ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA INFÂNCIA: ESCOLHAS PARA A VIDA 

HEALTHY EATING IN CHILDHOOD: CHOICES FOR LIFE 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411211744


Eugênio Rodrigues de Oliveira Neto1
Glaucia Gonçalves Pelizari1
Kelislânia Rezende da Silva1
Maria Vitória Canevari da Rocha Simão1
Renata de Fátima Vedana1
Rosangela Barbosa Corrêa Nunes1
Orientadora: Sara Janai Corado Lopes2
Orientadora: Márcia Ferreira Sales2


Resumo 

Este relato aspira apresentar as experiências vivenciadas por acadêmicos do quarto período de  medicina durante a culminância do projeto “Alimentação Saudável na Infância: Escolhas para  a Vida” realizado em uma escola municipal, localizada no município de Porto Nacional, Estado  de Tocantins. O projeto citado, foi realizado objetivando sensibilizar a respeito dos efeitos  benéficos de hábitos alimentares saudáveis em crianças. Os métodos utilizados foram a  elaboração e realização de dinâmicas lúdicas e interativas, com o objetivo de despertar o  interesse do público alvo, ao final foram selecionadas as seguintes atividades: Jogo de  Classificação de Alimentos, Oficina de Montagem de Pratos Coloridos e Jogo da Memória com  Alimentos. Os resultados da aplicação dessas atividades culminaram com a promoção de um  momento de descontração e aprendizagem, estimulando as crianças de maneira lúdica e  interativa a desenvolverem um senso crítico para discernir entre alimentos saudáveis e não  saudáveis. Portanto, conclui-se que as intervenções educativas tanto escolares como  extraescolares são alternativas eficientes para proporcionar mudanças nos hábitos alimentares com enfoque nas crianças, contribuindo para o desenvolvimento de cidadãos cada vez mais  preocupados com a questão nutricional, ao mesmo tempo que permite a melhoria dos índices  de saúde, sendo, portanto, necessária a evolução e perpetuação de tais intervenções. 

Palavras-chave: Alimentação. Escolar. Hábitos. 

1. INTRODUÇÃO 

O desenvolvimento saudável na infância depende de múltiplos fatores, sendo a  alimentação adequada um dos mais relevantes. Uma dieta balanceada com alimentos ricos em  nutrientes é essencial para atender às necessidades do organismo em crescimento (Kuhn e  Merheb, 2021). No entanto, o Brasil vem apresentando um aumento preocupante nos índices  de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes, um problema que reflete diretamente  os hábitos alimentares desenvolvidos desde cedo. Segundo dados do Sistema de Vigilância  Alimentar e Nutricional (SISVAN) do Ministério da Saúde, cerca de 1,4 milhão dos 4,4 milhões  de adolescentes avaliados em 2022 foram diagnosticados com sobrepeso ou obesidade,  condições muitas vezes associadas à má alimentação infantil (De Sá, 2023). 

Paralelo a esses dados, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI),  realizado em 2019, revelou um padrão alarmante: o consumo de alimentos ultraprocessados  atinge 80,5% entre crianças de 6 a 23 meses, 66% entre crianças de 6 a 11 meses e chega a  93,0% entre crianças de 24 a 59 meses. Representando uma progressiva degeneração da  qualidade alimentar brasileira atingindo faixas etárias cada vez menores. 

Para melhorar esse cenário, o Ministério da Saúde desenvolveu o Guia Alimentar para  a População Brasileira, com a finalidade de educar a população sobre os diferentes tipos de  alimentos e estabelecer diretrizes de uma dieta adequada para cada fase do desenvolvimento  infantil (Araújo, Freitas e Lobo, 2021). De acordo com o Guia, os alimentos são classificados  em quatro categorias com base no nível de processamento: alimentos in natura (frutas, verduras,  carnes), ingredientes culinários processados (óleos, açúcar), alimentos processados (queijos,  pães) e ultraprocessados (refrigerantes, biscoitos, refeições congeladas) (Brasil, 2020). 

Ademais, a saúde das crianças e adolescentes está diretamente ligada aos seus hábitos  alimentares. O consumo excessivo de alimentos processados e ultraprocessados na dieta  representa um risco significativo para o desenvolvimento de patologias crônicas, como obesidade e aterosclerose, na vida adulta (Pereira e Xavier, 2024). Dessa forma, a promoção de  uma alimentação saudável desde a infância não somente promove o desenvolvimento físico e  mental adequado, mas também contribui para melhorar os indicadores de saúde pública ao  longo do tempo, reduzindo a incidência de doenças crônicas na população brasileira. 

Nesse viés, a escola torna-se um ambiente propício para incentivar a educação  alimentar, uma vez que além de transmitir novos conhecimentos de maneira lúdica, possibilita  o acesso a comidas nutritivas ao mesmo tempo que interagem e realizam atividades favoráveis  para uma alimentação saudável (Popper, 2024). Somado a isso, as atitudes das crianças  influenciam diretamente o ambiente familiar, por sua vez afetando a sociedade, tornando-a um  agente ímpar para o combate à alimentação desbalanceada e suas repercussões para o bem-estar  social (Henriques et al, 2021). 

Portanto, a escolha dos alimentos consumidos durante a primeira etapa da vida interfere de maneira significativa no desenvolvimento e saúde do indivíduo, nesse viés, este artigo vem  com o objetivo de sensibilizar a respeito dos efeitos de hábitos alimentares saudáveis em  crianças, por meio do relato de uma intervenção em sociedade realizada por acadêmicos do  quarto período medicina em uma escola municipal no município de Porto Nacional – TO. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 Os fatores de influência na cultura alimentar 

A história da humanidade, ao longo do tempo, foi marcada por diversas inovações  tecnológicas, o que inclui, sobretudo, a produção e o consumo alimentar. Nesse sentido, cabe  analisar a alimentação não apenas como o hábito de garantir nutrientes para suprir as demandas  fisiológicas, mas como uma expressão também simbólica e cultural do meio social, que passou  a sofrer influência do novo modelo globalizado de consumo, cada vez mais prevalente  socialmente (Silva et al., 2021). 

Em vista dessa conjuntura, Contreras e Gracia (2005) trazem em sua produção literária  uma perspectiva ampla da alimentação, em que é possível entendê-la muito além do processo  convencional de preparação e consumo voltado aos aspectos biológicos, mas como uma forma  de relacionar o ser humano ao seu meio social, tendo em vista que os hábitos alimentares estão  intimamente relacionados com a expressão de padrões culturais que envolvem aspectos como  crenças, costumes familiares, noções éticas, religiosidade e sociabilidade. Nesse viés, os autores ainda elucidam o papel significativo da comida como expressão social, por vezes, associado a  hábitos que reafirmam status e relações entre os participantes. 

Dessa maneira, é possível entender que a cultura alimentar é uma associação de todos  os aspectos que envolvem o indivíduo e por isso, é passível de sofrer influência do meio em  que está inserido, sendo necessário fazer uma reflexão contextualizada sobre as práticas  alimentares, de forma que desperte a necessidade de compreender que os determinantes  comportamentais da prática alimentar advém desse contexto de inserção e por isso é  imprescindível entender a extensão social da alimentação (Verthein e Amparo-Santos, 2021). 

Nesse cenário, o desenvolvimento tecnológico tanto no âmbito social como na produção  alimentar, provoca uma modificação da relação entre o ser humano e o alimento, e  principalmente das suas práticas de produção que passam a ressignificar o alimento como  mercadoria e trazem uma carga de homogeneização do consumo alimentar, em decorrência da  força de interferência que as indústrias ganham na prática alimentar (Silva et al., 2021).  Consequentemente, esse quadro materializa o conceito de globalização alimentar, um  fenômeno em que há uma mudança nos moldes alimentares de uma sociedade que  anteriormente eram tradicionais, prezando pelo consumo de alimentos locais, e passam a ser  majoritariamente compostos por alimentos ultraprocessados e fast-foods, configurando uma  homogeneização dessa prática (Hendler et al., 2021). 

Ainda, o trabalho de Pineda et al. (2023) elucida, entre outras questões fundamentais  ligadas ao consumo alimentar, a intrínseca influência da publicidade de alimentos na escolha  dos mesmos pelo consumidor, sendo determinante nas preferências e comportamento de  compra. Nessa circunstância, compreende-se que a mudança no sistema alimentar, de maneira  global, como efeito das atuais organizações de produção e consumo, acarreta – entre outras  problemáticas – a elevação da mortalidade e morbidade por doenças crônicas não transmissíveis  (DCNT) mundialmente (Hendler et al., 2021; Pineda et al., 2023). 

2.2 A cultura familiar e o impacto nos hábitos alimentares 

O ser humano não vem ao mundo com uma cultura pré-definida; esta é desenvolvida  por meio do convívio em sociedade (Vygotsky, 2013). De forma semelhante, acredita-se que o  indivíduo não nasce com preferências por açúcar, gorduras ou refrigerantes; ele desenvolve o  gosto por esses sabores ao longo da experiência, influenciado pelo ambiente social e familiar,  especialmente na infância (Piasetzki et al.,2020). 

Nesse contexto, na infância, inicia-se o desenvolvimento das preferências alimentares,  juntamente com o crescimento físico, social, cognitivo e emocional do indivíduo. Ao longo desse processo, as crianças formam hábitos alimentares que são fortemente influenciados pela  convivência familiar e social (Ventura et al.,2022). O ambiente familiar, portanto, é essencial  para moldar os hábitos alimentares das crianças, que tendem a seguir os exemplos dos pais,  impactando suas preferências e a variedade em suas dietas (Monteiro et al., 2022). 

Segundo Piasetzki et al. (2020), todas as ações dos adultos são observadas e  internalizadas pelas crianças, destacando o poder da família na influência da formação dos  hábitos alimentares e estilos de vida do público infantil, além deles serem responsáveis pela  aquisição e acessibilidade dos alimentos. Dessa forma, as crianças consomem e preferem  alimentos mais nutritivos quando estes estão disponíveis em casa e os pais também os  consomem (Teixeira et al.,2023). 

Um exemplo dessa influência familiar é evidenciado por um estudo realizado por Silva  et al. (2021) com crianças de 6 a 9 anos que apresentavam características de sobrepeso. O estudo  revelou que a maioria dos pais ou responsáveis também apresentava essa característica,  destacando que, além da genética, fatores como a transmissão de estratégias alimentares  moldam o comportamento alimentar das crianças. 

Ainda, outro aspecto a ser considerado na cultura familiar são as refeições realizadas  em conjunto, que contribuem para uma melhor qualidade e variedade alimentar, além de  proporcionar momentos de alegria (Ventura et al.,2022). Ademais, segundo Teixeira et al.  (2023), os padrões alimentares são mais saudáveis quando as famílias preparam suas próprias  refeições, evitando produtos industrializados. Além disso, as crianças tendem a consumir mais  frutas quando compartilham as refeições com a família. 

2.3 O papel da alimentação saudável no desenvolvimento infantil e sua relação com o meio escolar 

Com relação a influência biológica da alimentação, é inevitável o seu papel fundamental  no suprimento das demandas metabólicas exigidas na fase de desenvolvimento infantil, tendo  em vista que a ausência dos nutrientes necessários nesse momento pode acarretar consequências  não só físicas, como mentais e emocionais à criança, impossibilitando o desenvolvimento pleno  dos aspectos cognitivos, comportamentais e humorais (De Sá et al., 2023). 

Nessa perspectiva, o material produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância  (UNICEF) de 2019, aborda como a vida no planeta trouxe mudanças significativas,  principalmente nas formas de alimentação, demonstrando uma mudança dos padrões  alimentares tradicionais para uma disponibilidade de alimentos ricos em gorduras e açúcares e  pobres em nutrientes essenciais, o que corrobora o cenário de má nutrição das crianças atualmente. Em suma, o material aborda dois pontos importantes: a desnutrição como um fator  de vulnerabilidade que ainda atinge expressivamente as crianças, acarretando deficiências no  crescimento e impedindo o desenvolvimento dos potenciais físicos e intelectuais plenamente e,  ainda, a obesidade como o outro extremo que tem acometido grande parcela de indivíduos nessa  faixa etária e representa um risco aumentado para desenvolvimento de doenças não  transmissíveis. 

Isto posto, de acordo com De Sá et al. (2023), dois fatores exercem influência direta na  formação dos hábitos alimentares das crianças: a família e a escola, uma vez que ambos são  ambientes onde ocorre a consolidação do aprendizado e o desenvolvimento de padrões  comportamentais. Nesse contexto, Kroth et al. (2020) ratifica tal panorama ao abordar a escola  como um espaço fundamental na formação de comportamentos e estilos de vida, o que denota  a possibilidade de reafirmação do âmbito escolar como um espaço de promoção de hábitos de  vida mais saudáveis. 

Diante desse cenário, segundo Caetano et al. (2022), a escola desempenha um papel  fundamental na promoção de hábitos alimentares saudáveis, já que muitas refeições são  realizadas nesse ambiente. Além disso, os autores destacam que a escola incentiva os alunos a  refletirem criticamente sobre suas escolhas alimentares, promovendo atitudes mais saudáveis e  uma melhor qualidade de vida, no entanto, o desafio é conscientizá-los para que adotem hábitos  mais saudáveis. 

Sob esse viés, a Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) – estabelecido pela  Lei nº 11.947 de 2009 – surge nas escolas com o objetivo de contribuir para o crescimento e  desenvolvimento biopsicossocial dos alunos, além de melhorar a aprendizagem, o rendimento  escolar e promover a formação de hábitos alimentares saudáveis. Assim, a escola se torna um  ambiente propício para a implementação de ações de educação alimentar e nutricional, onde o  ato de comer pode ser, ao mesmo tempo, uma prática educativa, tanto dentro quanto fora do  ambiente escolar (Kroth et al., 2020). 

Esta revisão ressalta que, embora avanços tenham sido feitos, o combate aos desafios  relacionados à alimentação saudável e ao consumo consciente ainda requer aprofundamento e  estratégias eficazes para serem amplamente compreendidos e implementados. 

3. METODOLOGIA 

A metodologia adotada para este projeto foi a observação participante, uma abordagem  que permite ao pesquisador um envolvimento direto com as características treinadas,  participando das atividades realizadas e interagindo com os indivíduos participantes. 

Nesse contexto, os acadêmicos do quarto período do curso de Medicina do Instituto  Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC), na disciplina Práticas Interdisciplinares de  Extensão, Pesquisa e Ensino IV (PIEPE IV), conduziram atividades lúdicas e educativas com  o objetivo de promover práticas alimentares saudáveis entre as crianças. Assim, o lócus do  projeto foi em uma escola municipal de Porto Nacional, Tocantins, abrangendo um público de  aproximadamente 85 crianças de 2 a 5 anos, matriculadas do maternal ao 2º período, sendo essa  escolha de ambiente fundamentada na necessidade de conscientizar a comunidade escolar sobre  os benefícios de uma alimentação equilibrada para a saúde e o desenvolvimento infantil. 

Dessa forma, o projeto foi desenvolvido nessa escola municipal, a qual ofereceu a  infraestrutura necessária, incluindo o espaço físico, o público-alvo e o apoio da equipe  pedagógica que acompanhou e colaborou nas atividades com as crianças, em parceria com o  Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos. 

A idealização do projeto ocorreu em diversas etapas, começando com uma visita à  instituição para compreender o contexto dos alunos. Durante esta visita, as funcionárias  mencionaram que muitos alunos apresentam dificuldades para se adaptar à alimentação  saudável. Diante disso, essa abordagem busca prevenir a obesidade infantil e doenças como  diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemias, que podem surgir precocemente ou se manifestar  na vida adulta. Portanto, o projeto foi planejado durante as aulas práticas do PIEPE IV e  posteriormente, foi redigido sob orientação e avaliado por uma banca examinadora para garantir  a coerência entre os objetivos e as atividades propostas. 

Na fase de implementação, as atividades foram projetadas para capacitar as crianças  com conhecimentos sobre nutrição e incentivá-las a adotar práticas alimentares saudáveis. Para  isso, ocorreu o desenvolvimento de jogos interativos, como o Jogo de Classificação de  Alimentos, onde as crianças classificam diferentes alimentos nas categorias “Saudável” e “Não  Saudável”; a Oficina de Montagem de Pratos Coloridos, na qual as crianças aprendem a montar  pratos balanceados, entendendo a importância da variedade de alimentos e nutrientes; e o Jogo  da Memória com Alimentos, que visa aprimorar a memória visual e o conhecimento sobre  alimentos saudáveis. Dessa forma, o projeto buscou sensibilizar as crianças sobre a importância  de escolhas alimentares conscientes, promovendo uma geração com hábitos alimentares mais  saudáveis e incentivando-as a levar os conhecimentos adquiridos para suas casas e familiares.

Ademais, visto que este trabalho se enquadra em um projeto de extensão, dispensou a  submissão pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), uma vez que não teve coleta de dados e  informações que possam identificar os envolvidos na ação. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

4.1. Alterações nos hábitos alimentares 

Durante o desenvolvimento do projeto, uma das principais expectativas foi a melhoria  nos hábitos alimentares das crianças. Nesse sentido, por meio das atividades lúdicas e  educativas, como o Jogo de Classificação de Alimentos, a Oficina de Montagem de Pratos  Coloridos e o Jogo da Memória com Alimentos, as crianças foram incentivadas a reconhecer e  distinguir os alimentos saudáveis dos alimentos ultraprocessados. 

Buscou-se, assim, um aumento significativo no consumo de alimentos saudáveis e uma  redução no consumo de alimentos ultraprocessados após a realização das atividades do projeto,  de modo que a intervenção tenha um impacto positivo na alimentação das crianças, alinhando se com outros estudos que apontam que a educação alimentar é eficaz na modificação de hábitos  alimentares (Ventura et al., 2022; Kroth et al., 2020). 

4.2. Conhecimento sobre grupos alimentares 

Uma das ações-chave do projeto foi promover o conhecimento das crianças sobre os  diferentes grupos alimentares e suas funções. Em vista disso, durante as atividades, as crianças  aprenderam, por exemplo, a montar um prato colorido e nutritivo, o que proporcionou uma  maior compreensão sobre o papel de uma dieta equilibrada e diversificada. 

Antes da intervenção, muitas crianças demonstraram não entender a importância dos  diferentes grupos alimentares e de se ter uma alimentação saudável, enquanto após as  atividades, os alunos conseguiram identificar corretamente os alimentos saudáveis, montando  um prato colorido e nutritivo. Consequentemente, essa mudança indica que as crianças foram  capazes de internalizar informações sobre alimentação saudável e agora possuem maior  consciência sobre a importância de uma dieta equilibrada. 

4.3. Impacto nas escolhas alimentares das famílias 

Além de observar mudanças nas escolhas alimentares das crianças, o projeto também  buscou envolver as famílias no processo de conscientização. Durante as atividades realizadas,  observou-se que as crianças estavam mais dispostas a compartilhar os conhecimentos adquiridos com seus familiares, o que possibilitou mudanças nas práticas alimentares em casa.  Dessa forma, a interação familiar foi incentivada, por meio de jogos educativos e informações  sobre nutrição, tendo em vista que as crianças adquiriram conhecimentos que podem  compartilhar com seu núcleo familiar, levando os pais a refletirem sobre os alimentos que  consumiam e ofertavam para as crianças.  

Esses resultados corroboram com a ideia de que, ao promover o conhecimento  nutricional nas crianças, o impacto se estende para o ambiente familiar, repercutindo nas  escolhas alimentares dos adultos também (Piasetzki et al., 2020; Teixeira et al., 2023).  

4.4. Desenvolvimento da consciência crítica sobre alimentação 

Um dos objetivos centrais do projeto foi estimular o senso crítico das crianças sobre  suas escolhas alimentares. Então, com o uso de atividades como o Jogo de Classificação de  Alimentos, as crianças foram incentivadas a refletir sobre os benefícios dos alimentos saudáveis  e as consequências dos alimentos ultraprocessados. 

Diante disso, a alimentação inadequada nas primeiras fases da vida configura um quadro  social preocupante, tendo em vista que os primeiros dias de uma criança são fundamentais no  que diz respeito ao desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social, sofrendo influência  de diversos fatores intrínsecos e extrínsecos, dentre eles o estado nutricional, de maneira que  alterações nos mecanismos nutricionais e metabólicos influenciam a programação metabólica  de um indivíduo ao longo do tempo (Backes & Cancelier, 2018). Como efeito, ações lúdicas  voltadas ao desenvolvimento de um estado crítico na escolha alimentar das crianças, sobretudo  acerca do que é saudável e do que não é saudável, possibilitou a sensibilização dessa faixa etária  quanto a importância de se alimentar com escolhas melhores dentro do contexto social daquele  núcleo familiar, o que promove um impacto não só de maneira individual, mas repercute  coletivamente na comunidade. 

Com isso, após a aplicação da atividade, as crianças demonstraram uma compreensão  mais clara sobre os benefícios de uma alimentação saudável, refletindo um aumento na  conscientização em relação à saúde e ao bem-estar, que pode ser atribuído à natureza interativa  e lúdica das atividades, que estimulam o pensamento crítico de maneira divertida e envolvente. 

4.5. Contribuições para a saúde pública e educação alimentar 

A promoção de hábitos alimentares saudáveis nas escolas é uma estratégia reconhecida  pela Política Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e outras políticas públicas de saúde  (Caetano et al., 2022). Nesse contexto, os resultados obtidos neste projeto indicam que a escola pode desempenhar um papel crucial na prevenção da obesidade infantil e outras doenças  relacionadas aos maus hábitos alimentares. Desse modo, a sensibilização das crianças desde  cedo sobre a importância de escolhas alimentares saudáveis contribui para a construção de uma  geração mais consciente e saudável, capaz de tomar decisões informadas sobre sua alimentação  ao longo da vida. 

Em comparação com outros estudos sobre intervenções escolares (Kroth et al., 2020;  Pereira e Xavier, 2024), os resultados deste projeto confirmam que ações educativas no  ambiente escolar, aliadas a estratégias de participação ativa das crianças, podem gerar  mudanças significativas nos hábitos alimentares, tanto no contexto escolar quanto familiar.  Assim, o impacto positivo observado neste projeto reflete essa realidade, demonstrando que a  educação alimentar é um vetor importante na promoção da saúde pública. 

4.6. Limitações Encontradas 

Embora os resultados obtidos sejam positivos e tenham contribuído significativamente  para a melhoria dos hábitos alimentares das crianças e, por consequência, suas famílias, é  importante considerar que as mudanças no comportamento alimentar são graduais e  multifacetadas, sendo influenciadas por fatores como o ambiente socioeconômico, a  disponibilidade de alimentos saudáveis e o suporte contínuo da comunidade escolar e familiar. 

Além disso, a continuidade das atividades de conscientização e a manutenção do apoio  à educação alimentar são essenciais para garantir que os resultados sejam sustentáveis a longo  prazo. Nesse sentido, a escola deve tornar-se um ponto de referência para a promoção de hábitos  alimentares saudáveis, o que depende do envolvimento contínuo de professores, pais e gestores. 

Outrossim, os resultados do projeto indicam um impacto significativo na mudança dos  hábitos alimentares das crianças e de suas famílias, mostrando a importância das intervenções  educativas no contexto escolar. Por conseguinte, a promoção de uma alimentação saudável  desde a infância não apenas contribui para a prevenção de doenças crônicas, como também  fomenta uma geração mais saudável e consciente de suas escolhas alimentares. Logo, o sucesso  do projeto evidencia o potencial das ações educativas e lúdicas no fortalecimento de hábitos  saudáveis, com repercussões positivas no nível individual e comunitário. 

Portanto, esses resultados reforçam a necessidade de se continuar investindo na  educação alimentar nas escolas e na colaboração entre a comunidade escolar e as famílias para  garantir que as gerações futuras tenham uma base sólida para escolhas alimentares saudáveis,  promovendo saúde e bem-estar ao longo de suas vidas.

5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O projeto “Alimentação Saudável na Infância: Escolhas para a Vida” demonstrou o  impacto positivo de atividades educativas para promover hábitos alimentares saudáveis entre  crianças em idade pré-escolar. Desse modo, por intermédio de jogos e oficinas lúdicas, as  crianças puderam aprender sobre a importância da alimentação balanceada de uma forma que  despertou seu interesse e facilitou a internalização dos conceitos. Durante a realização da  intervenção foi-se observada uma participação ativa e entusiástica do público-alvo, tornando o  momento não somente educativo e construtivo, mas também prazeroso e divertido, possibilitando uma maior penetração das ações propostas. 

Durante o planejamento do projeto foram encontrados alguns obstáculos como a  necessidade de adequação das atividades para que além de estarem em consonância com a  capacidade cognitiva dos estudantes, fossem dinâmicas e interativas, captando assim a atenção do público infantil. Outro aspecto observado, foi a baixa participação dos familiares nas  atividades escolares e extra classe promovidas pela instituição, impossibilitando a inserção do  núcleo família como alvo das dinâmicas explanadas neste relato. 

Em suma, é notório a necessidade a continuação e expansão do incentivo acerca da  alimentação saudável na primeira fase da vida, por meio de uma integração multisetorial, de  várias agentes governamentais e não governamentais, para a realização de ações semelhantes  às realizadas nesse projeto e voltadas não somente para a população pediátrica em ambiente  escolar, mas incluindo o ambiente familiar e a sociedade em geral, com a finalidade de estimular  uma melhora alimentar a curto, médio e longo prazo para que de fato sejam observadas  mudanças significativas nos atuais índices de saúde. 

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VYGOTSKY, Lev Semenovitch Pensamento e linguagem. Tradução Jefferson Luiz Camargo.  Revisão técnica José Cipolla Neto. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2013


1Discentes do Curso Superior de Medicina do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Campus Porto  Nacional-TO.
2Docentes do Curso Superior de Medicina do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Campus Porto  Nacional-TO.