ANALYSIS OF THE ACTION OF PERMANENT MAGNETS APPLIED IN THE LI4 (HEGU) AND LI15 (JIANYU) ACUPOINTS OF HEALTHY INDIVIDUALS SUBMITTED TO COLD INDUCED PAIN
Elizabeth Pereira de Mello Gois1, Ana Izabela Sobral de Oliveira Souza2, Maria das Graças Paiva3, Juliana Netto Maia3, Gisela Rocha de Siqueira3, Geisa Guimarães de Alencar2, Eduardo José Nepomuceno Montenegro3
1- Fisioterapeuta graduada – Universidade Federal de Pernambuco
2- Doutoranda em Neuropsiquiatria – Universidade Federal de Pernambuco
3- Docente Doutor do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco
Endereço correspondente: Professor Eduardo José Nepomuceno Montenegro, PhD
Rua: Quipapá 537, ap 101, Caxangá, CEP: 50800-080.
RESUMO
Objetivo: Esse estudo teve como objetivo verificar a influência da ação de ímãs permanentes na latência do limiar de dor e na intensidade da dor em indivíduos saudáveis. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo estudo-piloto, experimental, unicego com análise intragrupos e intergrupos. Trinta voluntários de ambos os sexos foram divididos em dois grupos: grupo imã (com aplicação de ímãs) e grupo controle (sem intervenção). A dor aguda foi induzida através da hipotermia e em seguida foram aplicados imãs permanentes nos acupontos IG4 e IG15 tanto ipsilateral quanto contralateral ao membro estimulado pela hipotermia. O estudo consistiu em três ciclos: hipotermia sem ímãs (Pré Tratamento), hipotermia com ímãs (Tratamento) e hipotermia pós ímãs (Pós Tratamento). Resultados: Os resultados não apresentaram diferença estatisticamente significante após a análise da latência do limiar de dor para ambos os grupos (grupo controle: p=0,37; grupo imã: p=0,36) o mesmo também se manteve para a avaliação da intensidade da dor (grupo controle: p=0,38; grupo imã: p=0,39). Conclusão: Aplicação de imãs permanentes com densidade de campo de 10mT (militesla) nos acupontos IG4 e IG15 por 20 minutos não interfere na latência do limiar da dor e na intensidade da dor, sendo necessários mais estudos na área.
Palavras Chave: Ímãs, Dor, Acupontos.
ABSTRACT
Aim: This study aimed to verify the influence of magnet action on pain threshold latency and pain intensity in healthy individuals. Methods: It is a pilot-study, experimental, unicego study with intra-group analysis and intergroups. Thirty volunteers of both sexes were divided into two groups: magnets group (with application of magnets) and control group (without intervention). Acute pain was induced through hypothermia and then permanent magnets were applied to the LI4 and LI15 acupoints both same side and opposite side to the limb stimulated by hypothermia. The study consisted of three cycles: hypothermia without magnets (Pretreatment), hypothermia with magnets (Treatment) and hypothermia after magnets (Post Treatment). Results: The results did not present a statistically significant difference after the analysis of pain threshold latency for both groups (control group: p = 0.37, magnets group: p = 0.36), it was also maintained for the evaluation of the intensity of pain (control group: p = 0.38, magnets group: p = 0.39). Conclusion: Application of permanent magnets in LI4 and LI15 acupoints for 20 minutes does not relieve pain or interfere with pain threshold latency neither pain intensity, requiring further studies in the area with parameter changes.
Keywords: Magnets, Pain, Acupoints.
INTRODUÇÃO
Na Fisioterapia, diversos recursos são utilizados para o manejo da dor, sendo essa conceituada pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões1. A dor é uma sensação subjetiva que envolve aspectos pessoais, influenciada por diversos fatores socioculturais, psíquicos e do meio ambiente. Dependendo da sua intensidade e frequência, pode gerar desconfortos físicos e psicológicos que dificultam a realização das atividades de vida diária².
As terapias ditas alternativas têm sido usadas há anos no mundo oriental, mas só recentemente o uso destas terapias aumentou significativamente nas culturas ocidentais3. Dentre estes recursos está o tratamento através dos imãs permanentes.
A Fisioterapia atua diretamente nos estudos dos campos da Eletrobiologia, Magnetobiologia e Bioeletromagnetismo. Dentro destes campos os estudos são direcionados para verificar quais podem atuar nos processos de cicatrização do tecido biológico, melhora da circulação periférica, neuromodulação e neuroplasticidade do sistema nervoso periférico e central, no alivio dos processos álgicos tanto agudos como crônicos, dentre outras ações4.
Os relatos sobre os efeitos da magnetoterapia variam desde o aumento na velocidade da cicatrização de feridas, até o estímulo no crescimento em prematuros5,6. Os ímãs têm sido utilizados para aliviar o estresse, combater infecções, prevenir convulsões e acelerar o tempo de cura de fraturas ósseas e feridas pós-operatórias7,8.
Este material com características bem peculiares vem sendo estudado desde o século VI a.C pelos gregos, particularmente Tales de Mileto. Mas, o primeiro pesquisador empírico a elevar o Status Quo deste material foi Franz Anton Mesmer. O mesmo afirmava que o magnetismo animal curava determinados transtornos, apesar dos estudos realizados pelo mesmo terem pouco controle científico9.
Mas, atualmente este interesse pela possível aplicação de campos magnéticos estáticos e variáveis interagindo com o tecido biológico tem aumentado e as pesquisas foram retomadas investigando diversas áreas, desde o processo de cicatrização até o tratamento de patologias crônicas. Há grande interesse de verificar como estes campos magnéticos podem ou não interferir na sensação álgica aguda evocada.
A acupuntura também é utilizada para o alívio da dor, tendo como característica a puntura de agulhas específicas de forma percutânea. Esta técnica apresenta diversas finalidades terapêuticas, dentre elas a cicatrização, a normalização da homeostasia e o alívio da dor. Porém, a introdução dessas agulhas trás desconforto em grande número de usuários, principalmente para crianças e idosos10, portanto sendo de interesse a pesquisa de outros meios que possa estimular os acupontos sem a necessidade do uso de agulhas.
Este estudo tem como finalidade promover o desencadeamento de um quadro de desconforto álgico agudo promovido pela hipotermia e verificar se os imãs permanentes podem interferir na latência do limiar de dor (tempo em que o indivíduo suporta a dor) e na intensidade da dor em voluntários saudáveis quando aplicados em acupontos.
METODOS
O desenho é do tipo estudo-piloto, experimental, unicego com análise intragrupos e intergrupos.
Foram recrutados trinta voluntários que foram sorteados em dois grupos com quinze voluntários cada, um grupo controle e um grupo imã. Os voluntários recrutados estavam compatíveis com os critérios de elegibilidade: não possuir nenhum conhecimento sobre o uso terapêutico dos imãs, se autodenominarem saudáveis e ter entre 18 a 25 anos de idade. Não fazer uso de medicamentos alopáticos, homeopáticos ou fitoterápicos com o intuito de tratar qualquer quadro álgico, não apresentar hipersensibilidade ao frio e no caso do gênero feminino, não estar em período de tensão pré-menstrual ou de fluxo catamenial. Todos os voluntários concordaram com o procedimento e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em Pesquisa em Seres Humanos CCS/UFPE sob o protocolo número CAAE 41656215.0.0000.5208.
No presente estudo, a dor aguda foi induzida através da hipotermia, que é um método de baixo custo, com risco mínimo de lesão tecidual e que não gera incômodo após o estímulo11.
O grupo imã foi submetido a ímãs permanentes com indução magnética de 10mT (miliTesla – medido pelo equipamento Trifield Natural EM Meter) nos acupontos IG4 (Hegu), que localiza-se no dorso da mão, radialmente, na porção média do segundo metacarpiano, entre o 1º e o 2º osso metacarpiano, sobre o músculo adutor do polegar12 e IG15 (Jianyu), com localização na porção anterior e média do músculo deltóide, na depressão ântero-inferior do acrômio13.
O acuponto IG4 apresenta efeito analgésico geral, principalmente em membros superiores, e o ponto IG15 também é utilizado para promover alívio da dor e reduzir a inflamação da articulação do ombro. Os acupontos escolhidos, quando estimulados com agulhas, são conhecidos por promoverem analgesia no membro superior.
O grupo controle foi constituído por voluntários submetidos a todo processo experimental, mas sem nenhuma aplicação física (elétrica, magnética, mecânica, etc) durante o processo.
Para isso, inicialmente o voluntário foi colocado sentado de forma confortável, com seu membro dominante em posição supina apoiado em uma maca acolchoada e foi solicitado que segurasse uma garrafa PET (Politereftalato de etileno) de um litro contendo água morna (37°C) durante cinco minutos. Este procedimento teve como finalidade equalizar a temperatura da mão de todos os voluntários. Após esse tempo, o pesquisador tirou a garrafa da mão do voluntário e colocou outra com o mesmo volume, dessa vez com água congelada (00C), ponto de fusão. O controle da temperatura foi mensurado através do termômetro de infravermelho MINIPA.
Após esse procedimento, quando o voluntário declarou a sensação de desconforto, foi solicitado ao mesmo que permanecesse segurando o recipiente por mais dez segundos. A latência de tempo no qual o indivíduo segurou o recipiente e o momento que referiu à sensação de desconforto é a medida da latência do limiar de desconforto álgico (medida em segundos). Passado esse tempo de dez segundos, o voluntário descreveu a intensidade da dor através de uma escala visual analógica (EVA) que apresenta valores de 0 a 10, onde 0 não refere desconforto nenhum e 10 refere o desconforto máximo suportável. Este procedimento teve um tempo de duração de dez minutos. Cinco minutos com a água morna e cinco minutos incluindo o tempo da estimulação da hipotermia e o intervalo de descanso para começar um novo ciclo de pré-tratamento. O pré-tratamento foi composto por dois ciclos de dez minutos cada, perfazendo vinte minutos.
No grupo imã, após esse primeiro ciclo de pré-tratamento o participante já começou o novo ciclo, o ciclo de tratamento, com os imãs acoplados nos acupontos IG4 e IG15 tanto ipsilateral como contralateral. No grupo com o imã, o pólo norte do imã foi colocado em cima dos acupontos citados. Este pólo foi identificado através de uma bússola. Nesta etapa o indivíduo passou pelos mesmos procedimentos da primeira fase (pré-tratamento) e efetuando as mesmas aferições. Este ciclo durou também 20 minutos. O grupo controle também passou por esse processo, porém sem aplicação dos ímãs.
Para avaliação do efeito da estimulação pós-intervenção, o voluntário passou por mais dois ciclos, sem a aplicação do ímã e durando 20 minutos, assim como anteriormente. Todo experimento durou sessenta minutos, método modificado de JOHNSON e TABASAM, 200314. Na metodologia de referência (JOHNSON e TABASAM, 200314) o participante é submetido à hipotermia através de um recipiente contendo gelo e um pouco de água com a temperatura a 0°C e não com a garrafa PET.
Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa Biostat 5.0. Para verificação da normalidade dos dados quantitativos da latência do limiar de dor foi utilizado o teste KS (Kolmogorov-Smirnov com correção de Lillefords). Após análise foi verificada que ocorreu distribuição não paramétrica nos grupos controle e experimental. Então para a estatística indutiva destes dados foi utilizado o teste de Friedman. Os dados dos grupos estão apresentados como mediana, soma dos postos e média dos postos (esta forma de apresentação é específica para testes não-paramétricos). O teste de Friedman também foi aplicado para análise da intensidade da dor. O teste de Mann-Whitney foi aplicado na comparação entre os grupos nos ciclos específicos. O nível de significância adotado neste estudo foi de p<0,05. Todas as etapas do projeto foram realizadas no Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco, no Laboratório de Eletrotermofototerapia (LETER).
RESULTADOS
Após a análise da latência do limiar de dor foi verificado que não ocorreu resultado significativo para a latência do limiar de dor para ambos os grupos. O grupo controle apresentou o valor de p= 0,37 e o grupo imã de p= 0,36. (Tabela 1)
Tabela 1. Dados obtidos da latência do limiar de dor nas fases de Pré-tratamento, Tratamento (com imã, s/t = sem tratamento; i = presença de imã) e Pós-tratamento dos voluntários submetidos ao grupo ímã e ao grupo controle (postos correspondentes à unidade de medida dos dados – segundos -seg).
. | Pré-tratamento | Tratamento | Pós-tratamento | P |
Grupo imã | ||||
Mediana (seg) | 43,50 (s/t) | 58 (i) | 56 (s/t) | |
Média dos postos | 1,34 (s/t) | 2,15 (i) | 2,30 (s/t) | p=0,36 |
Soma dos postos | 20,50 (s/t) | 24,50 (i) | 28 (s/t) | |
Grupo controle | ||||
Mediana (seg) | 42,80 (s/t) | 56 (s/t) | 54 (s/t) | |
Média dos postos | 1,32 (s/t) | 2,10 (s/t) | 2,37 (s/t) | p=0,37 |
Soma dos postos | 18,50 (s/t) | 26,10 (s/t) | 30 (s/t) |
A análise da intensidade da dor não apresentou resultado significativo tanto no grupo controle como no grupo imã. (Tabela 2)
Tabela 2. Dados obtidos da intensidade da dor (postos representativos a unidade mensurada – EVA) nas fases de Pré tratamento, Tratamento e Pós tratamento dos voluntários submetidos ao grupo ímã e controle (s/t, sem tratamento; i=imã).
Pré-tratamento | Tratamento | Pós-tratamento | P | |
---|---|---|---|---|
Grupo imã | ||||
Mediana (EVA) | 5,75 (s/t) | 5,3 (i) | 5,0 (s/t) | |
Média dos postos | 2,15 (s/t) | 2,12 (i) | 2,0 (s/t) | p=0,38 |
Soma dos postos | 34,50 (s/t) | 32 (i) | 27,50 (s/t) | |
Grupo Controle | ||||
Mediana (EVA) | 5,5 (s/t) | 5 (s/t) | 5,2 (s/t) | |
Média dos postos | 2,14 (s/t) | 2,19 (s/t) | 2,0 (s/t) | p=0,39 |
Soma dos postos | 32 (s/t) | 33,50 (s/t) | 26,50 (s/t) |
A comparação da latência do limiar de dor intergrupos dentro dos ciclos específicos não demonstrou resultado significativo (tabela 3).
Tabela 3. Dados da latência do limiar de dor (postos representativos a unidade mensurada – segundos -seg) nas fases de Pré tratamento, Tratamento e Pós tratamento dos voluntários submetidos ao grupo ímã e controle (s/t, sem tratamento; i= imã).
Pré-tratamento | Tratamento | Pós-tratamento | |
---|---|---|---|
Grupo imã | |||
Mediana (seg) | 43,50 (s/t) | 58 (i) | 56 (s/t) |
Média dos postos | 1,34 (s/t) | 2,15 (i) | 2,30 (s/t) |
Soma dos postos | 20,50 (s/t) | 24,50 (i) | 28 (s/t) |
Grupo Controle | |||
Mediana (seg) | 42,80 (s/t) | 56 (s/t) | 54 (s/t) |
Média dos postos | 1,32 (s/t) | 2,10 (s/t) | 2,37 (s/t) |
Soma dos postos | 18,50 (s/t) | 26,10 (s/t) | 30 (s/t) |
p* | 0,81 | 0,78 | 0,79 |
DISCUSSÃO
A análise da latência do limiar de dor e da intensidade da dor não mostrou resultado significativo tanto no grupo controle quanto no grupo imã. Na comparação entre os grupos no item latência do limiar de dor, levando em consideração os respectivos ciclos, foi verificado que também não ocorreu resultado significativo. A intensidade da dor não foi avaliada para comparação entre os grupos, pois este parâmetro é individual, não sendo indicada comparação entre indivíduos.
Estudos com modelos diferentes de indução de dor ou com este fenômeno promovido por uma condição clínica foram analisados após a aplicação de imãs permanentes 15,16,17.
Um estudo de 2011 apresentou resultados positivos com uso de campo magnético estático não homogêneo. Neste experimento os 15 participantes expuseram os dedos da mão dominante ao campo por 30 minutos. O campo usado tinha uma densidade de fluxo máxima de 330mT, com gradiente de 13,2T/m. O tratamento obteve resultado significativo para aumento do limir de dor. A dor induzida foi através de um mecanismo no qual elevou-se a temperatura dos dedos (35 – 55ºC)15. Verificando estes resultados com o nosso, podemos identificar que as densidades de fluxo dos campos magnéticos são diferentes, tendo uma variação trinta vezes maior e perdurando por um tempo mais longo. Além disso foi analisado o limiar de dor, que é definido como a intensidade mínima de um estímulo capaz de produzir a sensação de dor, enquanto no nosso foi medido a latência do limiar de dor (tabela 1), ou seja, quanto um indivíduo consegue suportar em termos de tempo um estímulo que o mesmo interpreta como dor. Biologicamente são fenômenos distintos.
Laszlo e Pivec16 submeteram 59 pacientes com odontalgia (dor de dente), a um campo magnético estático não-homogêneo com valor de dosimetria ao longo do eixo do imã, pico a pico de 192mT por 30 minutos. Após a exposição não foi observado resultados significativos em relação a percepção da dor nem no aumento do limiar de tolerância, bem como os resultados encontrados no presente estudo.
Kuipers et al17 avaliaram 15 voluntários após serem expostos por 1h a um colchão com 95 imãs de 0,06T. Verificaram que os efeitos dos campos magnéticos estáticos na percepção da dor e na função simpática foram inexistentes. Os parâmetros analisados foram a percepção da dor, a pressão arterial média e a frequência cardíaca, durante a exposição com imã e placebo e os resultados obtidos indicam, que a exposição aguda a campos magnéticos estáticos não altera a percepção da dor, como também não altera a função simpática nem a hemodinâmica.
Uma revisão de 2005, que incluiu 21 estudos, observou que em 6 estudos os resultados obtidos foram não significativos, em 9 obtiveram resultados significativos e em outros 6 os resultados foram significativos para os dois grupos, controle e experimento18. Os resultados foram conflitantes demonstrando metodologias variadas deste a intensidade do campo magnético, o tempo de exposição e a condição patológica envolvida.
Em uma revisão de 2007 foram analisados 29 estudos, conjuntamente com uma meta-análise, com objetivo de avaliar a evidência com ensaios controlados aleatórios utilizando ímãs estáticos para tratar a dor. A meta-análise incluiu apenas 9 dos 29 estudos, já que os artigos avaliados eram muito diferentes metodologicamente uns dos outros e as informações contidas nos artigos eram pouco elucidativas dificultando a reprodutibilidade e a comparação entre eles. Foi verificado uma direção ao efeito não positivo da terapia magnética para dor, já que a meta-análise não atingiu significância estatística. Apenas um dos nove estudos teve significância estatística na meta-análise. Este foi um estudo em pacientes com osteoartrite, levando os autores a sugerir que pode haver algum benefício possível para esta condição, mas sugerindo estudos com maior controle metodológico. Para todas as outras condições há falta de provas de benefício19, dentre elas estam dores no pé e calcanhar, neuropatia diabética periférica, dor pélvica crônica, sindrome do tunel do carpo e artrite reumatóide.
Uma revisão de 2013, incluindo 47 estudos com objetivo de avaliar criticamente a literatura com ímãs estáticos no tratamento da dor e desconforto álgico, observou-se que os resultados tornam-se sem evidências para demonstrar a eficácia do íma na redução da dor20.
Provavelmente a resposta biológica ao magnetismo é dependente da intensidade do campo magnético e do tempo de aplicação do mesmo.
O presente trabalho sugere que o ímã utilizando o pólo norte como ativo, com densidade de campo de 10mT, com um tempo de exposição de 20 minutos aplicado nos acupontos IG4 (Hegu) e IG15 (Jianyu) na dor provocada pela hipotermia não interfere na latência do limiar de dor e na itensidade da dor mensurada pela Escala Visual Analógica (EVA) em sujeitos saudáveis.
Uma das causas prováveis para a não significância dos resultados pode ser os parâmetros utilizados na pesquisa e o número de voluntários, sendo necessário realizar mais estudos com variações destes parâmetros, para que possa ser identificada a janela específica de ação biológica do imã.
REFERÊNCIAS
1. Merskey H, Bogduk N, (Eds.). Classification of chronic pain: descriptions of chronic pain syndromes and definitions of pain terms. Seattle, Wash: IASP Press. 1994, 2.ed.
2. Frutuoso JT, Cruz RM. Relato Verbal na Avaliação Psicológica da Dor. Avaliação Psicológica. 2008;3:107-114.
3. Astin AA, Why patients use alternative medicine; results of a national study. Journalofthe American Medical Association. 1998;279(19):1548-1553.
4. Alain YB, Recursos fisioterapêuticos: evidências que fundamentam a prática clínica. Barueri-SP,Manole. 2012, 2ªEdição.
5. Cody DK, Moran J.D, Case study: Use of biomagnetic therapy to encourage growth in preterm neonates. Journal of Neonatal Nursing. 1999;18(6):63-64.
6. Szor JK, Topp RT, Use of magnet therapy to heal an abdominal wound: A case study. Ostomy/Wound Management. 1998;44(5):24-29.
7. Lawrence R, Plowden J, Rosch P, Magnet therapy: The pain cure alternative. Roseville, CA: Prima Publishing. 1998.
8. Magnetic Field Therapy Available:http://health.yahoo.com/health/Alternativ…rnative_Therapies/Magnetic_Field_Therapy/August 24, 2000.
9. Paulo HFM, A ciência negada e os textos escondidos. Editora Lachâtre Bragança Paulista-SP. 2005, 1ª Edição.
10. Min HK, Yang CP, UKN, Acupuncture-stimulated activation of sensory neurons. Journal of acupuncture and Meridian studies. 2012;5:148-155.
11. Morimoto H, Younekura MY, Lieb RE, Conventional and acupuncture-like transcutaneous electrical nerve stimulation on cold-induced pain. Fisioterapia e Pesquisa. 2009;16:148-54.
12. Lian, Yu-Lin et al. Atlas Gráfico de acupuntura. Um manual ilustrado dos pontos de acupuntura. Alemanha, Könemann. 2005.
13. Canal do intestino grosso, http://oriental-center.blogspot.com.br/2012/05/Canal Intestino Grosso (dachang).
14. Johnson MI, Tabasam G, An Investigation into the analgesic effects of different frequencies of the amplitude-modulated wave of interferential current therapy on cold-induced pain in normal subjects. Arch Phys Med Rehabil. 2003;84:1387-1394.
15. Kivacs-Balint Z, Csatho A, Laszlo JF, et al. Exposure to an inhomogeneous static magnetic field increases thermal pain thresholdin healthy human volunteer, Bioelectromagnetics. 2011;32:131–139.
16. Laszlo J, Pivec N, Effect of inhomogeneous static magnetic field on dental pain in humans, Clinical J Pain. 2010;1(26):49–55.
17. Kuipers NT, Sauder CL, Ray CA, Influence of static magnetic fields on pain perception and sympathetic nerve activity in humans, Journal of Applied Physiology. 2007;102:1410–1415.
18. Eccles NK. A critical review of randomized controlled trials of static magnets for pain relief. J Altern Complement Med. 2005;11(3):495–509.
19. Pittler MH, Brown EM, Ernst E, Static magnets for reducing pain: systematic review and meta-analysis of randomized trials. JCanadian Medical Association. 2007;177(7):736–42.
20. Mundell WC, Static magnet therapy for pain relief: a critical review. OA Alternative Medicine. 2013;1(2):19.