COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN THE DIAGNOSTIC EFFECTIVENESS OF RADIOGRAPHY AND ULTRASOUND IN PATIENTS WITH PNEUMOTHORAX
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202408291855
Thiago Marques Brito1; Ana Paula Fernandes da Silva2; Fernando Luiz Silva Filho3; Áureo Pedro Silva de Andrade Filho4; Karla Enoska Misael Camino Furtado5; Fabíola Santana Soares Aragão6; Janayna Kelly Lima Pereira de Souza Couto7; Emanuelly de Barros Dias de Sá8; Mariana Brito Brandão Sampaio9; Renata Fernandes Fialho Cantarelli10; Pedro Cantarelli Primo de Carvalho11.
Resumo
INTRODUÇÃO: O pneumotórax é uma condição médica séria, causada pela presença de ar na cavidade pleural, que pode levar a complicações graves e até mesmo ser fatal se não for tratada rapidamente. A radiografia de tórax é o método tradicional de diagnóstico, porém possui limitações e, nesse contexto, a ultrassonografia tem se destacado como uma alternativa promissora para o diagnóstico do pneumotórax, tendo alta sensibilidade e especificidade em alguns contextos. OBJETIVOS: Este artigo tem como objetivo comparar a precisão diagnóstica da ultrassonografia e da radiografia de tórax no departamento de emergência. METODOLOGIA: Realizamos uma ampla pesquisa em diversos bancos de dados acadêmicos, utilizando vários Descritores em Ciências da Saúde. O objetivo foi comparar retrospectivamente a precisão de diagnóstico de pneumotórax entre radiografia e ultrassonografia realizadas por médicos não radiologistas em pacientes de emergência. RESULTADOS: Este estudo analisou a eficácia da radiografia torácica e ultrassonografia em diagnosticar pneumotórax. Foram incluídos 10 estudos, sendo que 9 deles utilizaram o paciente como unidade de análise, com 1170 pacientes, e 460 com pneumotórax traumático confirmado. 80% dos estudos apresentaram alto risco de viés na seleção dos pacientes. Houve heterogeneidade na sensibilidade da radiografia torácica, indicando influência do tamanho do pneumotórax, condições clínicas e técnicas de imagem. A ultrassonografia mostrou sensibilidade e especificidade superior à radiografia; entretanto, os resultados destacam a importância de considerar diferentes contextos clínicos na escolha da melhor modalidade de imagem para diagnosticar pneumotórax em emergências. CONCLUSÃO: A ultrassonografia torácica realizada por médicos não radiologistas é mais precisa no diagnóstico de pneumotórax em pacientes com trauma no pronto-socorro do que a radiografia de tórax. Os resultados destacam o potencial do ultrassom como uma ferramenta diagnóstica eficaz, integrando-se facilmente nos protocolos de atendimento ao trauma. Seu uso em programas de treinamento médico pode melhorar a rapidez e precisão no diagnóstico de condições críticas, como o pneumotórax. A utilização rotineira do ultrassom no manejo de traumas pode trazer mudanças positivas na prática clínica, oferecendo intervenções mais rápidas e seguras aos pacientes.
Palavras-chave: Pneumotórax, Ultrassonografia, Radiografia, Diagnóstico e Emergências.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Pneumothorax is a serious medical condition, caused by the presence of air in the pleural cavity, which can lead to serious complications and even be fatal if not treated quickly. Chest radiography is the traditional diagnostic method, but it has limitations, and in this context, ultrasound has stood out as a promising alternative for the diagnosis of pneumothorax, having high sensitivity and specificity in some contexts. OBJECTIVES: This article aims to compare the diagnostic accuracy of ultrasound and chest radiography in the emergency department. METHODOLOGY: We carried out a broad search in several academic databases, using several Health Sciences Descriptors. The objective was to retrospectively compare the diagnostic accuracy of pneumothorax between radiography and ultrasound performed by non-radiologists in emergency patients. RESULTS: This study analyzed the effectiveness of chest radiography and ultrasound in diagnosing pneumothorax. 10 studies were included, 9 of which used the patient as the unit of analysis, with 1170 patients, and 460 with confirmed traumatic pneumothorax. 80% of studies presented a high risk of bias in patient selection. There was heterogeneity in the sensitivity of chest radiography, indicating the influence of the size of the pneumothorax, clinical conditions, and imaging techniques. Ultrasonography showed greater sensitivity and specificity than radiography; however, the results highlight the importance of considering different clinical contexts when choosing the best imaging modality to diagnose pneumothorax in emergencies. CONCLUSION: Thoracic ultrasound performed by non-radiologists is more accurate in diagnosing pneumothorax in emergency room trauma patients than chest radiography. The results highlight the potential of ultrasound as an effective diagnostic tool, easily integrating into trauma care protocols. Its use in medical training programs can improve the speed and accuracy of diagnosing critical conditions such as pneumothorax. The routine use of ultrasound in trauma management can bring positive changes to clinical practice, offering faster and safer interventions to patients.
1 INTRODUÇÃO
O pneumotórax, definido pela presença de ar na cavidade pleural, constitui uma emergência médica que pode levar a complicações graves e, em casos extremos, ser fatal se não diagnosticado e tratado prontamente. Segundo Advanced Trauma Life Support (2018), nos departamentos de emergência, a detecção rápida e precisa dessa condição é imperativa, pois orienta decisões terapêuticas imediatas, como a necessidade de drenagem torácica ou intervenções mais invasivas, visto que as complicações podem incluir hipóxia, pneumotórax hipertensivo, insuficiência cardiopulmonar ou até mesmo a morte.
A escolha da modalidade de imagem mais adequada é, portanto, um componente crítico no manejo de pacientes com suspeita de pneumotórax. Tradicionalmente, a radiografia (RX) de tórax tem sido a modalidade padrão de diagnóstico para o pneumotórax devido à sua ampla disponibilidade, rapidez de execução e à familiaridade dos profissionais de saúde com a interpretação dessas imagens. Contudo, a radiografia, embora eficaz, apresenta limitações, especialmente em casos de pneumotórax de pequeno volume, onde a sensibilidade pode ser reduzida (ANDRADE, CAMPOS HADDAD, 2006). Além disso, o RX expõe os pacientes à radiação ionizante, um fator de risco que, embora seja considerado baixo em termos de exposição única, pode acumular-se com o tempo, especialmente em pacientes que necessitam de múltiplas imagens ao longo de seu tratamento.
Nesse contexto, a ultrassonografia (USG) tem ganhado destaque como uma alternativa diagnóstica promissora para a detecção do pneumotórax, principalmente devido à sua capacidade de fornecer diagnósticos rápidos à beira do leito, sem expor os pacientes à radiação. Alguns estudos sugeriram que a USG demonstrou alta sensibilidade e especificidade se comparada ao RX num cenário não traumático, como no pneumotórax iatrogênico pós-procedimento ou na unidade de terapia intensiva (Ebrahime, 2014; Shostak, 2013). Nesse sentido, este artigo visa comparar a precisão diagnóstica da USG de tórax e o RX de tórax no contexto do pneumotórax no departamento de emergência.
2 METODOLOGIA
Realizamos uma busca abrangente nos respectivos bancos de dados, desde o início do banco de dados até setembro de 2022: MEDLINE, PubMed, Embase, Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Central Register of Controlled Trials e Database of Abstracts of Reviews of Effects. Para realização da busca, utilizou-se os seguintes Descritores em Ciências Saúde (DeCS): Pneumotórax, Ultrassonografia, Radiografia, Diagnóstico e Emergências. Como critério de inclusão, elegemos estudos retrospectivos de precisão comparativa entre RX e USG realizados por médicos não radiologistas em pacientes com suspeita de pneumotórax no departamento de emergência, de modo a avaliar as vantagens e limitações de cada método diagnóstico.
3 RESULTADOS
Neste estudo, foram incluídos 10 estudos que avaliaram a eficácia diagnóstica da radiografia torácica e da ultrassonografia em pacientes com suspeita de pneumotórax. Desses, nove estudos, envolvendo um total de 1170 pacientes, dos quais 460 apresentavam pneumotórax traumático confirmado, utilizaram o paciente como a unidade de análise. Esses estudos foram considerados na análise primária dos resultados. O estudo restante adotou o campo pulmonar como unidade de análise, e seus dados foram incluídos em uma análise secundária.
Em relação à qualidade metodológica dos estudos incluídos, identificamos que todos apresentavam algum grau de risco de viés. Em um ou mais domínios avaliados, os estudos foram classificados como de alto risco ou com risco pouco claro de viés. Particularmente, 80% dos estudos foram considerados como tendo alto ou pouco claro risco de viés no domínio de seleção de pacientes. Essa classificação sugere que as populações dos estudos podem não ter sido completamente representativas, o que pode influenciar os resultados e a generalização dos achados.
Além disso, foi observada uma heterogeneidade substancial na sensibilidade da radiografia torácica entre os estudos incluídos. Essa variabilidade sugere que a eficácia do RX em detectar pneumotórax pode ser influenciada por fatores como o tamanho do pneumotórax, as condições clínicas dos pacientes e as variabilidades técnicas na realização e interpretação dos exames de imagem. Essa heterogeneidade entre os estudos destaca a necessidade de cautela na interpretação dos resultados e reforça a importância de considerar contextos clínicos específicos ao escolher a modalidade de imagem para diagnóstico de pneumotórax no ambiente de emergência.
Em relação à análise primária deste estudo, foram calculadas as medidas de sensibilidade e especificidade para a ultrassonografia torácica e a radiografia torácica na detecção de pneumotórax traumático. A sensibilidade para a USG foi de 0,91, com um intervalo de confiança (IC) de 95% variando de 0,85 a 0,94, enquanto a especificidade foi de 0,99 (IC de 95%: 0,97 a 1,00). Em contrapartida, o RX apresentou uma sensibilidade significativamente menor de 0,47 (IC de 95%: 0,31 a 0,63), embora tenha mantido uma especificidade alta e comparável à USG, de 1,00 (IC de 95%: 0,97 a 1,00).
4 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A precisão diagnóstica da ultrassonografia torácica realizada por médicos não radiologistas no diagnóstico do pneumotórax em pacientes com trauma atendidos nos departamentos de emergência demonstra-se consistentemente superior à da radiografia de tórax. Este achado é robusto, independentemente do tipo de trauma sofrido pelos pacientes e da experiência do operador que realiza a ultrassonografia.
Os resultados apresentados nesta revisão reforçam o potencial do USG como uma ferramenta diagnóstica altamente eficaz, capaz de ser integrada de forma ampla nos protocolos e algoritmos de atendimento ao trauma em ambientes de emergência. A incorporação do USG em programas de treinamento médico pode ser particularmente vantajosa, fornecendo aos médicos uma habilidade adicional que melhora a rapidez e a acurácia no diagnóstico de condições críticas como o pneumotórax, onde o tempo é um fator crucial.
Outro dado digno de nota demonstra que o uso rotineiro da USG no manejo de traumas pode trazer mudanças significativas e positivas na prática clínica. A portabilidade do ultrassom, sua capacidade de ser realizado à beira do leito e a ausência de radiação fazem dele uma opção atraente, especialmente em situações onde a rapidez e a segurança do paciente são prioritárias. Ao reduzir a dependência de radiografias, que podem ser menos sensíveis e demandar mais tempo para obtenção e interpretação, a USG permite intervenções mais rápidas e potencialmente melhora os desfechos clínicos em pacientes traumatizados. Em última análise, esses achados sugerem que a adoção ampla da USG pode transformar beneficamente o manejo do trauma, tornando-o mais eficiente e seguro, ao mesmo tempo em que otimiza os recursos disponíveis no ambiente de emergência.
REFERÊNCIAS
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support: student course manual. 10. ed. Chicago, Il: American College Of Surgeons, 2018.
ANDRADE FILHO, L. O.; CAMPOS, J. R. M. DE; HADDAD, R. Pneumotórax. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 32, p. S212-216, 1 ago. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/4CqV7Z3nGTDJ779S6bcTSTz/. Acesso em: 02 Ago 2024.
EBRAHIMI, A.; YOUSEFIFARD, M.; KAZEMI, H. M.; RASOULI, H. R.; ASADY, H.; JAFARI, A. M., et al. Precisão diagnóstica da ultrassonografia de tórax versus radiografia de tórax para identificação de pneumotórax: uma revisão sistemática e meta-análise. 2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25852759/. Acesso em: 20 Ago 2024.
SHOSTAK, E.; BRYLKA, D.; KREPP, J.; PUA, B.; SANDERS, A. Bedside sonography for detection of postprocedure pneumothorax. Journal of Ultrasound in Medicine, 2013. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.7863/ultra.32.6.1003. Acesso em: 02 Ago 2024.
¹Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: thiagomarquesb@hotmail.com
²Docente do Curso Superior de medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Campus Jaboatão dos Guararapes. Mestre em Patologia (PPGBAS/UFPE). Doutora em Patologia (LIKA/UFPE). e-mail: anap.fernandes@afya.com.br
³Bacharel em Medicina pela Faculdade Federal de Pernambuco Campus Recife e-mail: fernandolsilvaf@gmail.com
⁴Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: aureofh@gmail.com
⁵Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: enoska.karla@gmail.com
⁶Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: fabiolacauetcassinho@hotmail.com
⁷Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: janaynapereiracouto@gmail.com
⁸Discente do Curso Superior de medicina da Estácio IDOMED Campus Juazeiro do Norte e-mail: emanuellybarros.med@gmail.com
⁹Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: britosampaiobrandao@gmail.com
¹⁰Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: cantarelli.renata@gmail.com
¹¹Discente do Curso Superior de medicina da Faculdade de Ciências Médicas Afya Campus Jaboatão dos Guararapes e-mail: pedrocantarelli3@gmail.com