REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202507201653
Amanda Klein dos Santos1
Sabrina Mara Dezordi2
Orientadora – Adriana Vargas3
RESUMO
O câncer do colo do útero (CCU) é uma das principais causas de morbimortalidade entre mulheres no Brasil, afetando especialmente adolescentes de 15 a 19 anos, faixa etária ainda pouco contemplada nas políticas públicas de prevenção. Este estudo objetivou analisar a prevalência da morbidade e mortalidade por neoplasia do colo do útero entre adolescentes brasileiras no período de 1994 a 2023. Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, observacional e retrospectivo, baseado em dados secundários do DATASUS. Foram analisadas variáveis como faixa etária, escolaridade, etnia/cor e região geográfica. Os resultados revelaram que 88% das internações e óbitos ocorreram em adolescentes de 15 a 19 anos, com maiores taxas nas regiões Norte e Nordeste do país, sugerindo desigualdades regionais no acesso à prevenção e tratamento. Destacou-se também a correlação entre menor escolaridade e maior taxa de mortalidade. A persistência de altos índices de óbito, mesmo com a queda nas internações após 2013, evidencia falhas no diagnóstico precoce e no acesso aos serviços de saúde. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas regionalizadas e específicas para adolescentes, com foco em vacinação, educação em saúde e rastreamento eficaz.
PALAVRAS- CHAVE: câncer do colo do útero; HPV; rastreamento; vacinação; adolescentes
INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero (CCU) é um problema de saúde pública no Brasil, sendo o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no país (INCA, 2022).
Ademais, com menor incidência, porém com alta mortalidade, o CCU é o quarto mais frequente entre as mulheres no mundo. As maiores taxas de incidência ocorrem nos países da África e Sudeste Asiático. No brasil, é o segundo câncer mais frequente entre as mulheres nas regiões norte, nordeste e centro oeste, enquanto nas regiões sul e sudeste é o quarto e o quinto mais frequente, respectivamente. (Ferreira, 2021) Dados divulgados pelo INCA (2020) sobre incidência: os carcinomas do trato geniturinários (aparelhos genital e urinário) atingiram 41,8 por milhão de mulheres entre 15 e 29 anos, sendo o tumor de útero o principal deles.
O exame citopatológico é o método de rastreamento do câncer do colo do útero, indicado para a população alvo de 25 a 64 anos, uma vez a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos normais. (INCA, 2016; 2021) A queda na realização de exames no ano de 2020 foi em consequência da pandemia de covid-19. Em 2021 há um aumento no número de exames em relação à 2020, mas ainda inferior. (INCA, 2022)
Estudos comprovam que o nível de escolaridade está diretamente relacionado com as medidas de prevenção e índice de óbito por CCU. Visto que, o baixo nível de escolaridade dificulta o processo de informação e acesso aos serviços de saúde.
Portanto, é necessário desenvolver mais estratégias nos serviços de saúde e estratégias de educação em saúde específicas para essa população. (Fonseca, 2021)
Um estudo transversal realizado com universitários em Belém do Pará revelou que 46,36% iniciaram a vida sexual antes dos 18 anos e 22,10% relataram múltiplos parceiros. Esses fatores aumentam o risco de infecção pelo HPV, associado ao câncer de colo do útero (CCU), reforçando pesquisas anteriores sobre a influência da iniciação precoce, múltiplos parceiros e a falta de informação na incidência da doença. (Silva 2022)
Costa (2019), em um estudo caso-controle com 324 mulheres, identificou uma forte associação entre o HPV tipo 18 e o adenocarcinoma de colo do útero, especialmente em mulheres com baixa escolaridade, de raça negra e que nunca realizaram o exame de Papanicolau. Já Bueno (2020) destacou que mulheres jovens são mais propensas ao HPV, sobretudo quando possuem múltiplos parceiros sexuais, apresentando maior prevalência da infecção em comparação com aquelas acima de 35 anos.
Diante do exposto, é evidente que a vacina contra o HPV tem sido uma ferramenta utilizada em vários países para prevenção do vírus e câncer do colo do útero. A introdução da vacina no Programa Nacional de Imunizações se tornou um dos fatores para o controle deste tipo de câncer no Brasil, sobretudo em mulheres jovens. Um estudo observou que a cobertura vacinal em meninas antes dos 14 anos, mostrou um melhor impacto sobre a incidência do câncer cervical. (Silva 2014)
Em virtude das pesquisas abordadas anteriormente, é fundamental abordar sobre a incidência do câncer do colo do útero em adolescentes no Brasil e regiões, visto que a problemática das adolescentes ainda é pouco discutida, dessa forma é necessário melhorias nos programas de prevenção da saúde da mulher.
JUSTIFICATIVA
Analisando as tendências do câncer do colo do útero no Brasil é essencial para compreender e mitigar os desafios enfrentados na prevenção e controle dessa condição. Esse câncer é um dos principais responsáveis por mortes entre mulheres no país e apresenta variações significativas em sua incidência e mortalidade entre as diferentes regiões. A escolha do tema visa identificar a tendência em mulheres adolescentes no Brasil, primordial para ajustar as políticas de saúde pública e melhorar a eficácia dos programas de rastreamento e vacinação contra o HPV.
OBJETIVO GERAL
Analisar a prevalência da morbimortalidade do câncer de colo do útero em adolescentes no Brasil e regiões.
METODOLOGIA
Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, descritivo e retrospectivo, baseado na análise de dados secundários referentes à morbidade e mortalidade por câncer de colo do útero em adolescentes no Brasil.
População e Período do Estudo
A população-alvo engloba adolescentes do sexo feminino com idade de até 19 anos, residentes no Brasil. O período analisado abrange uma série de 30 anos compreendendo o período de 1994 a 2023, divididos em quinquênio: 1994- 1998; 1999-2003; 20042008;2009-2013; 2014-2018; 2019-2023. É importante ressaltar que possivelmente por falta de notificação no ano de 2023 não houve registro de óbitos devido a pandemia de COVID-19.
Fonte de Dados e Critérios de Seleção
Os dados foram extraídos do DATASUS TabNet, conforme os seguintes critérios:
– Para morbidade: seção “morbidade hospitalar do SUS – por local de residência”. Na linha foi estabelecido a faixa etária e na coluna o ano de processamento. Já no conteúdo foi inserido internações.
– Para mortalidade: seção “Estatísticas Vitais”; mortalidade geral – Brasil por região. Na aba “Conteúdo”, optamos por “Óbitos por local de residência”, com o período disponível de 1994 a 2023. Na linha foi padronizada em todas as tabelas como “Região de Saúde”. A coluna foi ajustada em diferentes análises, na seguinte ordem: faixa etária, escolaridade, etnia e estado.
– Nas seleções disponíveis, escolhemos a categoria CID-10, mantendo fixo o código C53 (câncer do colo do útero) em todas as tabelas.
– Classificação da doença: Neoplasia maligna do colo do útero (CID-10: C53).
Variáveis Analisadas
Foram coletadas as seguintes variáveis para dados relacionados à mortalidade:
– Faixa etária (até 19 anos);
– Escolaridade (níveis disponíveis no banco de dados);
– Etnia/cor (conforme classificação do DATASUS);
– Região geográfica (distribuição dos casos por estados e regiões do Brasil).
– Classificação do diagnóstico CID C53 – neoplasia do colo do útero.
Considerando que lesões podem ser precursoras de câncer de colo de útero e as medidas disponibilizadas no DATASUS, a coleta de dados para morbidade foi realizada com as seguintes medidas:
Atipias de Células escamosas:
– Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau – (infecção pelo HPV e Neoplasia Intraepitelial Cervical de grau I)
– Lesão intraepitelial escamosa de alto grau – (neoplasias intraepiteliais cervicais de grau II e III)
– Lesão intraepitelial de alto grau com micro invasão
– Carcinoma Epidermoide invasor
Atipias de Células glandulares:
– Alterações Glandulares indefinidas de Alto Grau
– Adenocarcinoma in situ
– Adenocarcinoma invasor: cervical, endometrial ou sem outras especificações.
– Outras neoplasias
– Origem indefinida de alto grau
– Em relação a morbidade
Procedimentos para Coleta e Organização dos Dados
Os dados extraídos foram organizados em tabelas e mapas geoespaciais, a fim de visualizar a distribuição da incidência e mortalidade por câncer de colo do útero nas diferentes regiões do país.
Para o cálculo da taxa de mortalidade, multiplicamos o número de óbitos de adolescentes no período do estudo por 100.000 por região, e dividimos pela média da população da mesma faixa etária por região.
Já a prevalência da morbidade multiplicamos por 100 o número de adolescentes internadas em cada região e dividimos pelo total de adolescentes da mesma faixa etária no Brasil.
Análise dos Dados
A análise foi descritiva, com apresentação das frequências absolutas e relativas das variáveis estudadas. Foram observadas possíveis tendências temporais e espaciais da morbidade e mortalidade, identificando regiões com maior incidência da doença.
Aspectos Éticos
Por se tratar de um estudo com dados secundários de domínio público, não há necessidade de aprovação por Comitê de Ética em Pesquisa. No entanto, a pesquisa seguirá as diretrizes da Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta pesquisas em Ciências Humanas e Sociais.
RESULTADOS
A análise quantitativa dos dados apresentados na Tabela 1 evidencia uma predominância de internações hospitalares por neoplasia do colo do útero entre adolescentes brasileiras na faixa etária de 15 a 19 anos ao longo dos últimos 30 anos, correspondendo a 88,4% do total de 1988 casos registrados entre 1994 e 2023. Observase um crescimento significativo desse número a partir do período de 2004-2008, com pico entre 2009-2013 correspondendo há 35,1%, seguido de uma redução progressiva nas décadas seguintes. As faixas etárias de 10 a 14 anos e de 5 a 9 anos apresentaram percentuais muito inferiores, representando apenas 9,6% e 2,1% do total de casos, respectivamente.
Tabela 1. Identificação de mulheres adolescentes que apresentaram internação hospitalar por neoplasia do colo do útero no Brasil em um período de 30 anos. Brasil, 2025.

Ao revelar o perfil das adolescentes que foram a óbito por neoplasia do colo do útero no Brasil entre 1994 e 2023, destaca a faixa etária de 15 a 19 anos, que apresentou 88% dos óbitos (n = 66), o que reforça a maior vulnerabilidade desse grupo etário frente à doença. No recorte por escolaridade, observa-se que 53% das adolescentes tinham entre 4 a 11 anos de estudo, sugerindo relação entre menor nível de instrução e maior risco de desfecho letal. Quanto ao estado civil, a maioria das adolescentes era solteira 52%, embora também se observe óbitos em adolescentes casadas 13%, . Em relação à etnia, a predominância de óbitos entre adolescentes pardas 44% evidencia possíveis desigualdades raciais no acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento.
Tabela 2. Identificação de mulheres adolescentes que foram a óbito no Brasil em um período de 30 anos. Brasil, 2025.


Figura 1. Comparação da evolução de mulheres adolescentes que foram internadas por neoplasia de câncer de colo do útero e mulheres que foram a óbito no período de 1994 a 2023. Brasil, 2025.

Dessa forma a evolução das internações e dos óbitos de adolescentes por neoplasia do colo do útero no Brasil entre 1994 e 2023, revela um aumento expressivo das internações até o período de 2009-2013, quando atingiram o pico, seguido por uma queda progressiva nos períodos subsequentes. No entanto, observa-se que, embora o número de internações tenha diminuído, a mortalidade não acompanhou essa redução de forma proporcional, permanecendo relativamente constante ao longo dos anos, com variações menos acentuadas.
Figura 2. Taxa de mortalidade de mulheres adolescentes por neoplasia do colo do útero. Brasil, 2025

A Figura 2 ilustra a distribuição geográfica da taxa de mortalidade por neoplasia do colo do útero entre adolescentes no Brasil, evidenciando disparidades regionais significativas. Observa-se que as maiores taxas de mortalidade se concentram nas regiões Norte e Centro-Oeste, especialmente nos estados de Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Tocantins, Goiás e Maranhão, com índices superiores a 4,26 por 100.000 habitantes. Por outro lado, as menores taxas estão localizadas majoritariamente na região Sul e em partes do Sudeste, como São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Figura 3. Prevalência de morbidade em mulheres adolescentes por neoplasia do colo do útero. Brasil, 2025.

A Figura 3 revela a prevalência de morbidade por neoplasia do colo do útero em mulheres adolescentes no Brasil, com um evidente padrão de concentração nas regiões Norte e Nordeste. Estados como Maranhão, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia apresentam os maiores percentuais de morbidade, chegando a até 45,79%, evidenciando um quadro preocupante nessas localidades. Em contraste, estados das regiões Sul e parte do Sudeste apresentam os menores índices, como São Paulo, Santa Catarina e Paraná, com prevalências abaixo de 10%.
DISCUSSÃO
A morbimortalidade por câncer de colo do útero (CCU) entre adolescentes brasileiras nas últimas três décadas revela um cenário alarmante, mas também carregado de importantes insights para a formulação de políticas públicas. A alta prevalência de internações e óbitos na faixa etária de 15 a 19 anos, que representa 88,4% das internações e 88% dos óbitos, mostra a vulnerabilidade desta população frente a uma doença historicamente associada a mulheres no país. Esse achado reforça a necessidade de ampliar o debate e a atuação em saúde pública voltada para adolescentes, grupo que, até então, tem sido pouco contemplado nos programas preventivos e nas campanhas de rastreamento.
O pico de internações observado entre os anos de 2009 e 2013 pode estar relacionado à maior exposição de adolescentes ao HPV em decorrência de fatores sociocomportamentais, como a iniciação sexual precoce e a multiplicidade de parceiros, conforme apontado por Oliveira et al. (2021). A partir de 2014, observa-se uma redução progressiva nas internações, coincidindo com a ampliação da vacinação contra o HPV no Brasil, especialmente após sua incorporação ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). No entanto, a persistência das altas taxas de mortalidade, mesmo com a queda das internações, indica falhas no diagnóstico precoce e dificuldades no acesso ao tratamento, sobretudo nas regiões mais vulneráveis. Esses dados reforçam a urgência da ampliação de estratégias de rastreamento e prevenção voltadas para adolescentes mais velhas, destacando a necessidade do fortalecimento das políticas públicas de saúde voltadas à prevenção do câncer do colo do útero.
Outro ponto crucial destacado pelos dados é a desigualdade regional. Um estudo realizado por Tomazelli e Araújo (2017) demonstrou que as regiões Norte e Nordeste apresentam menor cobertura do exame de Papanicolau, o principal método de rastreamento do câncer do colo do útero. A pesquisa, baseada em dados da Pesquisa Nacional de Saúde, revelou que mulheres dessas regiões têm menos acesso ao exame preventivo em comparação com aquelas do Sul e Sudeste, o que contribui diretamente para as altas taxas de morbidade e mortalidade. Esses achados confirmam a presença de fragilidades estruturais no sistema de saúde, como menor disponibilidade de unidades básicas de saúde e dificuldades logísticas, que se somam à baixa escolaridade e à ausência de ações contínuas de educação em saúde.
Além disso, Queiroz et al. (2020) analisaram a distribuição da cobertura vacinal contra o HPV no Brasil e constataram uma expressiva desigualdade entre as regiões. O estudo evidenciou que estados das regiões Norte e Nordeste apresentam as menores taxas de vacinação, refletindo barreiras geográficas, limitações na infraestrutura do SUS e ausência de campanhas educativas eficazes. Tais disparidades estão intimamente relacionadas à desigualdade socioeconômica e à sobrecarga do sistema de saúde, contribuindo para um cenário de iniquidade no cuidado à saúde da mulher. A elevada mortalidade por câncer do colo do útero nesses contextos reforça a urgência de políticas públicas regionalizadas, com foco na prevenção, no diagnóstico precoce e na promoção da equidade em saúde.
A relação entre menor escolaridade e maior mortalidade, observada neste estudo, é corroborada pela literatura. Indivíduos com baixa escolaridade têm menor acesso à informação e menor autonomia para buscar cuidados de saúde, tornando-se mais suscetíveis à evolução de lesões precursoras até quadros avançados da doença. Essa condição reflete um ciclo de vulnerabilidade que une desigualdade de acesso, desinformação e atraso diagnóstico. Estudo realizado por Fonseca et al. (2017) demonstra que a baixa escolaridade está associada a um aumento significativo no risco de óbito neonatal, evidenciando como fatores educacionais impactam diretamente nos desfechos de saúde. É importante destacar o elevado número de dados ignorados, especialmente nas variáveis de escolaridade, estado civil e etnia, o que limita uma análise mais aprofundada, mas também aponta para falhas na coleta e registro de informações em saúde, as quais são essenciais para o desenvolvimento de políticas públicas mais efetivas e direcionadas.
Entretanto, é fundamental reconhecer as fragilidades desta análise. O uso de dados secundários públicos, apesar de essencial para pesquisas de abrangência nacional, está sujeito a subnotificações e inconsistências nos registros, especialmente em variáveis como escolaridade, estado civil e etnia — conforme evidenciado nos altos índices de dados ignorados (VIANA et al., 2023). Estudos apontam que essas limitações são particularmente relevantes em regiões com menor desenvolvimento socioeconômico, como a Região Norte do Brasil, onde há significativa subnotificação em sistemas de informação relacionados à saúde (MIRANDA et al., 2023). Além disso, é importante considerar que, em um país de dimensões continentais como o Brasil, a realização de um estudo de campo com cobertura nacional ampla é logisticamente inviável e economicamente dispendiosa. Assim, ainda que sujeitos a limitações, os dados provenientes de bases públicas, como o DATASUS, se mostram valiosos e suficientemente representativos para subsidiar diagnósticos situacionais e orientar a formulação de políticas públicas em saúde (VIANA et al., 2023).
Dessa forma, os achados desta pesquisa intensificam a urgência de investimentos contínuos e integrados em vacinação, educação sexual nas escolas, rastreio precoce, capacitação de profissionais de saúde e fortalecimento do SUS, especialmente nas áreas mais vulneráveis. Somente com ações coordenadas será possível reduzir, de forma equitativa, a morbimortalidade por câncer de colo do útero em adolescentes e garantir o direito à saúde reprodutiva plena e segura para todas as jovens brasileiras. Portanto, sugerimos avanços, para pesquisas futuras seria eficaz a compreensão de fatores como acesso a serviços de saúde e a cobertura vacinal influenciam essas variações pode direcionar esforços mais eficazes e específicos para reduzir a incidência e mortalidade do câncer do colo do útero, promovendo assim uma equidade maior no enfrentamento desta doença no Brasil.
CONCLUSÃO
Com base nos dados apresentados, conclui-se que o câncer do colo do útero em adolescentes brasileiras persiste como um grave problema de saúde pública, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Nessas regiões, observam-se as maiores taxas de morbidade e mortalidade, resultado de uma combinação de fatores estruturais e sociais, como a baixa cobertura vacinal contra o HPV, falhas no rastreamento por meio do exame citopatológico (Papanicolau) e limitações no acesso a serviços especializados de saúde. Essa desigualdade regional reflete diretamente as fragilidades do sistema público de saúde nessas áreas e destaca a necessidade de políticas públicas regionalizadas e sensíveis à realidade local.
Diante dos aspectos analisados e observados os pontos de grande destaque são a alta incidência e mortalidade entre adolescentes de 15 a 19 anos, evidenciando a vulnerabilidade dessa faixa etária e a urgência de estratégias preventivas direcionadas a relação entre baixa escolaridade e maior risco de óbito, o que reforça a importância da educação em saúde; e as disparidades regionais concentradas no Norte e Nordeste, onde a precariedade estrutural, social e sanitária limita a efetividade das ações de prevenção e tratamento. Esses achados reforçam a urgência de investimentos em vacinação, diagnóstico precoce e fortalecimento da atenção primária à saúde, com vistas à redução das desigualdades e promoção da equidade no cuidado à saúde da adolescente brasileira e assim diminui o impacto do câncer de colo útero.
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