ANÁLISE DA SUBSTITUIÇÃO DA ILUMINAÇÃO DA PONTE LOMANTO JÚNIOR, EM ILHÉUS-BA, POR SISTEMA FOTOVOLTAICO VISANDO SUSTENTABILIDADE E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Replacement of the lighting on the Lomanto Júnior Bridge, in Ilhéus-BA, with a photovoltaic system aiming for sustainability and energy efficiency

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10233464


Shirley da Cruz Lima Silva1
Tifany Cristiane Nascimento da Hora2
Marcelo O`Donnell Krause3
Laio Andrade Sacramento4
Ittana de Oliveira Lins5
Felipe José Estrela Marinho6


RESUMO

A iluminação pública desempenha um papel fundamental na garantia de segurança e conforto nas vias urbanas. Visando alternativas sustentáveis para a geração de energia elétrica, através da energia solar, o presente trabalho tem como objetivo analisar o uso de sistemas fotovoltaicos como alternativa sustentável para a iluminação de vias públicas. O projeto possui o propósito de substituir a iluminação convencional pela iluminação fotovoltaica da ponte Lomanto Júnior na cidade de Ilhéus-BA. Serão utilizadas as Normas Brasileiras ABNT 5101:2012 e ABNT 5123:2022, obtendo através destas, os procedimentos necessários para instalação de iluminação pública conforme a classificação da via. Foram utilizadas 17 luminárias LED já integradas com placas solares, com potência de 300W cada, instaladas nos postes já existentes na ponte. Foi realizado um cálculo de custo comparativo entre a iluminação LED atual e a nova iluminação fotovoltaica, a fim de obter dados de retorno financeiro. Com base nos dados obtidos, foi constatado que será possível obter retorno financeiro mensal e anual, cobrindo todo o custo de implantação do projeto. Além disso, a instalação de sistemas fotovoltaicos em ambientes públicos reduzirá as despesas com iluminação, proporcionando melhor qualidade nas vias urbanas e contribuindo para um ambiente sustentável.

Palavras-chave: Eficiência energética. Energia solar. Iluminação pública. Placas fotovoltaicas.

ABSTRACT

Public lighting plays a fundamental role in ensuring safety and comfort on urban roads. Aiming for sustainable alternatives for electricity generation through solar energy, this study aims to analyze the use of photovoltaic systems as a sustainable alternative for public road lighting. The project aims to replace conventional lighting with photovoltaic lighting on the Lomanto Júnior Bridge in the city of Ilhéus, Bahia, Brazil. The Brazilian standards ABNT 5101:2012 and ABNT 5123:2022 will be used, obtaining the necessary procedures for public lighting installation according to road classification. Seventeen LED luminaires, already integrated with solar panels with a power of 300W each, will be used and installed on the existing poles on the bridge. A comparative cost calculation was performed between the current LED lighting and the new photovoltaic lighting to obtain financial return data. Based on the data obtained, it was found that it will be possible to achieve monthly and annual financial returns, covering the entire implementation cost of the project. Additionally, the installation of photovoltaic systems in public spaces will reduce lighting expenses, providing better quality on urban roads and contributing to a sustainable environment.

Keywords: Energy efficiency. Solar energy. Street lighting. Photovoltaic panels.

1.   INTRODUÇÃO

A iluminação noturna possui como principal função viabilizar a segurança pública na sociedade. Deste modo, desde a pré-história, são utilizados diversos meios para gerar fontes de luz e consequentemente, garantir a proteção à vida.

Segundo César (2007), a energia elétrica chegou ao Brasil no final do século XIX, quando em 1883, no Rio de Janeiro, surgiu a primeira termelétrica no país. Esse marco, tornou a cidade a primeira a ter iluminação pública na América Latina. Neste mesmo período, foram construídas as primeiras hidrelétricas no país, tornando-se a maior fonte de matriz elétrica nacional até os tempos atuais.

A iluminação pública de qualidade derivada da energia elétrica necessita de investimentos relevantes, contudo, ela promove benefícios como maior segurança no trânsito, conforto visual, valorização de áreas urbanas, previne a criminalidade e promove maior aproveitamento dos espaços públicos. No entanto, de acordo com Bermann (2003), a implantação e operação de usinas hidrelétricas tem se tornado insustentável, alterando o fluxo dos rios e qualidade da água, provocando assoreamento, a perda da biodiversidade e causando perdas irreversíveis às populações ribeirinhas atingidas pela obra, etc.

Tendo em vista o alto consumo de energia pela sociedade, e com o avanço da tecnologia, surgiram inúmeras transformações nos métodos de produção de energia elétrica. Assim, buscaram-se maneiras de utilizar os recursos naturais de forma sustentável e sem comprometer as futuras gerações, englobando as fontes alternativas de energia, sendo responsáveis por gerar energia elétrica com baixo impacto ambiental.

Entre as diversas fontes de energias alternativas existentes, nesse artigo será citado a energia solar. Esse sistema, por meio de um sistema fotovoltaico, utiliza painéis solares para captar a luz do sol e convertê-la em energia elétrica, deste modo, foi empregado os benefícios da economia a longo prazo e sua eficiência para implementação do projeto em vias públicas.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), eficiência energética designa-se por gerar a mesma quantidade de energia com menos recursos naturais, ou realizar o mesmo serviço consumindo menos energia.

Diante deste conceito e dos benefícios oferecidos pelo sistema fotovoltaico, o objetivo principal deste trabalho é apresentar as vantagens da substituição da iluminação de vias públicas captada pela concessionária pelo sistema fotovoltaico com placas solares, visando analisar o custo-benefício, promovendo  sustentabilidade e eficiência da implantação  do  projeto  em questão.

2.   REFERENCIAL TEÓRICO
2.1     Como ocorre a iluminação tradicional em vias públicas?

A iluminação em vias públicas ocorre principalmente através da instalação de postes de luz em ruas e estradas. Essa fonte luminosa pode ser proveniente de lâmpadas de diversos tipos, nas quais, segundo a Companhia Paranaense de Energia (COPEL), são elas: incandescentes, vapor de mercúrio, LED, vapor de sódio, iodetos metálicos e fluorescente de indução magnética. Ainda segundo a COPEL, existem outras tecnologias aplicadas em vias públicas para o sistema de iluminação, em que são os reatores, circuitos de comando e as luminárias. A Figura 1 mostra como exemplo a iluminação LED em via pública.

Figura 1: Iluminação LED na ponte Lomanto Júnior em Ilhéus-Ba.

Fonte: Dados do projeto (2023).

Antes de instalar a iluminação em uma via pública, é feito um planejamento detalhado levando em consideração fatores como o tamanho da via, a densidade populacional, o volume de tráfego de veículos e pedestres, e as normas e regulamentos locais. Conforme previsto na NBR 5101:2012 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a iluminação pública deve ser avaliada segundo a classificação viária estabelecida pelo Código de Trânsito Brasileiro em vias de trânsito rápido, arterial, coletora, local, rodovia e estradas. A Figura 2 ilustra como funciona a classificação em vias públicas de forma prática.

Figura 2: Classificação das vias públicas.

Fonte: NBR 5101 (2012).

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, é possível identificar as diferentes categorias de vias ilustradas na Figura 2. Assim, as vias urbanas são aquelas que possuem construções em suas margens e apresentam tráfego motorizado, pedestres, ruas e avenidas, estando localizadas na área urbana. As vias de ligação visam conectar diferentes áreas, bairros, cidades ou regiões, facilitando o fluxo de veículos, pessoas e mercadorias entre eles. Já as vias locais permitem o acesso a edificações e a outras vias urbanas, possuindo um baixo volume de tráfego e uma velocidade máxima de 30km/h.

Por fim, uma via arterial é caracterizada por um alto volume de tráfego e é geralmente controlada por semáforos, tendo uma velocidade máxima de 60km/h.

Em iluminação pública, são utilizados alguns dispositivos para detectar a quantidade de luz no ambiente e acionar as lâmpadas nos postes, estes dispositivos são chamados de relés fotoelétricos. Segundo o INMETRO, a NBR 5123 (2023) descreve que o relé funciona de maneira ideal ao desligar uma lâmpada quando a iluminância atinge 30 lux e ao ligá-la quando a iluminância está entre 5 e 15 lux.

A Figura 3 mostra um relé fotoelétrico instalado em um poste de iluminação pública.

Figura 3: Relé fotoelétrico instalado em poste de iluminação pública na cidade de Ilhéus-Ba.

Fonte: Dados do projeto (2023).

2.2     Impactos ambientais

Atualmente, a energia elétrica tornou-se essencial para a sociedade. A eletricidade está presente na maioria das atividades realizadas em nosso cotidiano, sendo responsável pelo funcionamento dos aparelhos eletrônicos, iluminação, transporte, aquecimento, refrigeração, indústrias, etc. Contudo, a forma em que essa energia é gerada pode ocasionar inúmeros impactos ambientais, ainda que a mesma seja derivada de fonte renovável.

Apesar de utilizar a água dos rios, as hidrelétricas, uma das maiores fontes de produção de energia do mundo, implicam em impactos negativos sociais e ambientais.

Elas (hidrelétricas), interferem drasticamente no meio ambiente devido à construção das represas, que provocam inundações em imensas áreas de matas e interferem no fluxo de rios, destroem espécies vegetais, prejudicam a fauna, além de interferir no processo da ocupação humana (Lima et al., 2018).

A energia derivada de combustíveis fósseis é imensamente poluente desde sua remoção até sua utilização, além de emitir gases poluentes para atmosfera, colaborando para o efeito estufa. É possível citar também como grande poluente a energia nuclear, em que, produz resíduos radioativos perigosos, afetando a fauna, flora e saúde humana. Sua produção pode ocasionar desmatamento e poluição do solo, vale destacar também o risco de acidentes nucleares.

Vale ressaltar que a energia solar é uma opção sustentável que ajuda a reduzir os impactos negativos no meio ambiente, como a poluição do ar e da água, o esgotamento dos recursos naturais e a perda de biodiversidade.

2.3      Definição de Energia Solar e seu funcionamento

De acordo Marques et al., (2009) a energia fotovoltaica é caracterizada pelo sistema de captura de energia e a conversão em outras formas de energia utilizáveis, como, por exemplo, eletricidade ou calor. Essa transformação ocorre através da energia capturada em placas solares, em que essas placas são responsáveis em converter a luz solar direta em eletricidade por meio do chamado efeito fotovoltaico, que ocorre quando fótons de luz solar excitam elétrons em um material semicondutor.

A Figura 4 ilustra a combinação das células, painéis e arranjos fotovoltaicos, formando juntos, o sistema fotovoltaico.

Figura 4: Sistema Fotovoltaico.

Fonte: Portal Solar, 2014.

Conforme destacado por Lana et al. (2021), o efeito fotovoltaico está ligado à geração de uma diferença de potencial elétrico entre dois terminais. O principal elemento é a célula fotovoltaica, seu objetivo é “captar a luz solar e transformar essa energia em corrente contínua no sistema fotovoltaico“. De maneira predominante, o silício atua como a célula mais empregada, desencadeando uma tensão elétrica. Posteriormente, a combinação dessas células, seja em série ou em paralelo, resulta nos valores necessários para a produção efetiva do painel solar.

Krause (2022), acrescenta que a ocorrência do efeito fotovoltaico demanda pureza no silício, um fator que atribui um custo significativo ao “processo de fabricação das células fotovoltaicas“. Essa exigência de pureza destaca-se como uma razão fundamental para a elevação dos custos associados à produção dessas células.

O sistema fotovoltaico apresenta duas modalidades de instalação: a on-grid e a off-grid. Conforme explicado por Souza (2022), na instalação on-grid, ocorre a conexão direta com a rede elétrica. Nesse processo, a energia gerada pelos painéis solares é conduzida por um inversor, responsável por transformar a corrente contínua gerada em corrente alternada.

Após essa conversão, a energia está pronta para ser distribuída conforme as necessidades. Para monitorar e regular o fluxo de entrada e saída de energia, um relógio específico é empregado. Quando há um excesso na produção de energia, ela é devolvida à concessionária, criando uma espécie de “empréstimo” de energia. Em compensação, o consumidor recebe créditos válidos por até 5 anos, sendo utilizados como abatimento em suas futuras contas de luz, conforme destacado por Lana et al. (2021).

O sistema fotovoltaico off-grid não é conectado com a rede pública, logo se torna um sistema autônomo, sendo ‘autossustentável com o uso de baterias e controladores de carga’. Souza (2022) relata que caso ocorra o excesso da energia produzida, essa energia fica armazenada nas baterias, ficando disponíveis para serem utilizadas no período noturno ou em dias nublados. A Figura 5 ilustra como funcionam os sistemas on-grid e off-grid.

Figura 5: Sistema fotovoltaico off-grid e on-grid.

Fonte: Revista Potência, 2021.

Cada abordagem tem suas vantagens e desvantagens, e a escolha entre on-grid e off-grid geralmente depende das necessidades específicas do consumidor, do local de instalação e das condições locais de energia. Sistemas on-grid são mais comuns em áreas urbanas, enquanto sistemas off-grid são frequentemente utilizados em locais remotos ou para garantir autonomia energética em situações específicas.

2.4       Evolução do Sistema Solar no Brasil

Com os benefícios proporcionados pela energia solar fotovoltaica, o crescimento e a busca por energia renovável foi conquistando destaque no ambiente nacional, proporcionando economia e preservação do meio ambiente. No Brasil, de acordo com Oliveira et. al., (2022) a partir de 2012 a busca por esse sistema de instalação teve crescimento, pois no mesmo ano a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) regulamentou os sistemas fotovoltaicos na rede, possibilitando o “sistema de crédito”, permitindo o cliente ter o direito de créditos ao injetar seu sistema de energia na rede. Anteriormente a Resolução Normativa n.º 482, ao possuir energia solar estaria automaticamente realizando uma “doação”, não recebendo benefício em troca.

Anteriormente a aprovação RN 482/2012, o cliente que tivesse seu excedente injetado na rede da concessionária de energia local estaria fazendo uma doação, pois não recebia qualquer benefício em troca da energia gerada, com o sistema de créditos e outros incentivos presentes na mesma resolução, os sistemas de geração distribuídas passaram a crescer rapidamente, representando hoje 64% do total da potência instalada de energia solar fotovoltaica no Brasil (Oliveira et. al.,2022 p.5).

De acordo com Ferreira e Hidalgo (2022, p.2), impulsionou uma busca maior por energia fotovoltaica, onde ao decorrer dos anos o número de consumidores tem evoluído de forma acelerada, proporcionando um crescimento no ambiente nacional.

Em 2012 a Resolução Normativa n.º 687/2015 proporcionou uma melhoria no processo de liberação para a possibilidade de se conectar diretamente a energia elétrica, estendendo o prazo de utilização de créditos para 60 meses e facilitando a diminuição do prazo de aprovação dos sistemas fotovoltaicos, permitindo também a utilização em lugares distintos da sua geração (Mosqueira; Gloria, 2020).

De acordo com Lana et al. (2021) a estimativa do crescimento da instalação da energia fotovoltaica terá um crescimento significativo ao longo dos anos, após a atualização da Resolução Normativa da ANEEL em 2012, relatando que no ano da atualização eram apenas 7 sistemas instalados, já em 2018 esse número subiu para 35.540, e a estimativa para 2024 é de 887 mil sistemas instalados. Na Figura 6, é apresentado o aumento da potência dos sistemas solares em Megawatt (MW).

Figura 6: Projeção de Megawatt de painéis solares no país.

Fonte: Adaptado pelo autor com base no relatório do IV Congresso Brasileiro de Energia Solar e na Conferência Latino-Americana da ISES – São Paulo, 18 a 21 de setembro de 2018 (Lana et. al., 2021).

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), em 2021 a geração de energia hidráulica foi reduzida em 8,5%, enquanto a energia solar apresentou a maior taxa de crescimento neste mesmo ano com 55,9%, como pode ser observado na Tabela 1.

Tabela 1: Oferta Interna de Energia Elétrica no ano de 2020 – 2021.

Fonte: Adaptado de Ministério de Minas e Energia – Resenha Energética Brasileira (2022).

2.5      Exemplo do Sistema Fotovoltaico em Iluminação Pública

A cidade de Campinas-SP instalou em 2017 no bairro Jardim Chapadão, 114 postes com iluminação LED alimentados por energia solar. A Figura 7 mostra o bairro iluminado, promovendo modernidade e segurança aos moradores.

Figura 7: Postes com iluminação Fotovoltaica no Jardim Chapadão.

Fonte: G1 (Foto: Gustavo Magnusson), 2017.

A instalação de iluminação fotovoltaica em espaços públicos, como no bairro Jardim Chapadão, traz uma série de benefícios. Além de contribuir para a preservação do meio ambiente, esse tipo de iluminação consome menos energia em comparação com as tradicionais luminárias alimentadas por eletricidade, especialmente quando estão conectadas à rede elétrica. Essa redução no consumo energético resulta em economia de custos para as autoridades responsáveis.

Outra vantagem é que os sistemas de iluminação fotovoltaica exigem pouca manutenção em comparação com as luminárias tradicionais. Os painéis solares possuem uma vida útil longa e os componentes são duráveis, o que reduz os gastos e o tempo dedicado à manutenção.

Assim, os painéis solares podem ser instalados em diversos locais, adaptando-se às necessidades específicas de cada lugar e cidade, como praças públicas, rodovias, bairros, entre outros.

3       MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi direcionada especificamente para encontrar informações sobre a utilização da energia solar como alternativa sustentável para a iluminação pública, levando em consideração que esta iluminação é tradicionalmente fornecida pela concessionária local.

Para obter uma visão abrangente sobre o tema, foram investigadas temáticas que tratam de projetos e implementações de sistemas de iluminação pública utilizando energia solar no Brasil, a fim de avaliar as vantagens, melhorias e eficiência desses sistemas.

Também foram analisadas as Normas Brasileiras (NBR) 5101:2012 da ABNT – Iluminação Pública – Procedimento, a NBR 5123:2022 da ABNT – Relé fotocontrolador intercambiável e tomada para iluminação – Especificação e ensaios. Além de pesquisas que abordam os impactos ambientais da produção de energia gerada por fontes renováveis e não renováveis. Essa análise permitiu estabelecer uma relação entre essas fontes e a energia solar, levando também em consideração os impactos socioambientais desde sua produção a utilização.

Através dos estudos científicos a respeito do tema em questão, foi elaborado um projeto de Sistema Fotovoltaico na iluminação pública da Ponte Lomanto Júnior na cidade de Ilhéus – Ba. Os materiais e métodos utilizados tiveram como base o artigo elaborado por Castro Júnior (2018) – Análise de um sistema fotovoltaico integrado à iluminação pública eficiente, na qual teve como objetivo analisar um sistema fotovoltaico integrado à iluminação pública, utilizando luminárias mais eficientes.

Os dados referentes à potência atual das luminárias da Ponte Lomanto Júnior, foram disponibilizados pela concessionária de energia responsável pelo abastecimento na região, a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA).

4     RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1      Implantação do Sistema Fotovoltaico na Iluminação Pública da Ponte Lomanto Júnior em Ilhéus-Ba

A iluminação pública por meio da energia solar fotovoltaica pode ser implantada em diversos locais, como em ruas, avenidas, ciclovias, rodovias, praças, parques, estacionamentos, bairros, etc., além de áreas remotas como áreas rurais.

Com o intuito de utilizar uma energia limpa e renovável proveniente do Sol para trazer economia nas despesas públicas e minimizar os danos ambientais causados pela fonte hidráulica, foi realizado o projeto para a implantação do projeto Fotovoltaico na ponte Lomanto Júnior, a qual atualmente sua energia é fornecida pela concessionária. A Figura 8 mostra a localização da Ponte Lomanto Júnior na cidade de Ilhéus-Ba.

Figura 8: localização da Ponte Lomanto Júnior na cidade de Ilhéus-Ba.

Fonte: Google Earth, 2023.

A atual forma de iluminação da ponte Lomanto Júnior é por luminárias LED de 150W. A ponte possui 330 metros de comprimento, 17 postes, com altura de 10m, distribuídos entre 30 e 40 metros.

O projeto terá como base os materiais utilizados na análise de Castro Júnior (2018), já citadas nesse artigo. Os requisitos para definição da classe da iluminação da via foram descritos conforme a ABNT NBR 5101:2012.

4.2      Detalhes do projeto

Sabendo-se que é importante conhecer as características da via na qual será instalada o projeto de iluminação, foi identificado que a classificação da rodovia na localização da ponte Lomanto Júnior é do tipo arterial. O sistema utilizado para composição da iluminação da ponte será por meio da Luminária Led da Ecosoli com placa solar integrada de 300W. A luminária está apresentada na Figura 9.

Figura 9: Luminária Led Ecosoli 300W com placa solar.

Fonte: Ecosoli.

A luminária e a placa solar possuem as características estabelecidas pela fabricante Ecosoli e estão descritas na Tabela 2:

Tabela 2: Características da luminária e placa solar.

Serão instaladas 17 luminárias, sobre a estrutura dos postes de iluminação pública já existentes na ponte. Com altura de 7 metros, mantendo a distribuição entre 30 e 40 metros. A Figura 10 e 11 ilustram a disposição dos postes sobre a ponte.

Figura 10: Distribuição dos postes de iluminação sobre a ponte Lomanto Júnior.

Fonte: Projetary Engenharia.

Figura 11: Distribuição dos postes de iluminação sobre a ponte Lomanto Júnior.

Fonte: Projetary Engenharia.

4.2.1      Eficiência

Para determinar o investimento financeiro, foram utilizados os seguintes valores de equipamentos: luminária LED Ecosoli 300W; quantidade de luminárias: 17; valor unitário: R$599,99; valor total: R$10.199,83.

Além da análise do investimento financeiro foi realizado o cálculo do retorno financeiro. O investimento inicial feito na instalação do sistema é recuperado pela economia gerada na conta de luz ao longo do tempo, também conhecido como ‘payback’, corresponde ao tempo necessário para que os gastos com a instalação sejam compensados e, a partir desse momento, comece a gerar lucro para o proprietário. Em suma, para realizar esse cálculo, é preciso levantar o custo total do investimento e dividir pela economia mensal proporcionada.

Para obter esses valores, foi realizado um cálculo de valor aproximado de custo com a iluminação do sistema LED atual, sendo estes: potência da lâmpada atual: 150W; tempo de permanência da luminária ligada: 12h; total de luminárias: 17; tarifa da iluminação pública da cidade de Ilhéus para o bairro que está localizada a ponte: RS1,17. Deste modo,

Sabendo que 1kW = 1000W, então:

Assim, cada luminária consome o equivalente a

Ao multiplicar o consumo pela tarifa da concessionária temos

Então o consumo total aproximado das luminárias anualmente será de

Ao obter esses valores é possível encontrar o retorno do investimento da substituição das lâmpadas led’s por iluminação fotovoltaica, sendo o seguinte resultado: potência da lâmpada: 300W; tempo de permanência da luminária ligada: de 8 a 18h; total de luminárias: 17; tipo de sistema: off-grid; valor de investimento: R$10.199,83. Portanto,

Ou seja, em um mês se terá um retorno de

Então o tempo total para o payback será de

Sabendo que a rentabilidade =

Através das análises e cálculos realizados, identificamos os benefícios financeiros da substituição das luminárias. Essa iniciativa resulta em uma economia financeira anual estimada em R$ 2.688,64, sendo possível recuperar o valor do investimento em um período de 3,79 anos, proporcionando uma rentabilidade de 26,36%.

5       CONCLUSÃO

Após realizar as análises neste artigo, foi possível identificar as vantagens da implementação de energia fotovoltaica em vias públicas. Foi relatado o crescimento na busca por energia solar e seus benefícios, além de apresentar um estudo que demonstra os resultados da substituição do sistema de fornecimento energético.

Ao estudar a implementação da energia fotovoltaica em ambientes públicos, constataram-se diversos benefícios, sendo um dos principais a contribuição para a sustentabilidade ambiental. Por se tratar de uma fonte de energia renovável e limpa, é possível reduzir a dependência de combustíveis fósseis e minimizar as emissões de gases de efeito estufa. Isso contribui para a preservação do meio ambiente e para a redução das mudanças climáticas. Além de contribuir com a sustentabilidade, a implementação da energia fotovoltaica traz retorno financeiro. Através do projeto realizado na ponte Lomanto Júnior, foi observado que, apesar do alto investimento inicial, a instalação de sistemas fotovoltaicos em ambientes públicos proporciona economia de custos a longo prazo, reduzindo as despesas com iluminação. Com base nos dados obtidos, foi possível realizar a análise do investimento, levando em consideração o consumo da luminária comum e da luminária fotovoltaica. Foi constatado que será possível obter retorno financeiro mensal e anual, cobrindo todo o custo de implantação do projeto.

Foi constatado que substituir a iluminação tradicional por energia fotovoltaica em espaços públicos traz diversas vantagens. Além de proporcionar melhor qualidade nas vias urbanas, contribui para um ambiente sustentável e gera economia financeira para as autoridades responsáveis.

Vale ressaltar que a energia solar possibilita a independência energética da iluminação pública, pois o excesso de energia captado pelas placas solares, é armazenado em baterias, garantindo iluminação durante a noite. Com isso, não há necessidade de conexão com a rede elétrica, reduzindo a dependência de infraestrutura externa.

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