ANÁLISE COMPARATIVA DOS CASOS DE SÍFILIS CONGÊNITA NO ESTADO DO MARANHÃO: UM ESTUDO ANTES E DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 (2017-2021)

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10202303


Luana Da Silva Gomes1
Prof. Dr. Matheus Silva Alves2
Prof. Dr. Ermilton Júnio Pereira de Freitas3
Alana Cristina Da Silva Gomes4
Roseana Ferreira5


RESUMO

INTRODUÇÃO: Sífilis é uma doença conhecida por ser sexualmente transmissível de carácter sistêmico e evolução crônica, sujeita a períodos de latência e surtos de agudização que afeta homens e mulheres em todo o mundo, apesar de ter tratamento e cura corresponde a um problema sério de saúde pública, trazendo danos físicos e psicológicos a seus acometidos. Em gestantes, a sífilis congênita (SG) se encontra como uma das principais causas de morte fetal evitável em todo o mundo, trazendo à tona a precariedade na assistência ao pré-natal e a desamparo da saúde pública principalmente diante á endemias e pandemias.

OBJETIVO: Investigar e comparar a incidência de casos de sífilis congênita no estado do Maranhão antes e durante a pandemia da COVID-19.

MÉTODOS: O presente estudo foi realizado por meio de uma pesquisa quantitativa observacional dos casos positivos de pacientes com Sífilis congênita, através de análise de dados dos relatórios anuais emitidos pelo DATASUS no setor de endemias, sobre os diagnósticos de sífilis congênita referente aos municípios do maranhão, entre os anos de 2017 a 2021, analisando as variáveis: número de novos casos notificados, idade, sexo, sífilis materna, tratamento dentre outras.

RESULTADOS: Na análise em questão observou-se que durante o período de 2017 a 2019 houve um grande aumento dos casos, em torno de 97,5% sendo um total de 1.983 pacientes diagnosticados com Sífilis Congênita nos municípios do Maranhão. No entanto, durante os anos da pandemia (2020-2021), foram notificados apenas 717 novos casos representando uma redução gradativa de 64% das notificações. Em relação a predominância das variáveis entre sexo feminino e masculino se igualam, com um resultado de (50,17% e 49,83%) respectivamente, na faixa etária, a maior parte dos diagnósticos é realizado com até 6 dias de vida (95%), e na etnia, a predominância foi na cor parda com (90%) dos casos. Desta forma, ao se analisar as variáveis no estudo não se observou nenhuma tendência ou indução para o aumento ou diminuição dos casos, a não ser aqueles relacionados a medidas de intervenção a fim de garantir a conscientização e prevenção da doença na promoção da saúde.

CONCLUSÃO: Portanto o perfil dos pacientes com SC antes da pandemia é constituído por uma incidência igualmente proporcional entre os gêneros feminino e masculino de etnias da cor parda, que se manteve as mesmas características durante a pandemia. Desta forma, se mantendo com maior faixa etária de até 6 dias de vida nas notificações dos casos e com diagnósticos da sífilis materna durante o pré-natal com uma queda de 10% durante a pandemia, sendo que o não tratamento do parceiro que tinha um alto índice de 70% antes da pandemia, teve também uma diminuição de cerca de 10% durante a pandemia, e nas evoluções dos casos se manteve a variável de pacientes vivos com 98% nos dois períodos estudados.

Palavra-chave: Saúde Pública; Endemia; Epidemiologia; subnotificações.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Syphilis is a disease known to be sexually transmitted with a systemic nature and chronic evolution, subject to periods of latency and flare-ups that affect men and women all over the world, despite having treatment and cure it represents a serious health problem public, causing physical and psychological harm to those affected. In pregnant women, congenital syphilis is one of the main causes of preventable fetal death worldwide, highlighting the precariousness of prenatal care and the helplessness of public health, especially in the face of endemic diseases and pandemics.

OBJECTIVE: To investigate and compare the incidence of congenital syphilis cases in the state of Maranhão before and during the COVID-19 pandemic.

METHODS: The present study was carried out through quantitative observational research on positive cases of patients with congenital syphilis, through data analysis from annual reports issued by DATASUS in the endemic sector, on diagnoses of congenital syphilis referring to the municipalities of Maranhão, between the years 2017 and 2021, analyzing the variables: number of new cases reported, age, sex, maternal syphilis, treatment, among others.

RESULTS: In the analysis in question, it was observed that during the period from 2017 to 2019 there was a large increase in cases, around 97.5%, with a total of 1,983 patients diagnosed with Congenital Syphilis in the municipalities of Maranhão. However, during the pandemic years (2020-2021), only 717 new cases were reported, representing a gradual reduction of 64% in notifications. Regarding the predominance of variables between female and male genders, they are equal, with a result of (50.17% and 49.83%) respectively, in the age group, most diagnoses are carried out within 6 days of life (95%), and in ethnicity, the predominance was mixed race (90%) of the cases. Therefore, when analyzing the variables in the study, no trend or induction towards an increase or decrease in cases was observed, other than those related to intervention measures to ensure awareness and prevention of the disease in health promotion.

CONCLUSION: Therefore, the profile of patients with CS before the pandemic consists of an equally proportional incidence between females and males of brown ethnicities, which maintained the same characteristics during the pandemic. In this way, maintaining a greater age range of up to 6 days of life in case notifications and with diagnoses of maternal syphilis during prenatal care with a drop of 10% during the pandemic, with the non-treatment of the partner who had a a high rate of 70% before the pandemic, there was also a decrease of around 10% during the pandemic, and in the evolution of cases, the variable of patients alive remained at 98% in the two periods studied.

Keyword: Public Health; Endemic; Epidemiology; sub notifications.

1 INTRODUÇÃO

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível que apesar de ter tratamento e cura, corresponde juntamente com gonorreia e clamídia a uma média de milhares de novos casos por dia no mundo que acomete mulheres e homens (SOARES et al., 2021). É uma doença de caráter sistêmico e evolução crônica, sujeita a períodos de latência e surtos de agudização (GUIMARAES et al; 2018).

A transmissão ocorre por meio sexual, vertical e sanguínea sendo a sexual a forma de infecção mais predominante encontrada, tendo como agente causador a bactéria Treponema pallidum. Deste modo, as mulheres gestantes infectadas podem transmitir a doença para o feto, causando a sífilis congênita (SOARES et al., 2021). Sendo a doença uma das principais causas de morte fetal evitável em todo o mundo, evidenciando assim, a precariedade na assistência ao pré-natal (MALVEIRA et al., 2021).

No Brasil, a sífilis em gestante é doença de notificação compulsória desde 2005 (Portaria nº. 33/2005), sífilis congênita (SC) desde 1986 (Portaria nº. 542/1986) e sífilis adquirida desde 2010. A notificação é obrigatória quando há confirmação da doença para melhor acompanhamento dos casos (GUIMARAES et al., 2018). Deste modo, vigilância da sífilis na gestação e da sífilis congênita tem como objetivo identificar os casos para subsidiar ações de prevenção e controle, monitorar o perfil epidemiológico suas tendências, acompanhar e avaliar as ações para eliminação da SC (GUIMARAES et al; 2018).

Os testes sorológicos para sífilis consistem em testes treponêmicos e não treponêmicos. Estes têm sido o principal método para triagem, diagnóstico e monitoramento da atividade da doença (SATYAPUTRA et al., 2021).

Em adultos, a sífilis inicia uma infecção após infiltração local através do tecido subcutâneo para causar uma resposta imune local e estabelecer uma lesão ulcerativa inicialmente (HUSSAIN et al., 2022). No entanto, a SC difere da sífilis em adultos, pois o T. pallidum tem capacidade de atravessar a placenta, liberando-se diretamente na corrente sanguínea do feto causando espiroquetemia (AVELLEIRA JCR et al., 2006).

A análise de casos de SC revela que a maioria das mulheres com infecções, predominantemente assintomáticas, isso provocou atraso e inadequação do tratamento, resultando em prematuridade, baixo peso e natimorto sifilítico como desfechos adversos mais comumente observados (PEELING et al., 2017).

Ao nascer, a criança com sífilis congênita pode apresentar lesões bolhosas, ricas em treponemas, na palma das mãos, ao redor da boca, anormalidades de estrutura ou nas funções fisiológicas (STAFFORD IA et al., 2020).

O tratamento com penicilina em gestantes com sífilis é 98% eficaz na prevenção da sífilis congênita, utilizando-se teste não treponêmicos para avaliar o andamento do tratamento (AVELLEIRA JCR et al., 2006). Em lactentes não tratados, as manifestações clínicas geralmente aparecem aos três meses de idade e geralmente incluem: Hepatomegalia; Icterícia; Linfadenopatia generalizada; Erupção cutânea, contribuindo para o diagnóstico e consequentemente tratamento e notificação (HUSSAIN et al., 2022).

No ano de 2020, a pandemia da COVID-19 influenciou o comportamento habitual das doenças infectocontagiosas, incluindo a sífilis, com o período da quarentena no país, diminui a procura por diagnósticos e consequentemente o aumentando da subnotificação de doenças (FORMIGOSA et al., 2022).

Portanto, este estudo visa investigar e comparar a incidência de casos de sífilis congênita no estado do Maranhão antes e durante a pandemia da COVID-19 (2017-2021). Isso permitiria identificar possíveis mudanças nos padrões de incidência da doença durante esse período específico e avaliar o impacto da pandemia na detecção e tratamento da sífilis congênita.

2 MÉTODOS

O presente estudo visa realizar pesquisa descritiva com caráter quantitativo e qualitativo dos novos casos positivos notificados em pacientes com sífilis congênita no estado do Maranhão no período entre 2017 e 2021.

2.1 Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada através do levantamento dos casos novos de Sífilis Congênita notificados no SINAN no estado do Maranhão entre os anos de 2017-2021. Foi utilizado também, como auxílios artigos, revistas e periódicos que abordam estudos sobre o tema proposto, baseados pelas plataformas: Scielo, Pubmed e Google acadêmico para explicar as padrões encontrados.

2.2 Critérios de inclusão e exclusão

Os critérios de inclusão foram pacientes com diagnóstico positivo para Sífilis Congênita no Estado do Maranhão entre os anos de 2017 até 2021, considerando o Sexo, Raça, Sífilis Materna, Tratamento e Evolução. E como critérios de exclusão quantidades de casos em ign/branco.

2.3 Analise de dados

A Sífilis Congênita foi analisada com relação na comparação do respectivo mapa maranhense obtido para cada ano do período de estudo. Utilizou-se o valores absolutos e relativos (%) utilizando o software Excel 2010 como ferramenta descritiva para organização, análise e interpretação dos dados, como: tabelas, gráficos.

3  RESULTADOS

Neste estudo, observou-se que, durante o período de 2017 a 2019, foram notificados 1.983 novos casos de pacientes diagnosticados com Sífilis Congênita nos municípios do Maranhão. No entanto, durante os anos da pandemia (2020-2021), foram notificados apenas 717 novos casos, representando uma redução de 64% nos diagnósticos (Gráfico 01). Esses dados indicam um aumento nos casos de Sífilis Congênita entre os anos de 2017 e 2018, seguido por uma diminuição a partir de 2019 que se manteve nos anos subsequentes (Gráfico 01).

Gráfico 01. Números de casos novos notificados com Sífilis congênita no Estado do Maranhão nos anos de 2017 a 2021.

Fonte: Departamento de Informática do Sistema único de Saúde do Brasil – DATASUS.

Já em relação à quantidade de casos notificados com Sífilis congênita por microrregião (Gráfico 02), notou-se que o maior índice de casos se encontrou na capital São Luís com 910 casos confirmados seguidos dos municípios de Imperatriz (466), Caxias (394) e Balsas (112).

Gráfico 02. Número de novos casos de Sífilis congênita por microrregião do estado do Maranhão entre anos de 2017 e 2021. 

Fonte: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil – DATASUS, 2020.

O gráfico seguinte (Gráfico 03), retrata os casos de Sífilis em gestantes e os maiores números de notificação correspondem as microrregiões já relatadas no gráfico anterior (GRÁFICO 02), sendo São Luís a microrregião que mais se destaca com 2121 casos notificados seguido de Imperatriz (784); Pindaré (628); Caxias (519); Baixada Maranhense (439); Codó (273) e Balsas (269).

Gráfico 03. Número de novos casos de Sífilis em Gestantes por microrregião do estado do Maranhão entre anos de 2017 e 2021.

Fonte: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil – DATASUS, 2023

De acordo com a análise do perfil epidemiológico dos pacientes notificados observou-se que no período entre 2017 a 2021 foram notificados 2.700 novos casos confirmados de SC no Maranhão. De acordo com o DATASUS dentre os anos de 2017 a 2021 houve 27 óbitos por agravo da doença, o que equivale a 1%, e um total de 2.509 pacientes vivos, e se foi excluindo notificações em branco e óbitos por outra causa na análise.

DE ambos os sexos, masculino e feminino respetivamente 49,83% e 50,17%, de etnia parda (91,13%), com idade de até 6 dias (96,44%), com mãe que realizou o pré-natal (90,28%)e sendo diagnosticada no pré-Natal (64,29%) e sobreviventes em 98,03% dos casos. Já o perfil durante a pandemia predominantemente formado com crianças do sexo feminino (51,4%) de etnia parda (89,58%), com idade de até 6 dias (95,40%), com mãe que realizou o pré-natal (87,52%) e sendo diagnosticada no pré-Natal (54,06%) e sobreviventes em 98,08% dos casos (Tabela 01).

Tabela 01. Caracterização epidemiológica de pacientes notificados com Sífilis congênita no Estado do Maranhão entre os anos de 2017 e 2021.

Fonte: Departamento de Informática do Sistema Único do Brasil – DATASUS.

4 DISCUSSÃO

Esse estudo epidemiológico evidenciou que durante os anos de 2017 a 2019, ou seja, no primeiro ano do estudo houve um significativo aumento de casos. Entretanto, observou-se uma redução do número de casos nos anos seguintes de 2019 a 2021, que houve um declínio contínuo em números de casos de SC, que pode estar ligado com vários fatores dentre eles o aumento das subnotificações e o período de isolamento social provocado pela pandemia, promovendo assim, a diminuição da transmissão e notificação da SC (COSTA et al., 2022).

Desta forma, a presente análise de dados apontou um número alto de casos em diferentes municípios no estado do Maranhão. E apesar de ter sido exposto maior notificações de casos confirmados na Capital São Luís, observou-se o acontecimento de casos em outros municípios adjacentes, destacando assim, o crescimento da doença no estado durante os dois primeiros anos do período estudado. Desta forma, seguindo a linha de análises de crescimento da doença nos municípios com número menor de habitantes (LEAL et al., 2020).

Na tabela 01, não foi notado diferença em relação a gênero do sexo feminino ou masculino, está igualdade pode estar ligada ao fato que a infecção ocorra de forma vertical e não esteja ligada diretamente com fatores fisiológicos ou genéticos, embora durante a pandemia notou-se uma maior incidência no sexo feminino. Outro fator importante da SC é que o maior percentual de diagnóstico cerca de 93,44% e 95,40% antes e durante a pandemia respectivamente, estão associados a notificações até os primeiros 6 dias de vida, sendo assim se igualando ao estudo já realizado por GUERRA et al., (2017).

Por outro lado, ao se analisar a predominância em etnia, a cor parda aparece representando 91% e 89,58% dos casos, ou seja, 1697 e 602 notificações, seguida da raça branca com 6,45% e 6,70% dos casos respectivamente. No entanto, pesquisas não evidenciam risco diretamente ligado a cor ou etnia, e sim pelas condições culturais, sociais e pela falta de informação dentre a possibilidade de estar atribuída pelo fato que a população de cor parda se destaca mais por representar a maior parte da população brasileira (IBGE.,2021).

Sendo assim, no que se foi observado é que, em grande parte das variáveis não foi constatado grande diferença associada a mudanças em termos de porcentagens correlacionando o antes e durante a pandemia. Desta forma, a variável que apresentou uma maior alteração foi a relacionada ao o tratamento do parceiro tendo um alto índice de 70% a não realização do tratamento, com uma diminuição de cerca de 10% durante a pandemia, acarretando um ponto positivo já que o estudo mostra uma queda também no total de casos durante os últimos anos.

Dito isto, pode-se apresentar que a presente pesquisa apresentou semelhança aos resultados encontrados em estudos de LEAL et al., (2020) que identificou um aumento nas notificações em meados dos anos de 2017, entretanto o estudo do autor não apresenta amostras ou pesquisas nos anos subsequentes. De acordo com a prevalência dos casos evidenciou que alguns municípios continuaram registrando um número elevado de Sífilis gestacional e posteriormente a SC, apresentando a insistência de certas regiões para a incidência da SC, assim como o aparecimento de casos em outras áreas do estado.

Desta forma, essa permanência de casos referente a algumas microrregiões pode estar correlacionada a falta de acesso a serviços de saúde e a falta de informação, principalmente quando não se tem acesso a um tratamento eficaz por parte da saúde pública. Sendo assim, fazendo com que ocorra a evolução da sífilis gestacional durante a gravidez, esse fator se assemelha a pesquisas já realizadas no artigo de MAGALHÃES et al., (2013).

Nesse contexto, o que explicaria os fatores da transmissão e infecção seria    justificada pelo despreparo da população com a falta de informação e um tratamento errôneo. Deste modo, outros fatores de risco que contribuem para a prevalência da SC se encontram entre o relaxamento das medidas preventivas por parte das autoridades de saúde, falta de informações como o uso correto da camisinha, atividade sexual prematura e sobretudo a falta de assistência pré-natal adequada (RODRIGUES, et al, 2004).                    

Sendo assim, outro fator que foi observado na análise de dados, se encontra o percentual de tratamento com bons resultados em gestantes, na pesquisa se destacou a microrregião de Pindaré (89%) que dos casos de Sífilis gestacional recebeu o tratamento de forma eficaz, não ocorrendo assim o desenvolvimento da SC. Em seguida se observou regiões como Codó (65%); Balsa (59%); São Luís (57%); Imperatriz (41%). Desta forma apresentando porcentagens muito baixas quando se faz referência a assistência pré-natal no estado do Maranhão (CONCEIÇÃO et al., 2020).

Em relação a políticas de saúde propostas para o controle da SC, encontrasse o Plano Operacional para Redução da Transmissão Vertical da Sífilis publicado em 2007. No que se refere a atenção primária a saúde, o ministério da Saúde (MS) se voltou ao plano Estratégia Saúde da Família para promover proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnósticos e tratamento da doença. Em 2008, dados do MS apontavam mais de 29 mil equipes de saúde que trabalhavam para oferecer estratégia no intuito de aumentar a cobertura da população brasileira (ARAÚJO et al., 2012).

Desta forma, com essas medidas e ações básicas como o atendimento se buscava a melhoria de acompanhamento com o pré-natal e por consequência um melhor controle da transmissão vertical da sífilis, mas não se encontrou artigos ou estudos que fazem associação entre esses dois fatores (ARAÚJO et al., 2012). Assim sendo, se tem uma linha de pesquisa que pode ser proposta para se realizar mais estudos afim de correlacionar essas medidas.

Entretanto, é importante ressaltar que os planos de combates descritos a cima são antigos e seus estudos serviriam somente para ter uma base de como estar descrito o processo de melhora na qualidade da assistência à saúde. Tendo em vista, que atualmente com o uso da tecnologia como internet, tvs e aplicativos esse processo de passagem de informações ficou muito mais dinâmico e rápido, trazendo assim mais facilidade para criação de ações, combates e campanhas de conscientização (SOUSA et al., 2019).

Nessa circunstância, o que intriga o presente estudo é o fato de se ter amplas formas e meios de combate referente a doença em questão, e ainda sim se observar altas taxas de casos da SC no estado do Maranhão (SOUSA et al., 2019). Desta forma, se deduz que nas presentes microrregiões já citadas não está sendo ofertado práticas de ações de controle efetivo, a fim de precaver o aparecimento de novos casos e a ampliação para prevenção em outros munícipios.

A importância do presente estudo baseado no recolhimento de informações da SC se dá pelo alto percentual de ocorrências notificadas, sabe-se que no período da gestação o agente T. pallidum pode ultrapassar a barreira placentária, levando a contaminação fetal. Desta forma, gestantes que não são tratadas transmitem a infecção aos filhos antes do nascimento, causando sífilis congênita decorrente de um péssimo acompanhamento pré-natal (MANGIAVACCHI et al., 2022).

As medidas de controle da SC são preconizadas pelo Programa de Vigilância e Controle, e estão baseadas em campanhas de conscientização e utilização de preservativos, tratamento de mulheres infectadas e posteriormente se necessário dos bebês acometidos pela doença, nos casos das mães que não tiveram tratamento eficaz (DOMINGUES et al., 2021).

Com isso, viabiliza-se a necessidade de abranger políticas públicas mais eficientes na promoção em relação a atividade e saúde sexual, contribuindo para o tratamento por parte das gestantes e dos seus parceiros que diante dos estudos sempre apresentam mais resistência em relação a compreensão de doenças sexualmente transmissíveis. E por fim, se faz necessária a melhora dos repasses processamentos de informações, assim proporcionando ações preventivas e eficazes com programas de tratamento e controle do agravo, para o entendimento e ampliação de projetos para regiões mais desprovidas de atenção pública.

5 CONCLUSÃO

Portanto, podemos afirmar que houve menos casos notificados de sífilis congênita no Maranhão durante a pandemia. Isso pode ser explicado pelo estado de quarentena e isolamento. A cidade de São Luís apresentou o maior número de diagnósticos. Em relação ao perfil epidemiológico, houve mudanças apenas em relação ao sexo. Antes da pandemia, a doença foi diagnosticada de forma semelhante em ambos os sexos. Já durante a pandemia, houve uma maior incidência no sexo feminino. As demais características mantiveram-se semelhantes, sendo caracterizado o perfil como crianças pardas, com idade de até 6 dias, com mãe que realizou o pré-natal e sendo diagnosticada no pré-natal e as crianças sobreviventes.

Deste modo, as medidas de intervenção são relevantes, com foco nessas condições estudadas, a fim de definir áreas para maior atuação e garantir a prevenção da doença e promoção da saúde. É importante desenvolver diagnóstico e tratamento de forma imediata nesses casos para prevenir futuras sequelas em recém-nascidos.

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1Acadêmica do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA

2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA e UEMASUL

3Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA

4Acadêmica do Curso de Biomedicina, Faculdade FLORENCE

5Acadêmica do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA