ALOPECIA AREATA: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E AVANÇOS TERAPÊUTICOS – UMA REVISÃO DE LITERATURA

ALOPECIA AREATA: PHYSIOLOGICAL ASPECTS AND THERAPEUTIC ADVANCES – A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/ra10202411111108


Aline Priscylla Cesar Rosa1
Maria Eduarda de Oliveira Santiago2
Suelen Caroline de Souza Andrade3
Sabrina de Souza4
Cínthia Silva Moura Neca5
Adriano Lopes da Silva6


Resumo

Este trabalho teve como tema a Alopecia Areata, uma doença autoimune que afeta os folículos capilares, levando à perda de cabelo. O objetivo foi analisar os aspectos fisiológicos da doença e revisar os avanços terapêuticos disponíveis na literatura científica recente, com o intuito de identificar os tratamentos mais promissores. Utilizando a metodologia de revisão de literatura, foram analisados estudos sobre os mecanismos imunológicos e genéticos que contribuem para o desenvolvimento da doença, bem como as principais terapias atualmente utilizadas, como imunossupressores, corticosteroides e inibidores da Janus quinase (JAK). Os resultados indicaram que, embora as terapias atuais apresentem eficácia variável, os inibidores de JAK surgem como uma das abordagens mais promissoras, apesar de ainda existirem desafios quanto à segurança e acessibilidade. Inovações terapêuticas, como o uso de células-tronco e medicamentos biológicos, também foram identificadas como alternativas emergentes, mas enfrentam barreiras relacionadas ao custo e à complexidade. A pesquisa concluiu que uma abordagem multidisciplinar, que integre o tratamento clínico com suporte emocional, é fundamental para o manejo da Alopecia Areata, melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Por fim, destaca-se a necessidade de mais investigações clínicas para aprimorar as terapias disponíveis e explorar novas alternativas que possam oferecer tratamentos mais eficazes e acessíveis.

Palavras-chave: Alopecia Areata; Mecanismos Fisiopatológicos; Avanços Terapêuticos.

Abstract 

This work focused on Alopecia Areata, an autoimmune disease that affects hair follicles, leading to hair loss. The objective was to analyze the physiological aspects of the disease and review the therapeutic advances available in recent scientific literature, with the aim of identifying the most promising treatments. Using the literature review methodology, studies were analyzed on the immunological and genetic mechanisms that contribute to the development of the disease, as well as the main therapies currently used, such as immunosuppressants, corticosteroids and Janus kinase (JAK) inhibitors. The results indicated that, although current therapies show variable efficacy, JAK inhibitors emerge as one of the most promising approaches, although there are still challenges regarding safety and accessibility. Therapeutic innovations, such as the use of stem cells and biological medicines, have also been identified as emerging alternatives, but face barriers related to cost and complexity. The research concluded that a multidisciplinary approach, which integrates clinical treatment with emotional support, is fundamental for the management of Alopecia Areata, improving patients’ quality of life. Finally, the need for more clinical investigations to improve available therapies and explore new alternatives that can offer more effective and accessible treatments is highlighted.

Keywords: Alopecia Areata; Pathophysiological Mechanisms; Therapeutic Advances.

1. Introdução

Alopecia areata é uma doença autoimune que afeta aproximadamente 2% da população mundial e caracteriza-se pela perda de cabelo em áreas específicas do couro cabeludo e outras partes do corpo. Sua etiologia envolve uma complexa interação entre predisposição genética, fatores ambientais e o sistema imunológico, resultando em uma inflamação que afeta os folículos pilosos. (CALDEIRA, Lucas. Atualização Terapêutica da Alopecia Areata. BWS Journal, v. 6, p. 1-13, 2023).   De acordo com Rossoni et al. (2024), além das implicações físicas, essa condição também causa um impacto psicológico significativo nos pacientes, afetando sua qualidade de vida e autoestima. A alopecia areata, portanto, emerge como um problema de saúde pública, cuja compreensão profunda é necessária para promover tratamentos mais eficazes e acessíveis.

Os mecanismos fisiopatológicos da alopecia areata estão diretamente ligados à disfunção imunológica, onde linfócitos T atacam os folículos capilares, resultando na interrupção do ciclo de crescimento do cabelo. ou seja no início o trauma causado pela tração causa uma inflamação ao redor do fólico piloso e como resultado desta inflamação os folículos pilosos podem tornar-se miniaturizados ( cabelos mais finos semelhante ao pelo velo) e com isso acontece a redução da densidade capilar.) Essa agressão imunológica ocorre principalmente em indivíduos geneticamente predispostos, o que destaca a importância do componente hereditário. No entanto, o estresse também tem sido identificado como um fator precipitante relevante, conforme evidenciado por Marco e Paula (2023), que demonstraram a correlação entre eventos estressores e o desenvolvimento ou agravamento da alopecia areata. Essas descobertas ampliam a compreensão sobre a patologia, sugerindo que tanto fatores internos quanto externos contribuem para sua manifestação.

Nos últimos anos, o avanço das terapias para alopecia areata tem proporcionado novas perspectivas de tratamento. Segundo Chin et al. (2023), o desenvolvimento de fármacos inibidores de JAK (Janus kinase (JAK) são medicamentos que atuam na resposta imunitária, os inibidores da JAK bloqueiam a sinalização mediada por citocinas em células-alvo, impedindo a manifestação de doenças inflamatórias e autoimunes), como o ritlecitinib, tem mostrado resultados promissores no tratamento de casos graves da doença. Além disso, a utilização de tecnologias como a laserterapia, abordada por Alves (2022), e o microagulhamento, descrito por Caetano, Andrade e Mendonça (2023), representam abordagens alternativas que vêm sendo cada vez mais integradas aos protocolos terapêuticos, oferecendo esperança para pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.

Apesar dos avanços terapêuticos, a alopecia areata continua sendo um desafio tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes. Embora existam diversas opções de tratamento, a eficácia dessas terapias ainda varia consideravelmente entre os indivíduos, o que sugere a necessidade de uma abordagem personalizada. Além disso, a falta de estudos clínicos robustos limita a consolidação de alguns tratamentos, destacando a importância de novas pesquisas que investiguem não apenas a eficácia, mas também a segurança de tratamentos emergentes, como o uso do tofacitinibe (medicamento que consegue inibir JAK, indicado para tratamento de alopecia areata) tópico, conforme discutido por Ferreira, Ferreira e Scheinberg (2020a). Esse cenário evidencia a complexidade do manejo da alopecia areata e a necessidade de avanços contínuos no campo da dermatologia.

O problema de pesquisa deste estudo gira em torno da seguinte questão: quais são os principais aspectos fisiológicos que contribuem para o desenvolvimento da alopecia areata e quais são os avanços mais promissores no tratamento dessa condição? As hipóteses deste estudo incluem que os mecanismos imunológicos desempenham um papel central na etiologia da alopecia areata e que as novas terapias baseadas em inibidores de JAK podem representar uma alternativa eficaz aos tratamentos tradicionais. Além disso, espera-se que terapias emergentes como o microagulhamento e a laserterapia ofereçam novas abordagens complementares aos tratamentos convencionais.

O objetivo geral da presente pesquisa foi analisar os aspectos fisiológicos da Alopecia Areata e revisar os avanços terapêuticos disponíveis na literatura científica recente, com o intuito de identificar tratamentos promissores e suas respectivas abordagens.

Logo, os objetivos específicos determinados foram: Descrever os mecanismos fisiopatológicos envolvidos na Alopecia Areata, com foco nas respostas imunológicas e genéticas que contribuem para o desenvolvimento da doença; Revisar e comparar as principais modalidades terapêuticas atuais para o tratamento da Alopecia Areata, destacando eficácia, segurança e limitações; Identificar inovações terapêuticas emergentes para Alopecia Areata, avaliando seu potencial de aplicação clínica a partir de dados de estudos recentes.

2 Desenvolvimento

2.1 Metodologia 

O tipo de pesquisa realizado neste trabalho foi uma Revisão de Literatura, no qual foi realizada consulta a livros, dissertações e em artigos científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de dados Google Academy, Scientific Electronic Library Online (Scielo). O período dos artigos pesquisados foram os trabalhos publicados nos últimos cinco anos (2019 – 2024). As palavras-chave utilizadas foram: Alopecia Areata. Mecanismos Fisiopatológicos. Avanços Terapêuticos.

2.2 Resultados e Discussão

Alopecia Areata é uma doença autoimune que, por meio de complexos mecanismos fisiopatológicos, resulta na perda de cabelo em áreas circunscritas do couro cabeludo e, em alguns casos, do corpo. Os mecanismos imunológicos envolvidos estão fortemente relacionados à ativação de linfócitos T citotóxicos, que reconhecem erroneamente os folículos capilares como elementos estranhos ao organismo. Esse reconhecimento anômalo é o principal fator que desencadeia a inflamação perifolicular, levando à miniaturização dos folículos e à interrupção do ciclo capilar normal (Lima et al., 2023). Tal inflamação é mediada por citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-15 (IL-15) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), que desempenham um papel central no estabelecimento da resposta autoimune.

A ativação de células dendríticas nas áreas afetadas também tem sido implicada na perpetuação do processo inflamatório. Essas células atuam como apresentadoras de antígenos, iniciando e amplificando a resposta imune contra os folículos capilares. Estudos indicam que, em pacientes com predisposição genética, essas células podem apresentar autoantígenos dos folículos capilares às células T, desencadeando a resposta imunológica desregulada (Antonialli et al., 2022). O envolvimento das células dendríticas sugere que o sistema imunológico inato desempenha um papel relevante no reconhecimento e na resposta inicial contra os folículos capilares.

No que diz respeito ao papel genético, sabe-se que a Alopecia Areata está associada a variações em genes do complexo principal de histocompatibilidade (HLA), responsáveis pela regulação da resposta imune. Mutações em genes como o HLA-DRB1 e HLA-DQB1 têm sido encontradas em pacientes com a doença, sugerindo que esses polimorfismos podem aumentar a suscetibilidade à autoimunidade contra os folículos capilares (Caetano; Andrade; Mendonça, 2023). Esses polimorfismos genéticos, quando combinados com fatores ambientais, como o estresse, podem levar ao desenvolvimento e à progressão da doença.

Além dos genes HLA, estudos recentes identificaram a contribuição de outros loci genéticos na predisposição à Alopecia Areata. Genes como o AIRE, envolvido na regulação da tolerância central do sistema imune, têm sido associados a formas mais severas da doença. Mutação nesse gene pode comprometer a eliminação de células T autorreativas no timo, permitindo que essas células escapem para a periferia e ataquem os folículos capilares (Farias, Ferreira; Scheinberg, 2020). A identificação de tais loci genéticos fortalece a hipótese de que a Alopecia Areata é uma doença poligênica, na qual múltiplos genes influenciam o risco de desenvolvimento.

O ambiente também desempenha um papel crucial no desencadeamento da doença em indivíduos geneticamente predispostos. Fatores como infecções virais, traumas físicos e, principalmente, o estresse emocional crônico são reconhecidos como gatilhos potenciais. O estresse, em particular, pode aumentar os níveis de cortisol, o que, por sua vez, modula a resposta imune, favorecendo o desequilíbrio entre os mecanismos de defesa do organismo e as células autorreativas (Oliveira; Tolêdo; Silva, 2023). Assim, os fatores ambientais funcionam como moduladores importantes da resposta autoimune, contribuindo para o início ou a exacerbação dos sintomas.

Os estudos sobre a Alopecia Areata também indicam que a expressão de moléculas de adesão celular, como a ICAM-1 e a MHC classe I, nos folículos capilares desempenha um papel essencial no recrutamento de células inflamatórias para o local. Essas moléculas facilitam a interação entre células apresentadoras de antígenos e linfócitos T, ampliando a resposta inflamatória e contribuindo para a progressão da doença (Chin; Bosquesi; Orico, 2023). A presença dessas moléculas nos folículos capilares reforça a ideia de que a Alopecia Areata é, essencialmente, uma doença mediada pela inflamação local.

No entanto, a complexidade da Alopecia Areata vai além da resposta imunológica periférica. Evidências sugerem que alterações na barreira imunológica do folículo, conhecida como “imunoprivilegiada”, desempenham um papel na vulnerabilidade dos folículos ao ataque imunológico. O ambiente imunoprivilegiado é caracterizado pela baixa expressão de moléculas MHC classe I, protegendo os folículos de serem reconhecidos pelo sistema imune. Na Alopecia Areata, essa barreira é comprometida, levando à exposição dos folículos a células T autorreativas e à consequente destruição (Cavalcante; Jacoby; Bezerra, 2023).

Outro aspecto relevante é o papel dos microRNAs (miRNAs) na regulação da resposta imunológica nos pacientes com Alopecia Areata. Esses pequenos RNAs não codificantes estão envolvidos na regulação pós-transcricional de genes e desempenham um papel crucial na modulação de respostas inflamatórias. Estudos têm demonstrado que a expressão aberrante de certos miRNAs em pacientes com Alopecia Areata pode contribuir para a ativação sustentada de vias inflamatórias, exacerbando a destruição dos folículos capilares (Ramos et al., 2020). Esses achados apontam para o potencial dos miRNAs como biomarcadores e alvos terapêuticos em novas abordagens de tratamento.

A interação entre fatores genéticos e imunológicos, modulada por influências ambientais, torna a Alopecia Areata uma doença multifatorial. A compreensão detalhada desses mecanismos permite que novas terapias sejam direcionadas de forma mais eficaz. Por exemplo, a inibição seletiva de citocinas como IL-15 e TNF-α tem mostrado potencial terapêutico em estudos recentes, oferecendo uma abordagem promissora para a modulação da inflamação local e sistêmica (Wambier; Craiglow; King, 2020). Essas terapias podem oferecer alívio sintomático sem os efeitos adversos sistêmicos associados a tratamentos imunossupressores convencionais.

Portanto, os mecanismos fisiopatológicos que envolvem a Alopecia Areata, especialmente as respostas imunológicas e genéticas, são fundamentais para o entendimento da progressão da doença e para o desenvolvimento de terapias mais eficazes e direcionadas. Ao explorar essas interações entre sistema imunológico, fatores genéticos e desencadeadores ambientais, torna-se possível traçar novas estratégias terapêuticas que possam minimizar os danos aos folículos capilares e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (Lourenço; Gonçalo, 2023).

O tratamento da Alopecia Areata, uma doença autoimune complexa que provoca a perda de cabelo, envolve várias modalidades terapêuticas com diferentes níveis de eficácia e segurança. As opções terapêuticas mais utilizadas variam desde tratamentos tópicos e sistêmicos até abordagens mais recentes com base em inovações farmacológicas. Uma das abordagens terapêuticas mais convencionais é o uso de corticosteroides, aplicados topicamente ou por injeções intralesionais, para controlar a inflamação associada à doença. Apesar de sua ampla utilização, o uso prolongado de corticosteroides apresenta limitações, incluindo efeitos adversos significativos, como afinamento da pele e supressão da função adrenal (Farias; Ferreira; Scheinberg, 2020). Embora eficazes no controle temporário da inflamação, eles não são adequados para o manejo a longo prazo devido ao risco elevado de efeitos colaterais.

Além dos corticosteroides, os imunossupressores sistêmicos, como a ciclosporina, têm sido empregados para casos mais graves de Alopecia Areata. A ciclosporina atua suprimindo a atividade das células T autorreativas, que desempenham um papel central na destruição dos folículos capilares. Estudos mostram que a ciclosporina pode induzir o crescimento capilar em alguns pacientes, porém, seu uso contínuo está associado a riscos, como hipertensão, nefrotoxicidade e aumento da suscetibilidade a infecções (Antonialli et al., 2022). Dessa forma, o uso de imunossupressores é geralmente limitado a pacientes com Alopecia Areata extensa ou refratária a outras terapias menos agressivas.

Outra modalidade terapêutica comumente utilizada são os tratamentos tópicos, como o minoxidil. Este fármaco é amplamente prescrito devido à sua capacidade de estimular o crescimento capilar por meio da vasodilatação e do prolongamento da fase anágena do ciclo capilar. No entanto, o minoxidil não interfere diretamente no processo autoimune subjacente da Alopecia Areata, sendo mais eficaz em formas menos graves da doença e frequentemente utilizado como terapia complementar (Oliveira; Tolêdo; Silva, 2023). A eficácia do minoxidil é limitada em casos mais avançados ou disseminados da doença, e sua ação é temporária, exigindo uso contínuo para a manutenção dos resultados.

Nos últimos anos, os inibidores da Janus quinase (JAK) emergiram como uma abordagem promissora para o tratamento da Alopecia Areata. Medicamentos como o tofacitinibe e o ritlecitinibe atuam bloqueando as vias de sinalização das citocinas, que são responsáveis pela ativação e manutenção da inflamação autoimune. Ensaios clínicos mostraram que esses inibidores podem promover uma recuperação significativa do cabelo em pacientes com Alopecia Areata moderada a severa (Chin; Bosquesi; Orico, 2023). No entanto, os inibidores de JAK ainda estão sob avaliação quanto à segurança a longo prazo, já que seu uso contínuo pode suprimir o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções e outros efeitos adversos.

Uma outra opção terapêutica que tem ganhado destaque é o uso de imunoterapia tópica com difenilciclopropenona (DPCP), que provoca uma dermatite de contato alérgica controlada com o objetivo de desviar a resposta imunológica do folículo capilar. Essa abordagem tem mostrado resultados promissores em alguns pacientes com formas resistentes da doença (Wambier; Craiglow; King, 2020). Contudo, a eficácia da imunoterapia tópica é variável, e o tratamento requer monitoramento cuidadoso para evitar complicações, como hiperpigmentação ou sensibilização severa.

Terapias emergentes como a laserterapia de baixa intensidade também tem sido exploradas como alternativas menos invasivas. A laserterapia estimula a regeneração celular e o aumento da circulação sanguínea nos folículos capilares, promovendo o crescimento capilar. No entanto, evidências sobre a eficácia da laserterapia ainda são limitadas e os resultados podem variar significativamente entre os pacientes (Alves, 2022). Embora seja uma opção com poucos efeitos colaterais, sua aplicação é geralmente restrita a formas menos graves de Alopecia Areata.

A terapia com células-tronco é outra abordagem em desenvolvimento que visa a regeneração direta dos folículos capilares. Embora ainda em fase experimental, essa modalidade apresenta potencial de tratar casos severos e refratários de Alopecia Areata. Estudos preliminares indicam que a terapia com células-tronco pode promover a regeneração capilar por meio da diferenciação dessas células em novos folículos (Ramos et al., 2020). Contudo, o alto custo e a complexidade técnica dessa abordagem representam barreiras significativas para sua implementação clínica em larga escala.

A imunoterapia sistêmica, como o uso de anticorpos monoclonais, também está sendo investigada como uma alternativa terapêutica para a Alopecia Areata. Essas terapias direcionam-se a alvos específicos na cascata imunológica, oferecendo uma modulação mais precisa da resposta autoimune. No entanto, os altos custos e a necessidade de infusões regulares limitam a acessibilidade desse tratamento, que ainda está restrito a ensaios clínicos (Rossoni et al., 2024). A imunoterapia sistêmica apresenta o potencial de minimizar os efeitos colaterais comuns em terapias mais amplas, mas ainda exige mais investigações para avaliar sua eficácia e segurança a longo prazo.

A escolha da modalidade terapêutica para o tratamento da Alopecia Areata depende de vários fatores, incluindo a extensão da doença, a resposta prévia aos tratamentos e a presença de comorbidades. Uma abordagem individualizada, que leve em consideração o perfil clínico e imunológico de cada paciente, é essencial para otimizar os resultados terapêuticos (Camalionte et al., 2021). Portanto, o tratamento da Alopecia Areata continua a ser um campo em evolução, com novos tratamentos sendo investigados, mas ainda existem desafios consideráveis na busca por uma terapia ideal que combine eficácia, segurança e acessibilidade.

Em conclusão, o manejo terapêutico da Alopecia Areata é um desafio clínico multifatorial, que requer uma combinação de abordagens para tratar tanto os sintomas quanto a etiologia subjacente da doença. As terapias tradicionais, como os corticosteroides e o minoxidil, permanecem como opções de primeira linha, embora apresentem limitações significativas. Por outro lado, inovações como os inibidores de JAK e a terapia com células-tronco oferecem novas perspectivas, mas demandam mais estudos para avaliar sua segurança a longo prazo e viabilidade prática (Cavalcante; Jacoby; Bezerra, 2023). A constante pesquisa e desenvolvimento de novas terapias são fundamentais para melhorar o prognóstico dos pacientes com Alopecia Areata, permitindo um tratamento mais eficaz e personalizado.

Nos últimos anos, a busca por inovações terapêuticas para o tratamento da Alopecia Areata tem se intensificado, com foco em abordagens mais eficazes e com menores efeitos adversos. Uma das inovações mais promissoras nesse campo é o uso dos inibidores da Janus quinase (JAK), que agem bloqueando as vias de sinalização de citocinas envolvidas na ativação das células T autorreativas. Estudos clínicos sobre o uso de inibidores de JAK, como tofacitinibe e ritlecitinibe, demonstraram uma recuperação significativa de cabelos em pacientes com Alopecia Areata grave, estabelecendo essas drogas como potenciais terapias de primeira linha para casos refratários (Chin; Bosquesi; Orico, 2023). No entanto, o uso prolongado dessas medicações exige cautela, devido aos riscos de imunossupressão e infecções.

Outra inovação relevante são as terapias baseadas no uso de células-tronco. Essa abordagem visa regenerar os folículos capilares por meio da diferenciação de células-tronco em novos folículos saudáveis. Embora ainda em fase experimental, os resultados iniciais de estudos clínicos são promissores, apontando para uma possível restauração do crescimento capilar em pacientes que não responderam a tratamentos convencionais (Ramos et al., 2020). Entretanto, a terapia com células-tronco enfrenta desafios significativos relacionados a custos elevados e à complexidade técnica, além da necessidade de estudos mais longos para garantir sua segurança.

A utilização de terapias biológicas também tem sido explorada no contexto da Alopecia Areata. Os anticorpos monoclonais, que têm a capacidade de inibir alvos moleculares específicos envolvidos na resposta autoimune, são uma dessas inovações. Ao bloquear citocinas e outros mediadores inflamatórios, essas terapias podem modular a resposta imunológica de forma mais precisa, reduzindo os efeitos colaterais observados com os imunossupressores tradicionais (Lourenço; Gonçalo, 2023). No entanto, o alto custo dessas terapias e a necessidade de administração regular limitam sua ampla aplicação clínica.

A imunoterapia tópica, como o uso da difenilciclopropenona (DPCP), continua a ser um foco de pesquisa. Esta substância é utilizada para induzir uma dermatite de contato alérgica, desviando a resposta imunológica dos folículos capilares. A imunoterapia tópica tem demonstrado eficácia em alguns casos de Alopecia Areata resistente a tratamentos convencionais, mas apresenta limitações quanto à variabilidade dos resultados entre os pacientes (Wambier; Craiglow; King, 2020). Além disso, os efeitos adversos, como hipersensibilidade e alterações pigmentares, devem ser considerados ao aplicar essa terapia.

A laserterapia de baixa intensidade (LLLT) representa uma abordagem não invasiva emergente para o tratamento da Alopecia Areata. Este tratamento visa estimular a regeneração dos folículos capilares por meio da bioestimulação dos tecidos e aumento da circulação sanguínea no couro cabeludo (Alves, 2022). Embora os resultados preliminares sejam promissores, indicando melhora no crescimento capilar, a eficácia da LLLT ainda precisa ser confirmada por estudos clínicos de maior escala, que avaliem tanto a efetividade a longo prazo quanto os potenciais efeitos adversos.

Uma inovação adicional em desenvolvimento é o uso de microagulhamento, que tem como objetivo aumentar a penetração de fármacos tópicos e estimular a regeneração capilar por meio da indução de respostas de cicatrização no couro cabeludo. O microagulhamento tem sido combinado com o uso de minoxidil e corticosteroides tópicos, resultando em uma melhora mais rápida no crescimento capilar (Caetano; Andrade; Mendonça, 2023). Apesar de promissor, o procedimento requer repetidas sessões e deve ser realizado sob supervisão médica para evitar complicações como infecções ou cicatrizes.

A terapia genética também tem sido proposta como uma possível inovação no manejo da Alopecia Areata. Com o avanço das tecnologias de edição genética, como o CRISPR-Cas9, há o potencial de corrigir mutações associadas à predisposição à doença, atuando diretamente nas causas genéticas subjacentes. No entanto, esta abordagem ainda está em estágios iniciais de desenvolvimento e enfrenta desafios éticos, técnicos e regulatórios, que devem ser superados antes de se tornar uma opção terapêutica viável (Rossoni et al., 2024).

O uso de medicamentos biológicos, como os inibidores de TNF-alfa e IL-17, continua sendo explorado como uma forma de controlar a inflamação sistêmica na Alopecia Areata. Esses fármacos, que têm sido amplamente utilizados no tratamento de outras doenças autoimunes, como a psoríase, podem apresentar resultados positivos em pacientes com Alopecia Areata severa, particularmente naqueles que não respondem aos tratamentos tradicionais (Farias; Ferreira; Scheinberg, 2020). No entanto, o uso dessas terapias requer monitoramento contínuo, devido ao risco de efeitos colaterais graves, como infecções e reações autoimunes paradoxais.

Finalmente, o desenvolvimento de biomarcadores específicos para a Alopecia Areata pode revolucionar a forma como os tratamentos são administrados. A identificação de biomarcadores moleculares que prevejam a resposta ao tratamento permitiria uma abordagem mais personalizada e eficaz, aumentando as chances de sucesso terapêutico e minimizando os efeitos adversos (Paula; Silva, 2023). No entanto, essa área ainda está em fase de pesquisa, com poucos biomarcadores validados para uso clínico.

Em suma, as inovações terapêuticas emergentes para o tratamento da Alopecia Areata oferecem novas esperanças para pacientes que sofrem desta condição. Embora muitas dessas terapias ainda estejam em fase experimental ou enfrentem desafios relacionados à segurança, custo e eficácia a longo prazo, elas representam um avanço significativo em relação aos tratamentos tradicionais. À medida que novas pesquisas são conduzidas, espera-se que essas abordagens possam ser refinadas e aplicadas de maneira mais ampla, melhorando o manejo clínico da Alopecia Areata e oferecendo opções mais seguras e eficazes para os pacientes (Cavalcante; Jacoby; Bezerra, 2023).

3 Conclusão

A pesquisa teve como objetivo analisar os aspectos fisiológicos da Alopecia Areata e revisar os avanços terapêuticos disponíveis na literatura científica recente, buscando identificar os tratamentos mais promissores e suas respectivas abordagens. Durante o desenvolvimento do estudo, os mecanismos fisiopatológicos da doença foram amplamente discutidos, com ênfase nas respostas imunológicas e genéticas. Constatou-se que a ativação das células T autorreativas e as predisposições genéticas são fatores determinantes no desenvolvimento da doença, conforme descrito por diversos autores revisados. Além disso, fatores ambientais, como o estresse emocional, foram apontados como gatilhos relevantes, reforçando a complexidade da interação entre genética e ambiente na manifestação da Alopecia Areata.

No que diz respeito aos tratamentos, o estudo revisou as principais modalidades terapêuticas atuais, como imunossupressores, corticosteroides e inibidores da Janus quinase (JAK). A eficácia dessas terapias mostrou-se variável, com alguns pacientes respondendo bem aos tratamentos, enquanto outros apresentaram resultados limitados, dependendo do estágio e da severidade da doença. Além disso, as limitações dessas terapias foram amplamente discutidas, especialmente no que se refere aos efeitos colaterais e à segurança a longo prazo. Apesar disso, os inibidores de JAK surgiram como uma das opções mais promissoras, oferecendo novas perspectivas para o manejo da doença.

A pesquisa também explorou inovações terapêuticas emergentes, como o uso de células-tronco e medicamentos biológicos. Essas novas abordagens terapêuticas foram identificadas como promissoras, especialmente no tratamento de casos mais graves de Alopecia Areata. No entanto, seu alto custo e a complexidade na administração dessas terapias ainda representam barreiras significativas para sua aplicação em larga escala. A revisão da literatura destacou a necessidade de mais estudos clínicos para avaliar a viabilidade e segurança dessas terapias em diferentes grupos de pacientes.

Além disso, o estudo reforçou a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento da Alopecia Areata. O impacto emocional da doença sobre os pacientes foi frequentemente citado na literatura, indicando que o suporte psicológico é fundamental para melhorar os resultados terapêuticos e a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Portanto, concluiu-se que a combinação de tratamentos clínicos com suporte emocional deve ser considerada uma prática recomendada para o manejo da doença.

Sendo assim, a pesquisa atingiu seus objetivos ao descrever detalhadamente os mecanismos fisiopatológicos da Alopecia Areata, revisar as modalidades terapêuticas atuais e explorar as inovações emergentes no tratamento da doença. Embora os avanços terapêuticos, como os inibidores de JAK, tenham mostrado resultados promissores, a variabilidade de resposta e os desafios relacionados à acessibilidade e segurança indicam a necessidade de mais investigações. Assim, o estudo reforça a importância de continuar explorando novas terapias e estratégias personalizadas para oferecer tratamentos mais eficazes e abrangentes aos pacientes com Alopecia Areata.

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1Centro Universitário UNA Divinópolis, Brasil
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