REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11568023
João Viana de Oliveira Júnior1
Siomara Dias da Rocha2
Resumo
A crescente conscientização ambiental e a necessidade de promover práticas sustentáveis têm impulsionado a busca por soluções eficientes na gestão de resíduos. Nesse contexto, este trabalho investiga a infraestrutura de reciclagem urbana em Manaus, com um olhar atento a mecânica desta infraestrutura e suas logísticas. O estudo abrange os aspectos do mapeamento da infraestrutura atual, eficiência dos processos de triagem e separação, manutenção e otimização de equipamentos, além de desafios e oportunidades. Em suma, este estudo visa contribuir para o desenvolvimento de estratégias que integrem a engenharia mecânica à gestão eficiente da reciclagem urbana, promovendo a preservação ambiental e o uso racional dos recursos.
Palavras-chave: Sustentabilidade; Reciclagem; Manutenção de Equipamentos.
A conscientização ambiental tem se tornado uma pauta cada vez mais urgente e relevante em todo o mundo, impulsionando a busca por práticas sustentáveis e eficientes na gestão de resíduos. Nesse contexto, a reciclagem urbana emerge como uma das estratégias fundamentais para mitigar os impactos negativos sobre o meio ambiente e promover o uso racional dos recursos naturais. Em particular, Manaus, segundo o IBGE, apresenta 181,01 habitantes por quilômetro quadrado, resulta em significativos desafios na gestão de resíduos devido à sua infraestrutura muitas vezes inadequada e à crescente demanda por soluções eficazes (BERTICELLI, PANDOLFO e KORF, 2016).
O rápido crescimento e a urbanização desordenada nas cidades brasileiras, aliados ao aumento da população e ao consumo em larga escala de produtos descartáveis, têm levado a um significativo aumento na quantidade de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) (BRASIL, 2010).
Além disso, a Amazônia, como um dos biomas mais ricos e biodiversos do mundo, exige uma gestão responsável de seus recursos naturais, incluindo a correta destinação e reaproveitamento de resíduos. A evolução urbanística da cidade de Manaus foi resultado da localização estratégica em que está em relação à Amazônia central, por sua possibilidade de defesa e ponto comercial, além de ser considerada como polo de desenvolvimento de toda a Amazônia Brasileira (Prefeitura de Manaus, 2015).
Por meio desta pesquisa, espera-se contribuir para o desenvolvimento de estratégias que integrem a engenharia mecânica à gestão eficiente da reciclagem urbana, visando não apenas à preservação ambiental, mas também ao estímulo da economia circular e ao fortalecimento da sustentabilidade urbana.
Ademais, pretende-se fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas mais eficazes e para o engajamento da sociedade civil na promoção de práticas ambientalmente responsáveis. O Brasil foi um dos pioneiros no mundo a ter uma constituição ambiental. Isso mudou a imagem brasileira no exterior e possibilitou não só seu protagonismo, mas também abriu caminhos para se tornar uma liderança global (AIRES, 2017).
Nas próximas seções, serão apresentados os fundamentos teóricos que embasam esta pesquisa, bem como a metodologia adotada para a coleta e análise de dados. Posteriormente, serão discutidos os resultados obtidos e suas implicações para a gestão da reciclagem urbana em Manaus, seguidos de considerações finais e sugestões para futuras investigações.
O presente trabalho propõe-se a analisar a infraestrutura de reciclagem urbana em Manaus, com o intuito de compreender a mecânica desta infraestrutura, suas logísticas, desafios e oportunidades. Para isso, será realizado um estudo abrangente, que incluirá:
– Mapeamento da infraestrutura atual;
– A avaliação da eficiência dos processos de triagem;
– Separação de materiais recicláveis;
– Análise da manutenção e otimização de equipamentos;
– Identificação de possíveis obstáculos à implantação de práticas sustentáveis.
A escolha por investigar a infraestrutura de reciclagem urbana em Manaus se justifica pela importância estratégica da cidade como polo econômico e populacional da região amazônica. O espaço urbano pode ser definido como um conjunto de espaços sociais que através de uma integração local, possibilitam a realização de atividades com relação de cheios e vazios, representados por casas, edifícios e práticas econômicas, sociais e culturais (AIRES, 2017).
2 METODOLOGIA
A metodologia do estudo baseou-se em pesquisa bibliográfica, documental e exploratória, de natureza qualitativa. Foram consultados documentos na base de dados nos sites governamentais, tais como, site do governo Federal e da prefeitura de Manaus. As pesquisas foram em artigos que discutiam o tema proposto. Foram usados outros artigos que foram extraídos da referência bibliográfica, para a contribuição deste artigo.
Em seguida, foi realizado um levantamento de dados, combinando fontes primárias e secundárias, coletando informações sobre a infraestrutura de reciclagem em Manaus, e com base neles, elaboradas estratégias e recomendações para o aprimoramento da infraestrutura de reciclagem na cidade. Este processo permite uma compreensão rápida e profunda da infraestrutura de reciclagem urbana em Manaus e contribui significativamente para o desenvolvimento de soluções sustentáveis e eficientes na gestão de resíduos, atendendo às demandas ambientais e socioeconômicas da região.
O rápido crescimento e a urbanização desordenada nas cidades brasileiras, aliados ao aumento da população e ao consumo em larga escala de produtos descartáveis, têm levado a um significativo aumento na quantidade de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) (BRASIL, 2010).
Como resultado, os recursos naturais estão sendo cada vez mais valorizados em termos de preservação. Nesse contexto, tornou-se imperativo analisar como os resíduos sólidos estavam sendo tratados e sua destinação final conduzida. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei Federal nº 12.305/2010 e regulamentada pelo decreto nº 10.936/2022, estabeleceu diretrizes e metas para um gerenciamento ambientalmente adequado. O município de Manaus, seguindo as diretrizes da PNRS, elaborou e aprovou um Plano Diretor de Resíduos Sólidos (PDRS) por meio do Decreto nº 1349, de novembro de 2011, para abranger todos os resíduos sólidos produzidos na cidade (BRASIL, 2020) . A Secretaria de Limpeza Pública (SEMULSP) é responsável pela execução e distribuição desse plano. Vale destacar que a existência desse plano é condição para que o município tenha acesso a recursos federais.
A PNRS estabeleceu uma ordem de prioridade de ações a serem seguidas para o tratamento adequado dos resíduos sólidos, iniciando com a não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e, por fim, a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, permitindo a adoção de tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos.
O destino final, segundo a PNRS, é reservado apenas para os rejeitos, ou seja, para os resíduos sólidos que não apresentam outra possibilidade de tratamento e recuperação, sendo então destinados a aterros sanitários de forma ambientalmente adequada. Com essa definição de destinação final, o modelo tradicional de extração, transformação e descarte, conhecido como modelo linear, perde sustentação, pois não considera a regeneração dos recursos naturais. Esse conceito, hoje é amplamente distribuído e conhecido como economia circular.
Figura 1. Economia Circular.
Diante desse contexto, a prática da reciclagem desempenha um papel importante na melhoria da qualidade ambiental urbana, reduzindo a pressão sobre os ecossistemas naturais, substituindo matérias-primas virgens por materiais reciclados e reduzindo o consumo de energia e as emissões atmosféricas (SILVA, 2017).
A PNRS orienta os PDRS dos municípios, estabelecendo metas para que eles possam traçar suas estratégias de gestão de resíduos. Entre as metas estão o aumento da sustentabilidade econômico-financeira do manejo de resíduos pelos municípios, o encerramento de lixões e aterros controlados, a inclusão social e emancipação econômica de catadores de materiais recicláveis, entre outras.
Para uma gestão mais eficiente dos resíduos sólidos, muitas cidades têm adotado um modelo de economia circular em suas políticas públicas, que prioriza a redução, reutilização e reintrodução dos materiais ao longo da cadeia produtiva, reduzindo a pressão sobre os recursos naturais, as emissões de gases de efeito estufa (GEE), o desperdício, a geração de rejeitos e a poluição. Com esse modelo, há também geração de empregos e movimentação na economia. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpezas Públicas e Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2021, foram gerados 336 mil empregos diretos na limpeza pública.
Essa logística enfrenta desafios significativos que afetam sua eficiência e capacidade de atender às crescentes demandas por práticas sustentáveis de gestão de resíduos. Segundo pesquisadores do INPA/LAES, os resíduos sólidos urbanos constituem uma problemática ampla da sociedade, com abrangência em escala mundial. A forma como o lixo é gerenciado pode acarretar danos tanto à sociedade como à natureza, sendo seus primeiros impactos identificados na paisagem aos quais se encontram postos, causando problemas desde o odor até foco de doenças.
A precariedade de infraestrutura urbana ligada à limpeza pública nas cidades nas últimas décadas tem contribuído para o problema do lixo e a cidade de Manaus, apesar de sua importância estratégica como polo econômico e populacional da região amazônica, enfrenta desafios na gestão dos resíduos sólidos, incluindo a disposição inadequada nos igarapés, criação de lixeiras viciadas e problemas na coleta.
Um dos principais aspectos do cenário atual é a falta de investimento em tecnologias modernas e processos eficientes de reciclagem. Muitas instalações de reciclagem operam com equipamentos obsoletos e técnicas desatualizadas de triagem e separação de materiais. Além disso, a coleta seletiva ainda não está amplamente implantada em Manaus, o que resulta em uma baixa taxa de reciclagem em comparação com outras cidades. A falta de conscientização da população sobre a importância da separação de resíduos também contribui para essa situação. Como resultado, uma quantidade significativa de materiais recicláveis acaba sendo misturada com resíduos orgânicos, tornando o processo de reciclagem menos eficiente e mais custoso.
Outro desafio enfrentado pela infraestrutura de reciclagem urbana é a falta de integração entre os diversos atores envolvidos no processo, incluindo governos locais, empresas privadas, cooperativas de catadores e a população em geral. A falta de coordenação e colaboração entre esses grupos dificulta a implantação de soluções abrangentes e eficazes para a gestão de resíduos.
É importante ressaltar que nos últimos anos, especialmente a partir de 2020, quando o mundo foi impactado pela pandemia do coronavírus, houve uma mudança significativa no cenário de geração de resíduos sólidos. A atenção se concentrou principalmente em dois principais geradores de RSU: os resíduos hospitalares e domésticos. Mesmo com a situação controlada e a retomada das atividades, os centros de geração passaram por ajustes devido à adaptação da população a novas formas de trabalho e estudo, como o modelo híbrido. O planejamento da gestão de resíduos sólidos é orientado por projeções futuras, permitindo a implantação de medidas para minimizar os impactos previstos com base em dados.
3.2 Mapeamento da Infraestrutura Atual
A análise da infraestrutura de reciclagem urbana em Manaus revela uma interseção crucial entre a gestão de resíduos sólidos e a aplicação de tecnologias e máquinas para o aperfeiçoamento dos processos. No contexto da coleta de resíduos sólidos urbanos em Manaus, máquinas como caminhões compactadores são essenciais para o transporte eficiente dos materiais para as instalações de triagem. Além disso, sistemas automatizados de triagem, equipados com sensores e esteiras transportadoras, são amplamente utilizados para separar os materiais recicláveis dos resíduos não recicláveis. A Engenharia Mecânica desempenha um papel crucial na concepção e manutenção desses equipamentos, garantindo sua eficiência e confiabilidade operacional (SOUZA, LIMA E VARELLA, 2021).
Após a triagem, os materiais recicláveis passam por uma série de processos de processamento e transformação, nos quais máquinas como trituradores, compactadores e prensas são empregadas para reduzir o volume e preparar os materiais para reutilização, garantindo que as máquinas operem com eficiência máxima e mínimo desperdício de energia. Em seguida, na fase de reciclagem e reutilização, máquinas como extrusoras, injetoras e prensas são utilizadas para transformar os materiais recicláveis em novos produtos, garantindo que elas atendam aos padrões de qualidade e segurança exigidos para os produtos finais (GOUVEIA e PRADO, 2010).
Para combater o descarte irregular de lixo, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (SEMULSP), disponibiliza 36 locais de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs). Esses PEVs estão espalhados pela cidade e recebem diversos tipos de materiais recicláveis, desde plástico até papel e vidro. Os cidadãos podem depositar seus resíduos nesses pontos, contribuindo para a reciclagem. Além dos PEVs, a coleta seletiva porta a porta também está presente em 12 bairros da cidade. Esses bairros têm rotas específicas para a coleta seletiva, e os cidadãos podem entrar em contato com a Prefeitura para obter informações detalhadas sobre os dias e horários de coleta. Alguns dos bairros atendidos, Como exemplificado na Figura 2.
Figura 2. Mapa dos bairros atendidos na cidade de Manaus.
3.3 Eficiência dos Processos de Triagem e Separação
Foi observado que em cada ponto de coleta são aplicados processos de triagem e separação de resíduos executados de maneira meticulosa e estratégica, visando à eficiência e à maximização da recuperação de materiais recicláveis e no descarte dos resíduos que não apresentam possibilidade de reuso. Os resíduos são coletados e transportados para instalações especializadas, onde passam por uma série de etapas de triagem e separação. O processo inicia-se com a descarga dos resíduos em uma esteira transportadora, onde são manualmente separados grandes objetos indesejados, como móveis e eletrodomésticos, que podem prejudicar os equipamentos de triagem. Posteriormente, os resíduos são encaminhados para uma esteira vibratória, onde são realizadas as primeiras etapas de separação por tamanho e densidade (AMAZONAS ATUAL, 2024).
Após a separação inicial, os resíduos são direcionados para máquinas de triagem automáticas, equipadas com sensores e tecnologia de visão computacional, capazes de identificar e separar materiais específicos, como plástico, papel, vidro e metal. Essas máquinas utilizam algoritmos complexos para reconhecer padrões e características dos materiais, permitindo uma separação precisa e eficiente. Além disso, os resíduos passam por um processo de lavagem e secagem, visando remover impurezas e contaminantes que possam comprometer a qualidade dos materiais recicláveis.
Outro processo importante que é realizado em Manaus é a separação manual, realizado por trabalhadores especializados conhecidos como catadores. Esses profissionais desempenham um papel crucial na identificação e separação de materiais recicláveis, garantindo uma maior eficiência e precisão no processo de triagem. Além disso, a presença dos catadores promove a inclusão social e econômica, oferecendo oportunidades de emprego e renda para comunidades marginalizadas. As Figuras 3, 4 e 5 apresentam respectivamente, o fluxo de etapas, Ponto de coleta e triagem dos materiais recicláveis.
Figura 3. Diagrama apresentando o fluxo das etapas.
Figura 4. Ponto de Coleta de Resíduos Sólidos em Manaus.
A eficiência desses processos de triagem e separação reside na combinação de tecnologia avançada e mão de obra qualificada. As máquinas automatizadas garantem uma separação rápida e precisa dos materiais, enquanto os catadores contribuem com seu conhecimento e habilidades para identificar materiais de difícil detecção pelos equipamentos. Além disso, a integração de sistemas de monitoramento e controle de qualidade permite um acompanhamento em tempo real do processo de triagem, identificando possíveis falhas e oportunidades de melhoria.
Figura 5. Esteira de Triagem na Reciclagem Urbana.
Em suma, os processos de triagem e separação de resíduos na reciclagem urbana de Manaus acontecem, numa escala abaixo do esperado, porém são eficientes devido à combinação de tecnologia avançada, mão de obra qualificada e práticas operacionais otimizadas. Esses processos garantem uma maior recuperação de materiais recicláveis, contribuindo para a redução do desperdício, a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da cidade.
3.4 Manutenção e Otimização de Equipamentos
Para a elaboração de um sistema de gestão onde se analisam e mitigam os erros recorrentes do processo de reciclagem urbana, devem ser levadas em consideração as características das fontes de geração, a quantidade e os tipos de resíduos gerados. A manutenção e otimização dos equipamentos utilizados no processo de reciclagem urbana são cruciais para assegurar a eficiência operacional e a sustentabilidade ambiental. Vários fatores devem ser considerados, conforme descrito na literatura, para desenvolver um sistema de gestão eficaz:
Características dos Resíduos e Peculiaridades Locais: É essencial considerar as características das fontes de geração de resíduos, bem como as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais. Esses fatores influenciam diretamente na escolha e no dimensionamento dos equipamentos (BERTICELLI, PANDOLFO e KORF, 2016). Dimensionamento dos Serviços de Coleta: O dimensionamento dos serviços de coleta de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) envolve a determinação do número de veículos necessários, bem como outros elementos do itinerário. Esse dimensionamento depende da composição dos resíduos, quantidade, custos operacionais, topografia da região e características das vias.
– Desgaste dos Equipamentos: Os equipamentos como esteiras transportadoras, trituradores, compactadores e caminhões de coleta seletiva sofrem desgaste natural devido ao uso contínuo e à natureza dos materiais processados. Esse desgaste pode afetar a eficiência e a confiabilidade dos equipamentos.
– Programa de Manutenção Preventiva: A implantação de um programa de manutenção preventiva é essencial para identificar e corrigir problemas antes que afetem a produtividade das operações. Isso inclui inspeções regulares, lubrificação adequada, substituição de peças desgastadas e calibração de equipamentos.
– Manutenção Corretiva Ágil: A manutenção corretiva deve ser realizada de forma rápida e eficiente sempre que ocorrerem falhas inesperadas nos equipamentos. Isso minimiza o tempo de inatividade e reduz os impactos na produtividade.
– Otimização Tecnológica: A modernização e atualização das tecnologias empregadas visam melhorar a eficiência e a capacidade de processamento das instalações. Isso pode incluir a substituição de equipamentos mais antigos por modelos mais eficientes e a integração de sistemas de automação e controle avançados.
– Gestão de Resíduos: A gestão adequada dos resíduos gerados durante o processo de reciclagem e transporte é crucial para garantir a sustentabilidade ambiental. Isso inclui a implantação de práticas de reciclagem e reutilização de materiais, além da gestão responsável de resíduos perigosos.
Esses fatores destacam a importância da manutenção e otimização dos equipamentos para garantir a eficiência operacional e a sustentabilidade ambiental da infraestrutura de reciclagem urbana e transporte de resíduos em Manaus. Em suma, a manutenção e otimização adequadas dos equipamentos são fundamentais para garantir a eficiência operacional e a sustentabilidade ambiental da infraestrutura de reciclagem urbana e transporte de resíduos em Manaus.
3.5 Desafios
Apesar dos esforços, apenas 2% de todo o lixo gerado em Manaus é reciclado (G1, 2021). Isso evidencia a necessidade de ampliar a infraestrutura de reciclagem e conscientizar a população sobre a importância da separação correta dos resíduos (Prefeitura de Manaus, 2021).
Como citado anteriormente, a infraestrutura de reciclagem em Manaus ainda é incipiente. A cidade ainda carece de pontos de coleta seletiva adequados e de uma rede eficiente para a separação e destinação correta dos materiais recicláveis. A falta de investimentos em centros de triagem e processamento limita a capacidade de reciclagem e dificulta a conscientização da população sobre a importância desse processo.
Tabela 1. Risco associados a suas causas e desafios.
| Desafio | Gravidade | Complexidade de Implantação | Nível de Risco | Causa |
| Baixa taxa de reciclagem | Alta | Média | Alto | Falta de conscientização da população |
| Infraestrutura incipiente | Alta | Alta | Alto | Falta de investimentos em centros de triagem e processamento |
| Falta de conscientização da população | Alta | Alta | Alto | Ausência de programas educacionais sobre reciclagem |
| Desafios socioeconômicos | Alta | Alta | Alto | Alta taxa de pobreza e falta de acessos a serviços básicos |
| Contaminação química nos rios | Alta | Alta | Alto | Presença de microplásticos, agrotóxicos, fármacos e metais pesados nos rios amazônicos. |
A baixa taxa de reciclagem está diretamente relacionada à falta de conscientização da população. Muitos cidadãos ainda não compreendem a relevância de separar os resíduos em suas casas e de utilizar os pontos de coleta seletiva. É essencial investir em programas educacionais que promovam a cultura da reciclagem, desde as escolas até os meios de comunicação. E o mais agravante é que a cidade enfrenta desafios socioeconômicos que afetam diretamente a reciclagem. A alta taxa de pobreza e a falta de acesso a serviços básicos dificultam a implantação de práticas sustentáveis. Muitos moradores não têm condições de adquirir produtos reciclados ou de participar ativamente da coleta seletiva.
E o fator mais preocupante, além dos desafios estruturais, é a contaminação química invisível em suas águas. A presença de microplásticos, agrotóxicos, fármacos e metais pesados nos rios amazônicos representa uma ameaça silenciosa à biodiversidade e à saúde humana. Esses contaminantes também afetam os materiais reciclados, tornando a reciclagem mais complexa e exigindo processos de tratamento mais rigorosos.
A infraestrutura de reciclagem em Manaus é um desafio multifacetado, mas também representa uma oportunidade para promover a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos. É fundamental que a sociedade, o poder público e as empresas continuem trabalhando juntos para fortalecer a reciclagem e garantir um futuro mais limpo e saudável para todos.
A implantação de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) em Manaus é uma estratégia essencial para aprimorar a reciclagem na cidade. No entanto, é importante considerar diferentes zonas, como a Zona Leste, que está fortemente envolvida na coleta de materiais recicláveis. Nesse contexto, a Prefeitura deve investir em logística e transporte eficientes para esses PEVs, garantindo que os materiais recicláveis sejam repassados de forma satisfatória a sucateiros e outras empresas recicladoras.
Além disso, a implantação de programas centralizados em bairros da cidade pode ser uma estratégia eficaz. Esses programas, semelhantes aos que funcionam em outros estados do país, podem ser iniciados pela prefeitura e, posteriormente, ser conduzidos por organizações não governamentais em parceria com a comunidade local. Essa abordagem descentralizada envolve os cidadãos de forma mais direta, promovendo a conscientização e a participação ativa na reciclagem.
Outra medida relevante é a criação de incentivos fiscais pelo Governo do Estado do Amazonas. Inspirado na Lei 13.803/2000 de Minas Gerais, que destina 25% do ICMS para prefeituras que investem em saúde, educação, meio ambiente e saneamento, Manaus poderia adotar uma abordagem semelhante. Em resumo, a integração de estratégias logísticas, programas descentralizados e incentivos fiscais é fundamental para enfrentar os desafios da reciclagem urbana em Manaus e construir uma cidade mais sustentável e consciente.
Por fim, a engenharia mecânica desempenha um papel crucial na busca por uma reciclagem urbana eficiente e sustentável em Manaus. Para enfrentar os desafios da gestão de resíduos sólidos, é fundamental que os equipamentos utilizados estejam atualizados e modernos. Trituradores, prensas hidráulicas, separadores magnéticos e sistemas de triagem óptica são exemplos de equipamentos essenciais, essas máquinas devem ser atualizadas com tecnologias modernas para maximizar a eficiência de processamento e minimizar o desperdício. Investir em tecnologias inovadoras e atualizar constantemente os sistemas mecânicos é um passo fundamental para construir um futuro mais limpo e consciente.
REFERÊNCIAS
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SOUZA, M.; LIMA, F. de P.& VARELLA, C. (2021). A conformação social do lixo e das tecnologias de triagem: o caso da transferência de Centrais Mecanizadas de Triagem em São Paulo. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana. 13. 10.1590/2175-3369.012.e20200073. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/348775566_A_conformacao_social_do_lixo_e_das_tecnologias_de_triagem_o_caso_da_transferencia_de_Centrais_Mecanizadas_de_Triagem_em_Sao_Paulo/citation/download. Acessado em: 25 de Março de 2024.
1Discente do Curso Superior de Engenharia Mecânica – Fundação Centro de Pesquisa e Inovação Tecnológica – FUCAPI, Manaus – AM. e-mail: joaovianna2015@gmail.com
2Docente do Curso Superior de Engenharia Bioprocessos – Fundação Centro de Pesquisa e Inovação Tecnológica – FUCAPI, Manaus – AM. Doutora em Química (PPGQ/UFAM). e-mail: siomararocha.quimica@gmail.com