos, dentro dos grupos, total);
- Quadrado Médio (MQ): É a variabilidade média (variância) correspondente a cada componente. Calculado dividindo SQ pelos graus de liberdade
- Estatística F: Razão entre a variância explicada (entre os grupos) e a variância residual (dentro dos grupos). É utilizado para comparar com o valor de referência, F crítico, e determinar se há evidências suficientes para rejeitar a hipótese nula.
- Valor p: Probabilidade de observar os resultados dados hipótese nula (todos as médias são iguais) usado para determinar a significância.
Assim como no teste t de Welch será adotado nível de significância 0,05.
As análises estatísticas foram realizadas com o uso de softwares de mercado, garantindo precisão e reprodutibilidade dos resultados. As ferramentas utilizadas foram:
- Microsoft Excel: Utilizado para a organização inicial dos dados, criação de tabelas descritivas e geração de gráficos preliminares;
- Python: Aplicado em análises estatísticas avançadas, abrangendo a execução de ANOVA, e Teste t de Welch, oferecendo robustez na interpretação dos dados.
3. RESULTADOS
Nesta seção, os resultados obtidos ao longo da análise estatística serão apresentados e interpretados de forma integrada, buscando correlacioná-los aos objetivos do estudo. Cada teste estatístico realizado é acompanhado de uma discussão que contextualiza os achados no cenário clínico e epidemiológico das doenças respiratórias pediátricas.
Os principais achados incluem:
- Mudanças no padrão de internações: A análise das Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs) revelou variações significativas na frequência e gravidade das internações entre os períodos pré-pandemia, pandêmico e pós-pandemia;
- Impacto do período pandêmico nas internações pediátricas: Os testes realizados evidenciam o efeito das intervenções de saúde pública e do relaxamento das medidas no número de internações, número de internações em UTI e na distribuição dos diagnósticos respiratórios ao longo dos anos analisados;
- Indícios de uma nova configuração epidemiológica no pós-pandemia: Os dados sugerem alterações no perfil das internações pediátricas por quadros respiratórios, com padrões possivelmente estabilizados em níveis mais elevados do que os observados antes da pandemia.
Por meio das comparações realizadas entre anos e períodos específicos, buscou-se compreender não apenas as diferenças estatisticamente significativas, mas também as implicações clínicas e de saúde pública associadas a essas mudanças. A seguir, cada análise é detalhada com a apresentação de resultados e interpretações específicas.
3.1 Incidência
Gráfico 1 – Evolução de AIH (0 e 4 anos) por Período
Fonte: Elaborado pela Autora
Tabela 2 – Evolução de AIH (UTI) por grupo CID, Capítulo X Doenças do Aparelho respiratório (J00-J99)
Fonte: Elaborado pela Autora.
Gráfico 2 – Evolução de AIH (UTI) por grupo CID, Capítulo X Doenças do Aparelho respiratório (J00-J99)
Fonte: Elaborado pela Autora
Conforme gráfico 2 sobre a evolução das internações em UTI atribuídas a diferentes diagnósticos respiratórios classificados pelo CID Capítulo X entre os anos de 2018 a 2024, no período pré-pandêmico (2018-2019), os grupos J09-J18 (Influenza e Pneumonia) e J20-J22 (Outras Infecções Agudas das Vias Aéreas Inferiores) destacaram-se como os principais responsáveis pelas internações em UTI, com 62 e 78 internações para influenza e pneumonia e 53 e 38 internações para infecções agudas das vias inferiores, respectivamente.
Durante a pandemia (2020-2021), houve uma redução significativa nas internações relacionadas a J09-J18, especialmente em 2020 (31 internações). Paralelamente, diagnósticos de J80-J84 (Doenças Respiratórias Intersticiais), apresentaram um aumento expressivo, com 14 internações em 2020 e 35 em 2021.
No período pós-pandêmico (2022-2024), os dados revelam um aumento expressivo e sustentado nas internações para quase todos os grupos. O grupo J20-J22 apresentou o crescimento mais notável, saltando de 73 internações em 2021 para 187 em 2022 e atingindo 320 em 2024, tornando-se o principal contribuinte para as internações em UTI nesse período com um aumento de 842,11% em relação a 2019. Da mesma forma, o grupo J09-J18 mostrou uma recuperação significativa em 2022 (191 internações), embora tenha apresentado uma leve redução em 2023 e 2024 (139 e 131 internações, respectivamente),
Grupos menos prevalentes, como J40-J47 (Doenças Crônicas das Vias Aéreas Inferiores) e J95-J99 (Outras Doenças do Aparelho Respiratório), também mostraram um aumento contínuo no período pós-pandemia, com o último crescendo de 50 internações em 2021 para 96 em 2024. Isso corrobora com os achados de aumento geral de doenças respiratórias e não só de grupos específicos da classificação por CID podendo indicar um aumento na complexidade dos casos respiratórios com uma maior necessidade de cuidados intensivos.
O gráfico 2 complementa os dados da tabela ao evidenciar os números absolutos das internações para cada diagnóstico ao longo dos anos. Ele mostra claramente que o grupo J20J22 superou os demais diagnósticos no período pós-pandêmico, seguido por J09-J18. Diagnósticos menos frequentes, como J60-J70 (Doenças Pulmonares de Agentes Externos) e J85-J86 (Afecções Necróticas e Supurativas das Vias Aéreas Inferiores), mantiveram números baixos ao longo do período, sem alterações significativas.
3.1.1 Comparação de Média de AIH entre os Períodos
Tabela 3 – Resumo Estatístico Análise de Variância (ANOVA) – Fator Único
Fonte: Elaborado pela Autora
Tabela 4 – Resultados do ANOVA
Fonte: Elaborado pela Autora.
A análise de variância (ANOVA) indicou diferenças estatisticamente significativas nas médias de Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) nos períodos pré-pandemia, pandêmico e pós-pandemia. Esses resultados refletem mudanças substanciais nos padrões de internação pediátrica por doenças respiratórias ao longo dos períodos analisados.
As estatísticas descritivas demonstram que, no período pré-pandemia, a média de internações foi de 943,9, o que representa um padrão antes da influência da COVID-19 e das consequentes medidas de saúde pública. Durante o período pandêmico, essa média reduziu-se significativamente para 494,73 internações, evidenciando o impacto das medidas não farmacológicas adotadas. Já no período pós-pandemia, a média aumentou expressivamente para 1.227,21 internações, superando inclusive os níveis observados antes da pandemia, o que sugere uma possível mudança na dinâmica epidemiológica.
A ANOVA revelou um valor de F igual a 23,39, excedendo o valor crítico de 3,29, o que confirma a existência de diferenças significativas entre as médias dos três períodos analisados. O valor-P extremamente baixo, de 5,5 x 10⁻⁷, reafirma essa significância estatística, indicando que a hipótese nula de igualdade entre as médias deve ser rejeitada.
Esses resultados apontam para dois padrões principais:
- Redução substancial nas internações durante o período;
- Aumento expressivo das internações no período pós-pandemia, que ultrapassou os níveis observados antes da crise sanitária.
3.2 Gravidade
O gráfico 3 apresenta a evolução conjunta das Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) que demandaram cuidados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e das diárias de UTI para crianças de 0 a 4 anos, ao longo dos períodos pré-pandemia, pandêmico e pós-pandemia no período sazonal de 2018 a 2024. A relação entre esses dois indicadores permite avaliar tanto a frequência de casos graves (AIH de UTI) quanto a duração e complexidade do tratamento (Diárias de UTI).
Gráfico 3 – Evolução de AIH (UTI) e Diárias de UTI (0 e 4 anos) por Período
Fonte: Elaborado pela Autora
3.2.1 Comparação de Média de AIH(UTI) entre os Períodos
Tabela 5 – Resumo Estatístico Análise de Variância (ANOVA) – Fator Único
Fonte: Elaborado pela Autora.
Tabela 6 – Resultados do ANOVA
Fonte: Elaborada pela Autora.
Os resultados do teste ANOVA comparando as médias de AIH (UTI) durante os meses de sazonalidade nos três períodos definidos indicam variações significativas entre os períodos.
No período pré-pandemia, observou-se a menor média de internações em UTI por mês, e de variância entre os períodos, de 28,9 de 34,77, respectivamente. Durante a pandemia, a média aumentou para 35,36 acompanhada de uma variância também superior de 340,05, indicando maior dispersão. Apesar do aumento dessa média durante a pandemia, foi no período pós-pandemia que se observou o aumento mais expressivo, com uma média de 114,5 internações em UTI e uma variância de 817,65, revelando um aumento substancial tanto na média quanto na variabilidade das internações.
No entanto, cabe observar que o mês de março de 2022 pode ser considerado um outlier da amostra desse período, visto que foram registrados 73 AIH (UTI) , um valor muito superior ao segundo maior de 57 registrado em abril de 2021, conforme gráfico 3. Esse valor pode ser considerado como um indicativo do aumento que é observado no período pós pandemia, por ser o primeiro mês de sazonalidade de 2023 e único mês de um período que não está contido dentro de um ano completo. Além disso, cabe reforçar que março de 2022 é o mês de encerramento da ESPIN.
A análise estatística da ANOVA confirma a existência de diferenças significativas entre os períodos pelos valores de F calculado superior ao F crítico, e p-valor inferior ao nível de significância 0,05. Sendo assim, as médias de internações em UTI nos três períodos são estatisticamente diferentes.
No período pré-pandemia, as internações que evoluíram para UTI permaneceram consistentemente baixas. Durante a pandemia, houve um aumento moderado na média. O aumento mais expressivo ocorreu no período pós-pandemia, quando as médias de internações em UTI mais que triplicaram em relação ao período pré-pandêmico.
3.2.2 Comparação de Média de Diárias de UTI no período de sazonalidade entre os anos
Tabela 7: Estatísticas Descritivas das Diárias de UTI por Ano
Fonte: Elaborada pela Autora.
Tabela 8: Resultados dos Testes Estatísticos ( T-test de Welch )
Fonte: Elaborada pela Autora.
A análise das diárias de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ao longo dos anos revelou mudanças significativas no uso desses serviços nos períodos pré-pandemia, pandêmico e pós pandemia.
Entre 2019 e 2020, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nas médias de diárias de UTI, com um valor-P de 0,8701. Esse resultado sugere que o início da pandemia não impactou substancialmente o uso das UTIs pediátricas, possivelmente devido à baixa prevalência de casos graves de COVID-19 em crianças no primeiro ano da crise sanitária e consequente foco inicial do sistema de saúde na população adulta. Por outro lado, a comparação entre 2020 e 2021 indicou um aumento significativo no uso das UTIs, com um Pvalor de 0,0411.
No período de transição entre o último ano da pandemia e o início do pós-pandemia (2021 e 2022), as diferenças foram ainda mais acentuadas, evidenciadas por um valor-P de 0,0147. Esse aumento pode ser atribuído ao relaxamento das medidas restritivas, bem como ao término da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em abril de 2022.
A análise comparativa entre o último ano da pandemia (2021) e os anos recentes do pós-pandemia (2023 e 2024) reforçou o padrão de crescimento, com valores-P de 0,0001 e 0,0062, respectivamente. Esses achados indicam que as médias de diárias de UTI permaneceram em níveis elevados, sugerindo uma estabilização em um novo patamar epidemiológico.
As estatísticas descritivas também corroboram essas observações. Enquanto em 2019 a média de diárias de UTI era de 205,2, ela aumentou para 366,4 em 2021 e chegou a 1.150,4 em 2024, com variações estatisticamente significativas.
3.3 Mortalidade
A tabela 9 e o gráfico 4 apresentam a evolução dos óbitos de crianças de 0 a 4 anos relacionados a doenças do aparelho respiratório entre os anos de 2018 e 2024, classificados por grupo conforme o CID-10 (Capítulo X). Esses dados fornecem uma perspectiva detalhada sobre o impacto das doenças respiratórias na mortalidade infantil ao longo dos períodos pré- pandemia, pandêmico e pós-pandemia.
Gráfico 4 – Evolução de óbitos de crianças de 0 a 4 anos, por grupo CID Capítulo X Doenças do Aparelho respiratório (J00-J99) entre 2019 e 2024
Fonte: Elaborado pela Autora
Tabela 9 – Evolução de Óbitos de crianças de 0 a 4 anos, por grupo CID Capítulo X Doenças do Aparelho respiratório (J00-J99)
Fonte: Elaborado pela Autora.
Houve um aumento progressivo no total de óbitos ao longo do período analisado, partindo de 25 óbitos em 2018 e atingindo um valor de 46 em 2022. Em 2024, o número total de óbitos foi de 167, representando um aumento marcante em relação aos anos anteriores.
No período pandêmico (2020-2021), houve um aumento moderado, passando de 17 óbitos em 2020 para 31 em 2021.
As DR causadas por Influenza e Pneumonia (J09-J18) foram os principais responsáveis pelos óbitos em todos os períodos analisados, com um aumento expressivo no período pós-pandêmico. Em 2024, o número de óbitos relacionados à influenza e pneumonia alcançou 71, representando uma proporção significativa do total. Da mesma forma, o grupo J20-J22 (Outras Infecções Agudas das Vias Aéreas Inferiores) apresentou um crescimento notável no período pós-pandemia, passando de 5 óbitos em 2021 para 19 em 2022, e mantendo valores elevados em 2023 (18 óbitos) e 2024 (51 óbitos).
O grupo J80-J84 (Doenças Respiratórias que Afetam Principalmente o Interstício) apresentou aumento de óbitos durante a pandemia, com 3 registros em 2021. No período pós pandêmico, os óbitos relacionados a esse grupo diminuíram, indicando um controle maior sobre essas condições.
Por fim, o grupo J95-J99 (Outras Doenças do Aparelho Respiratório) apresentou um aumento constante ao longo dos anos, culminando em 11 óbitos em 2024.
4. DISCUSSÃO
A análise dos dados indica uma variação significativa nos padrões de internação hospitalar e uso de UTI pediátrica para doenças respiratórias no DF de 2018 a 2024, refletindo as mudanças ocorridas nos períodos pandêmico e pós-pandêmico. Essas mudanças são inferidas dos testes estatísticos realizados e corroborada quando analisados de forma cruzada, considerando média de internações nos períodos, houve uma redução substancial nas internações durante o período pandêmico. Fato esse, que pode ser atribuído às rigorosas medidas de controle sanitário, que não apenas mitigaram a propagação do COVID-19, mas também de outros patógenos respiratórios frequentemente associados às internações pediátricas. Conforme Cohen et al. (2021), a redução da propagação também de outros patógenos ocorre uma vez que vários desses patógenos costumam ter os mesmos modos de transmissão do SARS-CoV-2.
Resultados similares também foram observados em outros estudos como Carvalho, Carvalho e Martins (2022), Souza et al. (2021), Di Sarno et al. (2022) e Toss, Zeni e Marques (2023). Em Minas Gerais, Carvalho, Carvalho e Martins (2022), relataram que as internações por doenças do aparelho respiratório apresentaram redução de 67% durante o período de pandemia em relação à média dos anos anteriores. Essa redução também foi relatada. por Di Sarno et al. (2022) na Itália, “Durante o surto de COVID-19, observamos uma queda média de 83% na admissão pediátrica no pronto-socorro por sibilância aguda, em comparação com os 5 anos anteriores”. Portanto, os resultados deste estudo, bem como pelos estudos citados, corroboram com a hipótese de que após a adoção de medidas no período pandêmico como o fechamento das escolas, orientações de higiene das mãos, uso de máscara facial e isolamento domiciliar reduziram a transmissão de outras infecções respiratórias.
No entanto, esse efeito foi temporário, com o pós-pandemia caracterizado por um aumento expressivo nas internações, ultrapassando os níveis observados antes da crise sanitária, conforme observado no gráfico 1 e respaldado pelos resultados obtidos no teste ANOVA. Possivelmente, o gradual relaxamento das medidas preventivas e o retorno das atividades sociais e escolares resultaram em um aumento considerável no número de casos que exigiram hospitalização. Fato esse já aventado no artigo de Cohen et al. (2021), ao relatar uma, até então, preocupação pela possibilidade de fortes rebotes epidêmicos pediátricos assim que as medidas de proteção individual fossem suspensas, associando tal preocupação com a falta de estimulação imunológica devido à circulação reduzida de agentes microbianos.
Outros estudos em várias partes do mundo também chegaram a conclusões semelhantes. Winthrop et al. (2024), por exemplo, em estudo retrospectivo com mais de 200 mil crianças de 5 anos ou menos identificaram volumes hospitalares acentuadamente elevados e um aumento de 70% nas crianças que necessitam de suporte respiratório avançado durante a temporada pós pandêmica de 2022 a 2023. De forma similar, no Catar, Abushahin et al. (2024) observaram um aumento nas hospitalizações por infecção viral aguda do trato respiratório inferior juntamente com um ressurgimento da circulação do VSR após o relaxamento das restrições do COVID-19 apesar de não observar alterações na gravidade da doença.
Além de dados que indicam um aumento do número de internações no período pós pandêmico, a análise de comparações anuais das diárias de UTI revelou que enquanto o nos anos iniciais da pandemia (comparação entre 2019 e 2020) não resultou em aumento significativo nas diárias de UTI pediátricas (p = 0,8701), os anos subsequentes mostraram um crescimento acentuado. Em particular, 2021 apresentou um aumento significativo em relação a 2020 (p = 0,0411), indicando uma maior circulação de patógenos e que acabaram por contribuir para um número maior de casos graves em crianças mesmo durante o período pandêmico. Esse crescimento foi ainda mais pronunciado nos anos de 2022 a 2024, sugerindo uma tendência sustentada de alta demanda por cuidados intensivos pediátricos no período pós-pandêmico. Dessa forma, diferentemente do que foi observado por Abushahin et al. (2024), a gravidade das doenças respiratórias sofreu grande impacto nesse período no DF.
A mudança na mortalidade dos casos também foi notada pelo aumento progressivo no total de óbitos ao longo do período analisado. Conforme mencionado, em 2018 foram registrados 25 óbitos, enquanto já no período pós-pandêmico, mais especificamente em 2024, o número total de óbitos foi de 167. O impacto também na gravidade foi observado na análise de dados no estudo de Fitzpatrick et al. (2024) o qual relata que as crianças canadenses hospitalizadas apresentaram uma gravidade ligeiramente maior da doença em 2022-2023 em comparação com os anos pré-pandêmicos, conforme foi indicado pela proporção e taxa de internações em UTI e uso de ventilação mecânica. Algumas justificativas para essa realidade são levantadas em alguns estudos. Considerando que a imunidade passiva passada para bebês através dos anticorpos no leite humano é importante para a proteção desses pequenos contra os vírus, o estudo de Grobben et al. (2022) encontrou uma redução dos níveis de anticorpos no leite humano durante a pandemia destacando assim o impacto potencial no aumento da susceptibilidade infantil a vírus respiratórios e consequente aumento das hospitalizações de bebês, principalmente devido ao VSR.
A redução da imunidade foi questionada durante a pandemia também em relação a doenças preveníveis uma vez que a pandemia teve um impacto em todas as taxas de cobertura vacinal, fato este relatado no estudo Santoli JM, Lindley MC, DeSilva MB, et al. (2020). Em relação ao VSR, um dos principais vírus causadores de doenças do aparelho respiratório, ainda não há uma vacina disponível para crianças. Nesses casos, conforme descrito no estudo Santoli JM, Lindley MC, DeSilva MB, et al. (2020), a imunidade parcial e transitória é natural e adquirida a cada ano através não só do aleitamento materno, mas também pelo mecanismo de transferência transplacentária de anticorpos maternos e pela própria infecção. No período pandêmico em que houve uma redução da propagação da maioria dos vírus, a proteção natural da população foi consideravelmente menor, gerando, possivelmente, uma maior suscetibilidade a infecções em crianças.
Além dos mecanismos já citados como possibilidades de prevenção, em abril de 2024 foi aprovada no Brasil, conforme publicado em 01/04/2024 na página 120 da 62ª edição do Diário Oficial da União, uma vacina para a gestante, aplicada em dose única no 2º ou 3º trimestre e gestação com o intuito de gerar proteção a partir de passagem de anticorpos via transplacentária e consequentemente impactar na redução de internação hospitalar dos bebês nos primeiros seis meses de vida. Contudo, a vacina ainda não se encontra disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar de ainda não termos uma vacina contra o VSR para as crianças, já é uma realidade brasileira, inclusive no sistema público, a oferta de anticorpos monoclonais, como o Palivizumabe. Conforme descrito por Vittucci et al., (2023, p. 5311), o anticorpo é aplicado nos períodos de maior propagação do VSR em cinco doses para aqueles bebês de maior risco. De acordo com o mesmo estudo, a porcentagem de crianças que recebem a Palivizumabe ainda é baixa, fato esse possivelmente, devido às rígidas regras para aplicação.
Além do Palivizumabe, foi aprovado pela Anvisa, em 30 de outubro de 2023, o Nirsevimabe, conforme publicado pelo Ministério da Saúde na mesma data e o registro foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 26 de outubro. A medicação teve sua eficácia descrita na prevenção da infecção do trato respiratório inferior associada ao VSR em bebês saudáveis prematuros tardios e a termo no estudo Oliveira et al. (2022). O Nirsevimabe consiste em um anticorpo monoclonal aplicável em dose única para qualquer criança no primeiro ano de vida e para aquelas menores de dois anos e que ainda tenham risco de doença grave pelo VSR. De acordo com o MS, a indicação para crianças até 2 anos de idade corresponde àquelas crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade (DPC), doença cardíaca congênita hemodinamicamente significativa (DCC), fibrose cística, doenças neuromusculares anomalias congênitas das vias aéreas além de crianças imunocomprometidas ou portadoras de síndrome de Down. Contudo, o Brasil ainda aguarda a liberação para o início da comercialização do medicamento.
5. CONCLUSÃO
Pode-se concluir que a pandemia da COVID-19 impactou significativamente nas internações por quadros respiratórios no período de sazonalidade das doenças respiratórias, em crianças menores de cinco anos, no DF.
Durante o período pandêmico, constatou-se uma redução significativa do número de internações. Já em relação a gravidade dos casos, analisada a partir do número de internações em UTI e da quantidade de diárias de UTI, foi observado uma piora na gravidade das internações considerando as variáveis. Adicionalmente, houve um aumento da mortalidade por quadros respiratórios.
Em relação ao período pós pandêmico pôde-se concluir um aumento significativo de internações bem como da gravidade e da mortalidade por quadros respiratórios em relação aos períodos sazonais anteriores.
Embora as evidências apontem a uma limitação inicial do impacto da pandemia no grupo estudado, o aumento progressivo no uso de UTI, especialmente no período pós pandemia, indica uma nova configuração epidemiológica. Essa dinâmica reforça a importância de políticas públicas adaptativas e investimentos na infraestrutura hospitalar para atender a essas demandas emergentes.
Adicionalmente, é importante frisar que a implementação de vacinas capazes de gerar imunidade, em bebês contra o VSR, e de medicações com anticorpo monoclonal em larga escala representam uma grande expectativa de atenuação dos quadros respiratórios no período sazonal.
Dessa forma novas análises e estudos são importantes para que se possa ratificar a manutenção do novo perfil de vulnerabilidade infantil no Distrito Federal, assim como uma eventual alteração, principalmente em caso de alteração nos fatores de prevenção e combate às doenças respiratórias.
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1Residente do Programa de Residência Médica no Hospital Regional de Ceilândia, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal
2Preceptora do Programa de Residência Médica no Hospital Regional de Ceilândia, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. e-mail: secretariadapediatriahrc@gmail.com
3Discente do Programa Lato Sensu em Governança de Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília e-mail: edsonbmn@gmail.com