ANÁLISE DA TAXA DE INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NO CENTRO-OESTE DO BRASIL

ANALYSIS OF THE INCIDENCE RATE OF TUBERCULOSIS IN CENTRAL-WEST BRAZIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10700662


Rian Barreto Arrais Rodrigues De Morais1
Fernanda Das Chagas Jesus2
Juliana Paiva Fontoura3
Carlos Henrique Rodrigues De Paulo4
Leonardo Torres Camurça5
Anna Beatriz Barbosa Dos Santos6
Alaine Sttefany Martins Do Carmo7
Weudson Cabral De França8
Byanca Pardini De Melo9
Ebert Gustavo Cechinel Añaguari10


RESUMO

INTRODUÇÃO: Mesmo após cerca de 30 anos, apesar dos avanços da medicina, a Tuberculose ainda se manifesta como um grave problema para a saúde pública brasileira, principalmente entre as minorias sociais, como grupos indígenas e a população carcerária. OBJETIVO: O objetivo geral deste trabalho é analisar a prevalência de Tuberculose na região Centro-Oeste do Brasil e comparar esses dados com o banco de dados DATASUS, avaliando sua qualidade e pontuando eventuais discrepâncias. METODOLOGIA: este trabalho se caracteriza como uma revisão integrativa de literatura, com abordagem descritiva, exploratória e do tipo qualitativa, para maior inclusão de obras. Foram adicionados trabalhos sem restrição de linguagem, a busca foi realizada nas bases de dados: Google Scholar, PubMed, Cochrane Library, SciELO e UpToDate. DESENVOLVIMENTO: as diferentes regiões brasileiras adquiriram número individuais de tuberculose, não seguindo o padrão das demais e essa diferença de incidência, pode representar um fator de dificuldade para o controle da doença no país. CONCLUSÃO: a maioria das obras utilizou o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que contabiliza as notificações e integra no banco de dados do DataSUS, afirmando a evidência desses valores e utilizando-os como referência para a evolução da saúde no país e para a conquista de metas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Palavras chave: Tuberculose. Epidemiologia. Indicadores sociais.  Determinantes de saúde. Cuidados em Saúde.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Even after around 30 years, despite advances in medicine, Tuberculosis still appears as a serious problem for Brazilian public health, especially among social minorities, such as indigenous groups and the prison population. OBJECTIVE: The general objective of this work is to analyze the prevalence of Tuberculosis in the Central-West region of Brazil and compare this data with the DATASUS database, evaluating its quality and identifying possible discrepancies. METHODOLOGY: this work is characterized as an integrative literature review, with a descriptive, exploratory and qualitative approach, for greater inclusion of works. Works were added without language restrictions, the search was carried out in the following databases: Google Scholar, PubMed, Cochrane Library, SciELO and UpToDate. DEVELOPMENT: the different Brazilian regions acquired individual numbers of tuberculosis, not following the pattern of the others and this difference in incidence may represent a factor in the control of the disease in the country. CONCLUSION: most of the works used the Notifiable Diseases Information System (Sinan), which counts notifications and integrates them into the DataSUS database, affirming the evidence of these values ​​and using them as a reference for the evolution of health in the country and to achieve the goals of the World Health Organization (WHO).

Keywords: Tuberculosis. Epidemiology. Social indicators. Health determinants. Health Care.

1. INTRODUÇÃO

            Na década de 90, a incidência de casos de Tuberculose no mundo aumentou drasticamente, fazendo com que a Organização Mundial de Saúde (OMS)  reconhecesse o cenário como uma epidemia global de Tuberculose. Mesmo após cerca de 30 anos, apesar dos avanços da medicina, a Tuberculose ainda se manifesta como um grave problema para a saúde pública brasileira, principalmente entre as minorias sociais, como grupos indígenas e a população carcerária.

No decorrer dos anos, desde o estado de emergência decretado pela OMS, diversos autores consideram que a doença foi “esquecida” ou deixada de lado como um problema de saúde, uma vez que já se tinham muitos dados sobre o processo fisiopatológico da doença e protocolos de tratamento bem definidos. Essa ciência sobre a tuberculose possibilitou a presença de erros de avaliação sobre o panorama real, levando a atuações e medidas falhas pelo Ministério da Saúde no Brasil. 

Dado isso, nos anos de 2010, o Brasil notificou 71 mil casos e cerca de 5  mil óbitos por tuberculose, sendo essa a terceira causa de morte entre as doenças infecciosas no país. Segundo dados da OMS, ainda no ano de 2010 estimou-se que cerca de 9.4 milhões de casos incidentes de TB  e cerca de 14 milhões de casos prevalentes, dos quais apresentou-se 1,3 milhões de óbitos entre pessoas sem o HIV e 380 mil óbitos entre os HIV positivos. Para solucionar esse estado, o combate à tuberculose se tornou um dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das Nações Unidas, com vistas à redução de 50% das taxas de incidência, prevalência e mortalidade pela doença até o ano de 2015.

Como mecanismo de prevenção, coordenado pela Atenção Primária em Saúde, o sistema de saúde elaborou campanhas para a imunização com a vacina BCG e, a partir daí, os índices de cobertura, de hospitalização se estabilizaram. No intervalo de 2006-2015 houve uma tendência no aumento de internações para o tratamento de tuberculose, mas a taxa de mortalidade permaneceu estável, a média de dias de internamento variou de 23 para 24 dias e cada dia de internamento de um paciente custava ao SUS, cerca de 40 dólares. (CORTEZ et al, 2021).

Segundo CORTEZ et al, 2021, apesar das indicativas da OMS que todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) relacionados à tuberculose tinham sido alcançados, a única região brasileira que conseguiu reduzir a taxa de motilidade foi a região sudeste, diminuindo de 4,6 para 2,3 óbitos a cada 100.000 habitantes. As regiões norte e nordeste apresentaram maior número de mortalidade quando comparadas às demais, enquanto as regiões sul e centro-oeste apresentaram menor número, apesar de não alcançarem os valores estipulados.

Nesse tocante, quanto ao auxílio para o combate à doença a população brasileira depende do apoio do Sistema Único de Saúde, em especial da APS para dar entrada no sistema e para receber as ações de cuidado em saúde, dado isso, a taxa de cobertura da APS e os números registrados por notificação no DataSUS são de extrema relevância para as iniciativas tomadas pelo Sistema de Saúde. Diante da conjuntura estabelecida, esse estudo pretende analisar a taxa de incidência de Tuberculose na Região Centro-Oeste do Brasil, em especial no Estado de Mato Grosso do Sul e comparar aos dados coletados pelo DataSUS, avaliando a confiabilidade do Sistema e seus reflexos na saúde da população.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

            O objetivo geral deste trabalho é analisar a prevalência de Tuberculose na região Centro-Oeste do Brasil e comparar esses dados com o banco de dados DATASUS, avaliando sua qualidade e pontuando eventuais discrepâncias.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Analisar a prevalência de Tuberculose na Região Centro-Oeste;
  • Correlacionar os dados obtidos com a plataforma DATASUS;
  • Pontuar as principais diferenças de valores obtidos;
  • Avaliar a confiabilidade da plataforma para trabalhos futuros;

3. METODOLOGIA

            A metodologia escolhida para esse trabalho foi a revisão de literatura integrativa de cunho descritivo e qualitativo, com o intuito de incluir o máximo possível de artigos, de bases confiáveis, para a discussão da temática fundamental do trabalho, consoante os dados obtidos pela bibliografia médica. O processo de coleta dos trabalhos foi realizado, sob fontes ímpares e confiáveis, com uma abordagem qualitativa, objetivando correlacionar os dados obtidos a um dos eixos da temática, que é a prevalência de Tuberculose no Centro-Oeste brasileiro.

            Os resultados obtidos foram resumidos no desenvolvimento da revisão e discutido, de forma comparativa às diversas obras e à plataforma em análise. O processo de coleta de dados se deu nas bases: Google Scholar, PubMed, Cochrane Library, SciELO e UpToDate. Os descritores utilizados para isso foram: “Tuberculose”, “Epidemiologia”, “Indicadores sociais”, “Determinantes de Saúde”, “Cuidados em Saúde”.

            Neste trabalho, não foram realizadas restrições quanto ao tempo de publicação das obras e não foi realizada restrição quanto à linguagem original. A pergunta orientadora selecionada para a revisão foi: avaliação da assertividade da plataforma DATASUS conforme a comparação com os dados da literatura médica.

            Os critérios de inclusão foram: leitura dos resumos, palavras-chave, trabalhos que incluem assuntos semelhantes e referências das principais obras. Este trabalho não restringiu o tipo de trabalho científico para a análise, de modo a beneficiar a riqueza de detalhes presentes na literatura médica e, dessa forma, aumentar a relevância do trabalho em questão.

DESENVOLVIMENTO

            CORTEZ et al, 2021, realizou um estudo analítico ecológico, baseado em 8 bancos de dados públicos, que totalizaram cerca de 716.971 casos de tuberculose entre os anos 2006 e 2015 no Brasil, com o objetivo de identificar variáveis de tuberculose nas regiões do Brasil e avaliar as tendências dessas variáveis ao longo de dez anos, conforme o prazo para os ODM. O estudo mostrou que as diferentes regiões brasileiras adquiriram número individuais de tuberculose, não seguindo o padrão das demais e essa diferença de incidência, pode representar um fator de dificuldade para o controle da doença no país.

            FERRAZ, 2011, realizou, um estudo ecológico, com base em um Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e a partir da coleta, os dados foram calculados levando em consideração as diversas especificidades da população do Estado e, em alguns casos, foi necessária a abordagem por proporções para a devida referência. Como resultado  o estudo mostrou que Estado de Mato Grosso do Sul apresentava uma taxa de incidência anual de cerca de 39 casos na população geral e cerca de 978 casos de tuberculose em 100.000 habitantes ano, da população privada de liberdade, uma taxa cerca de 25 vezes maior que a população geral.

            O mesmo estudo demonstrou que na população indígena, haviam sido registrados cerca de 244 casos, comparado à população em geral, o risco relativo era cerca de 7 vezes maior, a população da região fronteiriça com o Paraguai e Bolívia, juntos representaram 134 casos. (FERRAZ 2011).

Os valores de notificação registrados no estudo são comprovados, no mesmo ano, pelo sistema DataSUS, tem-se 948 casos totais notificados, conforme a tabela:

            ALVES et al, 2020, realizou, também, um estudo ecológico que focou na coleta de dados de óbitos por tuberculose, entre os anos de 2006-2016, na capital do Estado do Mato Grosso, utilizando-se, também, de determinantes sociais para a análise dos dados obtidos. Os resultados mostraram que foram registrados 225 óbitos por tuberculose no período coletado e os principais determinantes sociais envolvidos para a maior taxa de mortalidade por tuberculose foram: baixa escolaridade e pobreza. Concluindo que o risco de mortalidade está intimamente relacionado aos determinantes sociais e que a Atenção Primária em Saúde (APS) possui poder fundamental para amenizar essa situação.

CONCLUSÃO

Conforme apresentado nas diversas obras, fatores sociais como níveis de escolaridade, renda e situações inerentes às diferenças populacionais interferem diretamente na incidência de casos de tuberculose e no risco de mortalidade por essa doença. A maioria dos estudos, demonstrou a relação entre a cobertura da Atenção Primária em Saúde (APS) como fator fundamental para o controle da doença, fator esse bem representado pelas diferenciações regionais, quando as regiões norte e nordeste apresentaram maior valor de incidência no país, devido às populações de risco que residem nessas regiões, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos, entre outros que possuem serviço de saúde precário.

A maioria das obras utilizou o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que contabiliza as notificações e integra no banco de dados do DataSUS, afirmando a evidência desses valores e utilizando-os como referência para a evolução da saúde no país e para a conquista de metas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

REFERÊNCIAS

  1. ALVES, Josilene Dália; ARROYO, Luiz Henrique; ARCOVERDE, Marcos Augusto Moraes; et al. Magnitud de los determinantes sociales en el riesgo de mortalidad por tuberculosis en el Centro-Oeste de Brasil. Gac. sanit. (Barc., Ed. impr.), p. 171–178, 2020. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en/ibc-196054>. Acesso em: 1 fev. 2023.
  1. CARBONE, Andrea da Silva Santos; SGARBI, Renata Viebrantz Enne; LEMOS, Everton Ferreira; et al. Estudo multicêntrico da prevalência de tuberculose e HIV na população carcerária do Estado do Mato Grosso do Sul. Comun. ciênc. saúde, p. 53–57, 2017. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en/biblio-972645>. Acesso em: 1 fev. 2023.
  1. CORTEZ, Andreza Oliveira; MELO, Angelita Cristine de; NEVES, Leonardo de Oliveira; et al. Tuberculosis in Brazil: one country, multiple realities. J. bras. pneumol, p. e20200119–e20200119, 2021. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en/biblio-1154702>. Acesso em: 1 fev. 2023.
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  1. CUNHA, Eunice Atsuko Totumi; MARQUES, Marli; EVANGELISTA, Maria do Socorro Nantua; et al. A diagnosis of pulmonary tuberculosis and drug resistance among inmates in Mato Grosso do Sul, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop, p. 324–330, 2018. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en/mdl-29972563>. Acesso em: 1 fev. 2023.
  1. CUNHA, Eunice Atsuko Totumi; MARQUES, Marli ; GONÇALVES, Thays Oliveira. Benefícios advindos da técnica de ogawa-kudoh para diagnóstico, controle e avaliação da tuberculose em Mato Grosso do Sul, Brasil. Rev. Saúde Pública Mato Grosso do Sul (Online), p. 102–109, 2018. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en/biblio-1141390>. Acesso em: 1 fev. 2023.
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