ALTERAÇÕES POSTURAIS ESTRUTURAIS EM ADOLESCENTES UMA REVISÃO DA LITERATURA VOLTADA PARA O TRATAMENTO DA ESCOLIOSE IDIOPÁTICA

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Autores:
Tainá Martins Vasconcelos
Dr. Denilson da Silva Veras

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por Tainá Martins Vasconcelos, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia, sob orientação do professor Dr. Denilson Veras.

MANAUS / AM
2021


RESUMO

Introdução: A evolução humana trouxe mudanças para o corpo humano, a principal foi a mudança da posição quadrupede para a posição bípede, o que acarretou em um sobrepeso sobre a coluna vertebral. Dessa forma ocorrem muitos problemas com a coluna, o eixo principal do corpo humano, muitos desses problemas, como a escoliose idiopática, que não tem a causa conhecida, causa dores, má formação e degeneração da coluna, os principais afetados são as crianças e adolescentes, que em sua fase de crescimento, acabam desenvolvendo a escoliose, que é o desvio da coluna formando uma curvatura. Objetivo: Por se tratar de uma doença que afeta o eixo central do corpo humano, é necessário que haja tratamentos eficazes e capazes de trazer novamente a coluna vertebral a sua posição normal. Muitos tratamentos fisioterapêuticos têm dado resultados positivos, capazes de melhorar e até reverter o quadro de escoliose, este estudo tem o objetivo de identificar alguns dos tratamentos mais usados no tratamento da escoliose. Métodos: Esta pesquisa é bibliográfica de cunho quali-quantitativa, metodologia dialética e método indutivo, planejada sistematicamente para identificar, selecionar e avaliar os artigos, publicações em revistas e livros para responder ao problema central desta pesquisa. Resultados: Foram encontrados muitos tratamentos pertinentes para esta doença, alguns capazes, até, de conter o crescimento da escoliose idiopática em adolescentes. Conclusão: Têm-se um material com informações sobre os tratamentos mais usados contra a escoliose idiopática que afeta adolescente e também um material para contribuir com a comunidade científica sobre o conhecimento do tema.

Palavras-chave: Escoliose; Adolescente; Tratamento; Fisioterapia.

ABSTRACT

Introduction: The human evolution brought changes to the human body, the main one was the change from the quadrupedal position to the bipedal position, which resulted in an overweight on the spine. Thus, many problems occur with the spine, the main axis of the human body, many of these problems, such as idiopathic scoliosis, which has no known cause, causes pain, malformation and spinal degeneration, the main ones affected are children and adolescents, which in their growth phase, end up developing scoliosis, which is the deviation of the spine forming a curvature. Objective: As this is a disease that affects the central axis of the human body, it is necessary to have effective treatments capable of bringing the spine back to its normal position. Many physical therapy treatments have given positive results, capable of improving and even reversing scoliosis, this study aims to identify some of the most used treatments in the treatment of scoliosis. Methods: This is a bibliographic research with a quali-quantitative nature, dialectical methodology and inductive method, systematically planned to identify, select and evaluate articles, publications in journals and books to respond to the central problem of this research. Results: Many relevant treatments for this disease were found, some even capable of containing the growth of idiopathic scoliosis in adolescents. Conclusion: There is a material with information about the most used treatments against idiopathic scoliosis that affects adolescents and also material to contribute to the scientific community on the knowledge of the subject.

Keywords: Scoliosis; Adolescent; Treatment; Physiotherapy.

  1. INTRODUÇÃO

Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia, 70% dos problemas de coluna nos adultos são frutos do peso e de esforços repetitivos durante a infância. Problemas como escoliose, hiperlordose, hipercifose e pinçamento de nervo são frequentes, porém a mais comum é a escoliose, que causa desde um leve desconforto até dores crônicas ou pode afetar órgãos internos, ela é uma deformidade em curvatura na coluna vertebral, que é advinda de um conjunto de forças sobre a coluna vertebral.

Enquanto houver crescimento vertebral remanescente na coluna a escoliose evolui e a deformidade aumenta, por esse motivo se faz necessário o tratamento enquanto a coluna ainda não tem suas epífises fechadas e fundidas. A escoliose idiopática não está associada à má formação congênita, fraturas ou luxações na coluna vertebral, desequilíbrio hormonal, má postura ou espasmos/dores, por isso ela é a mais comum, e a que menos tem estudos destinados a explicar sua etiologia (NATOUR, 2004)

Com esse estudo obtemos uma parcela de informações sobre tratamentos contra a escoliose idiopática para fisioterapeutas, pois há poucos estudos sobre que técnicas fisioterapêuticas usar para o tratamento desse tipo de escoliose, contudo as técnicas, mesmo que poucas, são eficazes mesmo que a escoliose idiopática esteja avançada ou mesmo que ela só seja diagnosticada na idade adulta.

  1. MÉTODO

A pesquisa foi bibliográfica de cunho quali-quantitativa, metodologia dialética e método indutivo, planejada sistematicamente para identificar, selecionar e avaliar os artigos, publicações em revistas e livros para responder ao problema central desta pesquisa.

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Figura 1 – Fluxograma do processo de inclusão dos artigos

  1. RESULTADOS E DISCUSÃO

3.1 Definição

Segundo Pinto (2016), “[…] escoliose é uma alteração postural comum de se encontrar principalmente em jovens, porém os adultos também apresentam este problema. Geralmente o adulto com escoliose já possui este problema desde a infância ou a adolescência[…]” (p. 19), ela pode ser sem causa conhecida: idiopática; devido à má formação: congênita; desencadeada por paralisia: paralítica e; devido à má postura: postural.

A escoliose idiopática “[…] é a mais frequente das escolioses, responsável por aproximadamente 80% de todos os casos. ” (NATOUR, 2004, p.171), ela não tem causa conhecida, segundo Machado (2013) ela começa na infância e piora na adolescência por causa dos hormônios de crescimento presentes em maior número nessa idade, ele também aprofunda o seu estudo afirmando que esse tipo de escoliose pode ser classificada em infantil: antes dos 3 anos de idade; juvenil: entre três e dez anos, e; adolescente: após os 10.

A escoliose idiopática afeta principalmente os adolescentes, que em sua “fase de estirão” produzem muitos hormônios de crescimento, ou seja, há um desencadeamento de maior concentração de hormônios de crescimento estimulando diretamente nas regiões epifisárias e na região dos discos de crescimento, aumentando de forma acelerada o crescimento, todo esse crescimento desencadeado pode alterar as formas desse adolescente, e se ele estiver predisposto a ter má postura, uma deformidade pequena pode se tornar desproporcional causando o aparecimento da escoliose.

Por se tratar de uma curvatura, a escoliose “é descrita em termos de localização da curva ou das curvas. A direção da curva e designada de conformidade sua convexidade […]” (HALL, 2007, p.627), e assim são dados os nomes das curvas, sejam elas únicas ou duplas, as únicas são as que levam a forma da letra “C” e a dupla tem a forma da letra “S”.

Segundo estudos a escoliose idiopática pode ter cura se for diagnosticada o quanto antes, ou seja, antes da fixação da curvatura, essa fixação ocorre na adolescência, depois dessa idade ela só irá ter controle devido a consolidação da coluna, que com o passar dos anos deixa de ser flexível e fica mais rígida, impossibilitando a viabilização de tratamentos.

3.2 Sintomas

De acordo com Turra (2015, p. 11) “[…] as escolioses idiopáticas são assintomáticas e despercebidas pelos sujeitos […]”, ela não interfere na realização de atividades nem em exercícios simples, contudo, conforme a idade aumenta as “curvas” aumentam e dores e queixas também, diminuindo a qualidade de vida do sujeito com essa doença, outra parte afetada é a saúde mental e habilidades funcionais, pois acontece a deformidade do corpo por causa da postura tridimensional da coluna vertebral.

Como ela pode ser assintomática, geralmente o paciente não irá sentir dor ou algum desconforto maior, mas com o passar do tempo esses sintomas aparecem, e além dos sintomas a escoliose torna-se visível, e como ela afeta os adolescentes estes irão sentir um incomodo maior, pois a sua estrutura corporal irá mudar e lhe causar além do incomodo, vergonha e desanimo, podendo até agravar para casos de depressão.

Se o paciente for alguém sedentário, dores não aparecerão, mas se este for ativo, ao fazer qualquer atividade, esforço e posicionamento mais brusco está virá, Matos (2013, p. 29) lembra que “indivíduos com contraturas musculares terão maior tração sobre suas estruturas nas compensações e as dores aparecerão mais rápido.”. A escoliose irá causar deficiências em um nível global no paciente, fato esse que irá influenciar na autoimagem e na relutância de participar de quaisquer atividades em grupo, e até mesmo ser contra o tratamento.

3.3 Diagnóstico

Para o diagnóstico da EIA são possíveis exames radiológicos, avaliações posturais e a biofotogrametria computadorizada (IUNES et al., 2010), contudo o autor não o aconselha pois “[…] o uso de radiografias expõe a população aos efeitos da radiação, envolve um custo e nem sempre o profissional tem disponível esse exame […]”, (p. 134), além do profissional não ter acesso a esse exame, este pode ser de um custo alto para o paciente.

Há o exame postural, mas a “radiografia em AP ou PA panorâmico da coluna” (MATOS, 2013, p. 37) é o exame que identifica melhor as alterações da coluna, esse exame detecta pelo ângulo de Coob “[…] quais foram as vertebras terminais escolhidas, essa informação faz com que a mensuração seja compatível com os exames radiográficos […]”, (HALL, 2007, p. 627), outro exame solicitado é o de Ressonância Magnética, contudo “[…] por ser realizada sob anestesia, o que aumenta a morbidade, seu custo relativo é elevado. ” (FERNANDES, JUNIOR, 2011, p. 98)

Borges et al., (2019) também considera que o diagnóstico pode ser feito através de exclusão, diagnóstico clínico postural de gibosidade, teste de Adams, fotografia, além de exames rotineiros para detecção de deformidades na coluna vertebral que são fundamentais.

Condutas e diagnóstico feitos depois de um longo tempo resultam em deformidades que afetam a aparência física, a função cardiopulmonar é afetada e o bem-estar psicológico fica frágil, identificar a escoliose idiopática do adolescente é essencial para que o tratamento seja feito o quanto antes.

3.4 Tratamento

O tratamento, para qualquer condição, é sempre baseado na indicação de que este altere a condição, para isso é preciso ter conhecimento de procedimentos já realizados em outros e compara-los a quem não realizou nenhum tratamento (LIMA JUNIOR, 2011). Para tanto, “as alterações da coluna vertebral, geralmente são complexas e de difícil análise correlacional. ” (MATOS, 2013, p. 80), elas devem ser vistas desde de sua origem, tempo, evolução e, principalmente, de cada caso isolado.

Cientificamente, os tratamentos vêm sendo estudados bastante de uns 20 anos para cá, pois há novos métodos de diagnóstico em massa como cita Natour (2004), “principalmente em razão de três fatores: o uso da avaliação escolar para avaliar grandes grupos de população, melhora nos métodos de tratamento não cirúrgico e o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas seguras. (p.173).

Independente do tratamento, critérios devem ser sempre seguidos e revistos, pois com a evolução do tratamento e a resposta do paciente os exercícios vão variando para se ter um melhor desempenho, obedecer a biomecânica do paciente é indispensável, assim como as estruturas osteomusculares devem ser respeitadas.

O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico e isso depende da classificação e evolução. Os tratamentos conservadores são opções terapêuticas seguras, independente da terapia escolhida. Petrini et al., (2015), cita Isostretching, Quiropraxia, Pilates, RPG (Reeducação Postural Global), Klapp, uso de órteses e terapias combinadas como tratamentos conservadores que são seguros e eficazes.

3.4.1 Isotretching

Essa técnica foi criado por Bernard Redondo, fisioterapeuta osteopata, na França em 197, Silva (2018) afirma que, para Redondo, a técnica tinha que envolver flexibilidade, consciência corporal, correção postural, além disso o repouso também é essencial na técnica, pois ela ajuda a musculatura profunda do tronco a ir para estabilização, a técnica é fundamentada nos princípios da ginástica postural, que proporciona ao paciente uma consciência do movimento e domínio do equilíbrio entre contração e relaxamento.

A contração dos músculos abdominais leva ao auto crescimento da coluna vertebral, vale ressaltar que os exercícios são feitos respeitando as curvas fisiológicas da coluna vertebral, agindo sobre a escoliose, prevenindo-as, ganhando forma física, neutralizando o movimento articular através dos exercícios.

Cardoso (2011) afirma que o método de Isotretching envolve a isometria (neutralização) e o estiramento (alongamento) nos exercícios que podem variar entre “[…] posturas de decúbito dorsal, lateral, sentada e em pé. ” (p. 171), estas tem que ser mantidas por alguns segundos (tempo de uma expiração longa), e ao término é feito o alongamento, os estudos apontam que estas técnicas devem ser feitas com o paciente dando o máximo de si, ou seja, o alongamento deve ir até onde o paciente aguentar naquele momento, o autor continua sua explanação explicando também a técnica com o paciente na “[…] posição em decúbito lateral, sobre o rolo por cinco minutos, importante para alongar a concavidade da escoliose […]” (p. 171).

O número de sessões varia de acordo com o grau da escoliose, estas variam de 26 a 58 e os pacientes se afastam de qualquer outro tratamento enquanto fazem o Isostretching. Muitos estudos mostram que há a “[…] redução nas curvas escolióticas pela análise do ângulo de Cobb, eliminação das queixas de dor e melhora no alongamento muscular por meio de medidas das retrações musculares. ” (CARDOSO, 2011, p. 171), além de correção de postura, melhora da condição física, conscientização corporal, melhora da circulação sanguínea, aumento da capacidade cardiorrespiratória e diminuição da tensão muscular promovendo bem-estar e qualidade de vida.

3.4.2 Quiropraxia

A Quiropraxia tem a intenção de estabilizar, retardar ou interromper a evolução da escoliose idiopática, ela serve tanto para a escoliose idiopática do adolescente quanto para o adulto, porém em alguns casos está associada ao uso de órteses para corrigir pisadas e equilíbrio do corpo.

Apesar de antigo, o tratamento com Quiropraxia só traz efeitos em longo prazo e com pouco resultado, tornando-se assim pouco usado e com poucos estudos realizados a respeito desse tema.

Antes de começar o tratamento com a Quiropraxia o paciente passa pelo exame do tórax, onde o terapeuta irá observar se há diferença de níveis das omoplatas, se houver o tratamento indicado é “[…] rolamento prudente do lado da escoliose, massagem ginástica, além de desbloqueio do Sacro (e ou) da báscula de bacia […]” (CASTRO, 2008, p. 105).

3.4.3 Pilates

Joseph Pilates (2015) pregou sempre que o equilíbrio entre corpo e mente e benéfico a vida, o método criado por ele “uniu sua experiência em ginástica e artes marciais com uma profunda abordagem analítica da mecânica do corpo, da postura e da respiração correta. ” (p. 83), segundo ele quando tudo isso é realizado de forma correta acontece uma “conversão”.

Conversão essa que se dá por causa do equilíbrio, e o pilates é isso “[…] aumento da consciência corporal e do reestabelecimento do equilíbrio das cadeias musculares, necessários para a manutenção das posturas adequadas. ” (BARBOSA, 2010, p. 44), como o desenvolvimento da escoliose idiopática é desconhecido, alguns autores a ligam a má postura e o pilates vem para “arrumar” essa má postura.

Esse método envolve a respiração, concentração, equilíbrio e controle corporal junto com trabalho de força e tônus muscular como afirma Petrini (2015). Com exercícios combinados os estudos mostram que há a diminuição da curva e também a melhora da dor.

Esses exercícios levam em consideração os princípios básicos que o criador do método pilates baseia-se: “concentração, controle, centragem, respiração diafragmática, leveza, precisão, força e relaxamento. ” (DA SILVA, 2017, p. 450), mas eles dependem muito do condicionamento do paciente e o grau dos exercícios depende tanto das características quanto das habilidades dele.

Segura (2011) ressalta que a curvatura da escoliose idiopática para tratamento com o método Pilates tem que ser entre 10 e 20º. Segundo a Revista Pilates (https://revistapilates.com.br/) esse tratamento é extremamente benéfico tanto para desvios posturais quanto para escoliose idiopática do adolescente, pois ele utiliza muito a conscientização para com as posturas incorretas, fazendo com que o adolescente perceba que está com má postura e a corrija não caindo no vício postural.

3.4.4 Reeducação Postural Global (RPG)

Esse método foi criado em 1981, por Phillippe Sourchard, sua principal ideia é a de que ela é “[…] uma técnica de estímulo proprioceptivo, que promove estabilidade corporal, aperfeiçoa as reações de endireitamento e equilíbrio. ” (BORGES, 2019, p. 458), fazendo com que o paciente mantenha o equilíbrio muscular e mantendo e ajustando-o, sempre, para uma postura correta.

A Reeducação Postural Global (RPG) é indicada para pacientes com mais de 10º de curvatura, que é a fase inicial, e para pacientes que estejam deixando de usar o colete (BORGES et al., 2019). Normalmente, a técnica RPG não visa somente a coluna vertebral, mas o todo, o que faz com que o paciente apresente resultados mais eficazes.

Lopes (2013) mostra em seu estudo que a RPG ajuda na melhora da dor, na qualidade de vida, na incapacidade funcional, alongamento muscular, força muscular inspiratória e expiratória e mobilidade toracoabdominal, além disso a técnica aplica exercícios imitando as atividades diárias do paciente o que o torna invasivo e sem dano colateral.

Já Segura (2011) afirma que a técnica de RPG tem posturas específicas para o alongamento dos músculos que duram até 30 minutos em cada postura, o que faz com que ela seja uma “[…] das melhores técnicas para a correção dos desvios posturais, sobretudo das escolioses, tendo como característica a contração muscular isométrica dos músculos estáticos presente nas diferentes cadeias musculares. ” (p. 202).

3.4.5 Klapp

Criado pelo inglês Rudolph Klapp que “a partir da observação dos animais quadrúpedes, […] identificou que, diferentemente dos bípedes, os quadrúpedes não apresentavam alterações escolióticas […]” (PETRINI, 2015, p. 31), Rudolph começou a usar exercícios simulando quadrúpedes, estes são alongamentos para fortalecimento da musculatura do tronco.

Dessa forma, há o aumento da flexibilidade da coluna, ganho de simetria dos ombros e do triangulo de tales, os exercícios começam com o relaxamento do corpo, depois engatinhar que nem um gato perto do chão, fazem-se deslizamentos, arcos e viradas de braços.

Para a realização do exercício de relaxamento, Iunes et al., (2010) em seu estudo usou um paciente que se “encontrava-se em decúbito dorsal, com semiflexão do quadril e joelhos e com as palmas da mão em cima da região diafragmática anterior. Foi utilizada uma respiração profunda e lenta para que o sujeito pudesse diminuir as tensões e preocupações. ” (p. 135). Os demais exercícios foram realizados com o paciente em posição de gatas e joelhos, semelhante aos quadrúpedes. Foi utilizado comando verbal com ritmo de voz exato, seguro e com bom volume, e constantes correções da coluna.

Em relação com os outros métodos, o método Klapp tem seus resultados obtidos com 20 sessões, enquanto que para os outros no mínimo 30 sessões são recomendadas.

Poucos artigos ou obras literárias falam do método Klapp o que o deixa com poucos comentários a serem feitos a respeito desse método.

3.4.6 Colete ou órtese

O uso de colete ou órtese também é outra opção conservadora, são usados porque o adolescente ainda não atingiu a maturidade óssea, ou tem seu esqueleto imaturo, Borges et al., (2019) ressalta que o colete é escolhido tanto pelo paciente quanto pelo médico, “O colete causa bastante desconforto e ele só pode ser utilizado em pacientes com deformidades menores que 40° graus de curvaturas, existem alguns exercícios físicos específicos para adaptação do colete como: Pilates, natação, hidroginástica.” (p. 457), contudo isso depende muito do grau da curvatura a ser corrigida.

Cardoso (2011), diz que as órteses/coletes podem ser rígidas ou flexíveis, e ele é categórico ao afirmar que esse é o único método não cirúrgico que tem sucesso, pois previne a progressão da curva moderada até o esqueleto do adolescente atingir a maturidade, fora disso ela deve ser dispensada.

Os melhores resultados de tratamento são os de uso de colete, ele é desenhado de acordo com a área que necessita de tratamento, “O colete deve ser usado 23 horas por dia até o crescimento completo da coluna vertebral, conforme prova radiográfica […]” (NATOUR, 2004, p. 175), se a redução da curva for de 50% em um ano o autor ressalta que a correção será permanente.

O uso do colete pode ser associado, ou não, práticas fisioterapêuticas como cita Dias (2017) “outra opção em tratamento é a fisioterapia e seus métodos como Reeducação Postural Global (RPG), Isostreching, Osteopatia, Cadeias Musculares, Pilates e o método Klapp entre outros”. Ferreira (2013) lembra que se o colete não estiver dando resultado é melhor parar o tratamento e submeter o paciente a outro tipo de tratamento ou encaminha-lo para o procedimento cirúrgico.

3.4.7 Cirurgia

O tratamento cirúrgico é o método não convencional, o seu objetivo principal é corrigir a curva e impedir a progressão, Natour (2004) afirma que “A escoliose incide em aproximadamente 4% sendo que um terço evolui para cirurgia. ” (p. 171), Borges et al., (2009) diz que está só deve ser aplicada em curvas a partir de 40º e depois que o paciente alcançar a maturidade esquelética, contudo se o adolescente apresentar um alto grau de curvatura o procedimento é realizado mesmo sem a maturidade esquelética.

Por se tratar de um procedimento cirúrgico de risco, Baron (2019), afirma que tem que ser realizado “um exame neurológico detalhado, incluindo a avaliação da força motora, um exame sensorial e um teste de reflexos abdominais e dos tendões profundos. ” (p. 214), por haver ricos os prós e contras são explicados para os pais e o paciente afim de que estes fiquem cientes dos riscos e também dos resultados, a cirurgia envolve uma fusão na articulação, mas “[…] o grampeamento ou amarração da coluna vertebral também são opções[…]”, (p. 214), mesmo a fusão tendo resultados mais rápidos.

Dessa forma não ocorre a progressão da curva, e há uma correção permanente da deformidade, a coluna fica estável e equilibrada, melhora os resultados a nível físico, psicossocial e diminui o risco de dores lombares no futuro.

Contudo podem haver riscos imediatos nesse método, como “[…] complicações imediatas podem ser neurológicas, pulmonares ou vasculares, enquanto nas complicações consideradas tardias são as infeções (agente mais comum é os estafilococos) que podem provocar danos irreversíveis aos pacientes. ” (FERREIRA, 2015, p. 32), mas nas mãos de cirurgiões experientes essas complicações são raras, por isso é preciso escolher bem o profissional, o método e os materiais usados.

  1. CONCLUSÃO

Nos artigos e livros estudados notou-se que há vários tratamentos para a Escoliose Idiopática do Adolescentes, elas apresentam o resultado esperado, contudo os tratamentos necessitam de tempo e de diagnóstico precoce, pois quanto antes for detectada a EIA o tratamento conservador fará mais efeito.

No que tange o tratamento não convencional temos prós e contras, apesar de ser um método seguro, podem ocorrer complicações. Por isso são necessários muito acompanhamento e exames para poder se fazer a cirurgia.

No mais, o principal tratamento é o diagnóstico precoce, dessa forma o adolescente que desenvolver a EIA pode, sem tratamentos mais forçados, ser curado da Escoliose Idiopática.

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