REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11198735
FERNANDA LAVARDA SCHEINPFLUG
PEDRO HENRIQUE TAVARES FOGAÇA
CAIO PRAZERES NAU
VINICIUS OTÁVIO KNAACK
PEDRO HENRIQUE HISTER WERLE
PEDRO HENRIQUE GRAEFF MACHADO
ROBERTO BÜCKER
BIANCA GUAZINA DALLA COSTA
GIULIA GRAEFF MACHADO
FERNANDA PATRICIA RENZ
JONI WINKELMANN LÜTTIOHANN
OTÁVIO LEITE PENDEZA
LUIZA DRUZIAN BORTOLAZZO
JUAN LORENZO SOCCAL SOUZA
THALES PAVÃO CARDOSO
1.Introdução
A Inexistência de uma comparação oficial e eficiente de dados sobre determinados indicadores de saúde nas diversas macrorregiões do sul do Brasil representa um desafio significativo para a formulação de estratégias eficazes de intervenção e melhoria da saúde pública. Diante disso, em um contexto de crescente demanda por serviços de saúde, compreender as disparidades regionais e identificar as áreas mais vulneráveis torna-se crucial. No entanto, nota-se a falta do contraponto estatístico de indicadores-chave, como prevalência de doenças crônicas, taxa de mortalidade infantil e acesso a serviços de saúde, dificulta a avaliação precisa das necessidades de cada região. Assim, é essencial desenvolver métodos de análise comparativa que permitam uma compreensão abrangente da situação de saúde em cada macrorregião, visando direcionar políticas e intervenções de forma eficaz e equitativa.
Nesse cenário, é extremamente relevante destacar o pré-natal como um mecanismo essencial para garantir uma gestação saudável e um parto seguro. O pré-natal não é apenas uma série de consultas médicas e exames rotineiros; é um processo vital que acompanha a mãe e o bebê desde os estágios iniciais da gravidez até o nascimento. Durante as consultas pré-natais, os profissionais de saúde monitoram de perto a saúde materna e fetal, identificando precocemente quaisquer sinais de complicações ou condições de risco. Essa vigilância constante permite a intervenção rápida e o tratamento adequado, reduzindo significativamente o risco de complicações durante a gestação, o parto e o pós-parto.
Além da monitorização da saúde física, o pré-natal também desempenha um papel fundamental na promoção da saúde emocional e psicológica da mãe. Durante as consultas, são oferecidos espaços seguros para que a gestante possa expressar suas preocupações, medos e dúvidas relacionadas à gravidez e à maternidade. Essa oportunidade de diálogo e apoio emocional não apenas fortalece o vínculo entre a mãe e o bebê, mas também ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade associados à gestação, contribuindo para uma experiência mais tranquila e gratificante.
Ademais, o pré-natal é uma importante oportunidade para educar e capacitar as futuras mães sobre cuidados pré e pós-natais adequados, alimentação saudável, práticas de exercício físico, amamentação e planejamento familiar. Ao fornecer informações e orientações claras e acessíveis, os profissionais de saúde capacitam as gestantes a tomar decisões informadas e a adotar comportamentos saudáveis que beneficiarão não apenas sua própria saúde, mas também a do bebê.
Em resumo, o pré-natal é muito mais do que uma simples rotina médica; é um investimento crucial no bem-estar tanto da mãe quanto do bebê. Ao oferecer cuidados abrangentes que englobam aspectos físicos, emocionais e educacionais, o pré-natal desempenha um papel fundamental na promoção da saúde materno-infantil e na prevenção de complicações durante a gravidez e o parto. É, portanto, imperativo que todas as gestantes tenham acesso a um pré-natal de qualidade, independente de sua origem socioeconômica ou local de residência, garantindo assim uma gravidez saudável e um início de vida promissor para o bebê.
Portanto, esta nota apresenta uma análise comparativa dos indicadores de saúde entre quatro macrorregiões do sul do Brasil, durante os anos de 2018 a 2022, utilizando dados disponibilizados pelo DATASUS. Para essa análise, foi empregado o método inferencial do teste Qui-quadrado, que permite inferir possíveis relações entre os dados e as regiões estudadas. O objetivo principal dessa abordagem é realizar uma análise comparativa de dados para investigar possíveis relações entre variáveis selecionadas, incluindo partos e nascimentos, óbitos, doenças de agravo e notificação, e doenças crônicas prevalentes. Esta análise será conduzida nas macrorregiões de saúde “VALES”, “MISSIONEIRA”, “METROPOLITANA” e “CENTRO-OESTE”, visando compreender as disparidades e semelhanças entre essas regiões em termos de saúde materna, mortalidade, e incidência de doenças, proporcionando insights valiosos para o desenvolvimento de políticas e intervenções de saúde direcionadas a cada área específica. fornecer evidências atualizadas para a melhor alocação de recursos e o desenvolvimento de políticas de saúde específicas para cada macrorregião.
2.Objetivos
2.1 Objetivo Geral:
● Analisar como certos marcadores impactam em dados de saúde específicos e identificar se existem disparidades relacionadas a diferentes macrorregiões no sul do Brasil.
2.2 Objetivos Específicos
- Realizar a comparação de dados para averiguar se há relação entre as variáveis escolhidas em relação há: partos e nascimento, óbitos, doenças de agravo e notificação, doenças crônicas prevalentes.
- Realizar a comparação dessas relações na macrorregião de saúde “VALES” com as macrorregiões “MISSIONEIRA”, “METROPOLITANA” e “CENTRO-OESTE”
3.Coleta de dados e cálculos
Este estudo utilizou como metodologia a prospecção de dados por meio da plataforma Datasus/Tabnet para obter informações relacionadas à natalidade, mortalidade e doenças crônicas. Após a coleta dos dados, realizou-se uma análise estatística utilizando o teste do qui-quadrado, que é uma ferramenta estatística comumente empregada para investigar a associação entre variáveis categóricas. Essa análise estatística foi realizada utilizando a plataforma Excel. O objetivo dessa abordagem foi examinar possíveis relações entre os indicadores de saúde selecionados e identificar se existem diferenças significativas entre as diferentes variáveis e regiões analisadas. O qui-quadrado permite avaliar se há associação entre as variáveis e, assim, fornecer respostas sobre padrões ou correlações existentes nos dados coletados. Essa metodologia permite uma compreensão mais abrangente da situação de saúde em cada região estudada, possibilitando a identificação de áreas de maior necessidade e orientando a formulação de políticas de saúde mais eficazes e direcionadas.
4.Resultados
4.1 Pré-natal
Com base nos dados e estatísticas examinados, é possível concluir que as macrorregiões de saúde dos Vales e Missioneira oferecem um pré-natal mais adequado para mães de até 19 anos do que as regiões Metropolitana e Centro-Oeste.
Diante disso, é crucial implementar intervenções para melhorar essa situação nas macrorregiões com pré-natal inadequado para essas mães.
Essas intervenções podem incluir:
- Educação e conscientização: fornecer informações claras sobre a importância do pré-natal para a saúde da mãe e do bebê. Essas informações devem ser transmitidas por meio de diferentes canais de comunicação e devem ser especialmente enfatizadas nas escolas, considerando que muitas dessas mães ainda estão frequentando o ensino médio.
- Facilitar o acesso: garantir que as mulheres grávidas tenham acesso fácil a serviços pré-natais, como consultas médicas, exames de rotina e ultrassonografias. Isso pode envolver a oferta de serviços em locais convenientes, como centros de saúde comunitários, e a redução de barreiras financeiras.
- Atendimento personalizado: oferecer atendimento personalizado e sensível às necessidades das mulheres grávidas. Isso pode incluir o agendamento flexível de consultas, tempo adequado para perguntas e preocupações durante as consultas e suporte emocional para lidar com ansiedades e medos relacionados à gravidez e ao parto, especialmente considerando que são mulheres jovens.
- Envolvimento do parceiro e da família: incentivar o envolvimento do parceiro e da família durante o pré-natal, destacando a importância do apoio emocional e prático. Incluir o parceiro nas consultas pré-natais e encorajar a participação ativa da família pode fortalecer o suporte durante todo o processo da gravidez.
4.2 Óbitos Infantis
A análise dos óbitos infantis é crucial para abordar questões de saúde pública relacionadas à mortalidade neonatal e infantil. No Rio Grande do Sul, compreender as disparidades regionais nos óbitos infantis é fundamental para orientar políticas de saúde eficazes. Este estudo visa examinar os dados de óbitos infantis por macrorregião de saúde e tipo de parto entre 2018 e 2022, destacando padrões, tendências e diferenças entre as regiões. A análise crítica desses dados busca fornecer insights importantes para a formulação de intervenções e estratégias direcionadas à redução da mortalidade infantil e à melhoria dos cuidados materno-infantis em todo o estado.
Os resultados revelaram que a Região Metropolitana teve o maior número total de óbitos, seguida pelos Vales, Missioneira e Centro-Oeste. O parto vaginal foi predominante em todas as regiões, seguido pelo parto cesariano, com um número maior de óbitos associados a este último tipo de parto. A frequência de partos cesarianos pode estar relacionada a práticas médicas, políticas de saúde ou fatores socioeconômicos.
Na discussão, apontam-se as disparidades na distribuição de óbitos entre os tipos de parto, indicando variações nos cuidados obstétricos e neonatais em cada região. Os valores de p-valor nos testes estatísticos podem indicar a significância estatística dessas diferenças ou se são apenas variações aleatórias. Possíveis causas incluem disparidades socioeconômicas e de acesso aos serviços de saúde, bem como variações na qualidade dos serviços de saúde, incluindo o pré-natal, assistência ao parto e cuidados neonatais.
Em conclusão, os dados sugerem variações significativas no número de óbitos infantis entre as diferentes regiões do Rio Grande do Sul, com destaque para a Região Metropolitana. Essas disparidades destacam a importância de políticas de saúde que visem reduzir as desigualdades regionais e melhorar os serviços de saúde materno-infantil em todo o estado.
Essas intervenções podem incluir:
- Melhoria dos Serviços de Saúde Materno-Infantil:
○ Fortalecimento e expansão dos cuidados pré-natais, assistência ao parto e cuidados neonatais.
- Educação e Capacitação: Programas de educação para gestantes, familiares e profissionais de saúde sobre cuidados pré e pós-natais, aleitamento materno e prevenção de acidentes.
- Acesso Equitativo aos Serviços de Saúde: Garantia de acesso equitativo aos serviços de saúde em todas as áreas, incluindo regiões rurais, por meio de infraestrutura, transporte adequado e políticas de saúde universal.
- Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças: Campanhas de conscientização sobre fatores de risco e práticas saudáveis durante a gestação, parto e cuidados neonatais.
- Monitoramento e Avaliação Contínua:Estabelecimento de sistemas de vigilância epidemiológica para monitorar indicadores de saúde e usar dados para orientar a tomada de decisões e ajustar as intervenções conforme necessário.
4.3 Sífilis
A sífilis congênita é uma infecção grave, causada pelo Treponema pallidum e transmitida ao feto pela placenta. Apesar de poder se manifestar de forma branda, também representa um risco significativo de natimortos e morte neonatal. Por isso, é crucial avaliar as notificações dessa doença para melhorar esse cenário.
Analisando os dados percentuais, destaca-se que a região dos vales possui um índice mais alto de sífilis congênita em pacientes que realizaram pré-natal. Isso se deve ao maior número de pré-natais realizados nessa região. Portanto, para melhorar esses indicadores, é essencial aumentar a testagem da sorologia da sífilis e garantir o tratamento adequado.
Em conclusão, é imprescindível que o governo estadual, em parceria com a secretaria da saúde e os municípios das regiões com piores indicadores, promova campanhas de conscientização em diversos meios de comunicação, incluindo televisão, rádio e escolas, sobre a importância de relações sexuais protegidas. Além disso, é fundamental aumentar a testagem da população em geral e garantir o tratamento adequado, especialmente durante o pré-natal das gestantes.
4.4 Anomalias Congênitas
As anomalias congênitas, alterações estruturais ou funcionais que ocorrem durante a vida intrauterina, abrangem uma variedade de condições que podem ser detectadas antes, durante ou após o nascimento. Entre as mais comuns estão as cardiopatias congênitas, defeitos de membros, defeitos de tubo neural e anomalias cromossômicas, como a síndrome de Down.
Em relação ao pré-natal, nas regiões analisadas não foi identificada uma relação direta com as anomalias congênitas. No entanto, é importante destacar que essas condições podem ser prevenidas com medidas individuais e coletivas em diferentes níveis de prevenção.
No nível primário de prevenção, busca-se evitar problemas no desenvolvimento fetal, incluindo alimentação adequada, controle de peso, vacinação contra doenças infecciosas e acompanhamento pré-natal com orientações sobre medicações e substâncias teratogênicas, além de evitar exposição a agentes teratogênicos ambientais.
Já no nível secundário, a prevenção objetiva a intervenção precoce e o diagnóstico pré-natal das anomalias congênitas, quando possível, permitindo o aconselhamento genético e a adoção de medidas de intervenção precoce.
Por fim, no nível terciário, o foco está na detecção e manejo precoce das anomalias congênitas identificadas ao nascimento, visando melhorar a qualidade de vida da criança e evitar complicações. Isso inclui avaliação e diagnóstico precoces, tratamento de complicações associadas, intervenção cirúrgica quando necessário e oferta de assistência especializada para o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças afetadas. Essas estratégias abrangentes visam reduzir a incidência de anomalias congênitas e melhorar os resultados de saúde neonatal e infantil.
5.Conclusão
Com base nos dados e análises apresentados, é evidente que existem disparidades significativas na prestação de cuidados pré-natais entre as diferentes macrorregiões de saúde. As regiões dos Vales e Missioneira destacaram-se positivamente ao oferecer um pré-natal mais adequado para mães até 19 anos, enquanto as regiões Metropolitana e Centro-Oeste mostraram-se menos eficazes nesse aspecto.
Diante desse cenário, torna-se imperativo implementar intervenções direcionadas para melhorar a qualidade do pré-natal nessas áreas. Estratégias como educação e conscientização, facilitação do acesso aos serviços de saúde, atendimento personalizado e envolvimento do parceiro e da família podem desempenhar um papel fundamental na melhoria dos cuidados materno-infantis.
Além disso, ao analisar outras questões de saúde pública, como os óbitos infantis e a prevalência da sífilis congênita, fica claro que a prevenção e o manejo precoce de anomalias congênitas são essenciais para reduzir a morbidade e mortalidade infantil. Nesse sentido, medidas de prevenção primária, secundária e terciária devem ser implementadas em todo o estado para garantir um ambiente saudável e seguro para todas as gestantes e recém-nascidos.
Portanto, é fundamental que o governo estadual, em parceria com as autoridades de saúde locais, tome medidas concretas para abordar essas questões, promovendo campanhas de conscientização, fortalecendo os serviços de saúde materno-infantil e garantindo o acesso equitativo aos cuidados pré-natais e neonatais em todas as regiões do Rio Grande do Sul. Somente assim poderemos alcançar melhores resultados de saúde para as mães e seus filhos em todo o estado.
6.Referências
Ministério da Saúde (BR). Painéis de Monitoramento – Secretaria de Vigilância em
Saúde; 2024. [acesso em 2024 Abr 19]. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/paineis-de-monitoramento-svs
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