ALEITAMENTO MATERNO E SEUS IMPACTOS EM RECÉM-NASCIDOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12668806


Maria Eduarda Cagol1,
Lucilene Tamagnini2


RESUMO

O aleitamento materno é de suma importância para o requerimento nutricional ideal para o desenvolvimento do neonato. Segundo a Organização Mundial da Saúde é preconizado o aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais, já sendo comprovados os benefícios para a mãe e bebê. Um dos componentes essenciais na composição do leite materno é a vitamina E, nomenclatura usada para descrever os compostos com atividade biológica de alfa-tocoferol, sendo um micronutriente lipossolúvel de grande importância aos estágios iniciais da vida. Quando considerada a imunidade em desenvolvimento do recém-nascido, vale destacar a importância do aleitamento materno. Na fase crítica de imaturidade imunológica do neonato, o lactente recebe grande quantidades de componentes bioativos do colostro e do leite materno. Demonstrar a importância do aleitamento materno e a importância no requerimento nutricional e desenvolvimento do sistema imunológico em neonatos. Para o desenvolvimento ideal do recém-nascido é importante entender quais os pontos cruciais na amamentação exclusiva materna. Levando em consideração o cenário apresentado, conclui-se que os profissionais da saúde desempenham um papel crucial para o desenvolvimento de um laço entre mãe e filho na amamentação, ensinando, orientando e auxiliando sobre o aleitamento, as dificuldades que poderão ser enfrentadas, a importância nutricional, fisiológica e emocional para o neonato da amamentação materna exclusiva. Outrossim, a relevância que a idade e condição socioeconômica onde a mulher se encontra para criar maior laço mãe-filho.

Palavras-chaves: Aleitamento. Neonatos. Requerimento nutricional. Sistema imunológico. Dificuldades na amamentação.

ABSTRACT

Breastfeeding is extremely important for the ideal nutritional requirement for the development of the newborn. According to the World Health Organization, exclusive breastfeeding is recommended for six months and supplemented for up to two years or more, with the benefits for mother and baby having already been proven. One of the essential components in the composition of breast milk is vitamin E, a nomenclature used to describe compounds with biological activity of alpha-tocopherol, being a fat-soluble micronutrient of great importance in the early stages of life. When considering the newborn’s developing immunity, it is worth highlighting the importance of breastfeeding. In the critical phase of the newborn’s immunological immaturity, the infant receives large quantities of bioactive components from colostrum and breast milk. Demonstrate the importance of breastfeeding and its importance in nutritional requirements and development of the immune system in newborns. For the ideal development of the newborn, it is important to understand the crucial points in exclusive breastfeeding. Taking into account the scenario presented, it is concluded that health professionals play a crucial role in developing a bond between mother and child during breastfeeding, teaching, guiding and assisting about breastfeeding, the difficulties that may be faced, the importance nutritional, physiological and emotional for the exclusive breastfeeding newborn. Furthermore, the relevance of the age and socioeconomic status of the woman in creating a greater mother-child bond.

Keywords: Breastfeeding. Neonates. Nutritional requirement. Immune system. Difficulties in breastfeeding.

1 INTRODUÇÃO

O aleitamento materno é de suma importância para o requerimento nutricional ideal para o desenvolvimento do neonato. Além de promover suporte nutricional, o leite promove aporte imunológico e emocional à saúde do lactente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é preconizado o aleitamento materno exclusivo (AME) por seis meses e complementado até os dois anos ou mais, já sendo comprovados os benefícios para a mãe e bebê.

Um dos componentes essenciais na composição do leite materno é a vitamina E, nomenclatura usada para descrever os compostos com atividade biológica de alfatocoferol, sendo um micronutriente lipossolúvel de grande importância aos estágios iniciais da vida.

Apesar da indiscutível relevância referente ao aleitamento materno exclusivo, nos deparamos com inúmeras dificuldades no quesito amamentação, sendo que as principais causas são: problemas inerentes à técnica da amamentação – má técnica dificulta a sucção e o esvaziamento da mama, podendo afetar a produção de leite, gerando um desmame precoce e o início de introdução de outros alimentos.

Outro cenário de suma importância, o qual impacta diretamente e indiretamente na amamentação, são os fatores socioeconômicos que a família à espera do recém-nascido se encontra.

No que se refere ao incentivo e atuação profissional, a falta de assistência por parte dos profissionais com as grávidas para preparação ao aleitamento precoce, bem como o uso de leite e bicos artificiais, são práticas frequentes logo após o nascimento. Revelou-se nas primeiras consultas ambulatoriais pós-parto um grande número de mães fazendo uso de fórmulas infantis logo após o nascimento do neonato. 

O período neonatal é crítico em particular, pois os bebês são expostos a inúmeros microorganismos. Para compensar a imaturidade imunológica fetal, neonatal e dos primeiros meses de vida, a mãe desenvolve mecanismos protetores, que podem ser passados via transplacentária – passagem de anticorpos – colostro e leite.

Quando considerada a imunidade em desenvolvimento do recém-nascido, vale destacar a importância do aleitamento materno. Na fase crítica de imaturidade imunológica do neonato, o lactente recebe grande quantidades de componentes bioativos do colostro e do leite materno.

2 REVISÃO LITERÁRIA 

Diante do cenário apresentado acima, referente aos problemas na amamentação, destaca-se a presença de dor mamilar, ingurgitamento mamário, lesão mamilar, fadiga e sensação de cansaço. Tais fatores adscritos indicam dificuldades com a técnica da amamentação, além de problemas na sucção e pega, agitação do bebê e a percepção de oferta insuficiente de leite pela mãe.

Para monitorização e identificação dessas dificuldades, a OMS juntamente com o United Nations Children’s Fund (Unicef) recomendam a utilização de uma “ficha de avaliação da mamada”.

Pesquisas realizadas em três hospitais no norte de Minas Gerais, demonstraram que os fatores preponderantes nos desafios da amamentação são: “mãe com ombros tensos e inclinada sobre o bebê”, “bebê não mantém a pega da aréola”, “tecido mamário com escoriações, lesão mamilar ou vermelhidão” e “sucção: a boca quase fechada fazendo um bico para frente, lábio inferior voltado para dentro, não se vê a língua do bebê e bochechas tensas ou escovadas”. Como resultado, conclui-se que os problemas com a mama puerperal mais prevalente – ingurgitamento mamário e as lesões mamilares, são atribuídos à inadequação da posição para amamentar e/ou à pega do bebê ao seio. Os problemas com a mama podem comprometer o sucesso do aleitamento materno. 

As dificuldades ao posicionamento da mãe e da criança é mais evidenciada nos primeiros dias após o parto. Sendo de extrema importância os profissionais de saúde auxiliar e orientar a mulher para evitar inseguranças pois nesse período ambos estão em fase de adaptação.

Analisando as variáveis que impactam no insucesso no aleitamento materno, destaca-se a idade e a escolaridade da mãe, o uso de complemento alimentar ainda nos hospitais e outro fator predisponente é a saída da mãe para trabalhar após os 120 dias de licença maternidade instituída pela constituição federal brasileira atual.

Sabe-se que gestantes que recebem orientações adequadas durante o pré-natal e puerpério desenvolvem maior confiança no processo de amamentação. Sendo assim, de suma importância, as grávidas serem incentivadas a amamentarem seus bebês e serem informadas sobre os benefícios do aleitamento materno.

A confiança desenvolvida pela mãe para com o bebê na amamentação tem como fator relevante o início precoce do aleitamento. A amamentação na primeira fora pós-parto sob livre demanda, a permanência da criança no alojamento conjunto, a intervenção de profissionais diante das complicações mamárias e a restrição de suplementação para lactentes foram listadas como fatores de proteção AME intra-hospitalar.

Outros estudos realizados em mulheres puérperas, demonstraram que os recém-nascidos prematuros apresentam maiores dificuldades para mamar, sendo explicado pela hipotonia muscular, imaturidade fisiológica e neurológica e permanecem pouco tempo acordados.

Um dos fatores analisados foi o tempo de internação. Os bebes que ficam internados por mais tempo, as mães recebem uma educação continuada durante a hospitalização auxiliando a aumentar a autoeficácia a amamentação exclusiva.

O colostro, leite produzido pela mulher nos primeiros dias, é o reforço imunológico natural mais potente conhecido pela ciência. Contém elevada concentração de fatores de proteção contra infecções, tais como anticorpos. 

O aleitamento materno protege o lactente de infecções principalmente por meio dos anticorpos IgA secretores (IgAS) e por vários fatores bioativos. 

A proteção contra infecções tem sido bem evidenciadas durante a lactação, mostrando grande relevância quando analisadas no combate em cenários enfermos como, diarreia aguda e prolongada, infecções do trato respiratório, incluindo otite média, infecção do trato urinário, sepse neonatal e enterocolite necrosante.

O leite humano apresenta numeroso anticorpos específicos para ataque de patógenos, os quais a mãe tenha tido contado durante a vida – memória imunológica. A IgA secretora (IgAS) é considerada a mais importante. Os anticorpos IgM estão em segundo lugar em abundância quando analisado o colostro humano.

A lisoenzima e lactoferrina são as enzimas mais presentes no colostro. A lisoenzima é capaz de degradar a parede bacteriana gram-positiva e tem habilidade em matar bactérias gram-negativas.

A lactoperoxidase, em presença de peróxido de hidrogênio catalisa a oxidação de tiocianato (presente na saliva), formando hipotiocionato que tem capacidade de matar bactérias gram-positivas e gram-negativas. 

A k-caseína contém ácido siálico carregado que atua contra o Helicobacter pylori, inativando sua adesão.

A alfa-lactalbumina tem ativos microbianos contra E. Coli, Klebsiella pneumoniae, staphylococcus, strepyococcus, e C. Albicans. 

A haptocorrina tem a propriedade de se ligar a vitamina B12, fazendo com que seja inacessível para o crescimento bacteriano.

Os osteoprotegerina são importantes para regular o balance Th1/Th2 no desenvolvimento do sistema imune dos recém-nascidos.

O componente CD14 solúvel, afeta a modulação dos sistema imunológico inato e adaptativo no intestino, responsável pela homeostase da colonização bacteriana nos neonatos.

Os hormônios e fatores de crescimentos estão entre os componentes bioativos encontrados no leite humano. Alguns hormônios apresentam efeitos diretos sobre os seios e na produção de leite (insulina, esteroides e prolactina), enquanto outros contribuem para o crescimento, diferenciação e desenvolvimento dos tecidos no bebê.

As citocinas e quimiocinas, também encontradas no leite materno, tem efeitos imunoestimulatórios e imunomodulatórios na fagocitose celular e nos linfócitos envolvendo o desenvolvimento da imunidade específica nas crianças. As citocinas, tais como IL-6 e TNF-α estão associados com a regulação do desenvolvimento e funcionamento das glândulas mamárias. Já a IL-1 e IFN-g, influenciam na produção de agentes de defesa.

Os lipídeos são o conteúdo de gordura no leite, perfuram atividades antimicrobianas no intestino dos bebês. Ainda na mucosa gastrointestinal, os ácidos nucleicos agem na reparação. Os carboidratos promovem o crescimento de lactobacilos e bifiídobacterias, as quais tornam inibitório o crescimento de microorganismos patogênicos por decréscimo do pH intestinal.

Os fatores antioxidantes podem eliminas radicais livres e assim limitar os danos do estresse oxidativo.

Outro componente essencial observado na composição do leite é a vitamina E, a qual foi demonstrada em um estudo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde foi coletado leite colostro, leite de transição e leite maduro. O fornecimento de vit E foi estimado comparando o requerimento nutricional de vit E (4mg/dia) com a ingesta diária de leite. Obteve-se como resultado que a ingestão de leite forneceu 6,2 mg/dia de vit E no colostro, 4,7 mg/dia no de transição e 2,7 mg/dia no maduro, evidenciando que apenas o ultimo não garantiu a quantidade recomendada dessa vitamina.

Os níveis de alfa-tocoferol no leite diminuíram com a progressão, e a provável ingestão dos leites colostro e de transição conseguiu atender ao requerimento nutricional do lactente. O leite maduro pode fornecer menores quantidades de vitamina E. O leite colostro, mesmo ingerido em menor quantidade, dispõe de maior teor de vitamina E. Apenas o leite maduro não atingiu a Ingestão Adequada (AI) até os 6 meses do neonato. A vitamina E é importante para o desenvolvimento imunológico e pulmonar, montagem da MEC do sistema vascular e o desenvolvimento mental, além da prevenção de anemia hemolítica e displasia broncopulmonar. 

3 CONCLUSÃO 

Em síntese, a avaliação das dificuldades técnicas da mamada, ainda dentro do ambiente hospitalar a fim de identificar e auxiliar mulheres puérperas nessa trajetória, é uma forma de minimizar esse problema. Promovendo educação, orientações e auxílio, onde resulta um fortalecimento no vínculo mãe-lactente. Os profissionais de saúde são os responsáveis por prestar assistência de qualidade superior à gestante, puérpera e lactante. Outrossim, é a educação a respeito dos cuidados com a mama lactacional e a constância no aleitamento exclusivo materno, sendo observada com menor constância em mães adolescentes.

A adesão ao aleitamento materno é diminuída com o passar dos dias, sendo o grupo dos prematuros com maior prevalência na prática.

Conforme os últimos dados, o consumo de qualquer outro alimento durante os primeiros meses de amamentação, além de ser um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças na infância como pneumonia e doenças diarreicas, interfere aumentando a probabilidade do desmame precoce por interferência na técnica de mamada.

Conforme evidenciado acima, o sistema imunológico infantil necessita da amamentação materna para seu desenvolvimento efetivo. Como demostrado, o colostro tem elementos fundamentais para um sistema imune saudável, desenvolvimento e crescimento seguro do recém-nascido.

Os benefícios do aleitamento materno para o lactente são indiscutíveis, uma vez que o leite humano apresenta composição nutricional balanceada, proporcionando melhor biodisponibilidade de nutrientes, além de conter fatores de crescimento, enzimas e hormônios que fornecem inúmeras vantagens imunológicas e psicológicas, diminuição da morbidade e mortalidade infantil, entre outros benefícios à saúde em longo prazo.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  

BARBOSA, Gessandro Elpídio Fernandes. et al. Dificuldades iniciais com a técnica da amamentação e fatores associados a problemas com a mama em puérperas, Revista Paulista de Pediatria, Publicação nesta coleção 13 Jul 2017, Data do Fascículo JulSep 2017

SILVA, Anna Larissa Cortês da. et al. Vitamina E no leite materno e sua relação com o requerimento nutricional do recém-nascido a termo, Revista Paulista de Pediatria, Publicação nesta coleção Apr-Jun 2017

ASSUNÇÃO, Débora Gabriela Fernandes. et al. Autoeficácia e desfechos da amamentação em mães de bebês prematuros e a termo: um estudo longitudinal. CoDAS. Publicação nesta coleção 09 Out 2023.Data do Fascículo 2023

PALMEIRA, Patricia; SAMPAIO, Magda Carneiro. Immunology of breast milk. Revista da Associação Médica Brasileira. Publicação nesta coleção Setembro 2016.

CARREIRO, Juliana de Almeida. et al. Dificuldades relacionadas ao aleitamento materno: análise de um serviço especializado em amamentação. Acta Paulista de Enfermagem. Publicação nesta coleção Jul-Aug 2018.


1Acadêmica Maria Eduarda Cagol do sétimo período da Universidade Brasil – UB.

2Acadêmica Lucilene Tamagnini do oitavo período da Universidade Brasil – UB.