ADESÃO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA.

ADHERENCE TO CONTRACEPTIVE METHODS IN ADOLESCENCE: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8072331


Felipe Silva Santos1, Gustavo Martins Souza2, Jhennifer Ribeiro dos Santos3, Sarah Stefany Santos4, Eduardo Nogueira Cortez5


RESUMO

Introdução: A fase da adolescência é subjetivamente característica do início da exploração de relacionamentos românticos e sexuais. Por ser uma fase de transição e exploratória, a falta de informação e início da vida sexual sem orientação adequada, expõe esses adolescentes a situações de vulnerabilidade como a gestação indesejada e o contágio por infecções sexualmente transmissíveis. Objetivo: Identificar sobre a compreensão do adolescente sobre sexualidade e adesão aos métodos contraceptivos através de uma revisão de literatura. Metodologia: O presente estudo delineia-se por meio do método de revisão integrativa da literatura. O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de consulta eletrônica, utilizando as bases de dados PUBMED, SCIELO, BVS (BDENF, LILACS e MEDLINE), foi utilizada a seguinte equação: “Adolescente AND Anticoncepção AND Sexualidade”. Resultado: Durante a coleta do material, foram encontrados 14.297 artigos, destes foram excluídos os que não atenderem ao critério, realizando após a leitura completa de 24 artigos. Após a leitura a amostra final foi constituída por 08 artigos. Conclusão: Os estudos revisados mostram que o comportamento juvenil afeta diretamente a tomada de decisão dos jovens em seus relacionamentos sexuais. E necessário que uma iniciativa por órgãos de educação em conjunto com a atenção primária seja elaborada para abordar prevenções com adolescentes e jovens em seu próprio círculo familiar.

Palavras chaves: Planejamento Familiar, Sexualidade, Gravidez na Adolescência, Anticoncepção.

ABSTRACT

Introduction: The adolescent phase is subjectively characteristic of the beginning of exploration into romantic and sexual relationships. Because it is a transitional and exploratory phase, the lack of information and the beginning of sexual life without proper guidance exposes these adolescents to vulnerable situations such as unwanted pregnancy and sexually transmitted infections. Objective: To identify adolescents’ understanding of sexuality and adherence to contraceptive methods through a literature review. Methodology: This study is based on an integrative literature review. The bibliographical survey was carried out by means of electronic consultation, using the databases PUBMED, SCIELO, BVS (BDENF, LILACS, and MEDLINE), the following equation was used: “Adolescent AND Contraception AND Sexuality”. Result: During the collection of the material, 14,297 articles were found. Of these, those that did not meet the criteria were excluded, and 24 articles were read in their entirety. After reading the final sample consisted of 08 articles. Conclusion: The reviewed studies show that youth behavior directly affects the decision-making of young people in their sexual relationships. It is necessary that an initiative by educational agencies in conjunction with primary care be developed to address preventions with adolescents and youth in their own family circle.

Keywords: Family Development Planning, Sexuality, Pregnancy in Adolescence, Contraception.

1. Introdução

Em 1905, Sigmund Freud médico do século XX, denominado como pai da psicanálise publicou sua obra “O discurso da Pulsão: Os três ensaios sobre a sexualidade” onde as designou em “As aberrações sexuais”, “A teoria da sexualidade infantil” e “As transformações da puberdade”. Sua proposta era idealizar a pré-história da sexualidade do indivíduo baseado em sua teoria da sexualidade, mais especificamente, em sua combinação com a infância. Freud também definiu a adolescência como a fase de transição entre a puberdade e a vida adulta também designada por ele, como fase genital (GARCIA-ROZA, 2009).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define que a adolescência é o período do desenvolvimento humano, entre 10 e 19 anos, onde que por sua vez, se inicia mudanças biológicas e psicológicas. Nesse tempo o rapaz ou a moça pode ter seu primeiro experimento sexual. A sexualidade está de maneira íntima relacionada à saúde física, sentimentos, interações e ações interligadas ao sexo, pensamentos, saúde mental, prazer, orientação sexual, identidade de gênero, intimidade e reprodução (OMS, 2010).

A fase da adolescência é subjetivamente característica do início da exploração de relacionamentos românticos e sexuais. Por ser uma fase de transição e exploratória, a falta de informação e início da vida sexual sem orientação adequada, expõe esses adolescentes a situações de vulnerabilidade como a gestação indesejada e o contagio por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), pois de acordo com Kann e colaboradores (2018) em um estudo realizado em escolas nos Estados Unidos em nível nacional, estadual e local, que teve como objetivo acompanhar comportamentos mais importantes relacionados à saúde e que podem ser usados para ajudar a monitorar a eficácia das intervenções de saúde pública destinadas a proteger e promover a saúde dos jovens, revelou que cerca de 46% dos estudantes do ensino médio com vidas sexuais já ativas, alegaram não ter feito o uso de preservativos na última relação sexual e cerca de 14% relataram não ter feito o uso de algum método contraceptivo.

Considerando as possíveis consequências da inaplicabilidade, ou uso inadequado do anticonceptivo após o início da vida sexual, observou-se a necessidade da introdução dos métodos contraceptivos na fase da adolescência. Atualmente, existe uma vasta gama de métodos disponíveis no mercado, porém, de acordo com a pesquisa de Piantavinha e Machado (2022), realizado em um ambulatório docente assistencial, no Distrito de Brotas, na cidade de Salvador, Bahia, foi identificado que a maior prevalência entre adolescentes está no uso do preservativo masculino e o anticoncepcional oral. E o mesmo estudo, revela que a grande maioria dos adolescentes que participaram da pesquisa, obtiveram o conhecimento sobre esses métodos com alguém da família ou na escola.

Envolver a família ou amigos e professores da escola em um assunto íntimo como a sexualidade ativa, pode ser motivo de constrangimento entre muitos jovens. Apesar disso, é notório a profunda importância que a família e a escola exercem na educação sexual desses jovens. Consequentemente, a falta de escolaridade ou a falta de estrutura familiar influência direta e indiretamente no comportamento sexual desse adolescente durante a vida, o que possivelmente gerará um “efeito dominó’ em gerações futuras (MASLYANSKAYA et al., 2016).

O fato de a sexualidade e a contracepção relacionar-se a gravidez na adolescência, também podem ser associada a uma série de fatores que são adversos a saúde como: infecções, baixo peso do recém-nascido, maior risco de eclampsia, inflamação do endométrio, aumento da morbimortalidade materna e neonatal, apego inseguro e estresse parental, tudo isso fundamenta a preocupação com a maneira em que adolescentes iniciam suas vidas sexuais de forma vulnerável, desde de ter uma gravidez indesejada, até a falta de estrutura familiar e o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (GRAU et al., 2012; PIANTAVINHA, MACHADO, 2022).

Neste sentido, o objetivo do artigo foi identificar sobre a compreensão do adolescente sobre sexualidade e adesão aos métodos contraceptivos através da revisão de literatura.

2. Metodologia

O presente estudo delineia-se por meio do método de revisão integrativa da literatura, por possuir o escopo de tratar o tema e o problema da pesquisa, considerada.

Este estudo possui como questão norteadora: “Qual a compreensão de adolescentes sobre métodos contraceptivos? E como é a adesão de métodos contraceptivos pelos adolescentes? ” Com o intuito de responder tal questão, utilizou-se a estratégia de descrição “PECOS”, onde se P = População (Adolescente); E = Exposição (sexualidade e métodos contraceptivos); C = Comparador; (Não se aplica) O = (Outcome) desfecho (percepção da sexualidade e adesão aos métodos contraceptivos); e, S = (Study type) (tipos de estudos)?

O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de consulta eletrônica, utilizando as bases de dados PUBMED, SCIELO, BVS (BDENF, LILACS e MEDLINE) e periódicos CAPES relacionadas ao tema. A busca foi realizada do dia 20 de outubro de 2022 a 17 de março de 2023.

Como estratégia de busca dispôs-se de descritores constantes no vocabulário estruturado do Medical Subject Heading (MeSH) e os Descritores em Saúde (DeCs) que foram: Adolescente; Anticoncepção e Sexualidade, e quanto aos operadores booleanos utilizados foram “AND”.

Como exemplificação da busca realizada para artigos na BVS, foi utilizada a seguinte equação: “Adolescente AND Anticoncepção AND Sexualidade”

Os critérios de inclusão definidos, foram baseados em artigos publicados na íntegra, sem limite de período e idioma que descrevessem a temática referente à questão norteadora.

Quanto aos critérios de exclusão, foram descartados os estudos de opiniões de especialistas, cartas ao editor, artigos de revisão e aqueles que após lidos na íntegra não atingiram o foco temático proposto.

Os artigos que atenderam aos critérios de inclusão foram analisados em toda a extensão e seus dados foram coletados pelos pesquisadores incluindo as seguintes variáveis: (1) Autor e ano de publicação, (2) objetivo, (3) população estudada (4) delineamento de estudo (5) principais resultados e (6) limitações.

3. Resultados

Durante a coleta do material, foram encontrados 14.297 artigos, destes foram excluídos os que não atenderem ao critério, realizando após a leitura completa de 24 artigos. Após a leitura a amostra final foi constituída por 08 artigos.

Figura 1. Fluxograma da busca e seleção de artigos para revisão

Fonte: Elaborada pelos autores (2023).

Quadro 1. Artigos selecionados após aplicação de critérios de inclusão e exclusão

Fonte: Elaborada pelos autores (2023).

Em busca de entender melhor como ocorre a abordagem do assunto com o adolescente e/ou jovem adulto, dois dos estudos analisados trabalharam com a intervenção “educação e promoção em saúde”.

Scull e colaboradores (2018) desenvolveram um estudo em escolas selecionadas aleatoriamente com alunos do ensino médio. Com autorização dos tutores os alunos preencheram questionários no pré (N:880) e pós (N:926) teste, para avaliação dos resultados mediante o projeto. O autor relata que a maior fonte de informações dos adolescentes são as mídias sociais e como estas informações os alcança de maneira degradante e insuficientes ocasionando comportamentos prejudiciais quanto aos relacionamentos e atos sexuais. Aplicaram assim, um projeto por meio de dois métodos, um grupo foi realizado o controle de promoção a saúde e o outro o método de um modelo de processamento e interpretação de mensagem, o Media Aware, ambos relacionadas a relacionamentos e vida sexual, com o intuito de implementar uma alfabetização midiática vinculado ao cotidiano escolar, desenvolvendo com os alunos através de questionários e exposições uma visão analítica quanto as informações que circulam na mídia, gerando assim, mudanças em como elas são processadas e fornecendo informações cientificas sobre saúde e contracepção, com o intuito de gerar também mudanças no comportamento, na comunicação com o parceiro sexual, além de mostrar a importância de buscar aconselhamento com uma pessoa de confiança. Os resultados mostraram que eles obtiveram a compreensão maior sobre o assunto, sendo capazes de identificar as abordagens da mídia levando ao aumento do interesse dos adolescentes em conversar sobre saúde sexual, além do aumento da manifestação do desejo de aderirem métodos contraceptivos, porém, mesmo diante destes resultados não conseguiram determinar a mudança no comportamento.

No artigo de Anderson e colaboradores (2019) um estudo realizado através de um ensaio randomizado onde foram escolhidas 990 mulheres de 18 a 44 anos que não fossem gestantes ou que planejavam engravidar, e que houvessem tido relações vaginais nos últimos três meses para participar de uma pesquisa online. O intuito seria comparar o impacto através da exposição entre um pôster do Centro de Controle de Prevenção de Doenças e um pôster centrado no paciente mostrando os meios de contracepção eficazes. Os resultados mostraram que 1-17 a cada 100 mulheres que viram um pôster mudaram suas intenções a favor de um contraceptivo mais eficaz, mostrando assim que ambos os pôsteres são capazes de informar e conscientizar as mulheres, no entanto, viu-se que o pôster centrado no paciente mostrou melhor resultado no aumento do conhecimento sobre contraceptivos e planejamento familiar.

Alguns dos estudos encontrados nos mostra o quão é eficaz essa adesão em meio a adolescentes/jovens. O artigo de Olsen e colaboradores, publicado no ano de 2018, com o objetivo de identificar a prevalência da anticoncepção, tipos de métodos adotados, maneiras de obtenção e diferenciais em seu uso, utilizou-se do método de inquérito domiciliar intitulado como “Ouvindo Mulheres: Contracepção no Município de São Paulo” para investigar as vidas sexuais, reprodutivas e contraceptivas de mulheres entre 15 e 44 anos residentes no município de São Paulo. Porém, selecionou-se dados relativos a jovens de 15 a 19 anos para o estudo. Através de uma modalidade de entrevista observou-se que a média de idade para início da vida sexual é de 15,1 anos, no entanto 33,9% das participantes relataram sua coitarca antes dos 15 anos. A maioria das participantes relata ter tido mais do que um parceiro sexual e quase um terço já engravidou pelo menos uma vez. Dentre as que já haviam engravidado, 61% tiveram, ao menos, um filho nascido de uma gestação não planejada. Dentre as participantes todas conheciam ao menos dois métodos contraceptivos modernos e não cirúrgicos, no entanto 75% obtiveram esses recursos em redes comerciais de farmácia e 20% das que optaram pelo contraceptivo oral não tinham conhecimento sobre a disponibilização através da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Comparada a pesquisas de 2006 e 2014, o estudo evidenciou um aumento da prática contraceptiva e maior presença de métodos modernos, porém, em contrapartida 19% das que iniciaram a vida sexual já tiveram gestações não planejadas e 80% das jovens participantes não sabem identificar o período fértil no ciclo menstrual, fato que também evidencia um provável uso inadequado da contracepção.

Já no estudo do Machado e colaboradores, publicado em 2021, com intuito de Investigar a “Prevalência e desigualdades no uso de anticoncepcionais entre adolescentes e mulheres jovens”. A população investigada tinha respectivamente 15, 18 e 22 anos, 335, 1.458 e 1.711 garotas, relataram vida sexual ativa, e pontuaram que não estavam gravidas durante os estudos. Um estudo perinatal foi feito com as mães para fornecer informações sobre suas características demográficas, socioeconômicas, comportamentais entre outras. A prevalência do uso de contraceptivo moderno em adolescente aumentou globalmente. No entanto, o estudo mostra que em 46 países de média e baixa renda a prevalência foi menor, nos quais 32,4% das meninas de 15 a 19 relatam uso atual de método contraceptivo e 24,6% de métodos modernos de curto prazo. Enquanto isso, nos Estados Unidos estudos de 2014 mostraram que 88% de meninas de 15 a 19 relatam uso de métodos contraceptivos. No estudo analisado os anticoncepcionais orais e os preservativos foram os métodos mais utilizados com um forte predomínio da pílula oral.

Em 2022, de Piantavinha e colaboradores, publicaram um estudo realizado em um Ambulatório de Ginecologia realizado para pesquisar sobre o conhecimento das adolescentes atendidas sobre os métodos contraceptivos em um serviço na capital do estado da Bahia. Durante os estudos foi observado que boa parte das adolescentes não possuía conhecimento de métodos contraceptivos disponíveis e que a escolaridade é um dos determinantes mais importantes no comportamento sexual e reprodutivo. As adolescentes atendidas no consultório tinham em média 15 anos de idade, 48,0% de etnia/cor era parda, 84,0% frequentavam a escola pública e 56,0% cursavam o ensino médio. Após as avaliações, foi sobreposto um questionário anônimo e contendo os seguintes assuntos: características sociodemográficas, antecedentes ginecológicos, uso correto e da indicação dos métodos contraceptivos. As questões foram avaliadas e analisadas por meio da estatística descritiva utilizando-se as medidas de tendência central e de variabilidade.

Diante do fato da ineficácia do uso de método contraceptivo por uso inadequado, falta de acessibilidade ou a falta de conhecimento, o artigo de Fatori e colaboradores publicado em 2020 sob a observação do impacto que uma gestação indesejada e precoce acarreta a vida juvenil e da criança, evidenciou que um programa de visitas domiciliares intitulada como “Primeiros Laços” realizado por enfermeiras, teve um efeito positivo no bem-estar dos pais e na parentalidade materna. O estudo controlado randomizado teve por objetivo testar a eficácia do Primeiros Laços maternos. Esta intervenção adota uma abordagem baseada na aprendizagem e visa colocar a criança no centro da vida da mãe, ajudando a mãe a perceber e reagir às necessidades da criança. Um total de 169 adolescentes grávidas foram avaliadas para critérios de elegibilidade, 80 foram incluídas no estudo onde 40 receberam intervenção e as outras 40 foram o grupo de controle e receberam cuidados habituais. Além das visitas, foi criado um Diário Eletrônico (e-Diary) programado para notificar os participantes todos os dias as 21 horas durante 7 dias. O e-Diary abordava questionamento como: “você saiu ou foi passear com seu filho hoje?”, “você brincou com seu filho hoje?”, “você conversou com seu filho hoje?”. A iniciativa das duas intervenções impactou positivamente o vínculo entre mãe e filho e bem-estar deles. A taxa de adesão de e-Diary foi de 84% e o programa “Primeiros Laços” se mostrou uma intervenção promissora para promover a parentalidade materna e o bem-estar entre mães adolescentes de baixa renda. Com uma estruturação e planejamento o programa poderia vir a somar junto ao sistema de atenção primária pois é potencialmente benéfico a milhões de mães e crianças brasileiras.

A gravidez indesejada e o risco de contrair uma doença sexualmente transmissível (DST) é um fator que causa grande impacto na estrutura familiar de um lar. É importante identificar possíveis comportamentos que estão diretamente relacionados ao cotidiano juvenil e como tais comportamentos interferem na tomada de decisão em questões da vida sexual desses adolescentes/jovens.

Sendo assim, um estudo publicado em 2018 por Kann e colaboradores, avaliou os comportamentos de riscos dos jovens entre 10 e 24 anos, nos 50 estados e no Distrito da Columbia – Estados Unidos, durante o período de setembro de 2016 a dezembro de 2017. O objetivo consistia em identificar principais comportamentos juvenis e os impactos que eles oferecem a saúde dos jovens, com intuito de monitorar a eficácia das saúdes públicas destinadas a saúde dos jovens. Os resultados indicaram que uma porcentagem significativa de estudantes do ensino médio se envolve em comportamentos sexuais de risco. Em todo o país, 39,5% dos alunos já haviam tido relação sexual e 9,7% relataram ter tido relações sexuais com quatro ou mais parceiros ao longo da vida. Entre os alunos sexualmente ativos, apenas 53,8% relataram o uso de preservativo em sua última relação sexual. Esperava-se que o estudo fornecesse informações sobre os comportamentos sexuais dos jovens nos Estados Unidos, incluindo dados sobre a prevalência da atividade sexual e sobre mudanças e melhorias ao longo prazo. Ao final concluíram que, as tendências ao longo do tempo, de forma geral, a prevalência dos comportamentos sexuais de risco está diminuindo. Isso indica que as intervenções de saúde pública podem estar tendo impacto positivo na redução desses comportamentos indesejados.

Já o estudo sexual “Behaviors: study in the Youth”, de Miranda e colaboradores de 2018, caracterizou os comportamentos sexuais em uma amostra de adolescentes e jovens, feito através de um questionário adaptado da Organização Mundial de Saúde (OMS), composto por questões de múltipla escolha, contendo questões relacionadas ao uso de métodos contraceptivos, práticas sexuais, infecções sexualmente transmissíveis, gravidez, anticoncepção de emergência, consumos concomitantes e orientação sexual. Foram coletados e analisados dados de 2.369 adolescentes e jovens. Como resultados identificaram que 58% dos adolescentes e jovens já haviam iniciado a vida sexual, sendo que a média de idade foi de 16,4 anos. Foi observado que 93% dos participantes utilizaram algum método contraceptivo na primeira relação sexual, sendo a camisinha o método mais utilizado e, também, 54% dos participantes buscaram a contracepção de emergência pelo menos uma vez. No entanto, entre os que não utilizaram método contraceptivo, 83% pertenciam ao grupo de idade mais jovem. Além desses resultados, o estudo indica a necessidade de intervenção no âmbito da educação sexual e destaca sua importância juntamente com a intervenção precoce para promover comportamentos sexuais mais saudáveis e reduzir os riscos de gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis.

4. Discussão

O planejamento familiar ou planejamento reprodutivo é uma forma de entender a vida reprodutiva de um indivíduo. Tendo assim, autonomia sobre a decisão, em gestar e em que momento lhe for conveniente, isso permite que casais tenham um diálogo sobre o assunto e busquem meios de prevenção contraceptiva. Ainda, o planejamento oferece orientação pré- concepcional e cuidado pré-natal. A lei n.º 9.263, do código civil brasileiro regula o planejamento familiar e amplia o acesso às informações e aos métodos contraceptivos. Por outro lado, o acesso fácil e o avanço em tecnologia têm deturbado a forma com que os jovens recebem e processam algumas informações. O artigo intitulado “Conhecimentos de adolescentes sobre métodos contraceptivos e infecções sexualmente transmissíveis no Brasil”, publicado por Vieira e colaboradores em 2021, cita que devido ao acesso facilitado a informações sexuais na internet, o conhecimento dos adolescentes sobre métodos contraceptivos, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e questões relacionadas à sexualidade ainda é deficiente e embora os adolescentes sejam habilidosos em tecnologia, eles são vulneráveis na seleção de informações confiáveis. Isso leva a comportamentos sexuais inseguros, resultando em gravidez indesejada e aumento dos custos de saúde.

Trabalhar na maneira em que os adolescentes/jovens filtram essas informações requer uma iniciativa por órgãos de educação em conjunto com a atenção primária, uma vez que abordar esses jovens em instituições hospitalares ou em Unidades Básicas de Saúde (UBS), seja um desafio. Um estudo publicado em 2019 por Vinagre e colaboradores analisou as preferências dos adolescentes nos cuidados de saúde, devido à grande prevalência dos comportamentos e resultados destrutivos correspondentes a decisões tomadas que resultaram consequências a saúde e bem-estar dos jovens. O autor nos mostra que existe à preconização de estratégias de promoção a saúde nesta faixa etária que busca tornar o adolescente o protagonista neste cenário, porém, percebe-se que ocorre baixa cobertura ao público-alvo no Brasil. Os resultados do estudo apresentam as avaliações dos jovens ao buscar os atendimentos de saúde, os mesmos afirmam a desvalorização de suas ideias quanto a melhorias, atendimento, organização e infraestrutura e que se sentem mais confortáveis em expor suas necessidades com médicos e enfermeiros, no entanto declaram que os mesmos por muitas vezes não são capazes de compartilhar informações claras para o entendimento e agem com antipatia, o que diminui a satisfação e corrobora com a probabilidade do cliente em não retornar ao atendimento.

Apesar de toda a rede de apoio em saúde ofertada a adolescentes/jovens, a incidência de gravidez na adolescência tende em persistir. O estudo de Monteiro e colaboradores publicado em 2021 avaliou a frequência da gravidez na adolescência em todas as regiões e estados brasileiros no período de 2000 a 2019, em duas faixas etárias diferentes e correlacionando-as com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). As informações para o estudo foram obtidas através do Sistema Nacional de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), e depois, estabelecido uma associação entre a frequência de gravidez na adolescência e o IDH de cada região. Como resultado principal, observou-se que a porcentagem de nascidos vivos de mães adolescentes no país diminuiu 37,2%, esses resultados nos trazem uma percepção positiva em relação a estudos posteriormente analisados neste estudo sobre conhecimento, acessibilidade e adesão de métodos contraceptivos. No entanto, um estudo mais recente, publicado em fevereiro de 2023 por Diabelková e colaboradores, nos mostra que a gravidez na adolescência permanece sendo um dos maiores problemas sociais e de saúde pública em uma escala global. Sendo assim, a pesquisa conduzida por ele com o objetivo de relacionar a idade com resultados neonatais ligados a estilo de vida de adolescentes grávidas, evidenciaram uma diversidade de riscos que abrangem tanto a saúde neonato quanto da adolescente uma vez que, sua própria faixa etária já apresenta um qualificativo para grupo de risco.

Além da incidência, a reincidência também é um fator preocupante para a saúde pública uma vez que cerca de 80% das gestações na adolescência não são espontâneas, e entre 28% e 63% das mães adolescentes apresentam repetição da gravidez em 18 meses. Um estudo publicado em 2019 por Borovac-Pinheiro e colaboradores, teve como proposta realizar grupos com educação pré-natal com intuito de educar e capacitar meninas sobre direitos sexuais, reprodutivos, métodos contraceptivos, conhecimentos sobre saúde, cuidados com recém- nascido, amamentação, direitos puerperais entres outros. Como principal resultado 37% das participantes da pesquisam optaram por aderir ao método contraceptivo do Dispositivo Intrauterino (DIU) após os grupos educativos. Em pesquisas anteriores apontadas pelo autor, essa porcentagem era de 11%.

Nota-se que o comportamento juvenil é um fator extremamente decisivo para alavancar essa problemática. Como analisado no estudo de Kann e colaboradores (2018) em um estudo de Vigilância de Comportamento de Risco Juvenil nos Estados Unidos, fatores como bebida e uso de drogas afetam a iniciativa de iniciar uma relação sexual, as vezes consensual, mas que por outro lado, em uma condição normal sem interferência de drogas ou bebidas é provável que o ato não ocorresse ou o indivíduo teria mais percepção para se proteger. Nesse contexto, um artigo publicado em uma revista de medicina preventiva por Dennis e colaboradores (2023) evidenciaram que a violência sexual também está relacionada com a gravidez na adolescência, caso por interferência de drogas ou não, a relação passe a não ser consensual. Por fim, fatores externos competem mais impacto na problemática que a própria gama de saúde que busca resolvê-la. É preciso que o problema seja notado em seu contexto como um todo, desde o foco principal, pois só assim ele poderá caminhar para uma resolutiva eficaz.

Como principal limitação desse estudo podemos citar a localidade em que cada estudo foi realizado, como por exemplo, estudos realizados nos Estados Unidos e outro em estados brasileiros. Apesar de faixas etárias semelhantes, o estudo não proporciona dados exatos por se tratar de realidades diferentes.

Apesar da limitação desse estudo foi possível perceber que uma forma didática centrada no adolescente é mais clara para a compreensão deles sobre informações de saúde, e que a influência da mídia pode distorcer a maneira que essas informações são processadas. Além disso situações externas como uso de drogas, bebida alcoólica, tabagismo, amizades, relações afetivas e até mesmo a violência sexual, também influência no rumo em que a vida sexual deles se direcionam. Por fim, a adesão dos métodos contraceptivos entre adolescentes é melhor eficaz em meninas que já tiveram a experiência de uma gravidez não planejada ou em meninas com melhores condições financeiras ou melhor escolaridade. O fator da desigualdade também afeta no tipo de informação e aconselhamento que é disposta a elas, como exemplo, a disponibilidade de recursos pela rede do SUS.

5. Conclusão

Através dos estudos realizados no presente trabalho, pode-se observar que a compreensão de adolescentes sobre sexualidade é comumente distorcida por mídia social e até mesmo pela vivência individual de cada um, como por exemplo a influência de amigos, família, cultura e relações afetivas. Apesar dos esforços para sensibilizar e informar corretamente, esta informação não está sendo processada ou entendida de maneira eficaz para conscientizar e proteger. Tal fato, prejudica o julgamento deles no momento de tomar uma decisão importante como é a de iniciar uma vida sexual ativa ou de iniciar a adesão de um método contraceptivo. Sem a maturidade necessária para carregar as possíveis consequências que uma vida sexual ativa precoce pode acarretar, esses adolescentes precisam de todo o cuidado que é possível lhes prestar.

É preciso que novas pesquisas continuem sendo elaboradas para que cada vez mais os comportamentos juvenis sejam melhores entendidos, a fim de adaptar uma abordagem mais eficaz com adolescentes/jovens, tais como parcerias entre a atenção primária de saúde e órgãos competentes de educação para trabalhar com prevenção e conscientização desde escolas até seus círculos familiares.

6. Referências

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¹Acadêmico do curso de Enfermagem no Centro Universitário UNA de Bom Despacho, UNA-MG, 2023. Bom Despacho, MG. felipesilva2580@outlook.com
²Acadêmico do curso de Enfermagem no Centro Universitário UNA de Bom Despacho, UNA-MG, 2023. Bom Despacho, MG. cuiamgns@outlook.com
³Acadêmica do curso de Enfermagem no Centro Universitário UNA de Bom Despacho, UNA-MG, 2023. Bom Despacho, MG. jhenyribeiro302@gmail.com
4Acadêmica do curso de Enfermagem no Centro Universitário UNA de Bom Despacho, UNA-MG, 2023. Bom Despacho, MG. sarah1929@outlook.com.br
5Mestre em Promoção de Saúde. Universidade de Franca, 2012. Professor no Centro Universitário UNA de Bom Despacho, UNA – MG. Bom Despacho, MG. eduardonogueiracortez@gmail.com