“ALEITAMENTO ARTIFICIAL E O RISCO DE OTITE MÉDIA EM CRIANÇAS”

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202408161959


Isabella de Oliveira Santana¹
Antônia Quarti de Andrade ²
Ana Carolina Mourão Passos³
Mathews Barbosa Pinaud Calheiros⁴


RESUMO

Introdução: O aleitamento materno exclusivo até os seis meses é essencial para a saúde do bebê, conforme recomendado pela OMS e pelo Ministério da Saúde. A otite média, é uma das infecções mais comuns na infância, pode ser causada por diversos fatores, incluindo a anatomia da tuba auditiva e a imaturidade do sistema imunológico infantil. Crianças alimentadas com fórmulas infantis, sem os anticorpos do leite materno, estão mais propensas a desenvolver otite média, assim como aquelas que utilizam chupetas ou têm condições como alergias e refluxo. A falta de vacinação adequada também aumenta o risco de infecções. Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática de literatura nas bases de dados Pubmed e SciELO. A amostra final contou com 04 artigos, nos idiomas português e inglês, publicados desde 2008. Foram excluídos artigos sem aderência ao tema. Resultados e Discussões: Resultados mostram que quando o bebê é alimentado com mamadeira e leite artificial, a atividade muscular durante a sucção é reduzida, o que enfraquece a musculatura do palato mole e compromete o músculo tensor do véu palatino, responsável pela abertura da tuba auditiva. Isso dificulta a ventilação adequada da tuba auditiva e pode permitir que o leite entre no ouvido médio. A falta de anticorpos e componentes imunológicos do leite artificial aumenta o risco de infecções, como a otite média, criando um ambiente propício para o crescimento de bactérias. Em contraste, o leite materno contém Imunoglobulina A Secretória (IgA S), que protege contra infecções ao bloquear a entrada de micro-organismos no ouvido médio e controlar a inflamação. Conclusão: A otite média em crianças é uma condição multifacetada, afetada por fatores anatômicos, imunológicos e ambientais. O aleitamento materno exclusivo é crucial para a prevenção dessa infecção, pois a imunoglobulina A secretória (IgA S) no leite materno cria uma defesa eficaz nas superfícies mucosas, bloqueando a adesão e proliferação de patógenos. Em contraste, o aleitamento artificial não oferece essa proteção imunológica e, ao reduzir a atividade muscular durante a sucção, pode levar ao acúmulo de leite no ouvido médio, aumentando o risco de infecções. Assim, incentivar e manter a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida é essencial para proteger a saúde auditiva e geral das crianças, diminuindo a incidência de otite média e suas complicações.

Palavras- Chave: Mamadeira. Otite. Criança.

ABSTRACT

Introduction: Exclusive breastfeeding until six months is essential for the baby’s health, as recommended by the WHO and the Ministry of Health. Otitis media, one of the most common infections in childhood, can be caused by various factors, including the anatomy of the Eustachian tube and the immaturity of the child’s immune system. Children fed with infant formulas, lacking the antibodies present in breast milk, are more likely to develop otitis media, as are those who use pacifiers or have conditions such as allergies and reflux. Inadequate vaccination also increases the risk of infections. Methodology: A systematic literature review was conducted using the PubMed and SciELO databases. The final sample included 4 articles in Portuguese and English, published since 2008. Articles not relevant to the topic were excluded. Results and Discussion: Results show that when a baby is fed with a bottle and formula milk, the muscular activity during sucking is reduced, which weakens the soft palate muscles and affects the tensor veli palatini muscle responsible for opening the Eustachian tube. This hinders proper ventilation of the Eustachian tube and can allow milk to enter the middle ear. The lack of antibodies and immune components in formula milk increases the risk of infections, such as otitis media, creating an environment conducive to bacterial growth. In contrast, breast milk contains Secretory Immunoglobulin A (IgA S), which protects against infections by blocking the entry of microorganisms into the middle ear and controlling inflammation. Conclusion: Otitis media in children is a multifaceted condition influenced by anatomical, immunological, and environmental factors. Exclusive breastfeeding is crucial for the prevention of this infection, as secretory immunoglobulin A (IgA S) in breast milk provides effective defense on mucosal surfaces by blocking the adhesion and proliferation of pathogens. In contrast, formula feeding does not offer this immunological protection and, by reducing muscular activity during sucking, may lead to the accumulation of milk in the middle ear, increasing the risk of infections. Therefore, encouraging and maintaining exclusive breastfeeding in the first months of life is essential to protect children’s auditory and overall health, reducing the incidence of otitis media and its complications.

Keywords:  “Baby bottle’’. “Otitis”. “Children”.

INTRODUÇÃO

O aleitamento materno exclusivo é fundamental para a saúde e o desenvolvimento do bebê nos primeiros meses de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil recomendam que o aleitamento materno exclusivo seja mantido até os seis meses de idade, sem a introdução de outros alimentos ou líquidos, nem mesmo água e seja mantido até os dois anos de idade.

A otite média é uma infecção do ouvido médio, situada atrás da membrana timpânica, e é uma das condições mais comuns na pediatria. Pode se apresentar em várias formas, incluindo otite média aguda (OMA), otite média com efusão (OME) e otite média crônica supurativa (OMCS). Podendo essa ser causada por uma variedade de fatores, incluindo a exposição a bactérias e vírus.

Nas crianças a OMA é uma condição que pode ser influenciada por diversos fatores predisponentes, como a anatomia da tuba auditiva, que é mais curta e horizontal, facilitando a entrada de micro-organismos e dificultando a drenagem do líquido no ouvido médio. Além disso, o sistema imunológico imaturo das crianças também as torna mais suscetíveis a infecções, especialmente após resfriados ou outras infecções respiratórias.

Acredita-se que crianças alimentadas com  fórmulas infantis, em vez de leite materno, têm maior risco de desenvolver otite média devido à ausência dos anticorpos presentes no leite materno, que protege contra infecções. O uso de chupetas e a presença de condições médicas subjacentes, como alergias e refluxo gastroesofágico, também podem contribuir para a predisposição à otite média, especialmente nos primeiros anos de vida, quando essas infecções são mais comuns. Por fim, a falta de imunização adequada contra bactérias como o pneumococo e o Haemophilus influenzae tipo b aumenta ainda mais a vulnerabilidade das crianças a essa condição.

METODOLOGIA

Este estudo foi conduzido através de uma revisão sistemática da literatura, utilizando as bases de dados PubMed e SciELO. Foram empregados os descritores “Mamadeira”, “Otite” e “Criança” para identificar os artigos relevantes. A seleção dos estudos seguiu critérios rigorosos, resultando em uma amostra final composta por 4 artigos, publicados desde 2008, e disponíveis nos idiomas português e inglês. A seleção dos estudos foi realizada com critérios específicos, levando a uma amostra final de 4 artigos, publicados a partir de 2008 e disponíveis em português e inglês. Artigos que não apresentavam aderência ao tema proposto foram excluídos da análise. Esta abordagem garantiu uma análise abrangente e atualizada sobre o aleitamento artificial e o risco de otite média.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base na literatura nota-se que quando o bebê é alimentado por mamadeira com leite artificial, a atividade muscular envolvida na sucção é significativamente menor em comparação à amamentação natural. Isso resulta em uma diminuição do tônus muscular, particularmente na musculatura do palato mole, que se torna flácida. A flacidez dessa musculatura compromete a eficácia do músculo tensor do véu palatino, o qual desempenha um papel crucial na abertura da tuba auditiva (tuba de Eustáquio). Em condições normais, a contração deste músculo durante a deglutição ou sucção ajuda a equilibrar a pressão entre o ouvido médio e a nasofaringe, prevenindo o acúmulo de líquidos no ouvido médio. No entanto, nos bebês que utilizam a mamadeira, a hipofunção do músculo tensor do véu palatino dificulta a adequada ventilação da tuba auditiva, favorecendo a entrada de leite na cavidade do ouvido médio.

Além disso, o leite artificial, ao contrário do leite materno, carece de anticorpos e outros componentes imunológicos que protegem contra infecções. A presença de leite artificial no ouvido médio cria um ambiente propício para o crescimento bacteriano, aumentando significativamente o risco de otite média. Assim, a combinação da disfunção da tuba auditiva e a ausência de fatores imunoprotetores no leite artificial contribui para a predisposição à infecção do ouvido médio em bebês alimentados por mamadeira.

Um dos anticorpos presentes no aleitamento materno humano é a Imunoglobulina A Secretora (IgA S) que é fundamental na proteção contra infecções, incluindo a otite média em crianças. Especificamente, no caso da otite média, a IgA secretória atua na nasofaringe e na tuba auditiva, bloqueando a passagem de micro-organismos para o ouvido médio e reduzindo o risco de infecção.

Além disso, a IgA secretória modula a resposta inflamatória, ajudando a controlar a inflamação excessiva que poderia danificar os tecidos e favorecer infecções secundárias. Em bebês que são exclusivamente amamentados, os altos níveis de IgA secretória no leite materno conferem uma proteção robusta contra infecções como a otite média, o que é uma das razões pelas quais o aleitamento materno é altamente recomendado durante os primeiros seis meses de vida.

Por outro lado, bebês alimentados com fórmulas infantis não recebem essa proteção imunológica específica, o que os torna mais vulneráveis a infecções como a otite média. Portanto, a IgA secretória é um componente essencial do sistema imunológico passivo transferido de mãe para filho através do leite materno, proporcionando uma defesa vital contra infecções no período em que o sistema imunológico do bebê ainda está em desenvolvimento.

CONCLUSÕES

A otite média em crianças é uma condição complexa influenciada por diversos fatores anatômicos, imunológicos e ambientais. O aleitamento materno exclusivo desempenha um papel crucial na prevenção dessa infecção, em grande parte devido à presença da imunoglobulina A secretória (IgA secretória) no leite materno, que proporciona uma barreira imunológica essencial nas superfícies mucosas, impedindo a adesão e proliferação de patógenos. Em contraste, o aleitamento artificial, ao não fornecer essa proteção imunológica e ao promover uma menor atividade muscular na sucção, aumenta o risco de acúmulo de leite no ouvido médio e, consequentemente, de infecções. Portanto, promover e apoiar a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida é fundamental para a saúde auditiva e geral das crianças, reduzindo significativamente a incidência de otite média e suas complicações associadas.

REFERÊNCIAS

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¹Acadêmica de Medicina da UNESA.

²Acadêmica de Medicina da UNESA.

³Acadêmica de Medicina da UNESA.

⁴Acadêmico de Medicina da UNESA.