ANÁLISE DA ASSISTENCIA À SAUDE DE CRIANÇAS E SUAS FAMILIAS NO PROCESSO MORTE/MORRER NA ONCOLOGIA PEDIÁTRICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ANALYSIS OF HEALTH CARE FOR CHILDREN AND THEIR FAMILIES IN THE DEATH/DYING PROCESS IN PEDIATRIC ONCOLOGY: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11488880


Isabela Maria Barbosa Souza¹; João Pedro Barbosa Souza²; Kharla Letticia de Castro Loiola Correia³; Ane Kassia de Carvalho Barbosa4; Ana Letícia de Aragão Oliveira Araripe5; Vanessa Cristina de Castro Aragão Oliveira6.


Resumo

Introdução: O câncer infantil é considerado uma doença rara, e seu tratamento é longo e traumático tanto para a criança como para os envolvidos no processo, sejam eles familiares ou profissionais de saúde. Objetivo: O presente estudo terá por objetivo compreender como os cuidados médicos contribuem para a qualidade de vida dos envolvidos no estágio final de vida na oncologia pediátrica. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura científica, para a estratégia de busca foram utilizados artigos contidos nas bases de dados PubMed da National Library of Medicine – BIREME, contendo os respectivos descritores: pediatria, cuidados médicos, cuidados paliativos na terminalidade da vida, a análise de dados foi aplicada ao estudo de conteúdo. Foram incluídos estudos referentes aos cuidados paliativos na oncologia infantil e o apoio aos familiares. Resultados: A amostra foi composta por 14 artigos, originando duas categorias: O impacto do cuidado paliativo da criança com câncer na dinâmica familiar e o cuidado multiprofissional, à família da criança com câncer. Conclusão: As pesquisas demonstraram a situação tanto a nível nacional quanto internacional dos cuidados paliativos destinados às crianças com câncer, bem como o impacto negativo na dinâmica familiar em todos os aspectos. Observa-se também, que quando não há possibilidade de remissão do quadro clínico, a conscientização da família, o aporte psicológico e psicossocial é primordial para passagem do processo morte/morrer e cuidados paliativos com dignidade e respeito até o último momento da vida.

Palavras-chaves: Saúde pediátrica, cuidados médicos, cuidados paliativos.

ABSTRACT

Introduction: Childhood cancer is considered a rare disease, and its treatment is long and traumatic for both the child and those involved in the process, be they family members or health professionals. Objective: The present study will aim to understand how medical care contributes to the quality of life of those involved in the final stage of life in pediatric oncology. Methodology: This is an integrative review of the scientific literature, for the search strategy articles contained in the PubMed databases of the National Library of Medicine – BIREME were used, containing the respective descriptors: pediatrics, medical care, palliative care in the terminality of life, data analysis was applied to the content study. studies relating to palliative care in childhood oncology and support for family members were included. Results: The sample consisted of 14 articles, originating two categories: The impact of palliative care for children with cancer on family dynamics and multidisciplinary care for the family of children with cancer. Conclusion: Research has demonstrated the situation both nationally and internationally of palliative care for children with cancer, as well as the negative impact on family dynamics in all aspects. It is also observed that when there is no possibility of remission of the clinical condition, family awareness, psychological and psychosocial support is essential for passing the death/dying process and palliative care with dignity and respect until the last moment of life.

Keywords: Pediatric health, medical care, palliative care.

1 INTRODUÇÃO

O câncer infantil é um conjunto de diferentes enfermidades caracterizadas pela multiplicação desordenada de células anormais, podendo surgir em diversas partes do corpo. No Brasil, assim como acontece em nações desenvolvidas, o câncer já é a principal causa de óbito, correspondendo a 8% do total, por doença, em crianças e adolescentes com idades entre 1 e 19 anos. Os tipos de tumores mais comuns durante a infância e adolescência são as leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas, além de outras formas como neuroblastoma, Wilms, retinoblastoma, germinativo, osteossarcoma e sarcomas. (INCA, 2023)

É imperioso ressaltar que existem circunstâncias e doenças como o câncer em que o paciente está mais vulnerável a questionamentos e vivências de prejuízo a sua espiritualidade. As neoplasias ou câncer se originam a partir da multiplicação desordena de Células no corpo humano. (SIQUEIRA et al., 2017)

Assim, buscar novas metas para proporcionar qualidade de vida no estágio final da vida desses pacientes é de grande relevância quando a medicina tradicional não conceder um tratamento eficaz para resolução de sua patologia. (FRANÇA et al., 2017)

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cuidado paliativo, trata-se da assistência médica ativa e abrangente oferecida à pessoa que enfrenta uma doença grave, progressiva e que coloca em risco a continuidade de sua vida. Destarte, em 1998, os cuidados paliativos pediátricos foram definidos como o suporte oferecido a crianças com doenças crônicas ou com risco de vida. Esses cuidados devem ser introduzidos desde o diagnóstico, sem depender do tratamento da doença principal. A equipe multiprofissional dos cuidados paliativos pediátricos proporciona assistência física, no controle de sintomas emocional, espiritual e social à criança, além de atender às necessidades da família. (INCA, 2023).

Neste estudo, busca-se compreender a vivencia dos pais de criança no processo morte e morrer, destacando as possíveis correlações com a assistência médica, e despertar interesse sobre o estudo a outros acadêmicos, principalmente aos que desejam prosseguir na carreira oncológica, contribuindo para a descoberta de novas hipóteses para melhorar a qualidade de vida da família da criança em fase terminal.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1 A oncologia infantil frente ao processo morte e morrer

O câncer em crianças e adolescentes é uma questão séria no Brasil. De acordo com informações mais recentes, são previstos aproximadamente 4.310 novos casos entre meninos e 4.150 entre meninas a cada ano no período de 2021 a 2023. Esses números preocupantes colocam o câncer infantojuvenil como principal causa de morte por doença nesse grupo, com um total de 2.554 óbitos registrados. Sendo, 1.423 mortes em meninos e 1.131 em meninas. (INCA, 2023)

Embora a ciência ainda não tenha descoberto exatamente o que causa o câncer ou como preveni-lo, muitos estudos estão em andamento para tentar responder a essas perguntas. Nesse cenário, detectar o câncer o mais cedo possível é fundamental, pois permite iniciar o tratamento mais rapidamente, o que pode melhorar muito o bem-estar dos pacientes, especialmente das crianças. Por isso, é essencial conscientizar a todos sobre a importância do diagnóstico precoce. (BRASL, 2023)

A criança apresenta mais anos de potencial de vida e por isso é tida como um ser sensível. A ideia de doença e morte na infância é algo que contradiz com a ordem natural dos acontecimentos e o luto devido à existência de uma doença maligna na criança ou adolescente pode ser experimentado mais intensamente, além de levar os pais a refletirem e questionarem o porquê daquela doença acontecer exatamente com seus filhos e em sua família. (MARROM et al., 2018)

Segundo o Instituto Oncoguia (2020), o câncer infantil não está relacionado ao estilo de vida da criança em questão, mas através de alterações no DNA das células, no começo da vida ou até mesmo antes do nascimento. No que diz respeito ao seu tratamento, acredita-se que com algumas exceções, o câncer infantil tende a responder melhor a tratamentos como a quimioterapia, pois o organismo da criança tende a receber melhor o tratamento quando se comparado com o adulto.

Assim sendo, França et al. (2016) relatam que o diagnóstico de câncer em pacientes pediátricos, repercute de maneira impactante no modo de viver das pessoas que o cercam, percebido por elas como uma experiência desagradável, causando alterações físicas e emocionais devido ao medo do desconhecido, dor, desfiguração, perda da autoestima, entre outras mudanças importantes em seu modo de viver.

2.2 Cuidados paliativos na clínica pediátrica: os cuidados em saúde as crianças com câncer e suas famílias

Conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (2022), os cuidados paliativos devem ser indicados para pacientes com doenças graves, progressivas e incuráveis desde o momento do diagnóstico. Há critérios bem definidos para essa recomendação, incluindo o diagnóstico inicial, a fase avançada da doença e a falta de opções curativas viáveis. O encaminhamento ideal para cuidados paliativos deve ocorrer enquanto o paciente ainda possui capacidade de autocuidado, com o objetivo de promover sua autonomia pelo maior tempo possível.

Segundo Gomes, Othero (2016) em Pediatria, os Cuidados Paliativos explicam-se como: Cuidado ativo e total prestado à criança no contexto do seu corpo, mente e espírito, bem como o suporte oferecido a toda a sua família, desde o início do diagnóstico da doença, aliviando o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, bem como oferecendo suporte familiar.

Para Medeiros et. al. (2020) a equipe multidisciplinar de saúde deve debater com o paciente e seus familiares sobre as decisões de cuidados paliativos, sempre respeitando a dignidade e autonomia do paciente, buscando formas de minimizar o sofrimento. Os cuidados paliativos devem ser conduzidos por princípios realistas em todas as atividades desenvolvidas durante o processo de assistência.

Diante ao diagnóstico de câncer infantil, os cuidados paliativos apresentam-se em virtude de algumas melhorias na qualidade de vida, visando um número reduzido de pacientes sob esse cuidado; possibilidade de sobrevivência; oferecendo assistência digna para a família, pois passam a sofrer o luto antecipado, uma vez que se envolvem com o cuidado do paciente, gera uma dificuldade na expressão de sentimentos, causando-lhes uma confusão mental, podendo sentir-se culpados, incapazes e fraquejados, os irmãos saudáveis distanciados desse processo, que pode acarretar uma vulnerabilidade psicológica em cuidar-se e manter-se no hospital por longo período de tempo; diminuindo doenças que afetam a fase de desenvolvimento físico, emocional e cognitivo, sendo necessário de forma humanizada garantir a continuidade do processo educativo. (IGLESIAS; ZOLLNER e CONSTANTINO, 2016)

Durante os cuidados paliativos, os cuidadores familiares são frequentemente confrontados com essas reações relacionadas ao luto antecipatório que quando identificada precocemente facilita o ajuste ao luto pós-morte. Portanto, é necessário encontrar métodos para identificar e medir o luto antecipatório em cuidadores familiares de pacientes com câncer que recebem assistência paliativa. (ALVARIZA et al., 2019).

A família e a criança, devem sentir-se amparadas e seguras frente a esse enfrentamento, e essa atenção diferenciada oferecida a eles, traz à tona suas necessidades, suas potencialidades e suas forças, contempla as prerrogativas das abordagens de cuidado com foco na família, que é vista como núcleo de cuidado à saúde de seus membros (SILVA et al., 2016).

E essencial que sentimentos de confiança e amizade, sejam instigados aos pacientes a fim de reduzir o estresse e a angústia desencadeados pela realidade da doença. Nesse aspecto, a equipe de médica tem o papel de estabelecer condutas a fim de minimizar o sofrimento da criança em fase final e de sua família, proporcionando todo o apoio necessário em todos os momentos que comportam a assistência paliativa (COGO et al, 2020).

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão da literatura, em torno da assistência à saúde de crianças e suas famílias no processo morte/morrer na oncologia pediátrica. O recorte temporal foi do ano de 2018 a 2023, e as buscas foram realizadas nos meses de agosto e setembro de 2023. Consultou-se por meio de descritores e palavras-chave as bases de dados PubMed da National Library of Medicine; BVS (Biblioteca Virtual da Saúde), coordenada pela BIREME e composta de bases de dados bibliográficas produzidas pela Rede BVS, como LILACS, além da base de dados Medline e outros tipos de fontes de informação. Foram utilizados os descritores em Ciências da Saúde (DECS): pediatria, cuidados médicos, cuidados paliativos na terminalidade da vida, com auxílio do conector booleano AND e OR. Como critérios de inclusão foram aproveitados estudos disponíveis em sua totalidade, publicados no idioma português, inglês e espanhol, relacionados à temática estudada. Foram excluídos da busca inicial capítulos de livros, resumos, textos incompletos, teses, dissertações, monografias, relatos técnicos e artigos incompletos. Os artigos foram selecionados por meio dos títulos, seguido da leitura dos resumos, os estudos resultantes foram lidos na íntegra para a escolha final. Os artigos selecionados foram caracterizados quanto ao ano, base de dados, autores, título do artigo, periódico, objetivos, método, principais resultados e conclusões que estão expostos em um quadro sinótico. Posteriormente, foi feita análise descritiva, subsidiando a construção de um texto consolidado, constituindo, assim, os resultados deste trabalho. O tipo de estudo realizado dispensa a avaliação ética por se tratar de revisão narrativa. A análise foi realizada por meio de categorias analíticas, para facilitar a ordenação e a sumarização de cada estudo. A apresentação foi exposta de forma descritiva, com indicação dos dados mais relevantes para o estudo e discutidos na literatura.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

AUTOR/ANO/BASETipo de estudoObjetivo principalMetodologiaPrincipais achados
COSTA; ALMEIDA, 2021
PUBMED
Estudo qualitativoidentificar necessidades a suprir no apoio prestado pelos profissionais de saúde e pela entidade Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) a pais que vivenciaram a morte de um filho em idade pediátrica por doença oncológica e delinear recomendações para a melhoria desse apoio.Estudo qualitativo baseado em entrevistas semiestruturadas a pais que perderam um filho em idade pediátrica por doença oncológica, acompanhados no Serviço de Oncologia Pediátrica (SOP) do CHUSJ.  Considera-se importante estudar mais aprofundadamente esta realidade a nível nacional, para melhor definir os pontos a reforçar no apoio prestado a quem perde um filho.

Na busca inicial realizada nas bases de dados, foram encontrados 312 artigos. Após uma seleção criteriosa, baseada na análise dos títulos e na leitura dos resumos, 12 estudos foram selecionados e lidos na íntegra, sendo esses utilizados para a construção dos resultados.

Os doze estudos estavam nas diferentes bases de dados e nas línguas portuguesas e inglesas. As publicações foram concentradas no ano de 2022 com abordagem qualitativa (58,31%); O nível de evidência predominante foi alto, composto por revisão sistemática  (33,32%) e series de casos (24,99%).

Tabela 1: Representação dos títulos

SILVA et al., 2021
PUBMED
Estudo descritivo-exploratórioCompreender a vivência de trabalho na recidiva do câncer pediátrico a partir da perspectiva dos profissionaisContou-se com a participação de dez profissionais de saúde que atuam em oncologia pediátrica, que responderam um roteiro de entrevista semiestruturado, cujo dados foram compreendidos por meio de análise lexical no software Iramuteq.A pediatria oncológica é uma área de atuação dolorosa e prazerosa, que carece de dispositivos de cuidado com a saúde mental de seus profissionais, para que estes possam estar bem e cuidar de seus pacientes com qualidade.
SLVA et al., 2019
PUBMED
Estudo descritivo-exploratórioCompreender as percepções da equipe interdisciplinar da Unidade de Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, sobre cuidados paliativos no contexto do câncer infantil.A amostra incluiu um representante de cada uma das 12 profissões que compõem a equipe interdisciplinar.A necessidade de criar espaços de discussões teóricas sobre morte e cuidados paliativos, bem como de encontros sistemáticos para abordar as percepções relacionadas ao cuidado desses pacientes.
PACHECO; GOLDIM, 2019
PUBMED
Estudo transversalIdentificar o significado e as intervenções de enfermeiros que atuam em oncologia pediátrica na promoção de morte digna da criança.Utilizaram-se como referencial teórico e metodológico o interacionismo simbólico e a pesquisa de narrativa.ampliar a compreensão do processo de cuidar e permite avançar na postulação de um quadro teórico que contemple a integração de saberes e ações que constituem uma assistência integral, transcendendo o atendimento de necessidades apenas clínicas e biológicas.
OKOLI et al., 2022
SCIELO
Pesquisa qualitativacaracterizar de que maneira os processos de hospitalização e tratamento são compreendidos pelos participantes diante da vivência de neoplasia infantil, considerando a etapa de desenvolvimento cognitivo e afetivo, de acordo com a perspectiva piagetianaFoi realizada uma pesquisa qualitativa no ambulatório de oncologia pediátrica em um hospital da Baixada Santista, com entrevistas semiestruturadas, provas piagetianas e desenhos-estórias com temaO efeito da perda dos cabelos também chama a atenção, pois todas as crianças abordaram essa questão em algum momento, durante a produção dos desenhos, das histórias ou nas conversas informais. Em relação às entrevistas com os responsáveis, destaca-se a importância do suporte ao cuidador, que lida com inúmeros desafios e mudanças.
LIMA et al., 2019
BIREME
Estudo qualitativo-descritivoCompreender o processo de comunicação de más notícias vivenciado por familiares de pacientes em cuidados paliativos exclusivos do centro de referência oncopediátrico de Fortaleza, Ceará, BrasilTrata-se de estudo qualitativo-descritivo baseado em entrevistas estruturadas com familiares de crianças e adolescentes em cuidados paliativos e norteado pela análise de conteúdo temático e categorial.A comunicação em cuidados paliativos é imprescindível no cotidiano da oncologia pediátrica e provoca sofrimentos que demandam assistência em saúde mental. Assim, a prática profissional necessita de constante aprimoramento de modo a qualificar os serviços.
CUNHA, 2019
BIREME
Estudo transversalAvaliar a ocorrência do Transtorno do Luto Prolongado (TLP) e da depressão em indivíduos cujos filhos faleceram em decorrência do câncer infanto-juvenil, bem como os fatores que se associam a esses desfechosPara a presente Tese foram avaliadas 93 pessoas (66 mulheres e 27 homens), e os dados da pesquisa originaram dois manuscritosOs sintomas depressivos ocorreram em 32,3% dos participantes e foram mais frequentes em pessoas que perderam outro familiar próximo após o falecimento do filho (56,3%)
SILVA et al., 2021
BIREME
Estudo descritivo, com abordagem qualitativaIdentificar o conhecimento dos profissionais médicis sobre cuidados paliativos em oncologia pediátrica e suas necessidades de cuidados no final da vida.Estudo descritivo, com abordagem qualitativa, realizado em um hospital federal do Rio de Janeiro especializado em oncologia. 29 profissionaisOs profissionais têm consciência da utilização do cuidado integral, centrado na família, voltado para o conforto e a morte digna. Destacaram a necessidade de apoio psicológico para a equipe médica, além da comunicação efetiva com a equipe multidisciplinar e realização de ações de capacitação profissional em cuidados paliativos pediátricos.
MACEDO et al., 2019
BIREME
Revisão IntegrativaIdentificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por profissionais médicos que atuam na oncologia pediátrica diante da morte do paciente.Revisão integrativa da literatura realizada nas fontes de informação: BVS, MEDLINE/Pubem e no Google Scholar, no período de 01 de abril a 03 de maio de 2017Estratégias de enfrentamento identificadas: apoio psicológico de outros profissionais e da instituição; capacitação institucional sobre a morte e o processo de morrer; troca de experiências entre profissionais; prática de esportes; religião e fé.
OLIVEIRA et al., 2022
SCIELO
Pesquisa qualitativaInvestigar o processo de comunicação do diagnóstico de câncer infantil, levando em consideração a posição da criança, o lugar dos pais, os efeitos do discurso médico e as possibilidades de intervenção do discurso do analistaTrata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, do tipo exploratória, com método psicanalítico.O discurso do psicanalista, estando advertido da impossibilidade de tudo dizer a respeito da verdade, consegue de antemão se desvencilhar desses imperativos e operar proporcionando um giro discursivo que produz como efeito a entrada em cena do saber singular do sujeito- -criança em detrimento de um saber universitário de ordem protocolar.
RABELO et al., 2022
SCIELO
Pesquisa psicanalistaCompreender o impacto da experiência de adoecimento em sobreviventes de câncer infantojuvenil e em seus familiares ao longo dos processos de transição inerentes à vidaUma pesquisa com método psicanalítico foi realizada em um hospital público, filantrópico e considerado referência em oncologia pediátrica.O processo de transição desses jovens deve ocorrer de forma gradativa ao longo do tratamento, por meio de medidas que reconheçam o efeito da passagem do tempo para os sujeitos, seus familiares e equipe de saúde, independentemente do fato de estarem doentes.
OKOLI et al., 2022     SCIELOPesquisa qualitativacaracterizar de que maneira os processos de hospitalização e tratamento são compreendidos pelos participantes diante da vivência de neoplasia infantil, considerando a etapa de desenvolvimento cognitivo e afetivo, de acordo com a perspectiva piagetianaFoi realizada uma pesquisa qualitativa no ambulatório de oncologia pediátrica em um hospital da Baixada Santista, com entrevistas semiestruturadas, provas piagetianas e desenhos-estórias com temaO efeito da perda dos cabelos também chama a atenção, pois todas as crianças abordaram essa questão em algum momento, durante a produção dos desenhos, das histórias ou nas conversas informais. Em relação às entrevistas com os responsáveis, destaca-se a importância do suporte ao cuidador, que lida com inúmeros desafios e mudanças.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se afirmar que os cuidados paliativos são vistos como o aprimoramento do cuidar do paciente que se encontra com uma doença que pode ameaçar a continuidade de sua vida, assim como o suporte a família. A medicina entende que o tratamento paliativo visa assegurar à dignidade a vida da criança, proporcionando a ela e seus familiares a garantia na qualidade no atendimento. Nessa perspectiva, uma prática bem aplicada de Cuidados Paliativos (CP) agrega valor ao serviço de saúde.

Ademais, as principais dificuldades apontadas na literatura para a disseminação de CP pediátricos e neonatais são: ausência de diálogo entre os profissionais da equipe de saúde, impedimento em opinar nas decisões de final de vida e despreparo para abordar situações especificas.  A objetividade preconizada pela ciência médica subtrai qualquer proximidade do agente com o sujeito adoecido, resultando na inexistência da relação médico-doente.

No contexto da pediatria, os cuidados paliativos realizados a criança devem atender as suas necessidades biopsicossociais, assegurando qualidade de vida, dignidade, preservação da autonomia e da morte digna.

Pode-se afirmar que os cuidados paliativos são vistos como o aprimoramento do cuidar do paciente que se encontra com uma doença que pode ameaçar a continuidade de sua vida, assim como o suporte a família. A medicina entende que o tratamento paliativo visa assegurar à dignidade a vida da criança, proporcionando a ela e seus familiares a garantia na qualidade no atendimento. Nessa perspectiva, uma prática bem aplicada de Cuidados Paliativos (CP) agrega valor ao serviço de saúde

A inserção da assistência medica dentro do processo morte/morrer será mostrado neste projeto como uma ferramenta de análise de como é a situação da assistência nos dias atuais e que vem solidificando a viabilidade dos cuidados durante o processo morte/morrer e na assistência as suas famílias, que servirá de material de apoio para novas pesquisas e novas abordagens visando a humanidade que permitirá ao profissional médico participar de assistência que presa por uma morte sem tanto sofrimento, sem intervenções consideradas fúteis ou inúteis e com a maior dignidade possível.

Em relação ao lidar com a morte, nossos resultados esperam analisar a dificuldade dos profissionais de saúde em lidar com a morte da criança, principalmente de uma criança maior, que já teve sua autonomia desenvolvida. De modo geral, os cuidados dentro do processo morte morrer representam cuidados totais e ativos prestados ao paciente cuja doença não responde mais aos tratamentos curativos e, quando o controle da dor e outros sintomas psicológicos, sociais e espirituais, tornam-se prioridade. Nesse sentido, analisaremos se toda assistência é concentrada em permitir que o paciente passe seus últimos dias de vida da maneira mais confortável possível.

Apesar da necessidade constante de melhorias na assistência e inovações sobre aspectos importantes que podem favorecer a implementação das ações de médicas e resultar em benefícios para essa terapêutica, a análise dos periódicos espera ser acolhida de forma positiva, mostrando que os cuidados médicos durante o processo morte/morrer da criança e assistência à sua família é indispensável dentro da equipe multidisciplinar e que sua assistência é de grande importância nesses cuidados.

Os resultados permitiram compreender que as condições causais do fenômeno apresentado destacam as múltiplas conexões estabelecidas para o cuidado ao paciente e sua família no processo dialógico da morte/morrer, revelarão ainda a complexidade do cuidado ao corpo sem vida, estão relacionadas a especificidades do cuidado ao paciente e familiares no processo de morte e morrer e demonstram que os profissionais médicos têm diferentes opiniões e comportamentos diante do processo de morte/morrer de um paciente na enfermaria, o que impacta no cuidado realizado

REFERÊNCIAS

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¹Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba – IESVAP e-mail: isabelamariabsz@gmail.com
²Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba – IESVAP e-mail: joaopbarbosasouza@gmail.com
³Preceptora do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba – IESVAP e-mail: kharlaloiola@live.com
4Enfermeira e-mail: ane.kassia@hotmail.com
5Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba – IESVAP e-mail: ana.araripe@iesvap.edu.br
6Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto de Educação Superior Vale do Parnaíba – IESVAP. Doutora em Saúde Pública (UNISAL-PY) e-mail: vanessa.aragao@iesvap.edu.br