ANALYSIS OF THE INTERACTION BETWEEN FIRES, AIR POLLUTION AND COVID-19 IN THE STATE OF RONDÔNIA
ANÁLISIS DE LA INTERACCIÓN ENTRE INCENDIOS, CONTAMINACIÓN DEL AIRE Y COVID-19 EN EL ESTADO DE RONDÔNIA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202501041640
Gabriele Marcelino Gomes1;
Luiz Fernando Costa Nascimento2
RESUMO
Objetivo: Investigar se há relação entre a exposição a poluentes do ar advindos dos focos de queimadas que ocorrem de forma mais severa no período de estiagem no estado de Rondônia e analisar se há correlação com os aumentos no número de internações pelo o vírus Coronavírus causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) em Rondônia (Brasil). Métodos: Estudo epidemiológico do tipo ecológico e exploratório, foram analisados os dados de óbitos e internações por COVID-19, o número de focos de queimadas entre os anos de 2020 e 2021, levando em consideração a importância dos indicadores sociais dentro do tema, foram incorporados os indicadores (IBP). Resultados: Sugerem que populações mais pobres são mais suscetíveis a doenças transmissíveis o que engloba o vírus da COVID-19. Os resultados induzem que as taxas de casos de internações não demonstraram um resultado positivo no período de grandes focos de queimadas. Conclusão: Os focos de queimadas, apontou correlação positiva sobre as taxas de internação e óbitos. O IBP demonstra que municípios que proporcionam a população melhor acesso a saúde, obtiveram as menores taxas de letalidade. Logo, municípios com valores altos a respeito da variável IBP, indica relação sobre os aumentos dos focos de queimadas e letalidades.
Palavra-chave: Pandemia; COVID-19; Indicadores Sociais; Políticas públicas; Rondônia.
ABSTRACT
Objective: To investigate whether there is a relationship between exposure to air pollutants arising from fires that occur more severely during the dry period in the state of Rondônia and analyze whether there is a correlation with increases in the number of hospitalizations due to the Coronavirus virus that causes the Severe Acute Respiratory Syndrome 2 (SARS-CoV-2) in Rondônia (Brazil). Methods: Ecological and exploratory epidemiological study, data on deaths and hospitalizations due to COVID-19 were analyzed, the number of fire outbreaks between the years 2020 and 2021, taking into account the importance of social indicators within the theme, were indicators (IBP) are incorporated. Results: Suggest that poorer populations are more susceptible to communicable diseases, which includes the COVID-19 virus. The results indicate that hospitalization case rates did not demonstrate a positive result during the period of large fire outbreaks. Conclusion: Fire outbreaks showed a positive correlation with hospitalization and death rates. The IBP shows that municipalities that provide the population with better access to healthcare have the lowest fatality rates. Therefore, municipalities with high values regarding the IBP variable indicate a relationship with increases in fire outbreaks and fatalities. with more deaths from COVID-19, especially among the months with the highest number of fires. The IBP showed a significant influence on the distribution of cases of COVID-19 disease in the respective years.
Keyword: Pandemic; COVID-19; Social indicators; public policy; Rondônia
RESUMEN
Objetivo: Investigar si existe relación entre la exposición a contaminantes atmosféricos derivados de incendios que ocurren con mayor gravedad durante el período seco en el estado de Rondônia y analizar si existe correlación con el aumento del número de hospitalizaciones por el virus del Coronavirus que causa el Síndrome Respiratorio Agudo Severo 2 (SARS-CoV-2) en Rondônia (Brasil). Métodos: Estudio epidemiológico ecológico y exploratorio, se analizaron datos de muertes y hospitalizaciones por COVID-19, se consideraron indicadores el número de focos de incendios entre los años 2020 y 2021, teniendo en cuenta la importancia de los indicadores sociales dentro del tema (IBP). están incorporados. Resultados: Sugieren que las poblaciones más pobres son más susceptibles a enfermedades transmisibles, incluido el virus COVID-19. Los resultados indican que las tasas de casos de hospitalización no demostraron un resultado positivo durante el período de grandes incendios. Conclusión: Los incendios mostraron una correlación positiva con las tasas de hospitalización y mortalidad. El IBP muestra que los municipios que brindan a la población un mejor acceso a la atención médica tienen las tasas de mortalidad más bajas. Por lo tanto, los municipios con valores altos respecto a la variable PBI indican una relación con incrementos en focos de incendios y víctimas mortales.
Palabra clave: Pandemia; COVID-19; Indicadores Sociales; Políticas públicas; Rondônia.
INTRODUÇÃO
Os efeitos da poluição do ar na saúde têm sido objeto de pesquisas em todo o mundo, principalmente seus efeitos nos sistemas cardiovascular e respiratório. O sistema respiratório é um importante ponto de entrada de poluentes atmosféricos, por isso seus efeitos são relatados há décadas. Os principais poluentes do ar são: monóxido de carbono (CO), material particulado (MP), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e ozônio (O3). Evidências epidemiológicas consistentes sugerem que a exposição de curto e longo prazo a esses poluentes, estão associados ao aumento da mortalidade respiratória (TORRES, 2015; MORAES et al., 2019).
Os níveis de poluição do ar, geralmente representados pelas concentrações de MP10 e MP2,5, também foram associados ao aumento desses eventos de efeitos adversos dos poluentes do ar na saúde da população, incluindo a mortalidade, as taxas de hospitalização e o atendimento de emergência para doenças respiratórias. Também há evidências de que a exposição a poluentes do ar está associada a Doenças Respiratórias Obstrutivas Crônicas (DPOC). Estudos demonstraram, associações entre as exposições a poluentes do ar e eventos cardiovasculares agudos, bem como biomarcadores de processos cardiovasculares patogênicos (TORRES, 2015; MACHIN; NASCIMENTO, 2018; MORAES et al., 2019).
As condições meteorológicas e climáticas sempre afetaram direta e indiretamente a natureza, as atividades e o cotidiano humano. No entanto, devido à rápida urbanização e o desenvolvimento urbano, as dinâmicas climáticas e ambientais, bem como as condições sociais e econômicas, estão começando a mudar. Em Rondônia, em cidades mais populosas como Porto Velho, com poucos mais de 550 mil habitantes (IBGE., 2021), a poluição do ar e o clima são as condições ambientais que mais mudam. Essa mudança pode ser notada principalmente em termos de efeitos térmicos e qualidade do ar, pois o efeito “ilha de calor” se torna mais intenso devido a eventos de temperatura extremas, além de que as descargas excessivas de poluentes na atmosfera também aumentam (MORAES et al., 2019).
O Material Particulado (MP) e os gases tóxicos da queima de biomassa podem percorrer grandes distâncias, como é o caso das queimadas na região amazônica que atingem grandes cidades do Norte e Centro-Oeste brasileiros, além de populações ribeirinhas, quilombos e terras indígenas localizadas a centenas de quilômetros de distânciados dos locais das queimadas. As taxas de queimadas foram recordes em 2020, as quais combinadas com a baixa umidade na Amazônia e no Pantanal, possivelmente agravaram os efeitos da pandemia do COVID-19 (SOUSA et al., 2020).
O vírus Sars-CoV-2, um novo beta-corona vírus, foi responsável por um surto maciço de síndrome respiratória aguda grave (SARS) que começou em dezembro de 2019 em Hubei, na China, e rapidamente se tornou uma epidemia, se alastrando e assumindo proporções global pandêmicas, recebendo o nome de Coronavírus 2019 (COVID-19). As medidas de controle da pandemia fornecidas pelo Ministério da Saúde de acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) incluem o distanciamento social representado pelo isolamento, medidas ampliadas de higiene, como lavar as mãos com água e sabão, e higienização das mãos com álcool para minimizar e evitar a propagação da doença (OMS, 2022).
Os índices sociais como Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) são importantes na contextualização de uma pandemia por gerarem impacto direto na vida das pessoas, pois, doenças infecciosas apresentam correlação crescente com aspectos socioeconômicos, ambientais e ecológicos, devido indicadores apontarem o risco potencial de doenças transmissíveis, incluindo o COVID-19, que afetam muito as comunidades pobres, desigualdade de renda e níveis de pobreza nas cidades podem estar correlacionados com a disseminação da doença (BOLANO-ORTIZ, 2019). Assim, o objetivo desse estudo é analisar as internações pelo o vírus Coronavírus causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2) em Rondônia (Brasil), e verificar se a exposição aos poluentes do ar, advindos dos focos de queimadas, estão associados aos aumentos de internações hospitalares pelo o vírus COVID-19, incorporando a importância dos indicadores sociais.
MÉTODOS
Este trabalho é um estudo epidemiológico ecológico e exploratório sobre internações hospitalares causadas pelo vírus da COVID-19 em Rondônia, no período de abril de 2020 a dezembro de 2021. O critério de inclusão foi que os pacientes fossem residentes do estado e tivessem como diagnóstico principal a CID 10-B34.2, referente a infecções por coronavírus. Para a análise, foram considerados os focos de queimadas e o risco de incêndios no estado, com destaque para o período crítico de maio a outubro, além do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), obtidos pelo IPEA.
Os dados sobre internações foram coletados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e os dados de queimadas foram acessados pela plataforma BDQueimadas do INPE. A coleta dos dados do COVID-19 envolveu a seleção de variáveis como ano, município, idade, sexo e tempo de internação. Informações sobre profissionais de saúde foram obtidas diretamente dos conselhos federais, e o número de leitos ativos do SUS em Rondônia é de cerca de 3.635.
Os dados foram organizados em uma planilha Excel, permitindo a criação de tabelas dinâmicas para os anos de 2020 e 2021, que mostraram a quantidade de queimadas em cada município. Além disso, indicadores sociais do estado foram extraídos do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil (2013). Com todos os dados organizados, foram construídos mapas temáticos usando o software TerraView-4.2.2 e calculado o índice de Moran (IM) para medir a autocorrelação espacial dos dados. O IM varia de -1 a 1, indicando a correlação espacial entre as unidades de análise. Um valor próximo de 1 sugere alta semelhança entre áreas adjacentes, enquanto valores próximos de -1 indicam diferenças na distribuição. O nível de significância adotado foi de 5%, e o projeto não exigiu aprovação do Comitê de Ética, pois os dados são de fontes oficiais e não identificam indivíduos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), na data de 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, república popular da China. Era descoberto uma nova cepa (tipo) de Coronavírus não encontrada anteriormente em humanos. Os Coronavírus são a segunda causa mais comum de resfriados (depois dos rinovírus), e até as últimas décadas raramente causavam doenças mais graves em humanos. No total, sete Coronavírus humanos (HCoVs) são identificados: HCoV- 229E, HCoV-OC43, HCoV-NL63, HCoV-HKU1, SARS-COV (que causa síndrome respiratória aguda grave), MERS-COV (responsável pela a síndrome respiratória do Oriente Médio) e o novo Coronavírus que inicialmente foi chamado de 2019-nCoV e posteriormente chamado SARS-CoV-2 na data de 11 de fevereiro de 2020.
O novo Coronavírus é o causador da doença COVID-19 (OPAS, 2022). Até o ano de 2021 ocorreram cerca de 198 milhões de casos de COVID-19 em todo o mundo. O número representa mais que o dobro dos 83 milhões de casos registrados no mesmo período de 2020. Já as mortes pela doença em 2021 chegaram a 3,5 milhões, 84% a mais que os 1,9 milhão do ano passado, segundo dados divulgados pela OMS em 2022. Estudos têm sido realizados associando a poluição do ar e a COVID-19. Diferentes estudos apontam que, exposição a poluentes do ar estão associados a diferentes causas de hospitalizações, como doenças respiratórias, doenças cardiovasculares e consequentemente morte (BRAGA; CRUVINEL; OLIVEIRA, 2020; RIBEIRO et al, 2022).
Estudos de Li et al. (2020) e Landguth et al. (2020) apontam associação entre a exposição aos poluentes de ar e os casos de hospitalização do vírus causador da COVID-19. Os poluentes do ar são uma grande ameaça à saúde humana, casos de internações por doenças respiratórias como as DPOC, asma, doenças cardiovasculares e casos de doenças infecciosas, apontam um aumento no número de casos de incidência da influenza e bem como aumento de mortalidade por SARS. De acordo com os estudos de Ribeiro et al. (2022), Li et al. (2020), Bolano-Orttiz et al. (2020) apontam que há uma relação significativa e associações positivas de NO2, MP10, MP 2,5, CO e O3 em casos que a doença COVID-19 foi confirmada.
Altas concentrações de NO2 na atmosfera sugerem que a exposição prolongada a esse poluente pode ser um dos contribuintes mais importantes para as mortes pelo vírus COVID-19 em vários países europeus (DÍAZ-CÓNSUL et al, 2004). Embora vários estudos tenham encontrado material viral em partículas de aerossol suspensas, a viabilidade de vírus infecciosos incorporados em partículas transportadas pelo ar ainda está em debate (BOLANO- ORTTIZ et al, 2020; VANDOREMALEN et al, 2020).
O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), construído a partir de indicadores do Atlas Brasileiro de Desenvolvimento Humano (ADH), busca evidenciar as diferentes situações de exclusão social e vulnerabilidade. Os conceitos de “exclusão” e “vulnerabilidade social” são cada vez mais utilizados por pesquisadores, gestores e operadores de políticas sociais no esforço de ampliar a compreensão das condições tradicionalmente definidas como pobreza, buscando expressar um olhar mais amplo que complemente as perspectivas relacionadas com questões de défice de rendimentos (COSTA; MARGUTI, 2015).
Diversos pesquisadores em diferentes países, sugerem que os benefícios da riqueza para a saúde dependem em grande parte de como é distribuída. Vários estudos têm mostrado que o surgimento cíclico de vírus e suas doenças infecciosas está cada vez mais associado a aspectos socioeconômicos, ambientais e ecológicos, sugerindo que o risco potencial de doenças infecciosas, incluindo o COVID-19, afeta desproporcionalmente as comunidades mais pobres. O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo em termos de concentração de riqueza. Essas desigualdades têm sido decisivas para a forma como a epidemia se espalhou pelo país, tornando as regiões mais pobres, como Norte e Nordeste com os maiores números de casos de COVID-19 no país. No geral, há uma disparidade nesse aspecto em todo o país, compreender as características de propagação do vírus em contextos de alta desigualdade social, onde as pessoas vivem em condições precárias de moradia e saneamento, sem acesso à água tratada e em estado de aglomeração (SANHUEZA-SANZANA, 2021).
Além disso, os pesquisadores do Reino Unido levaram em consideração fatores socioeconômicos, incluindo nível de educação superior, renda familiar, ocupação e número de membros da família. Eles encontraram disparidades raciais nas internações por COVID-19 e realizaram um estudo usando os dados do COVID-19 relatados pela OMS, um estudo global baseado em dados econômicos publicados pelo Banco Mundial descobriu que a relação entre o PIB e os casos e mortes por COVID-19 contém uma correlação positiva (SANHUEZA-SANZANA, 2021).
Levantamentos de dados sobre os anos de 2020 e 2021 foram criados, e diferentes mapas temáticos foram construídos para análise dos dados para obtenção dos resultados espaciais. Foram analisados casos com pelo menos um registro de óbito por COVID-19 nos 52 municípios do estado de Rondônia. A análise de dependência espacial (autocorrelação espacial) foi realizada a partir do Índice de Moran, cuja função principal é estimar a autocorrelação espacial. Para a validação do Índice de Moran, foi utilizado o teste de permutação aleatória, com 99 permutações.
Após a identificação dos clusters relativos as taxas de mortalidade por COVID-19 (TMC), verificou-se a associação espacial dos mesmos com o indicador socioeconômico selecionado (IDHM). Para isso, foram utilizados os índices de Moran e produzidos os respectivos diagramas de espalhamento de Moran para a análise, considerando os testes entre a variável dependente (óbitos por COVID-19 a cada 100.000 habitantes ou TMC), Em 2020 foram registrados 5.169 internações com 749 óbitos, e em 2021 houve um aumento considerável nas internações, com 13.950 casos com 2.383 óbitos confirmados. Para análise foi utilizado a variável dependente de taxa de mortalidade por COVID-19 (TMC), calculada a partir da quantidade de óbitos para cada 100.000 habitantes nos municípios da amostra.
Tabela 1. Valores dos Índices de Moran univariado com os respectivos p-valores e os anos de referência, Rondônia, 2020- 2021.
VARIÁVEIS | ÍNDICE DE MORAN | ANO | P-VALOR |
IDHM | 0,07 | 2010 | 0,18 |
IVS | 0,37 | 2010 | 0,01 |
Taxa internação COVID-19 | -0,05 | 2020 | 0,20 |
Taxa internação COVID-19 | -0,10 | 2021 | 0,08 |
Taxa óbitos COVID-19 | -0,03 | 2020 | 0,33 |
Taxa óbitos COVID-19 | -0,08 | 2021 | 0,10 |
Focos queimadas | 0,26 | 2020 | 0,40 |
Focos queimadas | 0,28 | 2021 | 0,10 |
No que diz respeito a Tabela 1, todas as variáveis contêm alguma correlação espacial, porém, nenhuma formam aglomerados, a única variável que demonstrou significância foi o IVS com p-valor de 0.01 que demonstra características semelhantes. Na Tabela 2, onde, os resultados sobre IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), IVS (Índice de Vulnerabilidade Social), UBS (Unidades Básicas de Saúde), PROF (Profissionais de atendimento da saúde) e Focos de queimadas, o p-valor sobre o IMB (Índice de Moran bivariado) aponta correlação espacial sobre as taxas avaliadas e, as taxas que apontam correlação estatisticamente significativa estão destacadas na tabela.
Tabela 2. Valores dos Índices de Moran bivariado com os respectivos p-valores (entre parênteses) segundo as variáveis dependentes das taxas de internação de COVID-19 nos anos 2020 e 2021, Rondônia.
VARIÁVEIS | ANO 2020 | ANO 2021 |
IDHM | -0,18 (<0,01) | -0,03 (0,38) |
IVS | 0,09 (0,07) | -0,14 (0,01) |
UBS | -0,03 (0,36) | 0,15 (<0,01) |
PROF | -0,10 (<0,01) | 0,02 (0,32) |
Focos queimadas | -0,04 (0,36) | -0,17 (<0,01) |
Em 2020 a variavel IDHM, indicam que municípios que proporcionam a população melhor acesso a saúde, renda e educação, apresentaram as menores taxas de internação para a doença COVID-19. A variavel IVS em 2020, demonstrou que, quanto mais elevadas as médias de IVS maiores foram as taxas de internações, já no ano de 2021 o IMB demonstrou significância com um resultado adverso ao do ano anterior; apontando que quanto maior o IVS menores foram as taxas de internação de COVID-19, demonstrando um resultado oposto ao do ano anterior.
As variáveis a respeito dos PROF e UBS apontam que em 2020 e 2021, respectivamente, os valores do Índice de Moran Bivariado foram estatisticamente significativos, sugerindo que, localidades com maior número de profissionais da saúde atuando, menores foram as taxas de internação pelo COVID-19. No caso das UBS, ou seja, nas localidades onde havia maior disponibilidade de unidades de saúde, como hospitais, leitos, pronto-socorro, isso foi positivamente correlacionado com um número mais elevado das taxas de internações de COVID-19, demonstrando que nessas localidades houveram um maior número dessas internações devido a população ter melhores acessos aos serviços de saúde.
O valor do Índice de Moran Bivariado (IMB) para os focos de queimadas apresentou significância estatística no ano de 2021, onde, quanto maior o número de focos de queimadas, maiores foram as taxas de internações pelo COVID-19. Já no ano de 2020, os dados demonstraram correlação espacial, porém não houve uma significância estatística relativa sobre as taxas de internações. Na Tabela 3, demonstra as variáveis dependentes a respeito das taxas de óbitos no estado.
Tabela 3. Valores dos Índices de Moran bivariado com os respectivos p-valores (entre parênteses) segundo as variáveis dependentes as taxas de óbitos por COVID-19 nos anos 2020 e 2021, Rondônia.
VARIÁVEIS | ANO 2020 | ANO 2021 |
IDHM | -0,18 (<0,01) | 0,27 (<0,01) |
IVS | 0,27 (<0,01) | -0,13 (<0,01) |
UBS | -0,07 (0,15) | 0,01 (0,46) |
PROF | -0,15 (0,01) | -0,01 (0,46) |
Focos queimadas | 0,17 (<0,01) | -0,12 (0,02) |
Tabela 3, a variável IDHM obteve resultados significativos para ambos os anos, sugerindo que municípios que proporcionam a população melhor acesso a saúde, alcançaram menores taxas de números de óbitos para a doença COVID-19. IVS não apontou correlação significativa a respeito dos óbitos em 2021 (-0,13;<0,01), porém, em 2020 houve significância positiva a respeito das taxas de óbitos, trazendo resultado oposto ao do ano de 2021.
UBS no ano de 2020 e 2021 não manteve correlação estatisticamente significativa a respeito das taxas de óbitos. Os PROF no ano de 2020, obteve uma correlação significativa que pode ser interpretada da seguinte forma: quanto maior o número de profissionais, menor a taxa de óbito, onde, indica atendimentos mais precoces ou menor gravidade da doença; em 2021 se manteve a autocorrelação, porém não apontando uma significância, por vez, pode-se referir que esse fato pode ser questionável devido a diversos fatores externos.
CONCLUSÃO
Conclui-se que os focos de queimadas no ano de 2021, apontou correlação positiva sobre as taxas de internação, porém não houve correlação significativa sobre os óbitos. Em 2020, locais onde ocorreram altas taxas de focos de queimadas alcançaram as maiores taxas de óbitos, os dados relacionaram correlação, porém, não houve uma significância estatística relativa sobre as taxas de internações. As informações aqui explanadas podem colaborar para o entendimento da influência da poluição atmosférica na saúde da população.
REFERÊNCIAS
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COSTA, M.A.; MARGUTI, B.O. Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros. 77 p. ISBN: 978-85-7811-255-4, 2015.
DÍAZ-CÓNSUL, J.M. et al. Decomposição catalítica de óxidos de nitrogênio. Química Nova, v. 27, p. 432-440, 2004.
LANDGUTH, E.L. et al. The delayed effect of wildfire season particulate matter on subsequent influenza season in a mountain west region of the USA. Environment international, v. 139, p. 105668, 2020.
LI, H.; XU, X.L.; DAI, D.W.; HUANG, Z.Y.; MA, Z.; GUAN, Y.J. Air pollution and temperature are associated with increased COVID-19 incidence: A time series study. International Journal of Infectious Diseases, v. 97, p. 278-282. 2020.
MACHIN, A.B.; NASCIMENTO, L.F.C. Efeitos da exposição a poluentes do ar na saúde das crianças de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Cadernos de saúde Pública, v. 34, 2018.
MORAES, S.L. et al. Variáveis meteorológicas e poluição do ar e sua associação com internações respiratórias em crianças: estudo de caso em São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 35, 2019.
OPAS, Organização panamericana da saúde. Histórico da pandemia de COVID-19. Disponível em: https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19. Acesso em: 13/09/2022.
RIBEIRO, P.C; CUNHA, C.J.D.; SANTOS, A.O.R.; LUCAREVSCHI, B.R.; CÉSAR A.C.G.; NASCIMENTO, L.F.C. Association between exposure to air pollutants and hospitalization for SARS-Cov-2: an ecological time-series study. Sao Paulo Medical Journal, 2022.
SANHUEZA-SANZANA, C. et al. Desigualdades sociais associadas com a letalidade por COVID-19 na cidade de Fortaleza, Ceará, 2020. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 30, p. e2020743, 2021.
TORRES, T.L.; MEDEIROS, A.P.P. Internações por doenças do aparelho circulatório e a queima de biomassa florestal em residentes de Porto Velho Rondônia entre 2014-2015. Saber Científico, v. 8, p. 1-8, 2021.
VANDOREMALEN, N.; BUSHMAKER, T.; MORRIS, D.H.; HOLBROOK, M.G.; GAMBLE, A.; WILLIAMSON, B.N. et al. Aerossol e estabilidade de superfície do SARS-CoV-2 em comparação com o SARS-CoV-1. The New England Journal of Medicine, v. 382, n. 16, p. 1564-1567. 2020.
1Mestre em Ciências Ambientais pela a Universidade de Taubaté (UNITAU). Taubaté, SP. Brasil. E-mail: gaabimgomes@gmail.com
2Doutor em Saúde Pública – Professor de Pós-graduação da Universidade de Taubaté, Taubaté, SP. E-mail: fernando.nascimento@unesp.br