ANALYSIS OF THE VARIATION OF AVERAGE GOALS SCORED FROM THE FIRST TO THE LAST WOMEN’S FOOTBALL WORLD CUP: SEEKING TO UNDERSTAND THE RENEWAL OF WOMEN’S FOOTBALL IN BRAZIL
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10250057
Doralice da Silva Pereira¹
Alyson Felipe da Costa Sena²
Resumo: O futebol feminino Brasileiro permaneceu estagnado por anos durante a vigência do decreto-lei 3.199 de 1941, em que proibia a prática da modalidade pelo público feminino e mesmo após a revogação, em 1979, ainda colhemos resquícios dos marcadores sociais, afetando assim o seu desenvolvimento, tanto políticas como sociais. Este estudo busca analisar a variação da média de gols marcados da seleção feminina brasileira da primeira até a última copa de futebol do mundo, a partir de dados estatísticos do site Ogol das nove edições mundiais. Após a extração e análise dos elementos, observou-se que os dados levantados não seguem um padrão que possa explicar os resultados no contexto futebolístico feminino nacional, nota-se que sua evolução se mostra bastante latente quanto a motivação, o apoio e ao incentivo à prática dos esportes no Brasil. Portanto, a idade e/ou atuação das atletas em clubes do exterior, assim como outros dados apontados nesta pesquisa, não é fator determinante para bons resultados do futebol feminino brasileiro.
Palavras-chave: Futebol. Mulheres. Desempenho atlético.
Abstract: Brazilian women’s football remained stagnant for years during the validity of decree-law 3,199 of 1941, which prohibited the practice of the sport by female audiences and even after its repeal in 1979, we still collected remnants of social markers, thus affecting its development. , both political and social. This study seeks to analyze the variation in the average number of goals scored by the Brazilian women’s team from the first to the last World Cup, based on statistical data from the Ogol website from the nine world editions. After extracting and analyzing the elements, it was observed that the data collected did not follow a pattern that could explain the results in the national women’s football context, it was noted that its evolution was quite latent in terms of motivation, support and encouragement to practice of sports in Brazil. Therefore, the age and/or performance of athletes in clubs abroad, as well as other data highlighted in this research, is not a determining factor for good results in Brazilian women’s football.
Keywords: Football. Women. Athletic performance.
Introdução
O início da década de 70 foi um marco para o futebol feminino no cenário mundial, ocorrendo a primeira copa do mundo do futebol feminino, não oficialmente organizado e reconhecido pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA), com o intuito de pressionar a federação, dando assim partida a visibilidade do esporte praticado por mulheres, o que até então ainda não havia ocorrido no Brasil, no qual eram proibidas de praticá-lo (Silva, 2015).
No Brasil, as primeiras referências datam da década de 20, com registros, de forma tímida, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte. Em 1940, a prática ocorria nas periferias, sendo considerada violenta e indicada apenas para os homens, quando na referida década, em Pacaembu, por exemplo, ocorreu jogos femininos, gerando visibilidade negativa, resultando em revoltas e críticas pela sociedade, fomentando a proibição no ano 1941, por meio da regulamentação criou-se o Conselho Nacional de Desportos (CND). Sendo então instituída o decreto-lei 3.199, art. 54 que dizia:
“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.” (BRASIL, 1941)
No governo militar, no ano de 1965, o decreto-lei é novamente publicado de forma mais detalhada citando especificamente a modalidade. Em apenas 1979, o referido decreto-lei é revogado, mas sem notáveis mudanças, não ocorre incentivo pelos clubes e federações, não foi regulamentado, e ainda com restrições. No Brasil, desde então, o público feminino segue superando barreiras para alcançar evolução e notoriedade.
A FIFA apostando no aumento do retorno econômico, em consequência da visibilidade comercial, esportiva e do entretenimento do futebol feminino, organizou e oficialmente ocorreu a primeira edição da copa do mundo feminino em 1991. Na primeira edição, com base nos dados estatísticos levantados do site Ogol, a média de gols marcados foi de 0,33 gols por partida, sendo a menor até então registrada, a última edição foi em 2023 com a média de 1,67. Esses valores isolados expressam a evolução, mas no decorrer da trajetória na copa do mundo, temos variações e até mesmo regressão dos resultados em consequência da precariedade do desempenho futebolísticos, como outros diversos fatores de caráter extrínsecos e intrínsecos.
O futebol é um esporte que deve ser entendido como um micro sistema composto por vários subsistemas, esses são dependentes de outras dimensões de caráter variado, portanto pressões, adaptabilidade, cooperação, organização, entre outros. Além disso, em sua essencialidade exige um acervo de habilidades e capacidades motoras fundamentada por seus atletas, para sua execução com eficiência e êxito de seus fundamentos. Dentre eles, a coordenação motora, força, resistência, flexibilidade e velocidade (Garganta, 2015).
O entendimento da dimensão tática é fundamental, trata-se de um esporte de invasão e desvencilhar da ideia defensiva da equipe adversária. Alguns comportamentos no futebol feminino ainda precisam ser compreendidos, dentre eles, características físicas e dos jogos, monitoramento das equipes adversárias, do condicionamento técnico e físico, alterações hormonais, entre outros (Pontes et al., 2021).
Durante a Copa do Mundo do ano de 2023, foi amplamente divulgado em diversos veículos de comunicação nacional, a necessidade de renovação das atletas que iriam para este ciclo de Copa, como também foi dito em alguns destes meios de comunicação que havia uma nova geração de atletas surgindo nesta edição do mundial, porém, até que ponto estas falas são reais, e até que ponto, esta renovação existe ou existiu? Alguns questionamentos podem ser levantados como: A renovação foi na idade? Foi uma renovação tática? O time se tornou mais ofensivo?
No aspecto da renovação, para que este possa ocorrer, é importante no cenário nacional atletas que possam ser inspiradores de meninas que desejam praticar o futebol. Por exemplo, a jogadora Marta, eleita a melhor jogadora do mundo por seis vezes, com desempenho e números incontestáveis, maior artilheira em copas do mundo e diversos recordes. Iniciou sua carreira profissionalmente aos 14 anos, tornou-se referência no futebol mundial e nacional, sempre criticou a desvalorização do esporte feminino, passando a atuar por melhores condições de trabalho e igualdade de gênero. Assim como Marta, temos outras atletas que desempenham papel fundamental na visibilidade do futebol feminino e são inspiração das próximas gerações de garotas, como as jogadoras Formiga, Cristiane, entre outras.
Dentro deste contexto, investigar a possível relação entre a média de idade de gols marcados por estas atletas torna-se importante para identificar ou elucidar a ausência da renovação do quadro de jogadoras da seleção brasileira. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo realizar a análise das médias de gols marcados em copas do mundo do futebol feminino, como um dos parâmetros críticos para a resolução geral veiculada de que houve renovação neste ciclo.
Metodologia
Os dados utilizados neste estudo foram obtidos a partir do site “https://www.ogol.com.br/”, que disponibiliza estatísticas de desempenho esportivo das nove edições da Copa do Mundo de Futebol Feminino. As edições analisadas compreendem desde a primeira, realizada em 1991 na China, até a última, ocorrida em 2023 na Austrália e Nova Zelândia. A média de gols marcados por jogadoras é um indicador importante, pois reflete não apenas o desempenho ofensivo da equipe, mas também a contribuição das atletas ao longo das edições da Copa do Mundo. Variações nesse indicador podem sugerir mudanças na dinâmica de jogo, na tática da equipe e no elenco de jogadoras.
Além dos dados estatísticos obtidos no site Ogol, informações adicionais foram coletadas a partir de entrevistas com especialistas e fontes de notícias esportiva, coletadas informações históricas a partir de entrevistas e fontes de notícias que relatam eventos relevantes durante as respectivas edições. Isso permitiu contextualizar os dados com eventos e desenvolvimentos específicos ocorridos durante as edições da Copa do Mundo, incluindo mudanças táticas, a introdução de novas jogadoras e outros fatores relevantes.
A análise dos dados coletados permitirá identificar tendências ao longo das edições da Copa do Mundo Feminina, ajudando a responder a perguntas sobre a renovação da equipe e a evolução do desempenho das jogadoras brasileiras ao longo do tempo. Será possível verificar se houve uma renovação no sentido etário, tático ou em outros aspectos que influenciam a média de gols marcados. Desta forma busca-se discutir se houve renovação no sentido etário, tático ou em outros aspectos que influenciam a média de gols marcados.
Resultados e Discussão
Acredita-se que para alcançarmos resultados satisfatórios no desempenho atlético no futebol feminino brasileiro algumas medidas deveriam ser adotadas, dentre elas, a renovação da equipe, aumento do investimento financeiro, contratação de técnicos experientes de origem estrangeira e convocação de atletas atuantes no exterior.
Essas são alegações que buscam justificar a decrescente abrupta nos resultados nas últimas edições da copa do mundo do futebol feminino, justificativas que não fundamentam a possível mudança dos fatos ocorridos. Quando na verdade algumas medidas seriam, a renovação da equipe, investimento nas equipes de base, a contratação de técnicos nacionais capacitados, convocação de atletas com alto desempenho psicomotor, além do fortalecimento das competições femininas nacionais, maior investimento financeiro e capacitação, entre outros.
Para identificar o contexto que busca elucidar os resultados nas edições da copa mundial de futebol feminino da seleção brasileira, primeiramente foi realizada a compilação das nove edições (1991, 1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015, 2019 e 2023) disputadas os respectivos dados descritos no quadro 1, os respectivos anos das edições de copa do mundo, a média de gols marcados, média da idade das atletas da equipe brasileira, além do percentual dessas atletas atuantes no exterior. Já no quadro 2 tem-se os respectivos anos das edições de copa do mundo, os times campeões, a média de idade em anos dos atletas dos times vencedores, a média de gols marcados pela equipe na copa, a idade dos seus respectivos treinadores, assim como do Brasil.
No ano de 1999 e 2007 foram registrados as maiores médias de gols marcados na copa, seguidos de 2003 e 2011. Já na primeira edição da copa de futebol feminino de 1991, em 1995 e 2015 tivemos as menores médias de gols marcados. Houve uma variação na média de gols marcados pela seleção feminina na copa do mundo de futebol, buscou-se inicialmente analisar através da média da idade das jogadoras de cada edição, nesse observou-se que as maiores médias de gols marcados têm as menores médias de idade das atletas, sendo elas em 2007 e 1999, com média de aproximadamente 24 anos (Quadro 1).
De acordo com Guedes, et al. (2011), nota-se um decréscimo no desempenho físico e motor no decorrer do avançar da idade cronológica, que diferem do sexo masculino e feminino, nas meninas, devido aos fatores biológicos, como maior acúmulo de gordura corporal próximo a puberdade (de 11 a 12 anos), que podem reduzir a realização de determinadas tarefas motoras, agravados por atributos socioculturais, menor eficiência de produção e consumo de oxigênio para a mobilização de energia. Contudo, não deve ser sustentada apenas com base nos princípios biológicos.
Podendo ser influenciados pelos estímulos corretos estruturais e funcionais durante a maturação biológica na fase crítica da criança. A média de idade das jogadoras dos times vencedores é de aproximadamente 24 e 25 anos, já os Estados Unidos em 2015 e 2019 apresentam média de aproximadamente 28 anos, assim como a média de gols marcados dos respectivos times campeões. A idade dos treinadores vencedores varia de 40 a 53 anos, já no Brasil essa variação é de 32 a 63 anos (Quadro 2).
Fonte: Autoria, Própria (2023).
Notícias sobre a renovação do elenco da seleção brasileira, assim como o aumento dos investimentos significativos foram divulgados nos meios de comunicação e entretenimento. Esses ocorreram de forma imediatista, como o início da transmissão do Campeonato Brasileiro em TV aberta, patrocínio das camisas e investimentos nas seleções de base. Medidas a longo prazo tivemos a criação do plano nacional do futebol feminino decreto 11.458/2023, com o objetivo de promover, fomentar e incentivar a inserção de meninas, como a manutenção dessas meninas e mulheres, assim como suas permanências na modalidade esportiva. Outros critérios serão definidos, dentre eles, período mínimo de contrato e número máximo de atletas amadoras por competição (BRASIL, 2023).
Perante esse discurso cabe diversos questionamentos pertinentes a serem levantados: em quais aspectos foi essa renovação? Foram levadas em consideração as características do nosso futebol no processo de renovação com a técnica estrangeira? Baseou-se nas experiências das atletas? Atuação em clubes do exterior com efetivos resultados? Com a renovação Brasil foi dominante, invicto no que estava fazendo? A ex-técnica da seleção brasileira, a sueca Pia Sundhage, em sua trajetória foi responsável por diversos títulos, assumiu o comando da seleção com o objetivo em organizar e evoluir taticamente o Brasil, e/ou além de preencher e dar resolutividade às lacunas existentes, inclusive de realizar a referida e aguardada renovação.
O Brasil não precisa efetivamente de técnicos estrangeiros para obtenção de bons resultados, carece de incentivos a programas de aprimoramento dos técnicos nacionais. Passamos vários anos sem competições para que elas praticassem e se desenvolvessem tecnicamente, faz-se então necessário uma estrutura de formação de treinadoras com qualificação para trabalhar especificamente com esse grupo.
Passamos quase quatro décadas sem competições oficiais para que elas praticassem e se desenvolvessem, sem estrutura para apoiá-las ou formação de treinadoras com qualificação para trabalhar especificamente com esse grupo. Após a referida renovação esperava-se bons resultados e evolução no desempenho no time brasileiro, mas ficou escancarado que este ainda encara uma série de velhos problemas, como salários menores, falta de patrocinadores e incentivos, baixa cobertura da prática do esporte feminino e tantos outros, conforme o site CERS (2023).
Nas duas últimas edições, de 2019 e 2023, tivemos as maiores médias de idade das jogadoras brasileiras em copa do mundo. Apresentamos, em 2019 e 2023, 9 jogadoras e 7 jogadoras somente do clube dos Estados Unidos, portanto, cerca de 74% e 70% da seleção feminina (Quadro 1), respectivamente, eram jogadoras atuantes em clubes do exterior, tal fato pode ter sido em decorrência do elevado desenvolvimento técnico e tático dos clubes exteriores, quando comparado ao Brasil, devido ao processo histórico, cultural e social sofridos até hoje. Ainda assim não obtivemos resultados satisfatórios, sendo então eliminadas na fase de grupos. Nisso, percebemos que o mundo futebolístico dificilmente é linear, pois nesta modalidade não há um padrão em seus ocorridos que possam ser elencados.
Aparentemente, a renovação do elenco realizada, consiste na contratação de atletas mais jovens e inexperientes em copa do mundo, esse subentende-se sendo constituinte como parte desse processo. Algumas convocações geraram bastante polêmica devido a questionável atuação no cenário futebolístico.
De acordo com o site Goal (2022), antes da Copa do Mundo, a ex-técnica promoveu inovações na fase ofensiva e nítida foi a melhora na articulação do jogo, além da concentração e postura da equipe, aumentando a pressão no time adversário. Outra análise foi a quantidade de jogadoras que estavam atuando no exterior, fator observado devido a evolução do futebol em outros países, nisso observou-se que nos melhores resultados, 100% do elenco estavam jogando no Brasil.
Nas duas últimas edições de copa do mundo (2019 e 2023) os atletas em sua grande maioria, 70% ou mais, eram atuantes em clubes no exterior, obtendo resultados não satisfatórios, mesmo com elevado conhecimento técnico e tático dos clubes pertencentes. Tal conduta foi adotada mesmo com boas jogadoras do eixo nacional.
Conforme o site Globo Esporte (2023), a seleção conseguiu competir com equipes fortes, como Canadá e Inglaterra, conquistou a Copa América de maneira invicta, acompanhada de resultados e evolução no desempenho, por um momento, aparentemente, foi encontrado solidez defensiva, metodologia que não perdurou durante o momento dos jogos da copa do mundo, gerando uma série de dúvidas na renovação do time.
Em contrapartida, com base nos dados levantados neste estudo, podemos observar que na seleção norte americana, por exemplo, o resultado da metodologia adotada ocorre de forma eficiente, isso pode ser explicado pois neste o incentivo a este esporte no público feminino ocorre desde a infância, inclusive é fortemente no público feminino, assim como investimentos, melhores salários em relação a outros países, a busca de novos talentos, diferentemente do que ocorre no Brasil, em que evidencia a dificuldade em renovar os atletas, por carência de captação de atletas talentosos nas categorias de base.
As equipes americanas têm assistência médica, fisioterapêutica, psicológica, fisiológica e nutricional. No Brasil, os clubes não conseguem manter o futebol profissional feminino, em caso de lesão não há acompanhamento médico e tratamento adequado. São inúmeras as diferenças, o respaldo que é dado ao futebol feminino nos países do exterior em relação ao que ocorre no Brasil.
De acordo com o site Paraíba Online (2023), que divulgou o levantamento da pesquisa DataFolha de 2023, mostra que o futebol feminino provoca interesse em 63% dos brasileiros, hoje são 38% dos homens que relatam jogar futebol, enquanto as mulheres aumentaram de 4% em 2019, para 6% em 2023. Neste foram ouvidas presencialmente 2.535 pessoas, de 16 anos ou mais, entre os dias 31 de julho e 7 de agosto, em 169 municípios de todo o Brasil.
Podemos visualizar essa crescente no interesse e disparada visibilidade durante a última copa do mundo do futebol feminino, em 2023, em que o canal do streamer do Casimiro Miguel, no YouTube, denominado Cazé TV, até o referido momento, com nove milhões de inscritos, somou mais de 69 milhões de visualizações com todos os 64 jogos da competição, transmitidos ao vivo e de forma gratuita, registrou recordes mundiais de audiências na plataforma, de acordo com site O Tempo Sports (2023). Tal fato foi ocasionado devido a mobilização por parte do Casimiro e de sua equipe para que acompanhassem os jogos, evidenciando que é viável investir na seleção brasileira de futebol.
Assim como falou-se enfaticamente na renovação da nossa seleção brasileira, o mesmo ocorre para o intitulado empoderamento feminino, importante analisar as situações ambientais e sociais nos quais essas mulheres estão inseridas, sendo esses determinantes. Nesse contexto, precisamos compreender ao que se refere tal termo.
De acordo com o Instituto Algar [s.d], o conceito de Empoderamento Feminino surgiu no século XIX, quando éramos vistas como seres inferiores aos homens, proibidas de ler, escrever, guerrear, educação, voto, propriedade, igualdade salarial; destinadas apenas aos fazeres domiciliares e cuidados dos filhos. Hoje é consolidado como movimento econômico, político, social e filosófico, com o intuito de promover a força da mulher por meio da igualdade de direitos dos gêneros.
Ainda conforme o Instituto Algar [s.d], estamos inseridos em uma sociedade hostil, estereotipada e não igualitária, a igualdade de direitos ainda não foi alcançada com êxito, e diversos são os motivos que podem explicar, inclusive historicamente. No Brasil, em 1944, promulgou-se o decreto-lei 3.199/41, instituiu o Conselho Nacional de Desportos, em que as mulheres estavam proibidas de praticar qualquer esporte sob alegação de incompatibilidade com a sua natureza, sendo revogado em 1979, fato esse inacreditável, com a desvalorização e preconceito do futebol feminino que perduram até os dias atuais (LEAL, 2023).
Enquanto as mulheres estiverem estagnadas fisicamente, mentalmente e socialmente, a história se repetirá ano após ano. Devido a construção da sociedade com base em ideias machistas e elitistas, a mulher precisa atuar com empenho para que essa trajetória tome outro percurso, sejamos valorizadas e respeitadas. É uma luta por igualdade que se torna nossa, frase bastante comum, mas que apresenta deficiências neste processo para que seja alcançada.
Não há fundamento em realizar comparações de desempenho entre futebol feminino e masculino, a trajetória de ambos os gêneros foi construída de forma totalmente opostos. A copa do mundo do futebol masculino completa em 2023 seus 93 anos de existência, sendo a primeira edição em 1930 no Uruguai, enquanto que a primeira edição da copa do mundo do futebol feminino ocorreu em 1991 na China, temos, portanto, uma lacuna de 61 anos. Surge a reflexão se o futebol feminino conseguirá reparar tamanho atraso, já que o masculino cresce fervorosamente.
Tudo inicia desde o descobrimento do sexo do bebê, quando a menina recebe tratamento diferenciado em relação ao menino, os pais desde a primeira infância privam a menina da prática esportiva, de determinadas brincadeiras, quando proporcionado, é reduzido o tempo de lazer que possa explorar e desenvolver suas habilidades motoras fundamentais, além disso, é destinado os deveres e ocupações domésticas. Se é mostrado interesse pelo futebol a menina é podada, pois é perpetuado que é um esporte masculinizado, praticado por mulheres de orientação homossexual, e quem o praticar assim irá ficar, o que não procede.
É possível visualizar tais fatos relatados, quanto ao desenvolvimento psicomotor deficiente é através do olhar observacional de forma crítica de uma turma de criança durante a prática esportiva coletiva, fica notório que nossas meninas não detém de agilidade, coordenação motora, velocidade, proatividade, ficando quase sempre atrás do desempenho dos meninos e, ainda por cima, se contentam com isso, tornando esses fatos ainda mais graves. Enquanto não houver o empoderamento feminino no âmbito dos esportes todo esse trabalho discursivo e reflexivo não mudará os fatos, ou ocorrerá de maneira lenta, precisamos agir como mulheres que desejam serem livres, inclusive para praticar o que desejar, da mesma forma que os homens praticam, com a mesma visibilidade, notoriedade, investimento, importância e lucratividade.
A sociedade necessita compreender e interromper com a ideia de “esporte para homem” e “esporte para mulher”. O que deve ocorrer é o direcionamento correto dessa menina pelo caminho que deseja seguir, assim oportunizando as mais diversas experiências e vivências esportivas, sendo o apoio primordial para a construção desse indivíduo.
O Brasil carece demasiadamente de uma transformação e desenvolvimento sociocultural, portanto, a evolução social no que tange a motivação, o apoio e ao incentivo à prática dos esportes pelo público feminino. A um determinado ponto que a prática do futebol pelo público feminino seja visto com naturalidade e aceito como ocorre nos Estados Unidos. Em pleno ano de 2023, na copa do mundo de 2023 foram televisionados somente os jogos em que o Brasil estava jogando, não foi determinada folga e/ou ponto facultativo e não houve real incentivo midiático de maior abrangência nacional no consumo dessa modalidade.
A mídia desempenha enorme influência na sociedade, os meios de comunicação geram engajamento e credibilidade e impacto social, hoje são vastamente consumidos pela nova geração, dentre eles Youtube e Instagram, estão constantemente presentes na vida pessoas, através da mobilização por meio dessas plataformas a tendência é que o futebol continue crescendo de forma exorbitantemente, através do sucesso esportivo feminino, permite sensibilizar a sociedade a luta das questões que ultrapassam os limites do esporte, a luta contra a violência de gênero, combate ao assédio, igualdade em diversos âmbitos, entre outros.. Importante que seja intermediado por nomes relevantes nas transmissões, como por exemplo, as jornalistas Mylena Ciribelli e Fernanda Gentil que possuem trajetória no esporte feminino.
No futebol feminino espera-se a aplicação da igualdade e da equidade. A igualdade refere-se a garantia do acesso e as oportunidades para elas, sem distinção, já a equidade considera as circunstâncias e visa de forma adequada e proporcional o acesso igual para todos. Por isso discussões e debates sobre a real força da mulher são essenciais, nisto alcançaremos total liberdade de expressão (BERTAGLIA, 2023).
Considerações finais
Faz-se necessária uma estratégia nacional a longo prazo em prol do futebol feminino com o intuito, obviamente, na maximização dos resultados. Estas medidas compreendem apoiar e dar suporte necessário às atletas de base e gerar oportunidades na formação de mulheres em diversas áreas de atuação nesta modalidade, fortalecimento das competições de âmbito nacional, proporcionar apoio midiático para gerar maior campo de visibilidade, visando assim esse esporte como produto de consumo pela população brasileira, como também a valorização salarial das jogadoras.
Devem ser adotadas ações de desenvolvimento, promoção e incentivo às meninas que desejam praticar o futebol e precisam de uma figura representativa, como por exemplo a jogadora Marta, que foi de fundamental importância na construção histórica evolutiva futebolística feminina do Brasil, seguir os passos de jogadoras bem sucedidas é essencial para as meninas que estão iniciando as vivências esportivas, tais fatos se fazem essencial no processo de renovação na equipe brasileira, gerando assim interesses e uma crescente adesão na prática desta modalidade, é gerar assim o empoderamento feminino pautado. O Brasil é uma equipe em processo de formação, mas já é possível visualizar um norte e bons resultados caso isso ocorra.
Além disso, deve ser realizada uma análise crítica e fundamentada, reproduzir os acertos e subtrair os erros, treinamentos e repetições são fundamentais para internalização dos conceitos e movimentos, essencialmente nas gerações subsequentes em que não há o estímulo correto e na quantidade correta na fase crítica de aprendizagem dos gestos motores. Além da postura e trabalho individual das atletas vital para melhoria no exercício de suas funções as questões perpassam pelo entendimento e organização tática e técnica, essencialmente alinhados com a parte física.
Nisso ressaltamos que fatores como a idade e/ou atuação no exterior não são fatores determinantes na evolução do futebol feminino brasileiro. Recomenda-se a efetiva análise, criação e aplicação de um protocolo constituído de estratégias com base na dinâmica do esporte vigente em dados do cenário atual.
Referências
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1 Graduanda em Bacharelado em Educação Física no Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA). ORCID: https://orcid.org/0009-0007-5866-4044. E-mail: doraagro@hotmail.com.
2 Docente no Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA). Mestre em Biodinâmica do Movimento Humano pela Universidade Federal do Maranhão em 2019. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8212-5779. E-mail: alysonfelipe@unifsa.com.br.