REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10672802
Brenda Ludwig Barcelos2
Matheus Fernando Vidi Zanella2
Marielly Letícia Santos2
Rafael Matte3
Cristine Vanz Borges3
Resumo – Este projeto tem por objetivo abordar a adesão ao exame Papanicolau de mulheres um uma UBS no oeste Catarinense, assim, busca-se o objetivo de elucidar quais são os motivos da baixa adesão das pacientes à realização do exame, por meio de questionamentos e relatos de experiência, ademais, busca-se, também, aumentar o indicador referente ao exame preventivo, por meio da pesquisa ação desenvolvida diretamente com as pacientes da UBS em questão.
Palavras-chave: Detecção precoce. Prevenção. Saúde da mulher. Papanicolau.
INTRODUÇÃO
O Câncer do Colo do Útero (CCU) é um importante problema de saúde pública já que se trata do terceiro tumor mais frequente na população feminina. Sua incidência tem sido recorrente na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco aumenta até atingir seu pico, na faixa etária de 45 a 49 anos. O método convencional para rastreamento da neoplasia é o exame citopatológico do colo do útero, Papanicolau. Considerado de baixo custo, simples e de fácil execução (DIAS et al., 2021).
Com isso, a realização do exame citopatológico de Papanicolau tem sido reconhecido mundialmente como uma estratégia confiável para a detecção precoce do câncer de colo. O instrumental necessário para a realização do exame ginecológico é composto por um espéculo, luvas, uma lâmina de vidro com extremidade fosca, onde é identificado o nome da paciente e o número do prontuário com lápis grafite, espátula de madeira do tipo ayre para a coleta de material da vagina e uma escova para coleta do material da endocérvice. Depois de coletado, o material é fixado na lâmina de vidro e acondicionado em um porta lâmina e a seguir enviado ao laboratório para análise citopatológica (SILVA, 2011). Caso a coleta seja realizada em uma Unidade Básica de Saúde, cabe à Atenção Básica encaminhar o material para análise e aguardar o recebimento dos laudos. Além disso, a coleta deve ser realizada de maneira humanizada, podendo ser durante a consulta, em agendamentos específicos, mutirões em horários variados e até mesmo por convocação em casos de mulheres que não realizam regularmente o exame (BRASIL, 2012). Procurando atender as mulheres mais vulneráveis e utilizar o sistema de referência quando necessário (BRASIL, 2004).
Ainda no âmbito da saúde pública, evidencia-se o acolhimento, diretriz da PNH, o qual se configura como uma escuta qualificada do paciente, garantindo maior efetividade e maior adesão na realização do exame citopatológico (BRASIL, 2007).
Porém, a adesão à realização do exame citopatológico, muitas vezes é inibida pela ausência de acolhimento, por parte do profissional de saúde, contribuindo para o aumento dos sentimentos de vergonha e medo influenciando na percepção do exame pelas mulheres. Os estudos de Barbosa e Lima, e Campos identificaram que a falta de acolhimento por parte dos profissionais de saúde pode ser um fator contribuinte para gerar sentimentos desconfortáveis e diminuir a adesão ao exame.
Dessa forma, as visões que as mulheres atribuem às práticas preventivas do câncer do colo de útero, vão desde ideias de autocuidado e feminilidade, até uma sensação de obrigatoriedade e sentimento de culpa, caso não realizem o exame periodicamente e sejam diagnosticadas com câncer. Além disso, há ainda a comparação da realização do exame preventivo como algo sujo e impuro, advindo de condutas moralmente errôneas associadas ao sexo (SANTOS, GOMES; 2022).
Outro ponto que reflete diretamente na adesão ao exame são as posturas biomédicas e os modelos de formações adotadas pelos profissionais de saúde durante a consulta. A exemplo o modelo biomédico tradicional que não valoriza os aspectos pessoais do paciente (PORTO; 2019). Isto justifica, o porquê muitas vezes ocorre a não adesão ao exame, haja vista as histórias de mulheres na busca pelos serviços de saúde, que expressam discriminação, frustrações e violações dos direitos e aparecem como fonte de tensão. Por esse motivo, a humanização e a qualidade do atendimento implicam na promoção, reconhecimento e respeito aos seus direitos humanos, garantindo a saúde integral da mulher, e nesse caso, a adesão e retorno ao exame Papanicolau (BRASIL, 2004).
METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma pesquisa exploratória e de ação em saúde desenvolvida pelos discentes da disciplina de SBE II em parceria com a disciplina de IESC II da 2ª fase do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), juntamente com as pacientes da Unidade Básica de Saúde Villa Verde, situada no município de Videira, no oeste de Santa Catarina. A fundamentação teórica foi baseada em pesquisa de literatura feita nas bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), PubMed e Scielo. Os filtros utilizados para a pesquisa foram: anos 2012 a 2022 e texto completo. Foram utilizadas as palavras chaves “adesão”, “preventivo” e “humanização”, em combinação com o booleano AND. Após análise exploratória foi aplicada uma pesquisa de ação, por meio de uma palestra, voltada para o público alvo.
Na palestra aplicada, buscou-se destacar a importância da realização do exame, promovendo uma ação de prevenção e promoção de saúde. Na qual, foi realizado orientações a respeito de como é realizado o exame, quais são os materiais necessários, como é realizada a coleta no colo uterino, também foi evidenciado para as pacientes presentes, quais as diferenças de um colo saudável para outros doentes. Para tais orientações foi utilizado uma apresentação do PowerPoint, peças anatômicas do sistema reprodutor feminino, kits com espéculo, lâmina, espátula tipo Ayre e escova para endocérvice. No final da palestra, foram distribuídos brindes para as participantes presentes. Cabe ressaltar que, durante a realização da ação, foram realizados questionamentos acerca da adesão do exame preventivo do colo de útero. Assim, por se tratar de um relato de experiência, o estudo não passou pelo comitê de ética. Entretanto, foi solicitada previamente a autorização da equipe da UBS para a realização da ação. Os dados dos participantes não foram divulgados, respeitando as normas preconizadas pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos na pesquisa bibliográfica expuseram que os motivos que levam a baixa adesão ao exame preventivo evidenciam-se heterogêneos (SANTOS; GOMES, 2022; BRASIL, 2004) como evidenciado pelos questionamentos durante a realização da ação os quais apontaram que a maioria das mulheres afirmaram não ter dificuldades para realizar o exame, no entanto, algumas relataram que a falta de tempo compromete a realização do mesmo. Além disso, durante os questionamentos, grande parte das mulheres afirmaram que realizam anualmente o exame e algumas a cada 4 anos, também obteve-se respostas como: a cada 3 anos e a cada 2 anos. Durante as conversas realizadas todas as pacientes afirmaram que a humanização favorece na adesão ao exame Papanicolau, em concomitância, um grande número das pacientes ouvidas na UBS, afirmaram que a maneira como acontece a consulta resulta na adesão do preventivo.
Dessa maneira, observa-se que os resultados dos questionamentos e relatos de experiência das pacientes atendidas na UBS em questão, apresentam-se em concomitância com estudos de Santos e Gomes, Brasil, Porto os quais apontam vários motivos para a baixa adesão ao exame preventivo do Câncer do Colo de Útero, como o medo, vergonha e a maneira com que ocorre o atendimento. Causas essas, evidenciaram-se presentes durante este estudo, concordando com a base referencial utilizada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando em consideração as respostas apresentadas durante os questionamentos e objetivo da realização da pesquisa ação, aguardasse, que com a palestra desenvolvida na Unidade com as pacientes e com a coleta de dados tanto da pesquisa bibliográfica, quanto com os dados coletados pelo questionário, haja o aumento da adesão do exame do preventivo na UBS em questão. Ademais, com as respostas em questão, há a possibilidade de desenvolver outra pesquisa ação mais objetiva baseada nas respostas supracitadas.
REFERÊNCIAS
BRASIL Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização (PNH).
BRASIL Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, 13).
DIAS, Ernandes Gonçalves et al. Atuação do enfermeiro na prevenção do câncer do colo de útero em Unidades de Saúde. Journal of Health & Biological Sciences, v. 9, n. 1, p. 1-6, 2021.
DE ALMEIDA DA SILVA, Leticia et al. knowledge and practice of women attended in primary health care about papanicolau test. Revista de Pesquisa: Cuidado e Fundamental, v. 13, n. 1, 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes. Ministério da Saúde, 2004.
REZENDE, M. A. .; OLIVEIRA, G. de A. S. .; MARKUS, G. W. S. .; PEREIRA, R. A.; COUTO, G. B. F. do .; DIAS, A. K. .; ALENCAR, C. T. .; SILVA , K. C. C. da . Women’s knowledge about the preventive examination for cervical cancer vv. Research, Society and Development, [S. l.], v. 10, n. 15, p. e598101523635, 2021. DOI: 10.33448/rsd-v10i15.23635.
SANTOS, J. N. dos; GOMES, R. S. . Sentidos e Percepções das Mulheres acerca das Práticas Preventivas do Câncer do Colo do Útero: Revisão Integrativa da Literatura. Revista Brasileira de Cancerologia, [S. l.], v. 68, n. 2, p. e–031632, 2022. DOI: 10.32635/2176-9745.RBC.2022v68n2.1632.
SILVA, Cícera Joana da. Adesão das usuárias da Estratégia de Saúde da Família ao exame preventivo de câncer de colo de útero.
PORTO, Celmo C. Semiologia Médica, 8ª edição. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2019. E-book. ISBN 9788527734998.
OLIVEIRA, A. F. de; CUNHA, C. L. F.; VIÉGAS, I. de F.; FIGUEIREDO, I. S. de; BRITO, L. M. de O.; CHEIN, M. B. da C. estudo sobre a adesão ao exame citopatológico de papanicolau em um grupo de mulheres / study about the acceptance to the papanicolau cytopathologic test in group women. Revista de Pesquisa em Saúde, [S. l.], v. 11, n. 1, 2011. DOI: 10.18764/.
1Trabalho resultante (modalidade: Projeto integrador) da disciplina de Saúde Baseada em Evidências II da 2ª fase do curso de Medicina.
2Acadêmico (s) do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe. brenda.ludwig.barcelos@gmail.com
2Acadêmico (s) do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe.
matheuszanellamfz@gmail.com
2Acadêmico (s) do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe. mariellyleticiadossantos@gmail.com
3Professor (a) do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe.
rafael.mate@uniarp.edu.br
3Professor (a) do curso de Medicina da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe.
cristine.vanz@uniarp.edu.br