FOOD FOR WOMEN WITH ENDOMETRIOSIS FOR PREVENTION, REDUCTION OF SYMPTOMS AND HELP WITH TREATMENT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8387431
Jessica Alfaia de Seixas Jucá [1]
Marília Gabriela Santos Carvalho [2]
Jerusa Souza Andrade [3]
Resumo
A endometriose é conceituada como uma enfermidade crônica e inflamatória que ocorre em cerca de 10% das mulheres em idade fértil e de caráter benigno, porém que afeta sensivelmente a qualidade de vida das mulheres. Esse é um trabalho de revisão bibliográfica, que levantou informações sobre a dietoterapia como alternativa na prevenção, redução dos sintomas, e coadjuvante nos tratamentos convencionais, bem como os malefícios de uma dieta desequilibrada na piora dos sintomas e aumento de casos. Os estudos recomendam o consumo de frutas, verduras, alimentos que contenham pró-vitamina D, fibras alimentares, e a ingestão do açafrão e produtos láteos para redução da possibilidade de desenvolver a doença. Para redução dos sintomas os estudos propõem uma dieta composta por vitaminas e minerais, sendo o mais importante dos minerais o selênio encontrado em alimentos como castanhas, nozes e sementes. O consumo do chá verde, rico na substância anti-inflamatória galato de epigalocatequina, de alimentos ricos em quecertina e N-acetilcísteina, e a ingestão de gengibre, mostraram resultados promissores, para redução do quadro inflamatório. As práticas alimentares equilibradas, tem sido comprovado pela literatura como de suma importância para prevenção, melhora dos sintomas e redução dos processos inflamatórios. O acompanhamento realizado por um profissional nutricionista é extremamente relevante no tratamento da endometriose, sendo uma importante terapia coadjuvante ao tratamento médico. Há uma diversidade de opções viáveis de alimentos de custo acessível com efeitos comprovados em prevenir, melhorar a qualidade de vida das pacientes, e diminuir o progresso da doença das mulheres que estão em tratamento.
Palavras-chave: endometriose. nutrição. dieta equilibrada. Antioxidantes. anti-inflamatõrios.
1. INTRODUÇÃO
A endometriose é conceituada como uma enfermidade crônica e inflamatória que ocorre em cerca de 10% das mulheres em idade fértil e de caráter benigno, porém que afeta
sensivelmente a qualidade de vida, devido as dores pélvicas por ela causadas, além de alterar o sono, sexualidade e desenvolvimento das atividades cotidianas (COSTA e GARCIA, 2020; BARBOSA e BLANCH, 2021). No Brasil cerca de 11.083 mulheres são internadas com endometriose (SILVA e AZARIAS, 2023). No mundo mais de 70 milhões de mulheres são acometidas por esta doença (DUCCINI et al, 2019).
A maioria das mulheres que são acometidas pela endometriose, apresenta sintomas como dores intensas, sangramento e infertilidade. Estudos relatam que grande parte das pacientes com endometriose têm maiores taxas de complicações obstétricas, como abortos, cesarianas e nascimentos prematuros. Assim, leva média de dez anos para que uma mulher seja diagnosticada com a doença (COSTA e GARCIA, 2020; TEODORO e DAVID, 2023). A patologia ocorre quando há presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina, instalando um processo inflamatório que tem característica de uma doença autoimune (UCHOA, FIGUEIRA e DIAS, 2022).
A doença possui causas ainda não definidas; entretanto, estudos indicam que diversos elementos são ligados ao aumento de casos, como fatores genéticos, imunológicos e ambientais (PORFÍRIO et al. 2017). A endometriose ainda é uma patologia de difícil diagnóstico. Em países desenvolvidos a endometriose é uma das principais causas de hospitalização (SANTOS NETO et al. [s.d]). Em decorrência disso, é de suma importância a realização do tratamento com uma equipe multidisciplinar que contenha um profissional nutricionista capacitado a desenvolver uma terapia nutricional de modo a potencializar os resultados do tratamento médico (SILVA e AZARIAS, 2023).
No tratamento da endometriose, as atuações do profissional nutricionista acumularam fundamentos importantes nos últimos tempos, pois notou-se que uma dieta equilibrada pode ter influência em vários aspectos da doença, como a inflamação e dores crônicas (GOMES; ROCHA e LIMA, 2022). A ingestão de uma dieta balanceada em macronutrientes e micronutrientes com uma elevada quantidade de antioxidantes e anti-inflamatórios é recomendada (GOMES; SILVA e ALMEIDA, 2020).
A terapia nutricional pode ter ação no bloqueio dos processos dolorosos causados pela endometriose, pois alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios podem melhorar os sintomas das pacientes com dores crônicas (BARBOSA e BLANCH, 2021; UCHOA, FIGUEIRA e DIAS, 2022; SIMMEN, KELLEY, 2018).
A dieta recomendada é a ingestão de alimentos com antioxidantes como as, vitaminas A, C, E e do complexo B, comumente encontradas em alimentos como o melão, maçã, laranja, cenoura, couve, acerola, etc. Também alimentos anti-inflamatórios como suco de uva, vinho, nozes, frutas vermelhas e cítricas. Esses alimentos podem tanto prevenir, como melhorar os sintomas da endometriose. Também possuem os mesmos efeitos uma dieta rica em zinco, selênio, iodo, cálcio, magnésio, cereais integrais, frutos do mar, castanha-do-Brasil, leguminosas, alho, cebola, peixes de água salgada, abacate, semente de abobora, sementes de gergelim, peixes ricos em omêga-3, óleos vegetais, leite, ovos, queijo e iogurte (DUDAR e REIPS, 2023; NEUMANN, et al. 2023).
A endometriose possivelmente está associada a problemas gastrointestinais, sendo uma abordagem nutricional promissora para o tratamento dos seus sintomas, tornando o papel do nutricionista de fundamental importância para promover uma reeducação alimentar, o que pode ser capaz de reduzir os riscos de desenvolver a doença, bem como controlar seus sintomas (CHALUB, LEÃO, MAYNARD, 2020).
Diante do fato que a endometriose é uma doença de alcance mundial, e umas das causadoras da diminuição da qualidade de vida das mulheres, bem como do aumento das internações hospitalares destas, é de fundamental importância a inserção de alternativas complementares aos métodos tradicionais de tratamento da doença, com vistas a prevenção, redução dos sintomas, e como uma dieta não-balanceada pode agravar a doença. Diversos estudos têm mostrado resultados promissores que mostram as influências na melhora das pacientes, devido a uma dieta equilibrada rica em nutrientes de fontes especificas que serão descritas nesse trabalho.
Este trabalho tem como objetivo analisar as correlações existentes entre a alimentação de mulheres e a endometriose, e entender como a nutrição equilibrada, com o consumo de alimentos anti-inflamatórios, antioxidantes e antitumorais, pode ter um papel preponderante na profilaxia, na melhora dos sintomas e como auxiliar no tratamento clínico convencional, bem como, os grupos alimentares que devem ser evitados por contribuir com o avanço da doença.
2 . METODOLOGIA
Esse é um trabalho de revisão bibliográfica, que tem como alvo de estudo a realização de um levantamento de informações sobre a dietoterapia como alternativa na prevenção, na redução dos sintomas, e na ação como potencializador da recuperação de pacientes nos tratamentos convencionais, bem como, sobre os malefícios de uma dieta desequilibrada no aumento da incidência da doença entre as mulheres e na piora dos sintomas.
A coleta de dados foi realizada em agosto de 2023 no buscador Google Acadêmico, e nas bases de dados: PubMed (U.S. National Library of Medicine), Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). A busca foi realizada utilizando os termos de busca endometriose e nutrição, associados as palavras: prevenção, sintomas, tratamento, infertilidade, antioxidantes, pro-inflamatórios, anti-inflamatórios, ômega-3, ômega-6, resveratrol, vitamina D, alimentos processados, refinados, gorduras, em português, inglês e espanhol, no campo de busca avançada, sempre que esta opção estava disponível.
Na busca bruta foram obtidos 85 resultados. Destes documentos foi utilizado como critério de inclusão aqueles que após uma primeira pré-leitura se encontravam dento dos limites propostos por esta revisão da literatura, e que preferencialmente possuíam disponibilidade gratuita do texto completo. O resultado da busca recuperou 39 documentos, composto de 3 monografias, 32 artigos científicos, 3 anais de eventos e 1 livro. Quanto ao idioma, foram 18 em português, 20 em inglês e 1 em espanhol dentro do escopo do estudo no intervalo de tempo de 2012 até 2023.
3 . A NÁLISE DOS DADOS
3.1 Endometriose
A endometriose é uma doença que causa um funcionamento anormal do aparelho reprodutor feminino, em que as células do endométrio, não são expelidas durante a menstruação, porém se deslocam no sentido oposto, em direção aos ovários ou na cavidade abdominal causando sangramento e inflamação (ALEXANDRE et al. 2022; TORRES-JASSO et al. 2012).
A endometriose apresenta efeitos debilitantes na qualidade de vida e limitantes das relações sociais devidos a seus sintomas bem característicos a saber: dores abdominais dentro e fora do período menstrual, afeta o desempenho sexual, prejudica a qualidade do sono, causa fadiga, alterações gastrointestinais e podendo causar até infertilidade. Não são todas pacientes que apresentam este quadro de sintomas, podendo ocorrer também pacientes completamente assintomáticas (PEREIRA, 2021).
Do ponto de vista psicológico, é uma patologia que provoca pronunciado desgaste emocional e social, levando em conta que as pacientes apresentam menor rendimento no trabalho, baixo crescimento salarial e maior risco de demissão. Limita sensivelmente as relações sociais, e segundo Warzecha et al. (2020), podendo causar depressão em mulheres na faixa etária de 18 a 45 anos.
Estudos recentes têm revelado que a mudança de hábitos alimentares, pode auxiliar na melhoria da qualidade de vida das pessoas acometidas desse mal (SANTOS et al. 2015).
3.2 Efeitos benéficos da nutrição na prevenção da endometriose
Um estudo realizado sobre os aspectos nutricionais relacionados a endometriose, mostrou que o consumo de frutas e verduras, auxilia na recuperação celular, e no combate a processos inflamatórios, e que, as pacientes que ingeriram três porções diárias desses alimentos apresentaram menor risco de desenvolver a doença (CHALUB, LEÃO, MAYNARD, 2020). A associação de cálcio e de altas concentrações de vitamina D no sangue possui efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes que reduz os riscos de desenvolver a endometriose (HELBIG, et al. 2021). Conforme Harris et al. (2018), a ingestão de no mínimo uma porção diária de alimentos derivados do leite reduz em 5% o risco de desenvolver a endometriose.
No estudo desenvolvido por Chalub, Leão, Maynard (2020) ficou demonstrado que o consumo com maior frequência de alimentos ricos em ácidos graxos ômega-3, diminuiu o risco em 23% de desenvolver a endometriose. Segundo as autoras, o risco de desenvolver endometriose reduz em 24% para pacientes que apresentam vitamina D em níveis séricos, sendo essa vitamina encontrada em alimentos como a gema do ovo, fígado e no atum. Por outro lado, as autoras relatam que o consumo de gorduras aumenta o risco de endometriose em 48%.
A endometriose é definida como uma doença estrogênio-dependente, e por isso apresenta uma forte relação com o consumo de fibras alimentares. Essas fibras estão presentes em alimentos como o pão de cereais integrais, aveia, linhaça, milho, granola dentre outros, pois a sua ingestão aumenta a excreção do estrogênio colaborando para redução do risco de desenvolvimento da doença (SANTOS et al. 2015).
Dull et al. (2019) relatam que o resveratrol é uma substância do grupo dos polifenóis, encontrado em suco de uva, açaí, vinho, nozes, morango, mirtilo vermelho, cereja e amora, etc. e que, sua importância decorre do fato de apresentar atividade antioxidantes, antiogênicas e anti-inflamatórias, sendo comprovadamente eficaz na redução de lesões endomentriais e das dores pélvicas.
Outra substância é a curcumina, um polifenol de ocorrência natural na cúrcuma, conhecida popularmente como açafrão da terra, que possui atividade anti-inflamatória e de diminuição da proliferação das células endometriais, e também, atua no processo inibitório das citocinas pró-inflamatórias e pró-angiogênico Por outro lado, os fitonutrientes como carotenoides, flavonoides, indóis e isotiociantos interferem em processos relacionados a fisiopatologia da doença, relacionados ao equilíbrio hormonal, sinalização celular, apoptose e outros processos celulares (GOLABEK, KOWALSKA, OLEJNIK, 2021).
3.3 Efeitos benéficos da nutrição na redução dos sintomas da endometriose
Estudos realizados por Abokhrais et al. (2020), mostram que os ácidos graxos poliinsaturados eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA), presentes em alimentos como óleos de peixes, azeite de oliva, óleo de canola, sementes e oleaginosas apresentam potencial ação redutora dos níveis de protaglandinas e das citocinas, responsáveis pelos processos inflamatórios relacionados a endometriose.
A combinação de uma dieta composta por alimentos que contenha vitaminas B6, A, C e E, cálcio, magnésio, selênio, zinco, ferro, lactobacilos e ácidos graxos ômega-3 e ômega-6, apresentaram resultados promissores na diminuição da dor (HUIJS e NAPS, 2020). São importantes fontes das vitaminas citadas, a banana, cenoura, laranja e milho, e fontes de cálcio, magnésio, selênio, zinco, ferro, alimentos como, o leite, couve, castanha-do-Brasil, frutos do mar e jenipapo (GALLAGHER, 2013).
Dentre os minerais com efeito benéfico na redução dos sintomas da endometriose se destaca o selênio, por seu efeito protetor contra a oxidação celular descontrolada, sendo recomendado o consumo de alimentos ricos neste micronutriente como a castanha-do-caju, amendoim, castanha-do-Brasil, gema de ovo, brócolis com esta finalidade (SANTOS et al.2015).
Com relação a dietas específicas segundo Marziali et al. (2012), dietas sem glúten, começam a apresentar pequena melhora nas dores crônicas após 12 meses, já conforme Matheus (2023) a dieta mediterrânea mostra melhora geral do quadro doloroso, e significativo aumento do bem-estar, e estudos realizados por Borghini et al. (2020) revelam que uma dieta restrita em alimentos ricos em níquel, como cereja, banana, cacau, nozes, amendoim e pêssego promovem uma diminuição dos sintomas gastrointestinais, dismenorreia, dispaurenia e dores pélvicas crônicas.
3.4 Efeitos benéficos da nutrição no tratamento da endometriose
A adoção de hábitos alimentares saudáveis, podem reduzir os marcadores inflamatórios da endometriose, através da regulação dos efeitos das protaglandinas causadoras das dores pélvicas agudas, característica da progressão da doença, conforme Golabek, Kowalska, Olejnik (2021).
Segundo Jurkiewicz-Przondziono et al. (2017), a presença dos ácidos graxos ômega6 (indutor de prostaglandinas pró-inflamatórias) e ômega-3, adquiridos na alimentação em alimentos como, sardinha, chia e salmão, estão fortemente correlacionados com a melhora dos parâmetros da endometriose.
Estudos desenvolvidos por Kiyama (2020), mostram que substâncias presentes no gengibre atuam como moduladores de estrogênio, e que o consumo dessa raiz contribui para desaceleração do processo inflamatório causado pela endometriose.
A administração do resveratrol em mulheres com endometriose, apresentou diminuição das lesões endometriais, das dores pélvicas crônicas e da dismenorreia (GOLABEK, KOWALSKA, OLEJNIK, 2021). Segundo os estudos realizados por Halpern, Schor e Kopeman (2015), a administração de reverastrol na concentração de 10 mg/kg/dia apresentou atividades: antineoplásicas, anti-inflamórias e antioxidantes.
O galato de epigalocatequina (EGCC), encontrado nos chás preto, branco e especialmente no chá verde, em estudos realizados em biopsias humanas, mostraram que o consumo desses chás, reduziu a proliferação celular e promoveu a morte de células epiteliais endometriais e de células do estroma endometriótico. O efeito anticancerígeno pronunciado dessa substância, pode torná-la um promissor agente antiangiogênico para a endometriose. A dosagem máxima do EGCC recomendada é de 704 mg/dia, o que representa o consumo diário de aproximadamente 880 ml de chá verde (GOMES; ROCHA e LIMA, 2022).
A quercetina (3,3’,4’,5,7-pentahidroxiflavona), encontrada em alimentos como cebola, couve-flor, alface, casca de maçã e pimenta, inibe a proliferação, e induzem a parada do ciclo celular e apoptose de células endometriais, segundo estudos in vitro e in vivo de Park et al. (2019).
A N-acetilcisteína, forma química acetilada do aminoácido sulfurado cisteína de ocorrência em vegetais como a cebola e o alho, apresentou atividade antiproliferativa marcada in vitro em células cancerígenas, de mesma origem das células endometriais (PORPORA et al. 2013).
3.5 Consequências da nutrição inadequada e alimentos que podem causar agravamento da endometriose
Uma dieta desequilibrada pode representar um fator de risco para o agravamento da doença, já que influencia fortemente nos mecanismos de atuação da patogênese (KARLSSON, et al. 2020).
O padrão ocidental de alimentação é baseado no consumo exagerado de carnes vermelhas, alimentos processados, alimentos açucarados, grãos refinados, e a ingestão insuficiente de frutas e verduras o que contribui para a intensificação dos processos inflamatórios, e consequente redução de substâncias antioxidantes no corpo promovendo o aumento de diversos tipos de dores crônicas (DRAGAN et al. 2020).
Segundo Yamamoto et al. (2018), há um aumento do risco de desenvolver a endometriose de 20% em mulheres que consomem regularmente carne vermelha processada, em virtude da alteração dos níveis de estrogênio, causados pelos hormônios exógenos animais nela presentes. Essas informações são corroboradas pelo estudo realizado por Halpern, Schor e Kopeman (2015), relatando que a presença do hormônio estradiol e o ômega-6 em excesso, causa o aumento da concentração de substâncias pró-inflamatórias.
O consumo de mais de uma porção por dia de hortaliças crucíferas como agrião, couve, rúcula e couve-flor, aumenta o risco em 13% do desenvolvimento da endometriose (HARRIS et al. 2018). O consumo de β-caroteno e frutas expostas a pesticidas, segundo Trabert et al. (2010), está associado ao aumento do risco de endometriose. O consumo de alimentos ricos em fósforo como o amendoim, peixe, frango e porco, quando associado a alimentos fontes de magnésio, como o abacate, chocolate meio amargo e semente de abóbora, apresentam redução do risco de desenvolvimento da endometriose.
Segundo Mvondo et al. (2019), a ingestão diária de alimentos com teor de soja superior a 10%, pode promover o agravamento do desenvolvimento da endometriose.
4 . CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo-se do caráter inflamatório da doença e do fato de ser uma patologia estrogêniodependente, semelhante a doenças neoplásicas, recorrente e com pré-disposição a metástase, além de fatores genéticos e imunológicos que podem causar a endometriose, nesta revisão foram encontrados diversos documentos que evidenciam fortemente a relação da nutrição com a prevenção e redução do número de casos, a melhora do quadro geral de dor causada pela doença, bem como na redução dos processos inflamatórios a ela associados.
A endometriose é mais do que uma doença hormonal; é uma patologia que dentre os diversos efeitos colaterais dos processos inflamatórios, tem como o mais incômodo, as dores pélvicas agudas, que prejudicam um amplo espectro da vida da mulher, no desenvolvimento das tarefas cotidiana, no ambiente de trabalho, nas relações sociais, na sexualidade, tendo como consequência psicológicas a depressão e a ansiedade que reduzem sensivelmente a qualidade de vida da mulher.
Nesta revisão para a prevenção da doença com redução dos casos da endometriose, os estudos recomendam o consumo de frutas, verduras, e alimentos que contenham pró-vitamina D, fibras alimentares, e a ingestão do açafrão e produtos láteos, como o iogurte e sorvetes.
Para redução dos sintomas dolorosos é proposta uma dieta composta por vitaminas e minerais, sendo o mineral mais importante o selênio que é encontrado em alimentos como castanhas, nozes e sementes. Também apresentou resultados animadores, a adoção da dieta do Mediterrâneo, bem como das dietas com restrição de zinco, e dietas com redução de glúten, para a redução das dores pélvicas agudas.
Com relação ao quadro inflamatório característico do progresso da doença, a adoção de uma dieta equilibrada é fundamental para o controle dos processos inflamatórios. O consumo do chá verde, rico na substância anti-inflamatória galato de epigalocatequina, de alimentos ricos em quecertina, N-acetilcísteina, e da ingestão do gengibre, mostraram resultados importantes, para o auxílio da redução do quadro inflamatório causado pela doença.
Alimentos ricos em ômega-3 e ômega-6 são indicados tanto para a prevenção, como para a redução das dores, e dos processos inflamatórios. O resveratrol presente no açaí, casca e semente de uva, jabuticaba, apresentou resultados promissores para prevenção e redução do quadro inflamatório da doença.
Neste cenário, a adoção de um estilo de vida saudável com práticas alimentares equilibradas, tem sido comprovado pela literatura como de suma importância para prevenção, melhoria dos sintomas e redução dos processos inflamatórios. O estilo de vida alimentar desequilibrado com consumo regular de alimentos industrializados, gorduras trans, refinados, açucarados dentre outros, pode causar o efeito contrário, ou seja, de aumento das possibilidades de desenvolver a doença, piorar os sintomas dolorosos do avanço da endometriose.
O acompanhamento por um profissional nutricionista é de extrema relevância no tratamento da endometriose, sendo uma importante terapia coadjuvante ao tratamento médico. Sendo o papel do nutricionista prescrever a dieta adequada a situação clínica e nutricional da paciente, com vistas a promover a melhora do quadro clínico da mulher, através de uma dieta composta por frutas, vegetais, leguminosas, grãos, carnes brancas, de reconhecidas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Dentro do escopo das recomendações nutricionais do profissional, está também a restrição da ingestão alimentos industrializados, ricos em açúcar e pobres em nutrientes.
Desta revisão conclui-se que há uma diversidade de opções viáveis de alimentos de custo acessível, de efeitos comprovados e com potencial para redução dos casos da endometriose, bem como para melhorar a qualidade de vida das pacientes com relação as dores provocadas pela doença, e diminuir o progresso da doença das mulheres que estão em tratamento.
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[1] Discente do Curso de Nutrição da Universidade Nilton Lins. E-mail: jessicaalfaiadeseixasjuca@gmail.com
[2] Discente do Curso de Nutrição da Universidade Nilton Lins. E-mail: gabriella32karvalho@gmail.com
[3] Docente do Curso de Nutrição da Universidade Nilton Lins. E-mail: jerusa.andrade@uniniltonlins.edu.br