REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8368592
Assis de Freitas Tavares
Alex Ruan Silva Sousa
Giovanna Edwirges Caetano
Kathleen Beatriz Vieira Costa
RESUMO
Este projeto de pesquisa trata-se de um estudo ecológico, no qual foram recolhidos dados de diferentes regiões sobre a taxa incidência de anomalia ou defeitos congênitos em nascidos vivos no estado do Tocantins. Foram utilizados dados do DATASUS, onde a partir da ferramenta de pesquisa do TabNet, foi possível obter os dados necessários para a formulação do estudo. A partir dos dados obtidos, foi realizado o cálculo para mensuração da incidência dos casos de nascimentos com anomalias congênitas, os quais serão evidenciados através de tabelas.
Palavras-chave: Anomalia ou defeitos congênitos; Incidência; Nascidos vivos; Tocantins
1 INTRODUÇÃO
As etapas de desenvolvimento embrionário são classificadas por um método inventado por Streeter e completado por O’Rahilly com o nome de Carnegie, consiste em vinte e três etapas de desenvolvimento embrionário, onde as mesmas são organizadas por meio de características observadas externamente e internamente do embrião, tendo em vista que o uso apenas de características externas gera uma grande limitação (O’Rahilly et al., 2010) .
O período gestacional é dividido em nove meses onde durante esse período é recomendado pelo ministério da saúde, que a gestante realize o acompanhamento pré natal com início a partir da descoberta da gestação, realizando no mínimo um total de seis consultas, separadas pelo intervalo de tempo, de uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre (SAÚDE.GO/2019). Durante o pré-natal, é possível detectar precocemente anomalias congênitas, como malformações cardíacas, cranianas e do sistema nervoso central, além dei dentificar fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento de malformações fetais.
As anomalias congênitas são alterações morfológicas, estruturais ou funcionais que podem ser detectadas ainda durante a vida intrauterina ou após o nascimento (ANDRADE et al., 2017), podendo ser classificadas em quatro categorias principais: malformações, displasias, disrupções e deformações (LOPES et al., 2022). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, tais defeitos congênitas foram responsáveis por 7% das mortes de nascidos vivos, totalizando 303.000 casos durante o primeiro mês de vida (ANDRADE et al., 2017), sendo assim, é considerado a segunda maior causa de morbidade entre menores de cinco anos de acordo com o Ministério da Saúde.
Diversos estudos têm evidenciado que fatores ambientais e genéticos desempenham um papel crucial na ocorrência das anomalias durante o período gestacional. Estima-se que cerca de 7,6 milhões de crianças em todo o mundo nascem com pertubações no desenvolvimento devido a fatores genéticos. Diversos fatores etiológicos, tais como agentes ambientais, agentes infecciosos, fatores mecânicos e doenças maternas foram apontados como possíveis causas (TAYE et al., 2018). Além desses, existem outros fatores de risco já conhecidos, como a idade materna avançada, o tabagismo durante a gestação, doenças crônicas, diabetes materno e obesidade. Dentre os fatores ambientais,destacam- se os teratógenos, que são responsáveis por 2% a 10% dos casos de malformações congênitas. Esses agentes podem ser classificados em diferentes categorias, incluindo agentes químicos (como drogas lícitas, ilícitas e medicamentos), agentes biológicos (como assistência) e agentes físicos (como radiação ionizante e temperatura). É importante ressaltar que muitas vezes ocorre uma associação entre dois ou mais agentes teratogênicos, o que pode potencializar os efeitos negativos e aumentar o risco de más-formações. (ANDRADE et al., 2017).
No Brasil, as informações sobre nascimentos e outros desfechos relacionados à saúde são armazenados em sistemas gerenciados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Entre esses sistemas, destaca-se o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), criado em 1990 para coletar informações sobre as condições de nascimento dos recém-nascidos, bem como dados referentes à mãe, pré-natal e parto. A Declaração de Nascido Vivo (DNV) é um documento de preenchimento obrigatório que alimenta o SINASC. Além da função administrativa, o SINASC também é uma importante fonte de dados para pesquisas e monitoramento da saúde da população materno-infantil, permitindo o desenvolvimento de intervenções e políticas públicas voltadas à saúde da mulher e da criança (ELZO, J. et al., 2017).
O conhecimento acerca da prevalência das anomalias congênitas em determinada população desempenhando um papel fundamental no reconhecimento e compreensão dessas condições de saúde. No Estado do Tocantins, é de extrema importância realizar o diagnóstico e a notificação adequada das alterações congênitas, pois isso permite o acompanhamento e tratamento precoce dos recém-nascidos, esperançosamente para otimizar sua qualidade de vida e bem-estar. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi identificar a incidências de anomalias congênitas em recém-nascidos.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Qual a taxa de incidência de anomalias e defeitos congênitos em recém- nascidos no estado do Tocantins?
Quais fatores que podem estar contribuindo para o desenvolvimento dessas anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos?
1.2 HIPÓTESE
H0 – Fatores ambientais, como a exposição a agentes teratogênicos durante a gravidez, podem aumentar o risco de anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos no Estado do Tocantins.
H1 Fatores genéticos podem desempenhar um papel importante na ocorrência de anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos;
H2 – A falta de acesso a cuidados pré-natais de qualidade pode aumentar o risco de anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos.
1.3 JUSTIFICATIVA
As anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos são um problema de saúde pública significativo no Estado do Tocantins e em todo o mundo. Essas condições podem ter um impacto significativo na qualidade de vida do recém-nascido e de suas famílias, além de resultar em custos elevados para o sistema de saúde. Portanto, é importante identificar as causas e os fatores de risco para essas condições. Além disso, a análise dos dados sobre anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos no Estado do Tocantins podem fornecer taxas comparativas entre os anos de 2017 a 2021 sobre a incidência dessas anomalias.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Realizar uma análise dos dados de anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos no Estado do Tocantins, realizando um comparativo entre as taxas de 2017 a 2021.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Coletar e analisar os dados disponíveis sobre anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos no Estado do Tocantins.
3 METODOLOGIA
3.1 DESENHO DO ESTUDO
Esse artigo trata-se de um estudo ecológico, onde será realizado o cálculo para mensuração da incidência de anomalias congênitas entre os anos de 2017 a 2021 no estado do Tocantins.
3.2 LOCAL E PERÍODO DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA
Essa pesquisa foi desenvolvida no Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto com data de início em 08/02/2023 e sem período definido para término.
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
População nascida viva no estado do Tocantins referente aos anos de 2017- 2021.
3.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Indivíduos que nascidos e diagnosticados com anomalias congênitas nos anos de 2017- 2021.
3.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos dos dados os casos de diagnósticos tardios que excedem o intervalo de tempo estudado.
3.6 VARIÁVEIS
População nascida entre 2017-2021 no Tocantins; Incidência de comorbidades congênitas de 2017 a 2021.
3.7 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS, ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Os dados utilizados foram obtidos por meio da plataforma Datasus através da ferramenta de pesquisa do Tabnet disponibilizada na própria plataforma, disponível pela URL: Informações de Saúde (TABNET) – DATASUS (saude.gov.br).
Para obtenção dos dados para contabilização da quantidade de casos que ocorreram no intervalo de tempo de 2017 a 2021 foram utilizados os tópicos de acesso do TabNet Nascidos vivos disponível na URL: https://datasus.saude.gov.br/nascidos-vivos-desde-1994, logo após, foi selecionado a opção “Anomalia ou defeito congênito em Nascidos Vivos”.
Foram adicionados os seguintes filtros: Linha: ano de nascimento;
Coluna: detectada anomalia; Conteúdo: diagnóstico Menc.; Períodos Disponíveis: 2017-2021 e UF de nascimento- Tocantins. URL: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/Anomalias/anomabr.def
Após a coleta dos dados, foi realizado o cálculo para a mensuração da incidência em porcentagem de nascidos com anomalias congênitas no período de 2017-2021 no estado do Tocantins, tendo como base o número de nascidos vivos no estado em cada ano. O cálculo realizado se deu por meio da divisão do número de nascidos com alguma comorbidade nos respectivos anos, pelo o número de nascidos vivos total de cada ano, o resultado foi multiplicado por 100 para garantir o resultado em porcentagem, facilitando os critérios de comparação dos resultados.
4 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Esta pesquisa utiliza um delineamento observacional, descritivo e analítico para investigar a incidência de anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos no Estado do Tocantins.
5 RESULTADOS
A mensuração da incidência de anomalias e defeitos congênitos em recém-nascidos no Estado do Tocantins, no período de 2017 a 2021 (Tabela 01), proporcionou análise valiosa sobre a incidência.
Durante o intervalo de tempo estudado de 2017 a 2021, foram registrados cerca de 122.340 nascidos vivos, sendo desses 1.443 indivíduos portadores de anomalias congênitas (Tabela 01), representando assim 1,18% do total de nascimentos no período estudado.
Foi constatado que o ano de 2019 apresentou a maior incidência de recém-nascidos vivos com comorbidades no estado do Tocantins, representando 1,5% do total de nascimentos do período (Tabela 02).
A partir da análise dos cálculos realizados, constatamos uma redução na porcentagem de incidência de recém-nascidos vivos com comorbidades no período de 2017 a 2021, apresentando uma diferença de 0,18%. Esses resultados revelam uma diminuição nas taxas de ocorrência de recém-nascidos com comorbidades no estado do Tocantins ao longo do período estudado.
6 DISCUSSÃO
Durante o debate sobre os fatores que influenciam as malformações congênitas, foram destacados diversos aspectos. Diante disso, é notório que essas condições são influenciadas por uma combinação de fatores genéticos e ambientais.
Em primeiro plano, foi abordado sobre a hereditariedade. Neste viés, foi destacado que certos genes defeituosos ou mutações genéticas podem aumentar a fragilidade a malformações congênitas. No entanto, destaca-se que nem todas as malformações são exclusivamente causadas por fatores genéticos, e outros elementos ambientais desempenham um papel significativo.
Em segundo plano, os fatores ambientais foram abordados, como a exposição à substâncias químicas teratogênicas durante a gravidez, como medicamentos, álcool, tabagismo, drogas ilícitas, produtos químicos industriais e poluentes ambientais, foi identificada como um fator de risco. Além disso, a exposição a radiações ionizantes e infecções durante a gravidez também pode ter um impacto negativo no desenvolvimento fetal.
Diante do exposto, descacou-se a importância das intervenções preventivas. Através da educação sobre os riscos associados ao consumo de substâncias teratogênicas e acesso a cuidados pré-natais adequados, sendo assim, é possível reduzir a incidência de anomalias congênitas. Em suma, a discussão evidenciou a complexidade das malformações congênitas e a necessidade de abordar uma ampla gama de fatores para preveni-las.
7 CONCLUSÃO
A partir dos dados obtidos, foi constatada uma maior taxa de comorbidades congênitas no ano de 2019, representando 1,5% do total de nascimentos. Por outro lado, o ano de 2021 apresentou a menor taxa registrada, com apenas 0,97%, resultando em uma diferença de 0,53% entre o pico da taxa e o valor mais baixo registrado. Esses resultados indicam uma melhora e uma consequente redução no número de casos de anomalias congênitas relatadas no estado do Tocantins ao longo do período analisado.
8 ANEXOS
TABELA 01: ANOMALIA OU DEFEITO CONGÊNITO EM NASCIDOS VIVOS– SINASC
Diag Menc por Detectada Anomalia segundo Ano Nascimento
UF Nascimento: 17 Tocantins
Período: 2017-2021
Ano Nascimento | Detecta anomalia ou defeitos congênitos | Nascidos Vivos |
2017 | 286 | 24.935 |
2018 | 286 | 25.480 |
2019 | 369 | 24.449 |
2020 | 271 | 23.729 |
2021 | 231 | 23.747 |
TOTAL | 1.443 | 122.340 |
TABELA 02: PORCENTAGEM DE INCIDÊNCIA DE ANOMALIA OU
DEFEITO CONGÊNITO EM NASCIDOS VIVOS – SINASC
Ano Nascimento | % de Incidência |
2017 | 1,15% |
2018 | 1,22% |
2019 | 1,50% |
2020 | 1,14% |
2021 | 0,97% |
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Anomalias Congênitas. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/ptbr/assuntos/saude-de-a-a-z/a/anomalias-congenitas>. Acesso em: 19 maio. 2023.
HELDER MONTEIRO COSME; LAURA CAMARA LIMA; LENE GARCIA BARBOSA. PREVALÊNCIA DE ANOMALIAS CONGÊNITAS E FATORES ASSOCIADOS EM RECÉM-NASCIDOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 2010 A 2014. v. 35, n. 1, p. 33–38, 1 jan. 2017.
ESTER ROCHA LOPES; GIOVANA ROCHA GUIDA; ALVES, L. RETRATO DAS ANOMALIAS CONGÊNITAS NO ESTADO DO TOCANTINS. Facit Business and Technology Journal, v. 1, n. 35, 2022.
ELZO, J. et al. Prevalência e fatores associados às anomalias congênitas em recém-nascidos. Rev. bras. promoç. saúde (Impr.), p. 1–9, 2017.
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MOREIRA et al. Anomalias congênitas em nascidos vivos. Rev. bras. promoç. saúde (Impr.), p. 1–11, 2017.
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TAYE, M. et al. Factors associated with congenital anomalies in Addis Ababa and the Amhara Region, Ethiopia: a case-control study. BMC Pediatrics, v. 18, n. 1, 25 abr. 2018.