ANÁLISE COMPARATIVA DA PERCEPÇÃO DO USO DE MÁSCARAS PROTETORAS POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE E USUÁRIOS DO SUS, PRÉ E PÓS PANDEMIA DO COVID-19

COMPARATIVE ANALYSIS OF THE PERCEPTION OF THE USE OF PROTECTIVE MASKS BY HEALTHCARE PROFESSIONALS AND SUS USERS, PRE AND POST COVID-19 PANDEMIC

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10146143


Quimilda Gabriela machado de Castro Alves Pontes Soares1
Thais Aires Bandeira2
Thaynna Evha Marinho Leal e Carvalho3
Leticia Urzêdo Ribeiro4

Resumo

O uso de máscara protetora tem se mostrado uma barreira eficiente para o combate à transmissão das gotículas que ficam suspensas no ar, expelidas através do espirro e da tosse. É uma maneira eficiente de impedir a transmissão de doenças respiratórias. Assim este estudo tem como objetivo elucidar a percepção dos usuários do SUS e profissionais de saúde, frente ao uso de máscaras protetoras pré e pós pandemia como um legado no comportamento cotidiano. Foi desenvolvido um inquérito de base populacional, com delineamento transversal, baseado em amostra probabilística dos profissionais de saúde e usuários do SUS. A pesquisa foi realizada em duas unidades básicas de saúde, localizadas no município de Porto Nacional- TO. Fizeram parte deste estudo um total de quatorze profissionais de saúde e onze usuários do serviço do Sistema Único de Saúde (SUS). Antes da pandemia, 73% dos usuários já consideravam o uso de máscara protetora um método importante para autoproteção. Durante a pandêmica, 82% dos usuários consideravam que o uso das máscaras era importante para a proteção e o cuidado. 36% dos servidores afirmaram que consideravam normal o uso da máscara antes da pandemia. Durante a pandemia, 57% dos servidores afirmaram que o uso da máscara servia para proteção e cuidado. Quanto a motivação para uso da máscara em local público em caso de gripe/doença respiratória infectocontagiosa, 64% afirmaram que a mesma é necessária para evitar transmissão. A partir dos resultados obtidos por meio da realização da pesquisa, foi possível verificar que a obrigatoriedade do uso da máscara protetora foi um dos motivos facilitadores que induziram os participantes deste estudo, tanto os usuários quanto os servidores, a considerarem o uso da máscara em local público como algo necessário, tanto no período pandêmico quanto pós pandemia.

Palavras-chave: Barreira. Doenças Infectocontagiosas. Transmissão.

Abstract

The use of a protective mask has proven to be an efficient barrier to combat the transmission of droplets that remain suspended in the air, expelled through sneezing and coughing. It is a way to prevent the transmission of respiratory diseases. Therefore, this study aims to elucidate the perception of SUS users and health professionals regarding the use of protective masks pre and post pandemic as a legacy in everyday behavior. A population-based survey was developed, with a cross- sectional design, based on a probabilistic sample of health professionals and SUS users. The research was carried out in two basic health units, located in the municipality of Porto Nacional- TO. A total of fourteen health professionals and eleven users of the Unified Health System (SUS) service took part in this study. Before the pandemic, 73% of users already considered using a protective mask an important method of self-protection. During the pandemic, 82% of users considered that the use of masks was important for protection and care. 36% of employees stated that they considered wearing a mask normal before the pandemic. During the pandemic, 57% of employees stated that wearing a mask was for protection and care. Regarding the motivation for using a mask in a public place in case of flu/infectious respiratory disease, 64% stated that it is necessary to avoid transmission. From the results obtained through the research, it was possible to verify that the mandatory use of a protective mask was one of the facilitating reasons that induced the participants in this study, both users and servers, to consider using a mask in a place public as something necessary, both in the pandemic and post-pandemic periods.

Keywords: Barrier. Infectious Diseases. Streaming.

Keyword:
  1. INTRODUÇÃO

Muito se discute sobre a importância do uso de máscara protetora nos dias atuais. A recente experiência ocorreu com a pandemia do COVID-19. Milhões de pessoas em todo o mundo foram vítimas de infecções respiratórias causadas pela contaminação de um potente vírus, o SARS-Cov-2.

Antes da pandemia, as máscaras eram utilizadas apenas durante a realização de procedimentos nos ambientes de saúde, porém com o advento da pandemia de Covid-19, essa realidade mudou. Foi preciso implantar o uso obrigatório de equipamentos de proteção a toda a população mundial, como é o caso do uso das máscaras protetoras. Foi um período ao qual as pessoas eram proibidas de se locomoverem fora de seus domicílios sem o uso da máscara protetora, e por este motivo passaram a fazer parte do cotidiano de todos os indivíduos.

Esses dispositivos eram usados a fim de evitar o contágio pelo vírus SARS- CoV-2 da família coronavírus. Antes desse fato, esse artefato era habitualmente

utilizado como equipamento de proteção individual, em ambientes que tinham procedimentos de alto grau de contaminação por vários patógenos.

Em decorrência da pandemia do Covid-19, o uso das máscaras, como uma ação de autocuidado, tornou-se algo necessário e essencial como uma das medidas preventivas, uma vez que esses cuidados barram a proliferação do vírus de pessoas sintomáticas, assintomáticas, cuidadores de pessoas que moram em instituições de longa permanência, até aquelas pessoas que circulam em espaços com aglomerações, como é o caso dos transportes públicos (TAMINATO et al., 2020).

Durante a pandemia a prática do uso de máscaras trouxe uma percepção diferente para toda população, ao decorrer do tempo, viu-se que além da diminuição do contágio do COVID-19, houve uma diminuição de outras doenças infectocontagiosas, como influenza, dentre outras, além de uma redução significativa das hospitalizações e mortes ao longo do processo pandêmico, culminando no controle da pandemia.

Em face do cenário atual a pandemia influenciou o uso de máscara como algo a ser implementado no dia a dia. A influência no pensamento em relação as experiências vivenciadas pelo indivíduo é capaz de modificar seu comportamento quando há um reforço positivo da ação. O uso de máscara repercutiu muito além de evitar contaminações, proporcionou ao indivíduo ter uma percepção estética diferente do habitual além de evitar o contágio de outras doenças, sentir odores desagradáveis e ser uma forma de trabalhar a higiene pessoal.

Oliveira et al., (2020) destacam que estes hábitos de higiene são eficazes na prevenção de doenças respiratórias infectocontagiosas, porém, é claro e evidente que a maior parte destes foi introduzida na rotina dos brasileiros após a chegada da pandemia do Covid-19, tornando-se ações eficazes, que antes, não eram consideradas comuns no país.

Desta maneira, o presente estudo tem como objetivo elucidar a percepção dos usuários do SUS e profissionais de saúde, frente ao uso de máscaras protetoras pré e pós pandemia como um legado no comportamento cotidiano.

2  METODOLOGIA

Foi desenvolvido um inquérito de base populacional, com delineamento transversal, baseado em amostra probabilística dos profissionais de saúde e usuários do SUS.

A pesquisa foi realizada em duas unidades básicas de saúde, localizadas no município de Porto Nacional- TO. A primeira Unidade Básica de Saúde (UBS) foi a Nana Prado C. Souza, localizada na Rua Ponte Alta, s/n, setor Jardim Municipal. A segunda Unidade Básica de Saúde foi a Mãe Eugenia, localizada na Av. Alice Aires de Souza, s/n, setor Jardim Brasília. A pesquisa foi realizada no segundo semestre do ano de 2023.

Fizeram parte deste estudo um total de quatorze profissionais de saúde e onze usuários do serviço do Sistema Único de Saúde (SUS). Para a aplicação dos questionários, foram agendas visitas nas duas UBS, sendo que no dia agendados, as pesquisadoras permaneceram em cada local por um período de três horas (08:00 às 11:00 horas), sendo aplicado o questionário aos usuários e aos servidores que se faziam presentes no dia agendado.

Foram considerados como critérios de inclusão: usuários do SUS e profissionais de saúde, com idade compreendida de 18 anos a mais, cadastradas na equipe da zona urbana do município e nas respectivas UBSs, os usuários incluídos foram aqueles que passaram por atendimento nas respectivas UBSs há no máximo três meses e que estiveram presentes no dia da realização da entrevista, além de terem residido no país durante a pandemia e concordado a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os critérios de exclusão utilizados, foram: pessoas que não receberam atendimento nas respectivas UBSs a mais de quatro meses, indivíduos residentes na zona rural do município, analfabetas e pessoas que foram excluídos aqueles que não faziam parte da equipe de saúde das UBSs pesquisadas, que estavam de férias, que não concordaram em assinar o TCLE.

A pesquisa obedeceu às normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde através da Resolução nº 466/12, outorgada pelo Decreto nº 93.333 de 12 de dezembro de 2012, que trata das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos, respeitando os princípios que norteiam esse tipo de pesquisa. A pesquisa só foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), através do parecer nº: 6.456.717, CAAE: 73836223.9.0000.8075.

3  RESULTADOS

Fizeram parte deste estudo um total de 25 (vinte e cinco) participantes, sendo que 14 eram profissionais de saúde e 11 usuários do serviço do SUS.  Assim,

procurou-se identificar o sexo, a idade, o estado civil a escolaridade e a renda mensal dos participantes, conforme apresenta a Tabela 1.

Tabela 1: Distribuição dos participantes da pesquisa, segundo sexo, idade, estado

civil, escolaridade e renda mensal. Porto Nacional-TO, 2023

VáriavelusuárioServidor
n%n%
Sexo    
Masculino02180214
Feminino09821286
Idade    
De 18 a 25 anos0327
De 26 a 33 anos02180214
De 34 a 41 anos04370643
De 42 a 49 anos0190322
De 50 a 57 anos017
De 58 a 65 anos0214
De 74 a mais019
Estado civil    
Solteiro05460429
Casado0190750
Divorciado02180214
União Estável0218017
Viúvo019
Escolaridade    
Ensino Fundamental Incompleto019
Ensino Fundamental completo019
Ensino Médio Incompleto0190214
Ensino Médio completo04370429
Superiro Incompleto0218017
Superior Completo0190750
Especialização019
Renda mensal    
Até 1 salário mínimo05450429
De 1 a 5 salários mínimos06550964
De 6 a 10 salários mínimos017

Fonte: Aplicação dos questionários pelas acadêmicas (2023)

Nesta pesquisa, foi possível verificar prevalência do sexo feminino, tanto para usuários (82%) quanto para servidor (86%). A idade de maior prevalência foi a de 34 a 41 anos, totalizando 37% para os usuários e 43% para os servidores. O estado civil que mais se destacou foi o solteiro para os usuários (46%) e casado para o servidores (50%). Quanto ao nível de escolaridade, 37% dos usuários afirmaram possuir o ensino médio completo e 50% dos servidores possuem ensino superior completo. A renda média que mais se destacou neste estudo foi a de 1 a 5 salários mínimos (55% usuários e 64% servidores).

Para se conseguir informações mais específicas sobre os dois públicos alvos do estudo, foi necessário redirecionar os questionamentos. Na Tabela 2 está demonstrado as indagações a respeito da utilização da máscara protetora por parte dos usuários.

Tabela 2: Demonstração dos resultados a respeito do uso de máscaras protetoras por parte dos usuários do SUS

Váriaveisn%
No momento da entrevista, o entrevistado utilizava máscara?  
Sim019
Não1091
Percepção uso de máscara facial antes da pandemia  
Estranho e incomum019
Normal0218
Importante para autoproteção0873
Percepção uso máscara durante a pandemia  
Proteção e cuidado0982
Obrigação em usá-la0218
Qual motivação quanto uso de máscara em local público em caso de gripe/doença respiratória infectocontagiosa  
Proteção / autocuidado0764
Evitar transmissão0436
Após a pandemia, você costuma usar máscara ao sair de casa?  
Sim, ás vezes0436
Sim, sempre0218
Não, nunca0546
Você considera importante que se continue a usar máscara em locais específicos  
Sim1091
Não019
Você considera que o uso da máscara pós-pandemia é  
Normal019
Maneira de continuar com a prevenção e autocuidado0655
Desconfortável0436
Você contínua usando máscara facial em local público após a pandemia de Covid-19 se estiver com sintomas de gripe?  
Sim, nem sempre0982
Sim, sempre0218

Fonte: Aplicação dos questionários pelas acadêmicas (2023)

Nesta pesquisa, 91% dos usuários do SUS não estavam utilizando máscaras de proteção no momento da entrevista. Antes da pandemia, 73% dos usuários já consideravam o uso de máscara protetora um método importante para autoproteção.

Durante a pandemia, 82% dos usuários consideravam que o uso das máscaras era importante para a proteção e o cuidado. A motivação para uso da máscara protetora em local público em caso de gripe/doença respiratória infectocontagiosa é a proteção e o cuidado, para 64% dos usuários. Quando questionados sobre o uso de máscara no pós pandemia ao sair de casa, 46% afirmaram nunca usar e 36% afirmara que usam, mas nem sempre. 91% dos usuários consideram importante o uso de máscaras em locais específicos, como é o caso dos hospitais, e demais unidades de saúde. 55% dos usuários consideram que o uso da máscara pós pandemia é uma maneira de continuar com a prevenção e autocuidado, porém 36% acham desconfortável. 82% dos usuários afirmaram que nem sempre continuam usando máscara facial em local público após a pandemia em casos de sintomas gripais.

Através de outro questionário, foi analisado o uso de máscaras protetoras por parte dos servidores das UBS, conforme demonstra a Tabela 3.

Tabela 3: Demonstração dos resultados a respeito do uso de máscaras protetoras por

parte dos servidores

Váriaveisn%
No memento da entrevista, o entrevistado utilizava máscara?  
Sim0429
Não1071
Percepção uso de máscara facial antes da pandemia  
Estranho e incomum0321
Normal0536
Desnecessário0214
Importante para autoproteção0429
Percepção uso máscara durante a pandemia  
Proteção e cuidado0857
Obrigação em usá-la0536
Ruim e desconfortável017
Qual motivação quanto uso de máscara em local público em caso de gripe/doença respiratória infectocontagiosa  
Proteção / autocuidado0536
Evitar transmissão0964
Após a pandemia, você costuma usar máscara ao sair de casa?  
Sim, nem sempre075
Sim, sempre0214
Não, nunca0536
Você considera importante que se continue a usar máscara em locais específicos  
Sim1393
Não017

Fonte: Aplicação dos questionários pelas acadêmicas (2023)

Verificou-se que 71% dos servidores não utilizavam máscara protetora no momento da entrevista. 36% dos servidores afirmaram que consideravam normal o uso da máscara antes da pandemia. Durante a pandemia, 57% dos servidores afirmaram que o uso da máscara servia para proteção e cuidado. Quanto a motivação para uso da máscara em local público em caso de gripe/doença respiratória infectocontagiosa, 64% afirmaram que a mesma é necessário para evitar transmissão. 36% afirmam que não estão utilizando a máscara ao sair de casa, porém 93% consideram importante o uso destas em locais específicos e deram como exemplos hospitais e demais unidades de saúde.

Dando continuidade sobre os questionamentos a respeito do uso de máscaras protetoras por parte dos servidores, apresenta-se na Tabela 4 demais variáveis analisadas.

Tabela 4: Demonstração dos resultados a respeito do uso de máscaras protetoras por parte dos servidores

Váriaveisn%
Você considera que o uso da máscara pós pandemia é:  
Uma maneira de continuar com a prevenção e autocuidado1286
Desconfortável0214
Você continua usando máscara facial em local público após a pandemia de Covid-19 se estiver com sintomas de gripe?  
Sim, nem sempre0428
Sim, sempre0644
Não0428
Antes da pandemia quais situações voce uitlizava máscara protetora?  
Procedimentos assistenciais com risco de contaminação de secreção e por cuidados de assepcia e anti-sepsia0750
Entrevistas/consultas atendimento ao público018
Em todos os momentos desde a entrada na unidade0321
Nunca usava0321
Durante a pandemia quais as situações você utilizava máscara protetora?  
Procedimentos assistenciais com risco de contaminação de secreção e por cuidados de assepcia e anti-sepsia0214
Em todos os momentos desde a entrada na unidade1179
Nunca usava017
Após a pandemia quais as situações voce utiliza máscara protetora?  
Procedimentos assistenciais com risco de contaminação de secreção e por cuidados de assepcia e anti-sepsia0857
Em todos os momentos desde a entrada na unidade0536
Entrevistas/consultas atendimento ao público017
Como voce considera sua percepção e uso de máscaras no cotidiano pós pandemia?  
Continuo usando da mesma forma que antes0214
Utilizo mais que antes da pandemia0214
Utilizo menos que antes da pandemia1072

Fonte: Aplicação dos questionários pelas acadêmicas (2023)

Quanto ao uso de máscara no período de pós pandemia, 86% consideram uma maneira de continuar com a prevenção e autocuidado. Quanto ao uso de máscara facial em local público após a pandemia se estiver com sintomas de gripe, 44%

afirmara que sempre utilizam. Procurou-se identificar em quais situações o servidor utilizava máscara antes da pandemia, sendo que 50% afirmaram que somente para realização de procedimento assistenciais com risco de contaminação de secreção e por cuidados de assepsia e anti-sepsia. 79% dos servidores afirmaram que durante a pandemia, a máscara foi utilizada em todos os momentos, desde a entrada na unidade de saúde, porém, após a pandemia 57% afirmara que utilizam a máscara apenas durante a realização de procedimentos assistenciais com risco de contaminação de secreção e por cuidados de assepsia e anti-sepsia. Para finalizar, procurou-se identificar a percepção e uso de máscara no cotidiano pós pandemia por parte do servidor, sendo que 72% afirmaram que utilizam menos que antes da pandemia.

4  DISCUSSÃO

Neste estudo, evidenciou-se que os usuários do SUS consideram que o uso da máscara de proteção é algo importante para a autoproteção, embora tenha-se percebido que a maioria dos entrevistados, no momento da entrevista, não estavam utilizando máscara de proteção. A este respeito, Sartoratto et al., (2022) destacam que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou para a população em geral a utilização das máscaras de proteção como uma maneira de evitar a propagação da Covid-19, além de outros hábitos de higiene, como cobrir nariz e boca ao espirrar, lavar as mãos com água e sabão e o distanciamento social, demonstrando a importância do uso das mascaras de proteção como uma media de prevenção.

O estudo demonstrou que para os usuários do SUS o uso da máscara protetora em local público em caso de gripe/doença respiratória infectocontagiosa é útil devido a proteção e o cuidado, e que é importante o uso de máscaras em locais específicos, como é o caso dos hospitais, e demais unidades de saúde, além de terem demonstrado que o uso da máscara pós pandemia é uma maneira de continuar com a prevenção e autocuidado de doenças infectocontagiosas.

Bueno et al., (2022) desenvolveram um estudo para avaliarem a percepção de acadêmicos de uma universidade privado do sul do Brasil sobre a flexibilização do uso obrigatório de máscaras , e verificaram que os estudantes consideram efetivo o uso da máscara facial, pois pode diminuir a transmissão do coronavírus em comunidades onde existem pessoas assintomáticas ou que continuam a interagir com outros indivíduos. Outro fator é que o uso das máscaras também esta ligado a reeducação

de hábitos da pessoa por criar uma barreiras mecânica que impede o contato direto da mão com o nariz e a boca.

Quanto aos servidores, este estudo demonstrou que os mesmos consideravam normal o uso da máscara antes da pandemia e que durante a pandemia, as máscaras serviam como proteção e cuidado quanto a transmissão do Covid-19, considerando importante o uso destas em locais específicos, como por exemplo hospitais.

Rezende et al., (2016) destacam a importância dos profissionais da SUS desenvolverem procedimentos seguros, por meio de um fazer coerente, prevenindo a doença e promovendo a saúde, com ações que garantam aos usuários do sistema, colegas de equipe e a si próprio o menor risco possível de adoecer ou de piorar o estado de saúde.

A proteção facial e respiratória, segundo Peres et al., (2020) possui como foco a possibilidade da presença de patógenos suspensos no ar com um amplo espectro de dimensão, e as práticas de controle de transmissão de infecções e doenças são de suma importância para o funcionamento das unidades de saúde. Para os autores, o risco de desenvolver doenças infectocontagiosas, como Covid-19, é 12,6 vezes mais para os profissionais que não usam máscara de proteção durante a realização dos cuidados em saúde, porém existem também outros riscos ocupacionais, como: contato com secreções do trato respiratório, exposição de membranas e ocular a fluidos corporais, mal uso de equipamento de proteção individual (EPI) e a realização de procedimentos geradores de aerossóis.

Entende-se por doenças infectocontagiosas aquelas que possuem uma rápida e imediata transmissão provocada por organismos que leve ao surgimento de uma doença, que em alguns casos, a doença inicia a partir de uma agente intermediário, vetor ou transmissor, que pode ser um vírus, um parasita ou um fungo. As doenças respiratórias são alterações patológicas que ocorrem no corpo humano, que prejudicam as estruturas do sistema respiratório, como faringe, fossas nasais, laringe, traqueia, brônquios, sinusite, asma e gripe (VASQUEZ, 2019). Devido a pandemia da Covid-19 o autocuidado, realizado por meio do uso de equipamentos de proteção, como é o caso da máscara protetora em ambientes públicos, tornou-se uma medida protetiva e preventiva e por este motivo é algo necessário de ser fazer, uma vez que esses cuidados evitam que o vírus se prolifere (TAMINATO et al., 2020).

Para Sartoratto et al., (2021) a pandemia contribuiu para o enfrentamento do preconceito quanto ao uso de máscaras, sendo que esse hábito deve permanecer

mesmo no pó pandemia por colaborar para a redução da transmissão de outras doenças infectocontagiosas. Em síntese, o uso das máscaras protetoras são vistas, atualmente, como necessárias em locais públicos, como por exemplo em unidades de saúde e hospitais. Essa afirmação vai de encontro ao que foi verificado neste estudo, uma vez que os profissionais da SUS entrevistados, consideraram que o uso de máscaras protetoras no período pós pandemia é uma maneira de continuar com a prevenção e autocuidado.

Ao serem questionados sobre o uso de máscara protetora em local público após a pandemia quando estão com sintomas de gripe, a maioria dos profissionais afirmaram que fazem o uso deste equipamento. Abud; Souza (2020) ressaltam que é inegável que a pandemia de Covid-19, quebrou paradigmas quanto  ao uso de máscaras, uma vez que a principal maneira de se transmitir o vírus é através do contato pessoal. Uma pessoa infectadas, mesmo sendo assintomáticas, ao espirrar ou tossir, lança gotículas pequenas que podem conter o vírus e, por consequência, transmitir a doença a uma pessoa que esteja próxima, ou a objetos e superfícies.

Devido a alta demanda da saúde pública, o uso da máscara passou a ser obrigatória, em uma tentativa de frear o contágio e por este motivo o uso desta se tornou menos estranha para os indivíduos, sendo a maneira protetiva mais aceita pela população.

Neste estudo, ao se questionar os profissionais sobre o uso da máscara durante a pandemia, a grande maioria afirmaram que utilizavam em todos os momentos, deste a entrada na unidade de saúde, porém, após a pandemia utilizam a máscara apenas durante a realização de procedimentos assistenciais com risco de contaminação de secreção e por cuidados de assepsia e anti-sepsia. Essas afirmações vão de encontro ao que foi ressaltado por Viana; Alves; Vilicev (2022), que apontaram que o uso das máscaras protetoras, quando utilizadas de maneira adequada, consegue interromper de maneira efetiva a dispersão de partículas expelidas por meio do espirro ou tosse, impedindo a transmissão de doenças respiratórias.

Liu; Zhang (2020) realizaram um estudo na China a respeito da transmissão pós exposição por meio de um homem contaminado fazendo uso de máscara dentro de um em transporte público com quatorze passageiros. Neste estudo, os autores verificaram que não ocorreu contaminação de nenhum tripulante do transporte, devido todos estarem fazendo uso de máscaras. Os autores entendem que o uso de

máscaras pode contribuir para a conscientização sobre a responsabilidade pessoal e social que a pessoa possui no enfrentamento de doenças infectocontagiosas. A participação da sociedade na implementação das medidas sanitárias de enfrentamento da Covid-19, contribuiu para controlar a pandemia.

5  CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos por meio da realização da pesquisa, foi possível verificar que a obrigatoriedade do uso da máscara protetora foi um dos motivos facilitadores que induziram os participantes deste estudo, tanto os usuários quanto os servidores, a considerarem o uso da máscara em local público como algo necessário, tanto no período pandêmico quanto pós pandemia. Foi perceptível a preocupação dos participantes quanto ao seu autocuidado e prevenção de transmissão de doenças infectocontagiosas, mesmo antes da pandemia.

Este estudo pode contribuir para a conscientização a respeito da responsabilidade individual e social quanto aos cuidados necessários para se evitar o contágio e transmissão das doenças respiratórias, através da adoção do uso de máscaras protetoras e de outras ações de higienização, como é o caso da lavagem das mãos. O incentivo sobre o uso de máscaras protetoras, por indivíduos com sintomas de doenças respiratórias infectocontagiosas, em locais públicos, tem se mostrado como um método não farmacológico e de baixo custo que induz à prevenção da disseminação de doenças respiratórias infectocontagiosas.

Assim sendo, é importante que outros estudos de caráter tanto qualitativo quanto quantitativo sejam realizadas pelas diversas regiões brasileiras, para que se consiga implementar estratégias educacionais de promoção à saúde.

REFERÊNCIAS

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Quimilda Gabriela machado de Castro Alves Pontes Soares – Acadêmica do curso de Medicina-Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos1
Thais Aires Bandeira – Acadêmica do curso de Medicina-Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos2
Thaynna Evha Marinho Leal e Carvalho – Acadêmica do curso de Medicina-Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos3
Leticia Urzêdo Ribeiro – Médica, Professora Assistente – Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos4