ANALYSIS OF FECAL INCONTINENCE IN ELDERLY AND ITS MAJOR COMMITMENTS.
Amaral, Isabella Zicari.*; Brauns, Ivone da Silva Diniz **
* Acadêmica do curso de Fisioterapia – Universidade Veiga de Almeida
** Professora do curso de Fisioterapia – Universidade Veiga de Almeida
RESUMO: Este estudo tem como objetivo analisar a incidência da incontinência fecal em idosas e seus principais comprometimentos e procurar por possíveis tratamentos fisioterapêuticos. Para este propósito foi utilizado o questionário sócio demográfico e FIQL. Concluímos que a incontinência fecal não causa modificações na vida das mulheres entrevistadas.
Palavras – Chave: Incontinência fecal. Idosas.
Abstract : This study aims to analyze the incidence of fecal incontinence in older women and their main activities and look for possible physical therapy treatments. For this purpose we used the demographic questionnaire and FIQL. We conclude that fecal incontinence doesn’t cause changes in the lives of women interviewed.
Key words: Fecal incontinence. Elderly.
Introdução
Incontinência fecal (IF) é a incapacidade de manter o controle fisiológico do conteúdo intestinal em local e tempo socialmente adequados. Os sintomas podem variar do escape ocasional de flatos e perda involuntária de fezes (6, 12, 18, 21).
A real prevalência da incontinência fecal na população é de difícil determinação, pois estudos mostram alteração na qualidade de vida da mulher, devido ao comprometimento familiar, social e principalmente pessoal (6, 15, 18).
Na incontinência fecal podem ocorrer devido lesões ou traumas na região perineal durante o parto vaginal com esforço excessivo, distensão da musculatura, estiramento do nervo pudendo e episiotomia mal realizada, o que pode causar a secção do nervo (18,22).
A continência fecal é formada pela combinação de um esfíncter anal fechado, com sensibilidade anorretal, capacidade e tolerância de retenção adequada. O controle consciente é mantido enquanto a pressão do canal anal seja superior à pressão retal. Como todo músculo esquelético, o esfíncter externo e os elevadores do ânus têm tônus de repouso, sua eficiência muscular para contenção do conteúdo retal reside na dependência desses fatores (3, 4, 16, 21).
Os tratamentos vêm se constituindo como um importante meio terapêutico para varias alterações do mecanismo de continência anorretal, sendo usado como meios não-invasívos, o biofeedback, a cinesioterapia, mudança dietética, medicações para diminuir a motilidade intestinal e enema. Os tratamentos invasivos são a esfincteroplastia, colostomia (em casos graves), transposição muscular e um esfíncter artificial (1, 12).
Estudos demonstram que a incontinência fecal (IF) causa grande constrangimento para essas mulheres, podendo levar a depressão e afastamento de suas atividades de vida diárias, do convívio familiar e social. Nosso estudo, porém, não foi encontrada tal gravidade, pois elas se encontravam em uma fase inicial (12,26,28) .
Desse modo, o objetivo do estudo é analisar a incidência da incontinência fecal em idosas e seus principais comprometimentos.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada no ano de 2009, na Universidade Veiga de Almeida, na cidade do Rio de Janeiro, onde foram entrevistadas 30 mulheres acima de 65 anos, o método utilizado para a investigação foram dois questionários; o sócio-demográfico e o FIQL (Fecal Incontinente Quality of Life).
O questionário sócio-demográfico contém perguntas sobre escolaridade, profissão, condição econômica, problemas de saúde associado, histórico proctológico, ginecológico e urológico, sintomas da incontinência fecal, circunstância de perda, uso de proteção, se recebe ou não tratamento pra incontinência, hábitos intestinais, uso de medicamentos e se faz alguma atividade física.
O questionário FIQL (Fecal Incontinence Quality of Life), é composto por 29 questões que abordam os aspectos referentes à qualidade de vida. Os domínios do FIQL são: Estilo de vida, comportamento, depressão e constrangimento. Os resultados foram tratados no excel.
Resultados
Das 30 mulheres pesquisadas de acordo com o questionário sócio-demografico 14 (quatorze) possuem a incontinência.
A idade das entrevistadas foi entre 65 e 85 anos, fazem uso de proteção e nunca procuraram tratamento para tal comprometimento. E de acordo com o FIQL o comprometimento que a incontinência causa em suas vidas é sem gravidade, e a única preocupação delas foi em saber onde fica o banheiro.
Registro dos Problemas Associados
Em relação aos Problemas Associados: 100% tinham alterações visuais, 50% alterações auditivas, 21.42% doenças respiratórias, 28.57% dificuldade de locomoção, entre outros, mas que não estavam ligados à incontinência.
Registro do Histórico Proctológico
No Histórico Proctológico, foram achados casos de hemorróidas, constipação intestinal, fissura anal, retocele e síndrome do intestino irritável.
Registro de Histórico Ginecológico
Histórico Ginecológico encontra, um alto índice de partos vaginais, seguido por ambos (vaginal e cesárea), uso de fórceps, cesáreas e nenhum.
Registro de Hábitos Intestinais
Em Hábitos Intestinais os tópicos, Pastosas e Flatulências foram os que tiveram maior número de respostas, seguida por sólidas e variável com o mesmo valor.
Registro de Uso de Proteção
Em relação ao Uso de Proteção, 42.85% informaram que não fazem uso de proteção, seguido por absorvente pequeno (28.57%), absorvente grande (21.42%), fralda geriátrica (7.14%) e nenhuma faz uso de pano.
Discussão
A IF é reconhecida como um dos comprometimentos que mais atinge as idosas. Podendo levar à depressão, alterar o cotidiano dessas mulheres, a vida social e familiar (18,21,28).
O fato das entrevistadas não ter demonstrado comprometimentos graves em relação à incontinência, pode indicar que ainda se encontram num estágio inicial da IF, com a possibilidade de piorar com o passar dos anos. Por esse motivo é importante um diagnóstico mais preciso neste estágio, para seu encaminhamento ao tratamento especializado antes do agravamento (18).
Como no estudo de OLIVEIRA et. al. os resultados encontrados nos Problemas Associados, não estão diretamente ligados com a incontinência não apresentando comprometimento na qualidade de vida dessas mulheres. Além disso, nosso estudo demonstra que um número elevado de mulheres que fizeram partos vaginais com 14,28% com utilização de fórceps. Neste contexto, nossos achados também corroboram com os estudos de ZÁRATE et. al onde maioria das mulheres que estavam em centros de saúde e casas de repouso tinham IF e tiveram partos vaginais. Mas não houve informação de estar associado ou não à IF. Em outro estudo também não foi encontrada uma associação direta entre o parto e a incontinência (6, 18, 28).
A prevalência de IF mostra resultados conflitantes na literatura, com estimativas de que 62% de idosas sob cuidados familiares tem IF (18).
Em estudos nos EUA a IF se encontra entre as cinco primeiras patologias mais freqüentes nas casas de repouso. Já no Chile os estudos em centros de saúde e casas de repouso, foram relatados o aumento da prevalência da IF em mulheres que tiveram partos vaginais (28). Em nosso estudo não encontramos dados para essa comparação, pois não era o foco de nossa pesquisa.
A associação entre parto vaginal e o uso do fórceps com a IF é descrita na literatura, e deve-se a danos estruturais no esfíncter anal e/ou lesão no nervo pudendo durante o parto, devido ao tempo de latência (18). Nossos resultados demonstram que as mulheres têm grandes chances de ter IF por causa do parto vaginal com ou sem o uso do fórceps, principalmente se o parto for de longa duração, pois pode ocorrer compressão ou ate mesmo secção do nervo pudendo, já que ele é um dos responsáveis pelo controle evacuatório.
Embora existam relatos de que múltiplos partos se associem a danos cumulativos do nervo pudendo e a maior risco de IF, alguns estudos epidemiológicos não têm encontrado essa correlação (18).
Em nosso estudo foram encontradas mulheres que afirmaram ter em seus hábitos intestinais fezes líquidas (14,28%), sólidas (28,57) e flatulências (42,85%), já no estudo de ZÁRATE et. al foram encontradas mulheres em centros de saúde com 23,9% de flatulência, 2,6% líquidas e 1,5% sólidas, e em casas de repouso sobre a flatulência não foi avaliado, 22,6% líquidas e 45,3% sólidas (28).
A motivação para a realização deste artigo originou-se do baixo índice de investigação da incontinência fecal identificar seus possíveis problemas associados. O estudo é de corte transversal, multivarido, onde os resultados obtidos foram utilizados para avaliar a qualidade de vida dessas mulheres, possíveis comprometimentos e problemas associados à incontinência.
Conclusão
Nós concluímos que a incontinência fecal não causa modificações na vida das mulheres entrevistadas. Apresentam comprometimento sem gravidade com leve incontinência. Além disso, a população em geral deveria receber mais informações sobre este comprometimento e como ele pode ser tratado.
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1 comentário em “ANÁLISE DA INCONTINÊNCIA FECAL EM IDOSAS E SEUS PRINCIPAIS COMPROMETIMENTOS”
Comentários encerrados.
Só conheço casos de incontinência fecal apenas depois de usarem TRANQUILIZANTES, as fezes endurecem e há grande pressão no reto tendo que fazer muita força para evacuar, tanto em mulheres como em homens. Ex Bromazepan, Ocadil, Memantina, etc. São pessoas que eu conheço.