HEALTH PROBLEMS CAUSED BY TOXOPLASMOSIS IN PREGNANT WOMEN
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202507081142
Larisse Barboza dos Santos1
Maria Gabriela Souto Dantas2
Liriel Inácio Ferreira3
Jassielle de Albuquerque Cavalcanti Lima4
Tassia Gabriela Teixeira de Melo5
Tarcísio Ventura de Melo6
Mikaele de Carvalho Machado7
Orientador: Yago Matheus Martins de Lima8
Resumo
A toxoplasmose é uma doença infecciosa provocada pelo protozoário Toxoplasma gondii, amplamente distribuído ao redor do mundo. Quando contraída durante a gravidez, pode representar um risco significativo ao desenvolvimento fetal, estando associada a anomalias congênitas, alterações neurológicas e oculares. Este trabalho teve como proposta analisar os impactos da toxoplasmose em gestantes no Brasil, bem como os fatores que agravam seu quadro clínico. A pesquisa, de caráter bibliográfico, abrangeu o período de 2020 a 2025, com levantamento em fontes como SciELO, PubMed e o site oficial do Ministério da Saúde. Foram selecionados estudos envolvendo gestantes diagnosticadas e acompanhadas por serviços de saúde em diversas regiões do país. Os achados indicam que a detecção precoce da infecção e o início imediato do tratamento são determinantes para a redução de complicações neonatais. Constatou-se que falhas no pré-natal, como ausência de triagens sorológicas regulares e insuficiente preparo das equipes de saúde, favorecem a ocorrência de casos graves. Conclui-se que a qualificação do acompanhamento pré-natal, aliada à articulação entre vigilância epidemiológica e atenção básica, é essencial para prevenir desfechos adversos relacionados à toxoplasmose gestacional.
Palavras-chave: toxoplasmose; gestação; agravos; diagnóstico precoce; saúde fetal.
1. INTRODUÇÃO
A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário capaz de infectar qualquer célula nucleada que atinge um amplo grupo de animais de sangue quente. É um parasita intracelular obrigatório, causa comum de infecções em animais selvagens e domésticos que podem servir como hospedeiros definitivos e importante reservatório para o T. Gondii utilizar como fontes de contaminação humana através da alimentação. (Sanchez, Besteiro 2021).
O desenvolvimento da doença também depende do tipo de hospedeiro, histórico genético e seu estado imunológico e a prevalência do parasita o torna uma das doenças mais prejudiciais do mundo por possuir uma epidemiologia complexa e de múltiplas manifestações. Apenas felinos podem servir como hospedeiros definitivos devido a uma deficiência única, entre mamíferos, na atividade delta-6-saturase intestinal em gatos. (Smith et al., 2025)
As taxas de soropositividade podem variar em parte devido aos parâmetros socioeconômicos regionais e aos hábitos da população e sua prevalência maior se concentra em países da América do sul, América central e Europa continental. Já a virulência da cepa é tipicamente definida pelo resultado da infecção (Sanchez; Besteiro 2021).
A toxoplasmose é uma infecção que geralmente é assintomática, entretanto pode levar a resultados oculares e neurológicos graves e durante a gestação em sua fase de disseminação o parasita pode atravessar a barreira placentária e contaminar o feto em desenvolvimento causando a chamada toxoplasmose congênita, As fontes dessa infecção parasitária podem incluir a ingestão de carnes cruas e/ou mal cozidas com cistos de tecido do parasita, esporulação de oocistos pelo consumo de vegetais e água ambos contaminados. (Sanchez; Besteiro 2021).
O seu diagnóstico é baseado principalmente em testes sorológicos que detectam anticorpos IgG e IgM específicos para T. gondii e durante as últimas décadas, o ensaio de avidez de Toxo IgG tem sido usado como uma técnica de diagnóstico padrão para estimativa aprimorada do tempo de aquisição de infecção em todo o mundo e identificação de infecções primárias por esse parasita no período de gravidez (Teimouri et AL., 2020).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
A toxoplasmose é uma infecção causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, com ampla ocorrência mundial. Quando contraída durante a gestação, representa sério risco para o desenvolvimento fetal, podendo causar malformações, distúrbios neurológicos e oftalmológicos. A transmissão vertical ocorre principalmente quando a infecção é primária na gravidez.
No Brasil, a notificação da toxoplasmose gestacional passou a ser obrigatória em unidades sentinelas após portarias do Ministério da Saúde. Essa medida visa fortalecer a vigilância epidemiológica e garantir o início precoce do tratamento. A literatura aponta que, quanto antes for iniciado o manejo da gestante infectada, menores são os riscos de transmissão para o feto e de sequelas à criança. Uma experiência documentada na cidade de Londrina (PR) demonstrou que a criação de um fluxo padronizado de notificação e acompanhamento, com uso de fichas específicas e integração entre profissionais da saúde, trouxe resultados positivos. Em um ano, 64 gestantes com suspeita foram monitoradas, e sete casos de toxoplasmose congênita foram confirmados. A maioria das gestantes foi tratada ainda durante o pré-natal, e os recém-nascidos foram acompanhados por até dois anos.
Esse modelo reforça a importância da atuação conjunta entre os serviços de vigilância e assistência, promovendo diagnósticos oportunos e um cuidado mais qualificado. A abordagem estruturada pode ser aplicada em outras localidades, servindo de exemplo para o fortalecimento das ações de saúde pública no Brasil.
3. METODOLOGIA
Essa pesquisa buscou compreender como o agravo da toxoplasmose tem sido causado em gestantes ao longo dos anos. Diante disso, busca-se responder à seguinte questão: quais agravos à saúde a toxoplasmose causa em gestantes no Brasil, e quais fatores influenciam sua gravidade? A fim de responder esse questionamento, a pesquisa foi do tipo bibliográfica, com levantamento de publicações científicas obtidas nas bases de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online), PubMed e no portal do Ministério da Saúde. Foram utilizados descritores controlados e palavras-chave como “toxoplasmose”, “gestantes”, “gravidez”, “agravos” combinadas por operadores booleanos como (toxoplasmose) AND (gestantes OR gravidez) AND (complicações OR agravos OR consequências) e NOT para excluir termos como (recém-nascido e crianças) com o objetivo de localizar artigos relevantes ao tema, a fim de refinar os resultados. Foram utilizados termos em português e inglês, conforme a base pesquisada. O estudo contempla dados referentes aos anos de 2018 a 2025. Foram incluídas gestantes diagnosticadas com toxoplasmose neste período, residentes em qualquer região do Brasil e acompanhadas por serviços de saúde especializados. Foram excluídos casos sem confirmação laboratorial e gestantes com comorbidades pré-existentes que pudessem interferir na análise dos agravos à saúde.
1.Identificação: Artigos identificados nas bases de dados: 27.847
2.Triagem: Artigos após remoção de duplicatas e irrelevantes: 55
3.Elegibilidade: Artigos excluídos (não abordavam toxoplasmose em gestantes): 27.792
4.Inclusão: Artigos incluídos na análise final: 10

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Foram observados dois casos clínicos de toxoplasmose congênita, nascidos de gestantes portadoras de IgG positiva e IgM negativa, que não passaram pelo devido rastreamento pré-natal nem pelo manejo médico atualizado. TABELA 1
A avaliação desses casos revela que o diagnóstico e o tratamento precoce estão diretamente relacionados ao melhor prognóstico clínico.
Isso ficou particularmente evidente no segundo paciente, que, embora tenha nascido infectado pelo T. gondii, teve o tratamento iniciado logo nas primeiras horas de vida. Dessa forma, ele não manifestou outras alterações neurológicas ou oculares, sendo o atendimento médico precoce um diferencial na evolução da doença.
Em contraste, o primeiro paciente, que teve o tratamento iniciado tardiamente, apresenta até hoje sequelas que comprometem tanto o desenvolvimento neuropsicomotor quanto a visão.
Nossos achados corroboram o que a literatura revela, que aponta o tratamento precoce como um fator protetor, sendo capaz de minimizar tanto a gravidade quanto o aparecimento de sequelas a longo prazo (Ferreira et al., 2019; Souza et al., 2021).
Ainda que a doença seja, na maior parte das vezes, assintomática na gestante, a sorologia IgG positiva não garante a ausência de riscos para o feto, sendo preciso considerar tanto a possibilidade de reativações quanto de reinfecções, principalmente em comunidades onde o T. gondii apresenta alta endemicidade.
A ausência de um pré-natal atualizado, que inclua a triagem sorológica permanente e o manejo médico de gestantes de alto risco, revela uma falha no modelo de assistência vigente, sendo preciso implementar protocolos específicos, educação permanente da equipe de saúde e conscientização da população.
Com base nos resultados obtidos e na discussão da literatura, considero que o pré-natal de qualidade, associado ao diagnóstico e ao tratamento precoce, é a principal estratégia para minimizar o aparecimento de manifestações graves da doença.
A combinação de medidas como sorologia de triagem, acompanhamento médico permanente, iniciação de tratamento ao primeiro sinal de doença e capacitação da equipe de saúde revela-se particularmente importante, tanto para a saúde infantil quanto para o controle da doença na comunidade.
5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, o manejo da toxoplasmose congênita não se relaciona apenas ao uso de determinados fármacos, ele passa também pelo atendimento pré-natal de qualidade, pelo diagnóstico precoce e pelo acompanhamento médico multidisciplinar. Apenas dessa forma será possível minimizar o aparecimento de sequelas permanentes nas crianças afetadas.
Portanto, a organização do serviço de pré-natal, aliada ao envolvimento de toda a equipe de assistência — médico, enfermeiro, laboratorista, agentes comunitários de saúde — é essencial para o controle da doença e para a melhoria do prognóstico infantil.
REFERÊNCIAS
SANCHEZ, Sírio G.; BESTEIRO, Sébastien. A patogenicidade e a virulência do Toxoplasma gondii. PubMed, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34895084/. Acesso em: 25 abr. 2025.
SMITH, Nicholas C.; GOULART, Cibelly; HAYWARD, Jenni A.; KUPZ, Andreas; MILLER, Catherine M.; VAN DOOREN, Giel G. Controle da toxoplasmose humana. PubMed, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33347832/. Acesso em: 25 abr. 2025.
PANTOJA-RUIZ, Camila; MARTÍNEZ, Andréa; FERREIRAS, Alexandra; MILLÁN, Sónia; CORAL, Juliana. Toxoplasmose no sistema nervoso central: revisão da patologia, abordagem diagnóstica e tratamento. Artigos Originais, [S. l.], 25 maio 2021. Disponível em: https://doi.org/10.22379/24224022346. Acesso em: 25 abr. 2025.
COSTA, Mariana A.; SILVA, João P.; FERREIRA, Ana L. Toxoplasmose adquirida na gestação e toxoplasmose congênita: uma abordagem prática na notificação da doença. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 29, n. 2, 2024. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ress/a/RhnfWJLnLvtvMtX8W9NPMHJ/>. Acesso em: 25 abr. 2025.
GUERRERO, Amanda et al. Toxoplasmose na gestação: características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais em um centro de referência. Revista Médica Tropical, v. 18, n. 1, p. 12-20, jan./jun. 2023. Disponível em: <https://doi.org/10.18004/imt/2023.18.1.3>. Acesso em: 29 abr. 2025.
VILLAR, Bianca Balzano De La Fuente; GOMES, Leonardo Henrique Ferreira; PORTARI, Elyzabeth Avvad; RAMOS, Carla Nasser Patrocínio; ROCHA, Danielle Nascimento; PEREIRA, José Paulo; NEVES, Elizabeth de Souza; GUIDA, Letícia da Cunha. PCR em tempo real no diagnóstico de toxoplasmose congênita. Revista Brasileira de Doenças Infecciosas, v. 27, n. 5, p. 102804, 2023. Disponível em: <https://doi.org/10.1016/j.bjid.2023.102804>. Acesso em: 29 abr. 2025.
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