ANÁLISE DA EFICÁCIA DO TREINO DE MARCHA EM PACIENTES HEMIPARÉTICO QUE FORAM ACOMETIDOS PELO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ANALYSIS OF THE EFFECTIVENESS OF GAIT TRAINING IN HEMIPARETIC PATIENTS WHO WERE AFFECTED BY STROKE: BIBLIOGRAPHIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7378091


Gleiciane Pimentel da Silva¹
Cristiny dos Santos Corrêa¹
Brenda das Chagas Praia¹
Nathalia Gonçalves²


Resumo

Introdução: O acidente vascular cerebral, ocorre no momento em que os vasos sanguíneos que levam o sangue ao cérebro entopem ou se rompem, acarretando a uma paralisia da área cerebral que se manteve sem circulação sanguínea. Podem ocorrer dois tipos, que acontecem por razões diferentes: isquêmico e hemorrágico. Um sintoma comum em pacientes que são acometidos, é fraqueza muscular, que afeta a região cerebral do córtex periférico, tronco cerebral, regiões sub-corticais e proximais, os danos que ocorrem nessas áreas quando afetadas podem levar o paciente desenvolver hemiparesia, afetando diretamente na deambulação do mesmo. Objetivo: Analisar a eficácia do treino de marcha em pacientes hemiparético que foram acometidos pelo acidente vascular cerebral. Materiais e método: Revisão bibliográfica científica nacional e internacional, cujo objeto de análise é a produção científica veiculada em periódicos indexados nos bancos de dados, foram definidos como critério de inclusão: artigos publicados entre 2012 a 2022, como critérios de exclusão: artigos que não realizavam intervenção fisioterapêutica e revisão de literatura. Resultados: Os artigos selecionados foram casos clínicos e estudos randomizados. No qual, por intermédio disso, encontramos resultados com comprovações científicas acerca da eficácia do treino de marcha em pacientes hemiparético que foram acometidos pelo acidente cerebral vascular. Conclusão: Observou- se no estudo evidências científicas sobre a eficácia do treino de marcha, as técnicas apresentadas evidenciaram como o treino de marcha pode influenciar positivamente no equilíbrio, na qualidade dos passos e na melhora na qualidade dos membros inferiores, tornando- se de suma importância para o tratamento fisioterapêutico.

Palavras-chave: Acidente vascular cerebral; treino de marcha; hemiparesia; fisioterapia.

Abstract

Background: A stroke occurs when the blood vessels that carry blood to the brain become clogged or ruptured, resulting in paralysis of the brain area that has been left without blood circulation. Two types can occur, which happen for different reasons: ischemic and hemorrhagic. A common symptom in patients who are affected is muscle weakness, which affects the cerebral region of the peripheral cortex, brainstem, subcortical and proximal regions; the damage that occurs in these areas can lead the patient to develop hemiparesis, directly affecting their deambulation. Pourpose: To analyze the effectiveness of gait training in hemiparetic patients who were affected by stroke. Methods: National and international scientific literature review, whose object of analysis is the scientific production conveyed in journals indexed in databases, were defined as inclusion criteria: articles published between 2012 to 2022, as exclusion criteria: articles that did not perform physiotherapeutic intervention and literature review. Results: The selected articles were clinical cases and randomized studies. Through these, we found results with scientific evidence about the effectiveness of gait training in hemiparetic patients who were affected by stroke. Conclusion: In this study, we observed scientific evidence on the effectiveness of gait training. The techniques presented showed how gait training can positively influence the balance, the quality of steps and the improvement in the quality of the lower limbs, becoming of paramount importance for physiotherapeutic treatment.

Keywords: Stroke; gait training; hemiparesis.

INTRODUÇÃO 

O Ministério da saúde em 2022 destaca que o acidente vascular cerebral, ocorre no momento em que os vasos sanguíneos que levam o sangue ao cérebro entopem ou se rompem, acarretando a uma paralisia da área cerebral que se manteve sem circulação sanguínea. Podem ocorrer dois tipos de acidente vascular cerebral, que acontecem por razões diferentes: isquêmico e hemorrágico. 

O acidente vascular cerebral isquêmico tem sua origem quando um vaso sanguíneo é obstruído, o que constantemente acontece com a formação de uma placa aterosclerótica ou pela existência de um coágulo que vem de outra parte do corpo transportado pela circulação sanguínea, esses coágulos são conhecidos como trombos (SILVA; DE LIMA; CARDOSO, 2014).

 O hemorrágico é desenvolvido pela ruptura de um vaso sanguíneo, ou quando há aumento na pressão do vaso, fazendo com que ele se rompa. A hemorragia pode ser intracerebral ou subaracnóidea levando a falta de suprimento sanguíneo e como complicação gera o enfarto na área suprida pelo vaso. Com isso, as células morrem (PEREIRA, 2017).

A fisiopatologia do acidente vascular cerebral é complexa e envolve inúmeros episódios, como falha de energia, acidose, aumento da concentração de cálcio intracelular, perda de homeostase celular, toxicidade por radical livre, geração de produtos do ácido araquidônico, ativação de células gliais e infiltração de leucócitos (SILVA; DE LIMA; CARDOSO, 2014).

Seus sinais e sintomas clínicos podem se manifestar a partir de distúrbios neurológicos focais ou globais, que permanecem durante 24 horas ou mais, provocando alterações cognitivas e sensório-motoras que vão depender da extensão e área da lesão. As principais causas de risco do acidente vascular cerebral podem ser categorizadas em grupos de risco modificáveis: hipertensão arterial sistêmica, tabagismo, diabete, e o não modificável: idade, gênero, raça e o de risco potencial: sedentarismo, obesidade, alcoolismo (BARELLA, 2019). 

O Ministério da Saúde destaca que somente em 2017 foram registradas 101,1 mil mortes decorrentes da doença. Em pesquisas enviadas à Agência Brasil, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, salienta que, entre 1º de janeiro 2020 até o dia 16 de outubro, 78.649 pacientes com acidente vascular cerebral foram a óbito. Os números se distinguem pouco da soma do ano 2019, de 79.984 casos. Os grupos entre os quais mais se confirmaram óbitos foram homens com idade entre 70 e 79 anos e mulheres com idade entre 80 e 89 anos. Todos os dados que demonstram que a idade é um fator que influencia nas chances de se desenvolver o quadro (BOND, 2020). 

Aos sobreviventes dessa condição neurológica, como consequência, desenvolvem-se lesões que poderão ou não ser reversíveis. Um sintoma comum em pacientes que são acometidos pelo acidente vascular cerebral é fraqueza muscular, que afeta a região cerebral do córtex periférico, tronco cerebral, regiões sub – corticais e proximais, os danos que ocorrem nessas áreas quando afetadas podem levar o paciente desenvolver paresia, podendo afetar membros superiores e inferiores, assim também como a hemiparesia, afetando face, braços e pernas de um ou mesmo lado do corpo (PINHEIRO, 2012).

A característica da marcha hemiparética se baseia por modificações cinemáticas e cinéticas. Onde ocorre pela diminuição da velocidade de progressão, baixo comprimento de passos, aumento da base de suporte e maior duração da fase de apoio na perna não parética. Nota – se diminuição e dorsiflexão no balanço e menor amplitude de flexão-extensão de joelho e quadril. Por consequência dessa alteração cinemática relacionados aos déficits na capacidade gerar forçar de impulsão pelos flexores plantares, origina-se ineficiência para retirar o pé da superfície, levando a um padrão de “arrastar” o membro inferior parético durante o impulso (SIMÃO, 2014).

Indivíduos com hemiparesia comumente apresentam modificações nas variáveis biomecânicas da marcha, de modo geral, apresentam diminuição da velocidade e de cadência, fase de balanço prolongada, redução de amplitude de movimento, diminuição do equilíbrio e inabilidade para transferir o peso no membro parético. São descritas, ainda, dificuldades para modificar velocidade, direção, duração e intensidade da atividade muscular, resultando em movimento mal coordenado do membro parético (NASCIMENTO, 2012).

Segundo a localização anatômica e a gravidade da lesão encefálica, o padrão de marcha hemiparético pode variar, os fatores de mecanismos compensatórios desenvolvidos pelo indivíduo e outras disfunções clínicas podem afetar diretamente na deambulação desse paciente. Existem diversas alterações em uma marcha hemiparética, como na velocidade, tempo e comprimento dos passos simetria, problemas posturais, falta de equilíbrio e reação de proteção, modificações no tônus, ativação neural principalmente do lado parético. É caracterizado pela deficiência iniciação e na duração do passo e em determinar o quanto de força muscular será necessário para deambular, também é visto uma diminuição no balanceio alternado dos membros superiores (OTTOBONI, 2002).

A fisioterapia é de grande importância no processo de reabilitação neurológica, pois através da sua atuação podem-se prevenir contraturas, e deformidades, melhorar a propriocepção e, consequentemente, melhorar o equilíbrio estático e dinâmico; normalizar tônus em hemicorpo, diminuir analgesia e treinar atividades de vida diária e atividades funcionais, treinar marcha e reaprendizado motor. Para que se obtenha sucesso do tratamento fisioterapêutico é importante á definição de metas, em curto prazo (2 a 3 semanas) e longo prazo (mais de 3 semanas). O foco principal de um tratamento é produzir modificações significativas na qualidade da função do indivíduo, contribuindo a independência em termos de deambulação ou qualidade de vida diária retorno ao trabalho e atividades recreativas. Isso refletirá na melhora da qualidade de vida do paciente, proporcionando uma sensação de bemestar, tanto físico quanto psicossocial (GUIMARÃES, 2017).

As limitações em marcha são consideradas uma das principais incapacidades após acidente vascular cerebral, uma vez que a capacidade de deambular está diretamente relacionada à independência funcional é de extrema importância analisar as intervenções fisioterapêuticas e suas efetividades no treino de marcha (IGNAT, 2014).

O presente estudo tem como objetivo geral analisar a eficácia do treino de marcha em pacientes hemiparético que foram acometidos pelo acidente vascular cerebral. Com análise da melhora no equilíbrio e reeducação da marcha para reabilitação funcional do paciente. 

METODOLOGIA 

O presente trabalho consiste em revisão bibliográfica científica nacional e internacional, sobre o tema: Analise da eficácia do treino de marcha em pacientes hemiparético que foram acometidos pelo acidente vascular cerebral, cujo objeto de análise é a produção científica veiculada em periódicos indexados nos bancos de dados da Literatura Scientific Electronic Library (SCIELO), Biblioteca Virtual de Saúde – Literatura Latina Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Pub Med Central (PUBMED) a pesquisa dessa temática ocorreu no período de agosto de 2022 a setembro de 2022.

Foram definidos como critério para inclusão de artigos: publicação entre 2012 a 2022, artigos em Língua Portuguesa e inglesa, na qual o assunto principal dirigiu-se ao treino de marcha após o acidente vascular cerebral e artigos disponíveis na íntegra e indexada nas bases de dados SCIELO, BVS – LILACS, e PUBMED. 

Adotaram-se como critérios de exclusão: artigos que não realizavam intervenção fisioterapêutica e revisão de literatura.

Os descritores utilizados para a pesquisa foram “Acidente vascular cerebral”, “treino de marcha”, “hemiparesia”, “fisioterapia”, para língua inglesa “stroke” “gait training” e “hemiparesis”. Utilizou-se, para conjunção destes descritos nas bases de dados, “and” e “or”.

RESULTADOS

Figura 1 – Fluxograma de seleções de artigos da pesquisa.

Quadro 1 – Resultados dos estudos selecionados.

AUTOR/ANO TIPO DE ESTUDO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS 
AMY WRIGHT          (2020) Um ensaio  controlado randomizado Avaliar o efeito de um programa caseiro de treinamento de marcha assistida por robótica usando órtese AlterG Bionic Leg Estudo retrospectivo com 34 participantes na fase crônica da doença. Fisioterapia habitual mais (1) 10 semanas de treino de marcha assistida por robótica, usando aparelho por 30 minutos por dia. Foi eficaz para promover aumento na velocidade, resistência e aptidão para maiores distâncias de marcha e controle de tronco nos indivíduos.   
SUZANNE GUIMARÃES MACHADO (2020)  Estudo série de casos  Investigara eficácia de uma intervenção fisioterapêutica com o método de tarefas orientadas e com o treino de marcha para trás sobre a locomoção de pacientes hemiparéticos. A amostra constituiu em 4 participantes de idade variada entre  58 e 75. Apresentando acidente vascular cerebral tanto do tipo isquêmico como hemorrágico.   Observou-se melhora do equilíbrio e mobilidade, assim como da locomoção e da capacidade de modificação da marcha às atividades funcionais, isso pode ser observado especialmente no Time Up and Go (TUG). 
SARAH F TYSON (2018) Um ensaio controlado randomizado Comparar o efeito de dois projetos de órtese tornozelo-pé em pessoas com derrame. Um total de 139 sobreviventes de acidente vascular cerebral em comunidade com mobilidade limitada. Os dois tipos mais comumente usados de órtese do pé do tornozelo (à-perto e fora da prateleira) foram escolhidos. Apesar da órtese de sub medida se provar mais eficaz, não há uma diferença muito significativa entre as duas órteses, a órtese sub medida se mostrou mais segura, os pacientes relatam que não tinham medo de cair. 
ROCCO SALVATORE CALABRÓ (2018)   Um ensaio controlado randomizado Avaliar se o exoesqueleto vestível, poderia obter maior desempenho na marcha sobre solo em pacientes com hemiparesia.  20 pacientes foram submetidos a treino de marcha com exoesqueleto com sessão de 45 minutos, 5 vezes na semana. Enquanto o outro grupo treinava sobre o solo na mesma duraçãoO treino de marcha com exoesqueleto parece promissor na reabilitação de marcha em pacientes após acidente vascular cerebral.  
CATHIA ROSSANO        (2016)    Um ensaio  controlado randomizado Testar programa reabilitação marcha realidade aumentada. um de de usando O número planejado de participantes é de 30. A intervenção usa esteiras instrumentadas equipadas com projetores que exibem formas na superfície de caminhada. Treinamento de marcha guiado visualmente melhorou a velocidade de caminhada, o equilíbrio e o nível de atividade física.  
ÉDER KRÖEFF CARDOSO        (2016) Estudo quase experimental Quantificar as alterações e adaptações induzidas pelo treinamento da marcha com a utilização do dispositivo ortótico em pacientes hemiparéticos. Participaram doze (12) pacientes adultos com diagnóstico de acidente vascular cerebral que recebiam acompanhamento de fisioterapia em uma clínica. entre 6 a 24 meses, capacidade de andar sem uso de recursos auxiliares durante a fase de apoio médio na marcha. Os resultados do estudo sugerem uma mudança no padrão de marcha dos participantes depois da utilização do brace. 
ANNELI NILSSON         (2014) Um estudo de  segurança e viabilidade Investigar a segurança e a viabilidade do membro de assistência híbrido, o Hybrid Assistive Limb de exoesqueleto para treinamento intensivo de marcha. Os pacientes foram elegíveis até 7 semanas após o acidente vascular cerebral hemiparetico. Foram incluídos 8 participantes.O treinamento foi bem tolerado e não ocorreram eventos adversos graves.Todos os pacientes melhoraram sua capacidade de caminhada durante o período de treinamento. 
U DUNDAR (2014) Estudo comparativo Comparar a fisioterapia convencional com o treinamento robótico combinado e medir os efeitos na marcha, equilíbrio, em paciente com acidente vascular cerebral. Identificamos retrospectivamente 107 casos de novo acidente vascular cerebral. Eles foram alocados em 2 grupos.  Os resultados obtidos pós o tratamento mostram melhora em todos os paramentos em ambos o grupo. Porém, quando comparadas às alterações percentuais nos paramentos no momento da alta em relação aos valores do pré- tratamento. 
MARIA JOSÉ GOULÃO FERREIRA (2012) Um estudo retrospectivo Analisar os efeitos de um programa de intervenção com tarefas orientadas para o aumento da competência da marcha desenvolvido em classe e em circuito em indivíduos com acidente vascular cerebral, e que tenham frequentado duas vezes o programaO desenho do estudo compreende um grupo de indivíduos (34), que foram sujeitos a um programa específico de intervenção por duas vezes em períodos distintos, durante seis semanas.  Os resultados deste estudo evidenciaram o aumento significativo na velocidade, resistência e mobilidade da marcha, nos dois períodos de intervenção. 
JINHWA JUNG (2012) Estudo experimental. Investigar os efeitos do treinamento em esteira de realidade virtual na autoeficácia de equilíbrio. 21 pacientes com acidente vascular cerebral com histórico de queda foram alocados em 2 grupos: um grupo de treinamento de esteira de realidade virtual (grupo experimental, n=11) e grupo de controle (n = 10).  A autoeficácia de equilíbrio e equilíbrio foram significativament e maior no grupo experimental. Além disso, a autoeficácia do equilíbrio e do equilíbrio aumentou significativamente após 3 semanas em ambos os grupos em comparação com os valores basais. 

DISCUSSÃO

Os estudos incluídos nesta pesquisa sobre os treinos de marcha foram: O estudo de Wright (2021) a qual realizou um programa de treinamento de marcha assistida por robótica em casa usando órtese de perna biônica AlterG. Falando também sobre os benefícios do treino de marcha com robótica temos o U Dundar (2014) que trouxe comprovações de que a fisioterapia combinada (fisioterapia convencional + robô) traz uma influência positiva na vida dos pacientes que praticam esse treino. A outra autora selecionada utilizou em seu estudo, o método de tarefas orientadas com treino de marcha. (MACHADO, 2020). Para agregar na pesquisa, trouxemos o artigo de Ferreira (2012) que investigou os efeitos de um programa de tarefas orientas baseado na competência de marcha em indivíduos pós o acidente vascular cerebral. A Rossano (2016) em sua pesquisa realizou um programa de reabilitação de marcha usando realidade aumentada. Os autores Jung, Yu e Kang (2012), investigaram o efeito da realidade aumentada no equilíbrio em indivíduos após acidente vascular cerebral. O artigo de Cardoso (2016) traz um treinamento da marcha com a utilização do dispositivo ortótico.

Tyson ET. AL (2018) realizou o primeiro ensaio clínico randomizado comparando dois tipos de órteses: entre a órtese prateleira e a sob medida. O penúltimo estudo selecionado realizou um treinamento intensivo de marcha com exoesqueleto como parte regular de reabilitação. (NILSSON, 2014). O ultimo autor citado Calabrò ET AL (2018), em seu estudo avaliou se a utilização do exoesqueleto poderia trazer um melhor desempenho de marcha. 

O estudo realizado por Wright destacou a utilização do treino de marcha caseiro, com robótica e fisioterapia habitual. Em seu estudo todos os participantes foram diagnosticados com acidente vascular cerebral por neurologista especializado, os pacientes completaram uma avaliação de base e de acompanhamento de 10 a 22 semanas após a linha de base. Após finalizarem as avaliações os pacientes eram submetidos a um programa de 10 semanas de treino de marcha assistida por robótica em casa, incluindo fisioterapia semanal de cuidados habituais ou a um programa de 10 semanas de cuidados habituais com apenas a fisioterapia. O estudo demonstrou melhoria nos resultados funcionais clínicos nos pacientes, foram observadas melhoria na capacidade de caminhar, conforme determinado pelo teste de caminhada de seis minutos, índice dinâmico da marcha e equilíbrio para o grupo que fazia parte do treino de marcha assistido por robótica. A redução observada no comportamento sedentário é uma importante implicação positiva quando se considera o treino de marcha assistido por robótica é feito “em casa”. A diferença clínica é mínima para uma mudança no teste de caminhada dos seis minutos, comparada o esse estudo que demonstrou uma melhora maior no teste de caminhada de seis minutos entre a linha de base. A melhoria na capacidade de caminhar é uma das metas mais frequentes exigidas de reabilitação e tem estado diretamente relacionando com a melhora na qualidade de vida após a lesão. Um dos pontos positivos dessa pesquisa de Wright foi o sucesso da colocação de um sistema domiciliar de um treino de marcha, pois pode permitir ao profissional aumentem a intensidade e a duração total da atividade física em ambientes clínicos ou domiciliares, beneficiando positivamente os pacientes que foram acometidos pelo acidente vascular cerebral. 

U Dundar (2014) comprovou a eficácia dessa técnica em seu estudo trouxe comprovações de que a fisioterapia combinada (fisioterapia convencional + robô) é superior em relação ao uso de apenas terapia convencional. Os resultados obtidos após o tratamento mostram melhora em todos os paramentos em ambos o grupo. Porém, quando comparadas às alterações percentuais nos paramentos no momento da alta em relação aos valores do prétratamento, aumento na medida de independência funcional, categoria dos membros inferiores na escala de Brunnstrom e qualidade de vida medida pela escala Short Form 36, os resultados foram melhores com os participantes do grupo com terapia combinada.

Machado (2020) destacou-se terapia por tarefas orientadas e treino de marcha para trás na locomoção de pacientes. O resultado do seu estudo evidenciou melhora do equilíbrio e mobilidade, assim como da locomoção e da capacidade de modificação da marcha às atividades funcionais. Assim podemos observar que os resultados obtidos nesse estudo apresentaram melhoras de equilíbrio funcional, marcha e mobilidade durante a aplicação do protocolo, por ser o primeiro ensaio que investiga esse treino, o intuito é levar adiante esse estudo, para ser mais aprofundado e verificar a eficácia dos resultados. 

Para agregar na pesquisa, trouxemos o artigo de Ferreira (2012) que investigou os efeitos de um programa de tarefas orientas baseado na competência de marcha em indivíduos pós acidente vascular cerebral, em seu estudo foi utilizado varais tarefas funcionais, incluindo, treino de marcha, treino de equilíbrio, treino aeróbicos e treino de marcha com mudanças de local, direções e velocidade, através de uma prática repetitiva, melhorando assim a capacidade da marcha dos participantes. O autor afirma em sua pesquisa que o efeito de um programa de intervenção baseado em tarefas orientadas desenvolvido em classe e em circuito parece ser eficaz no aumento da competência da marcha em indivíduos com acidente vascular cerebral.

Rossano (2016) em seu estudo trouxe efeitos do treino de marcha com realidade aumenta em pacientes acometidos pelo acidente vascular cerebral. O presente estudo também incluiu pacientes com outros distúrbios neurológicos que necessitam de reabilitação da marcha. Treinamento de marcha guiado visualmente melhorou a velocidade de caminhada, o equilíbrio e o nível de atividade física. Os resultados baseiam-se na evolução dos pacientes que utilizaram as esteiras com a realidade aumentada no programa de treinamento, iniciava sempre com a esteira zebris, que tem como objetivo melhorar a velocidade da marcha, o comprimento dos passos e a simetria da marcha, o paciente só era liberado para segunda esteira se conseguisse alcançar os objetivos da primeira esteira, nesse caso estava opto a iniciar com a esteira C-Mill, que tem como objetivo a agilidade da marcha no treino, ou seja, adaptação à velocidade e evitar obstáculos. Além disso, a esteira instrumental tem capacidade de reconhecer a qualidade de dados da marcha, que se suma importância para as pesquisas adicionais na reabilitação neurológica.  

Para evidenciar a eficácia do treino de marcha com realidade aumentada analisamos também a pesquisa dos autores Jung, Yu e Kang (2012), que investigaram o efeito da realidade aumentada no equilíbrio em indivíduos após acidente vascular cerebral, como na autoeficácia do equilíbrio, obtendo melhorias em ambos os parâmetros avaliados. Os participantes receberam treino em esteira de realidade virtual utilizando um dispositivo aplicado na cabeça, assistiam ao programa de realidade virtual na tela e caminhavam na esteira, no qual havia simulação de um passeio pelo parque usando um arnês sem peso (Shuma DA-2000, Daean médico, Seul, Coreia) por segurança do paciente. Os resultados eram comparados pelo time up and go test e activities specific balance confidence. Houve melhoras em ambos os grupos após o treino, que foram significativamente maiores no equilíbrio da autoeficácia do Grupo com realidade virtual, comparada ao grupo controle.

Cardoso (2016), destaca-se as alterações e adaptações induzidas pelo treinamento da marcha com a utilização do dispositivo ortótico em pacientes hemiparéticos, participaram do estudo 12 pacientes com diagnostico de acidente vascular cerebral, que já eram acompanhados em uma alguma clínica de fisioterapia, que apresentavam hemiparesia, que eram capazes de andar sem auxilio, com o tempo de evolução entre 6 e 24 semanas. Foi desenvolvido o dispositivo ortótico com intuito de estimular as estruturas articulares, com um melhor alinhamento biomecânico durante a fase de apoio da marcha. O modelo apresenta quatro tiras de neoprene fixadas com velcro anteriormente acima e abaixo da patela, que se unem na região posterior, por meio de tecidos de neoprene de couro, possuindo também sobre a fossa poplítea, um balonete de borracha inflável também envolto em neoprene, sendo posicionado de forma a garantir maior pressão sobre esse local. Nos resultados, após dez sessões do treinamento obteve a distribuição mais adequada da pressão plantar para o retropé, podemos verificar melhora na propriocepção, alinhamento biomecânico do joelho durante a marcha. Esse treinamento contribuiu na evolução do paciente em relação a sua marcha, equilíbrio e ajuda na diminuição de pico, pois ele propôs melhor distribuição de apoio e tem uma ação nos músculos extensores e ele não restringe o movimento do joelho, mas por meio táteis e proprioceptivos há uma hiperextensão durante o apoio médio.

Um autor que também utilizou a técnica da órtese foi Tyson ET. AL (2018) o mesmo realizou o primeiro ensaio clínico randomizado comparando dois tipos de órteses: entre a órtese prateleira e a sob medida, com a participação de 139 pessoas, a órtese sob medida se mostrou mais eficaz na velocidade da caminhada. O autor trouxe para sua pesquisa os efeitos de curto prazo (6 semanas), longo de (12 semanas). Um ponto importante citado é que apesar da órtese de sub medida se provar mais eficaz, não há uma diferença muito significativa entre as duas órteses, a órtese sub medida se mostrou mais segura segundo relatado pelos participantes, pois os mesmos não tinham medo de cair. Nas comparações dos artigos, podemos ver o quanto a órtese atribui para melhorar o desempenho na deambulação funcional e no equilíbrio dinâmico, seu efeito se mostrou eficaz por prestar maior distribuição entre apoio, reduzir os riscos de quedas e aumentar a velocidade da marcha, já que uma das sequelas apresentadas é a redução da marcha.

O estudo de Nilsson (2014) realizou um sistema Hybrid Assistive Limb foi desenvolvido e introduzido em ensaios clínicos. O exoesqueleto fornece suporte de acordo com a condição do paciente por um algoritmo de controle e dispositivos de suporte. Todos os pacientes melhoraram sua capacidade de caminhada durante o período de treinamento. Não ocorreram acontecimentos adversos graves. Este estudo de sistema de Membros Assistivos Híbrido para treinamento intensivo de marcha logo após o acidente vascular cerebral, demostra que tal treinamento pode ser realizado também por pacientes hemiparético com a função da marcha gravemente prejudicada e que o sistema é seguro quando usado como parte do programa de reabilitação hospitalar para esses pacientes, realizados por fisioterapeutas experientes, pois todos os participantes incluídos começaram o treinamento de marcha mais cedo do que de outra forma, uma impressão clinica consistente de que esse treinamento permitiu aos pacientes alcançar distâncias de caminhada mais longas do que seria possível.

Calabrò ET AL (2018), em seu estudo avaliou se a utilização do exoesqueleto poderia trazer um melhor desempenho de marcha do que o treinamento convencional de marcha em solo em pacientes com hemiparesia. 20 pacientes realizaram treino de marcha com exoesqueleto com duração de 45 min por sessão, 5 vezes na semana, além da terapia de marcha em solo. Enquanto 20 pacientes realizavam o exoesqueleto na mesma duração. Todos os indivíduos foram avaliados quanto ao desempenho (teste de caminhada 10 min), ciclo de marcha, padrão de ativação dos músculos, conectividade frontoparietal efetiva, excitabilidade corticoespinhal, integração sensório motora de ambas as áreas motoras primárias, antes e após o treino de marcha. Os resultados confirmam dados anteriores sobre a importância do exoesqueleto como um tratamento adicional ao treinamento de marcha convencional para melhora das funções ambulatoriais em pacientes na fase crônica do acidente vascular cerebral.

Esta revisão bibliográfica tem como objetivo buscar evidências científicas sobre a eficácia do treino de marcha em pacientes hemiparéticos que foram acometidos pelo acidente vascular cerebral a partir dos artigos indexados na base de dados. Inúmeras técnicas de recuperação da marcha foram observadas no presente estudo e dentre elas treino com realidade aumentada, treino de marcha assistida por robótica, tarefas orientadas e com o treino de marcha e treinamento da marcha com a utilização do dispositivo ortótico e assistência híbrido de exoesqueleto para treinamento intensivo de marcha. Sendo 3 artigos de contribuição nacional, e 7 de contribuição internacional.

CONCLUSÃO 

Observou- se no estudo evidências científicas sobre a eficácia do treino de marcha em pacientes hemiparéticos que foram acometidos pelo acidente vascular cerebral. Esse derrame cerebral está entre as principais doenças crônicas não transmissíveis, sendo uma das maiores causas de incapacidade, principalmente por afetar a deambulação dos indivíduos acometidos, levando o paciente a desenvolver uma marcha hemiparética, que acarretam traumas não só físicos, mas de caráter emocional. Por essa razão, torna – se necessário frequentes realizações de estudos que possam analisar o potencial das variadas formas de tratamento fisioterapêutico. Em nosso estudo analisamos a eficácia das técnicas de treino de marcha, e evidenciamos como elas podem influenciar positivamente e ajudar esses indivíduos. As técnicas apresentadas no presente estudo evidenciaram como o treino de marcha pode influenciar no equilíbrio, na qualidade dos passos e na melhora da qualidade dos membros inferiores, tornando- se de suma importância para o tratamento fisioterapêutico, pois influência na recuperação promovendo melhor desempenho em sua parte motora. Esse estudo torna-se importante pois o acidente vascular cerebral afeta vários indivíduos pelo Brasil,  o número de pacientes que perdem sua funcionalidade está aumentando progressivamente, com base disso, faz-se necessário que a fisioterapia volte-se para a essa área pois enquanto não houver estudos eficientes que comprovem técnicas que ajudem esses indivíduos que foram acometidos pelo acidente vascular cerebral será cada vez mais difícil a sua reabilitação.

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¹Autor(a)
²Orientador(a)