Adhesion to vaccination against Human Papillomavirus in the city of Ponta Grossa – Paraná and associated factors.
Adherencia a la vacunación contra el Virus del Papiloma Humano en el Municipio de Ponta Grossa – Paraná y factores associados.
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10241533
Thais Dvulatk Marques Pançan1
Pedro Grachinski Buiar1
Pollyanna Kassia de Oliveira Borges2
Erildo Vicente Müller2
RESUMO
Objetivo: avaliar a adesão à vacina contra o Papilomavírus Humano em crianças e adolescentes em Ponta Grossa – Paraná e fatores associados. Métodos: Estudo observacional transversal, do tipo inquérito, com coleta de dados através de formulário com pais/responsáveis de crianças e adolescentes elegíveis a vacina entre 2017-2022. Resultados: adesão ao esquema vacinal completo em 50,58% das meninas e 45,98% dos meninos, maioria aplicada em rede pública (82,52%) e na faixa etária preconizada. Dos que não vacinaram, 42,86% não sabiam sobre a existência da vacina e 14,29% não a consideram segura, enquanto dos que vacinaram, 95,12% tinham conhecimento sobre a mesma (p<0,001) e 6,1% não acreditam na sua segurança (p<0,024). 93,2% relataram que a vacinação seria facilitada se realizada nas escolas e 83,74% acredita que falta divulgação de informações sobre o Papilomavírus Humano. Conclusão: a cobertura vacinal completa do imunobiológico no município estudado está abaixo das metas preconizadas.
Palavras-chave: Papillomavirus Humano HPV, Cobertura Vacinal, Vacinação, Neoplasias do Colo do Útero, Vacinas;
ABSTRACT
Objective: evaluate the adherence to the Human Papillomavirus vaccine in children and teenagers in Ponta Grossa – Paraná and associated factors. Methods: Cross-sectional, survey-type observational study, with data collection through a form with guardians of children and teenagers eligible for the vaccine between 2017-2022. Results: adherence to the complete vaccination scheme in 50.58% of girls and 45.98% of boys,, the majority administered in the public health system (82.52%) and in the recommended age group. Of those not vaccinated, 42.86% didn’t know about the existence of the vaccine and 14.29% didn’t consider it safe, while of those vaccinated, 95.12% were aware of it (p<0.001) and 6.1% didn’t believe in the vaccine safety (p<0.024). 93.2% reported that vaccination would be easier if carried out in schools and 83.74% believe that there is a lack of information available about HPV. Conclusion: complete vaccination coverage of the immunobiological in the study is below the recommended targets.
Keywords: Human Papillomavirus HPV, Vaccination Coverage, Vaccination, Cervical Neoplasms, Vaccines;
RESUMÉN
Objetivo: evaluar la adherencia a la vacuna contra el Virus del Papiloma Humano en niños y adolescentes de Ponta Grossa – Paraná y factores asociados. Métodos: Estudio observacional transversal, con recolección de datos a través de formulario con tutores de niños y adolescentes elegibles para la vacuna entre 2017-2022. Resultados: adherencia al esquema completo de vacunación en el 50,58% de las niñas y el 45,98% de los niños, la mayoría administrada en la red pública (82,52%) y en el grupo de edad recomendado. De los que no vacunados, 42,86% desconocía la existencia de la vacuna y 14,29% no la consideraba segura, mientras que de los vacunados, 95,12% conocía la existencia (p<0,001) y 6,1% no creen en su seguridad (p<0,024). 93,2% informó que la vacunación sería más fácil si se realizara en las escuelas y 83,74% cree que falta difusión de información. Conclusión: La cobertura completa de vacunación del inmunobiológico en el municipio estudiado se encuentra por debajo de las metas recomendadas.
Palabras clave: Virus del Papiloma Humano VPH, Coberturas de Vacunación, Vacunación, Neoplasias del Coloso del Útero, Vacunas
INTRODUÇÃO
A infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível (IST) mais prevalente no mundo; estima-se que cerca de 85-90% das mulheres e homens sexualmente ativos irão adquirir o HPV ao longo de suas vidas 1,2.
A hipótese de que o HPV desempenhava um papel importante no câncer de colo uterino foi descrita em 1976, pelo virologista alemão Herald Zur Hausen 3. Mais tarde, estudos confirmaram a presença do DNA do HPV em quase 100% dos epitélios dos carcinomas invasivos de colo uterino 4, levando à tese de que a infecção pelo vírus HPV é “causa necessária para o desenvolvimento do carcinoma cervical invasivo” 5.
O câncer cervical é o quarto câncer mais comum entre as mulheres6, sendo evitável e curável se detectado precocemente e tratado adequadamente. O número anual de novos casos de câncer cervical foi projetado para aumentar de 570.000 para 700.000 entre 2018 e 2030, com o número anual de mortes projetado para aumentar de 311.000 para 400.000. Mais de 85% das pessoas afetadas são mulheres jovens, com baixa escolaridade que vivem em países mais pobres. Poucas doenças refletem tanto as desigualdades globais quanto o câncer do colo do útero. Em países de baixa e média renda, sua incidência é quase duas vezes maior e suas taxas de mortalidade três vezes maiores do que em países de alta renda 7.
Existem medidas eficazes e econômicas para eliminar o câncer do colo do útero, incluindo a vacinação contra HPV, triagem e tratamento de lesões pré-cancerosas e acesso a diagnóstico e tratamento de cânceres invasivos 1. Para serem eficazes, essas medidas devem ser dimensionadas para níveis nacionais e implementadas usando plataformas de serviços de saúde que sejam sensíveis às necessidades das mulheres, suas circunstâncias sociais e as barreiras pessoais, culturais, sociais, estruturais e econômicas que impedem seu acesso aos serviços de saúde 7.
A vacina contra o HPV é uma das intervenções mais efetivas para prevenção primária dos agravos associados a infecção pelo HPV 8. No Brasil, a vacinação contra o HPV foi incorporada ao Programa Nacional de Imunização (PNI) em 2014 com a aplicação da vacina quadrivalente 9. Apesar de comprovada eficácia e segurança da vacina, esta teve uma adesão abaixo da esperada 10,11.
Ao longo do século 20, tem-se observado um fenômeno identificado de redução no alcance das metas preconizadas para os índices de coberturas vacinais (ICV) gerais, principalmente a partir do ano de 2016. Múltiplos fatores estão contribuindo para essa diminuição, como o desconhecimento da importância da vacinação, desabastecimento parcial de alguns produtos, problemas operacionais para a execução adequada da vacinação, incluindo o adequado registro dos dados, dificuldade de acesso à unidade de saúde, hesitação em vacinar e falsas notícias sobre o malefício que as vacinas podem provocar à saúde 12, esses últimos ainda mais inflados após pandemia do COVID-19, onde, uma a cada cinco fake news que circulavam no Brasil era sobre vacinas 13.
A hesitação vacinal é definida como o atraso em aceitar ou a recusa das vacinas recomendadas. Em 2019, a Organização Mundial de Saúde considerou a “hesitação em vacinar” como uma das dez maiores ameaças globais à saúde 14. No Brasil, poucos estudos foram desenvolvidos sobre esse fenômeno, mas a hesitação vacinal tem se tornado cada vez mais evidente 15.
Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a adesão e fatores associados a adesão à vacinação contra o HPV de pais/responsáveis de crianças/adolescentes elegíveis para a vacinação, em Unidades Básicas de Saúde no município de Ponta Grossa-PR.
MÉTODO
Trata-se de um estudo observacional transversal, do tipo inquérito com coleta de dados através de aplicação de formulário com pais/responsáveis de crianças/adolescentes do sexo feminino nascidas entre os anos de 2003-2013 (9-19 anos) e do sexo masculino nascidos entre os anos de 2003-2011 (11-19 anos) – Público elegível para a vacinação de 2017 a 2022. O estudo foi realizado em Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Município de Ponta Grossa, Paraná, entre julho de 2022 e fevereiro de 2023. O ano de 2017 foi selecionado como período inicial pois a partir desde ano a vacinação contra o HPV passou a ser feita nos seguintes moldes: meninas de 9-14 anos e meninos de 11-14 anos, com 2 doses16.
Para a coleta de dados, foi desenvolvido um questionário em plataforma online (Google Forms), baseado em outros já validados17 e adaptado a realidade local. O questionário é composto de 33 perguntas, abrangendo os aspectos: 1) Perfil socioeconômico; 2) Nível de conhecimento do HPV e da vacina; 3) Adesão a vacinação; 4) Barreiras para adesão a vacina.
As entrevistas foram conduzidas por profissionais ou estudantes da área da saúde, previamente treinados, na sala de espera das UBS de forma individual. A seleção dos participantes foi aleatória. Não houveram recusas a entrevista. As perguntas foram feitas de forma oral e preenchidas com uso de meio eletrônico (telefones celulares) pelo entrevistador. Após o término, o participante recebeu informações sobre o HPV e sua vacinação. Encerradas todas as entrevistas, foi disponibilizado nas UBS participantes material educativo impresso sobre o HPV.
O processo de amostragem foi probabilístico com o método de amostragem aleatória simples com desfecho em proporções. O cálculo da amostragem foi feito a partir de dados do último censo disponível, onde o Município estudado contava com 311.611 habitantes e destes 28.473 eram crianças e adolescentes de 10-14 anos. Para o próximo censo, que seria em 2021, projetava-se 32.744 crianças e adolescentes de 10-14 anos. Considerando uma frequência esperada do evento de interesse de 50%, que é o pior cenário considerado, margem erro de 5% e um nível de confiança de 95%, a amostra foi calculada no software Epi Info 7 18. O n mínimo calculado para representação do público alvo do estudo foi de 380.
A Secretaria Municipal de Saúde forneceu uma listagem UBS do Município no ano de 2021, e o número de usuários estimados para cada unidade. Para representação de todo o município, foram sorteados, com uma ferramenta computacional de sorteio aleatório sem repetição, 10 UBS, e a amostra foi distribuída proporcionalmente entre as UBS sorteadas, de acordo com número estimado de usuários.
Para a análise estatística, inicialmente foi realizada análise descritiva dos dados com frequência simples (n) e relativas (%) das variáveis qualitativas. A associação com o número de seus filhos que tomaram a vacina do HPV, das suas filhas e de seus filhos quando tomou a vacina do HPV quando tinha determinada idade foi verificada com o teste de qui-quadrado. O nível de significância utilizado foi de 5% e todas as análises foram realizadas no ambiente R 4.0.4. Para avaliação entre variáveis categóricas foi utilizado as medidas estatísticas de coeficiente de contingência de Pearson e coeficiente V de Cramer. Coeficientes positivos (r > 0) indicam correlação direta entre as variáveis; coeficientes negativos (r< 0) significam uma correlação inversa 19.
A pesquisa em questão foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), com parecer consubstanciado sob o protocolo de número 5.086.309, em 08 de novembro de 2021, e autorizado pelo Núcleo de Educação Permanente da Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa. Todos os participantes do estudo foram informados sobre a participação voluntária na pesquisa e fizeram leitura e assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido.
RESULTADOS
Foram realizadas 412 entrevistas, com responsáveis de crianças/adolescentes elegíveis ao estudo, destes 62,38% possui filha entre 9 e 19 anos e 54,37% possui filho entre 11 e 19 anos. Dos entrevistados, 46,36% estão na faixa de 24-39 anos e a maioria eram mulheres (81,07%). Sobre o perfil socioeconômico, 59,95% encontra-se abaixo da média classe média (Critério da Secretaria de Assuntos Estratégicos), com renda familiar de até R$ R$2.424 (valor aproximado de 2 salários mínimos no momento da coleta de dados) e apenas 1,94% com renda maior de 10 salários mínimos. Quanto a escolaridade, quase 40% dos entrevistados estudaram somente até o ensino fundamental. (Tabela 1)
A adesão referida ao esquema completo da vacina do HPV (2 e 3 doses) foi de 50,58% entre as meninas, e de 45,98% entre os meninos. Observou-se uma adesão maior a uma única dose da vacina, tendo sido realizada em 83,27% das meninas e 77,23% dos meninos (Figura 1). A grande maioria das vacinas foram aplicadas em rede pública (82,52%) na faixa etária preconizada: 50,73% das filhas tomaram a vacina quando tinha de 9 a 14 anos e 41,5% dos filhos tomaram a vacina quando tinha de 11 a 14 anos (Tabela 1).
Analisando o perfil sócio demográfico e adesão à vacinação, observou-se associação entre faixa etária, sexo e escolaridade do informante e o desfecho. A maior porcentagem de filhos não vacinados foi entre pais de 40-49 anos, com índice de não adesão de 25,32% nessa faixa etária (p-valor=0,026 e RP 1,61). Dentre os entrevistados do sexo feminino, 15,87% não vacinaram os filhos, enquanto que dentre os do sexo masculino, 40,26% não aderiram a essa vacina (p-valor <0,01 e RP sexo masculino 2,54). Com relação a escolaridade, pais que estudaram até o ensino médio, relataram maior vacinação dos filhos com uma taxa de 83,98% de vacinação (p-valor= 0,024), porém com RP sem associação positiva (RP 0,62). A razão de prevalência foi positiva entre pais viúvos (RP 1,32) e pais com renda familiar superior a 10 salários mínimos (RP 1,68). Não houve significância estatística na associação entre estado civil, renda familiar e adesão a vacina (Tabela 2).
Acerca do conhecimento sobre o HPV, 90,53% ouviu falar sobre o mesmo, 41,99% dos participantes acham que o HPV é um vírus e 33,01% não souberam responder. 58,98% acha que o HPV é transmitido sexualmente e 62,62% que sua infecção pode causar alterações no exame preventivo. Apesar de a maioria saber sobre a existência do HPV, aproximadamente 60,44% dos entrevistados não sabem que o HPV pode causar câncer de colo uterino e verrugas, destes 54,13% não sabem qual doença o HPV pode causar, cerca de 3,4% acredita que pode causar outras IST’s como sífilis e gonorreia e 3,4% acredita que pode causar AIDS. (Tabela 1)
A maioria sabe da existência da vacina contra o HPV (87,38%), sendo os serviços de comunicação-TV, rádio, internet e os serviços de saúde, as principais fontes informadoras com 40,05% e 38,35%, respectivamente. 75,73% sabem que a vacina contra HPV é fornecida pelo governo (85,92%) e faz parte da carteirinha de vacinação das meninas e meninos (75,73%). Aproximadamente 47,33% acham que são necessárias 2 doses para vacinação completa até os 14 anos e 35,19% não sabem quantas doses são necessárias. Com relação ao dano a saúde, 83,74% acha que a vacina contra HPV não é prejudicial a saúde e apenas 5,83% acha que sim e 79,37% dos pacientes ou responsáveis acreditam que a vacina contra HPV não pode causar infecção pelo próprio vírus. Apesar de a maioria saber sobre a existência da vacina, 56,55% não sabe contra o que a vacina do HPV previne. (Tabela 1)
Quando avaliado o conhecimento sobre a vacina contra o HPV, observa-se associação entre as variáveis e a adesão a vacina, com significância estatística e Coeficiente de Contingência de Pearson (CCP) com associação positiva baixa (CCP 0,10-0,29) a moderada (CCP 0,30-0,49). Dentre aqueles participantes que não vacinaram seus filhos, 42,86% não sabiam sobre a existência da vacina, enquanto dentre os que vacinaram, 95,12% tinham conhecimento sobre a vacinação (p-valor<0,001 e CCP 0,418). Entre os entrevistados 41,86% dos que vacinaram seus filhos, sabiam que a vacina prevenia contra o câncer de colo uterino, enquanto dentre os que não vacinaram, apenas 17,05% sabiam dessa associação (p-valor <0,001 e CCP 0,211). Sobre o dano a saúde, 87,5% dos que vacinaram não acreditavam que a vacina era prejudicial a saúde, já 30,95% dos que não vacinaram, não sabiam/ não tinham certeza ou achavam que a vacina poderia ser prejudicial a saúde (p-valor <0,001 e CCP 0,273). Entre aqueles que aderiram a vacinação, 83,23% não achavam que a própria vacina poderia causar infecção pelo vírus do HPV, entretanto 34,52% dos que não vacinaram, tinham dúvidas ou achavam ter essa correlação (p-valor <0,001 e CCP 0,223). Aqueles que não vacinaram seus filhos, 35,71% não sabiam ou não tinham certeza que a vacina contra o HPV era fornecida pelo governo, enquanto que dentre os que deram a vacina, mais de 90% sabia desta informação (p-valor <0,001 e CCP 0,377). De forma semelhante, 84,45% dos pais que aderiram a esta vacina, sabiam que a mesma fazia parte da carteira de vacinação de meninos e meninas, enquanto que menos da metade dos pais que não aderiram tinham esse conhecimento (p-valor <0,001 e CCP 0,391). Com relação ao conhecimento sobre o esquema completo da vacinação, entre os pais que vacinaram os seus filhos, 67,08% sabiam que o esquema vacinal completo é realizado com 2 ou 3 doses, já entre os que não vacinaram 72,62% desconheciam esse dado (p-valor <0,001 e CCP 0,335) (Tabela 3).
Em relação as barreiras para vacinação, a grande maioria dos entrevistados (91,99%) acredita que a vacina é segura. 97,09% responderam que se tivesse uma vacina para prevenir algum tipo de câncer, faria e indicaria. 79,61% não acha que a vacina contra HPV estimularia o início da vida sexual mais cedo e 8,5% acham que sim. 93,2% acham que se a vacinação do HPV fosse realizada nas escolas facilitaria e 4,61% não e 83,74% acham que falta maior divulgação de informações sobre o HPV. (Tabela 1) Quando avaliadas as barreiras para a vacinação contra o HPV, verificou-se associação entre as variáveis e a adesão a vacina. Dentre aqueles participantes que não vacinaram seus filhos, 14,29% não acham que a vacina é segura, enquanto dentre os que vacinaram, 6,1% não acreditam na segurança desta vacina (p<0,024). O CCP para a associação entre as variáveis foi de 0,122. Sobre a divulgação de informações sobre o HPV e sua vacinação, 91,67% dos que não vacinaram, e 81,71% dos que vacinaram, acham que falta maior divulgação (p<0,041). O CCP para a associação entre as variáveis foi de 0,108 (Tabela 4).
DISCUSSÃO
- Apesar das boas taxas de adesão a vacina do HPV no estado do Paraná, as maiores do país, verificou-se no presente estudo que a adesão ao esquema completo da vacina contra o HPV no Município de Ponta Grossa tanto entre as meninas (50,56%), quanto entre os meninos (45,98%) está abaixo das taxas encontradas no estado – 76% e 62%, respectivamente 11. No Paraná, a Lei Estadual nº 19.534, de 04 de junho de 2018, dispõe sobre a obrigatoriedade da apresentação da Carteira de Vacinação atualizada no ato da matrícula escolar 20, o que pode explicar, em parte, uma adesão maior a vacinação, assim como em outros estados tais como Espírito Santo e Roraima, que possuem leis semelhantes 12. Na descrição da lei, àqueles que não tiverem carteira de vacinação completa, deverão regularizar a situação em um prazo de 30 dias, sob pena de aviso ao conselho tutelar 20.
- A hesitação vacinal é um fenômeno antigo e que vem ganhando força nos últimos anos. No Brasil, os principais motivos da hesitação são as crenças de que as vacinas não são seguras (30%), efetivas (15%) ou necessárias (11%) 21. Na presente pesquisa, o desconhecimento sobra a existência da vacina e sua disponibilidade no sistema único de saúde, sobre as doenças que a vacina previne, questões de segurança, foram elencadas como causas de baixa adesão. A exigência de apresentação da carteira de vacinação nas escolas, estimula que estes pais, que não vacinaram os seus filhos, compareçam as UBS, tonando esta, uma oportunidade de informação por parte dos profissionais de saúde, sobre a vacinação e sua importância, sendo uma medida eficaz na promoção de saúde.
- Outra barreira à vacinação, é o mito de que a mesma possa levar a uma atividade sexual precoce ou promíscua, aumentando a quantidade de parceiros sexuais e também afetar negativamente o uso de preservativo 22. De forma divergente, os pais entrevistados neste estudo, não demonstraram preocupação relacionados ao início precoce da atividade sexual.
- Nota-se no estudo, que a adesão a primeira dose teve índices satisfatórios, muitos próximos a meta estipulada de 80%. A baixa na cobertura da segunda dose da vacina contra o HPV é observada em todo o país e estudos em diferentes municípios brasileiros de outros estados, tais como Jataí-GO, Princesa Isabel-PB, Volta Redonda-RJ e Santo Angelo -RS corroboram com os achados neste estudo11,23–25 . A taxa de abandono é um indicador importante de efetividade do PNI, e expressa o percentual de crianças que iniciaram o esquema de vacinas de múltiplas doses, mas não o completaram26. Diante das evidências de que a dose única da vacina oferece proteção comparável ao esquema multidose, este resultado poderá futuramente torna-se de menor relevância, podendo-se considerar que os jovens vacinados em dose única possuem boa proteção, porém os dados completos sobre essa pesquisa só estarão disponíveis em 2025 27,28.
- Outro achado no presente estudo foi a vacinação entre meninas maior que entre os meninos. Uma possível explicação para essa diferença pode ser o fato de que a vacinação contra o HPV foi inicialmente direcionada para as meninas como uma medida de prevenção do câncer de colo do útero, sendo que muitos não possuem conhecimento adequado sobre outras doenças causadas pelo vírus e impacto da vacinação masculina 29.
- Quando analisado a vacinação contra o HPV no mundo, a Austrália se destaca com taxas de adesão ao esquema completo de 83% entre meninas e 75% entre meninos. Essas altas taxas podem ser atribuídas à distribuição do programa nas escolas e à alta aceitação da vacinação contra o HPV pela comunidade30. Na implementação da vacinação contra o HPV no Brasil, em 2014, foi utilizada a estratégia de realizar a vacinação nas escolas e a resposta da população brasileira foi muito positiva, com taxas de adesão superiores a meta 12. A vacinação nas escolas, além de facilitar o acesso, é capaz de preencher a lacuna de conhecimento da população sobre a vacina e as doenças que ela previne. No presente estudo, a grande maioria dos entrevistados concordaram que a vacinação seria facilitada se fosse feita nas escolas.
CONCLUSÃO
A adesão ao esquema completo da vacina contra o HPV no Município de Ponta Grossa/PR, está abaixo das metas preconizadas. Considerando uma única dose, as taxas de adesão chegam muito próximas a meta de 80%. Os participantes que tinham filhas apresentaram adesão ligeiramente maior, que os participantes que tinham filhos. A maioria das vacinas foram administrada na rede pública de saúde, dentro da faixa etária recomendada. Quanto ao perfil sócio demográfico, observou-se associação entre faixa etária, sexo e escolaridade do informante e o desfecho. A razão de prevalência foi positiva entre pais viúvos (RP 1,32) e pais com renda familiar superior a 10 salários mínimos (RP 1,68), mas não houve significância estatística na associação entre estado civil, renda familiar e adesão vacinal.
Em relação ao conhecimento sobre o HPV, a maioria dos entrevistados tinham ouvido falar sobre o vírus e sabia que o mesmo era transmitido sexualmente. No entanto, grande parte desconhecia que o HPV pode causar câncer cervical e verrugas, e muitos não sabiam qual doença o HPV pode causar.
Embora a maioria soubesse da existência da vacina contra o HPV, mais da metade não sabiam contra o que a vacina protegia. O conhecimento sobre a vacina mostrou associações significativas com o status de vacinação.
Em relação às barreiras para a vacinação, a maioria dos participantes acreditava que a vacina era segura, mas que faltam informações sobre o HPV e que a vacinação seria facilitada se realizada nas escolas
Estratégias para melhorar a cobertura vacinal devem se concentrar em aumentar a conscientização, fornecer informações precisas e aproveitar as escolas e os profissionais de saúde para promover e administrar a vacina de forma eficaz, visando alcançar os índices preconizados. A principal limitação deste estudo foi a adesão a vacinação referida e não baseada em dados objetivos (registro online ou carteira de vacinação física), então os dados podem não representar a adesão real. Além disso, não houve estratificação da idade dos filhos, de forma que não foi avaliado aqueles que tinham condições de concluir o esquema, podendo a adesão ao esquema completo estar subestimada. Outra fragilidade foi que devido ao sorteio aleatório das UBS, o estudo não abrangeu algumas regiões da cidade, não sendo possível identificar diferenças regionais.
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TABELAS, QUADROS E FIGURAS
Tabela 1. Análises descritivas do perfil sócio demográfico dos pais/responsáveis, adesão a vacinação contra o HPV entre crianças e adolescentes, adesão ao esquema completo de vacinação entre os sexos, conhecimento dos pais/responsáveis sobre o HPV e sobre a vacina contra o HPV e barreiras para vacinação contra o HPV no período de 2017-2022 em dez Unidades Básicas de Saúde do Município de Ponta Grossa-PR.
Variável N % Perfil sócio demográfico dos pais/responsáveis Idade 24 a 39 anos 191 46,36 40 a 49 anos 158 38,35 50 a 71 anos 59 14,32 Não informado 4 0,97 Sexo Feminino 334 81,07 Masculino 77 18,69 Não informado 1 0,24 Estado civil Solteiro(a) 123 29,85 Casado(a)/ União estável 227 55,1 Divorciado(a) 48 11,65 Viúvo(a) 14 3,4 Renda familiar Até 2 salários mínimos 247 59,95 De 2- 4 salários mínimos 121 29,37 De 4-10 salários mínimos 35 8,5 Mais de 10 salários mínimos 8 1,94 Não informado 1 0,24 Escolaridade Analfabeto 1 0,24 Ensino fundamental 157 38,11 Ensino médio 181 43,93 Ensino superior 72 17,48 Não informado 1 0,24 Possui filha entre 9 e 19 anos? * Não 153 37,14 Sim 257 62,38 Não informado 2 0,49 Possui filho entre 11 e 19 anos? * Não 186 45,15 Sim 224 54,37 Não informado 2 0,49 Adesão a vacinação contra o HPV entre crianças e adolescentes Seus filhos tomaram vacina do HPV? Não 84 20,39 Sim 328 79,61 A vacinação foi feita em: Não vacinei 84 20,39 Rede particular 1 0,24 Rede pública 327 79,36 Sua filha tomou a vacina do HPV quando tinha: 9 a 14 anos 209 50,73 > 14 anos 14 3,4 Não tenho filha 139 33,74 Não informado 50 12,14 Seu filho tomou a vacina do HPV quando tinha: 11 a 14 anos 171 41,5 > 14 anos 17 4,13 Não tenho filho 169 41,02 Não informado 55 13,35 Quantas doses da vacina foram feitas? 1 dose 64 15,53 2 doses 182 44,17 3 doses 12 2,91 Aguardando término do esquema vacinal 61 14,8 Não informado 9 2,18 Adesão ao esquema completo de vacinação entre os sexos Número de doses da vacina em meninas 1 dose 39 15,18 2 doses 123 47,86 3 doses 7 2,72 Aguardando término do esquema vacinal 45 17,51 Não vacinei 22 8,56 Não informado 21 8,17 Número de doses da vacina em meninos 1 dose 37 16,52 2 doses 96 42,86 3 doses 7 3,12 Aguardando término do esquema vacinal 33 14,73 Não vacinei 32 14,29 Não informado 19 8,48 Conhecimento dos pais/responsáveis sobre o HPV Você já ouviu falar sobre o HPV? Não 28 6,8 Não tenho certeza 11 2,67 Sim 373 90,53 O que é o HPV? Bactéria 32 7,77 Não sei 136 33,01 Não tenho certeza 39 9,47 Outro 32 7,77 Vírus 173 41,99 O HPV é transmitido de que forma? Sexual 243 58,98 Saliva 13 3,16 Não sei 144 34,95 Não tenho certeza 22 5,34 Você sabe qual doença o HPV pode causar? Câncer 143 34,71 Verrugas 20 4,85 Aids 14 3,40 Outras IST’s 14 3,40 Problema no útero 3 0,73 Problemas nos rins 1 0,24 Infertilidade 1 0,24 Hepatite 2 0,49 Herpes 1 0,24 Infecção 3 0,73 Gripes 1 0,24 Não sabe 223 54,13 O HPV pode causar alterações no Papanicolau (exame preventivo de câncer de colo do útero)? Não 42 10,19 Não sei 97 23,54 Não tenho certeza 14 3,4 Sim 258 62,62 Não informado 1 0,24 Conhecimento dos pais/responsáveis sobre a vacina contra o HPV Você sabia que existe a vacina contra o HPV? Não 52 12,62 Sim 360 87,38 Como você ficou sabendo sobre a vacina contra o HPV? Amigos 8 1,94 Escola 29 7,04 Não sabia da vacina 52 12,62 Serviços de comunicação-TV, rádio, internet 165 40,05 Serviços de saúde 158 38,35 A vacina contra HPV previne Câncer de colo de útero 159 38,59 Verrugas 18 4,37 AIDS 22 5,34 Não sei 233 56,55 A vacina contra HPV pode ser prejudicial a saúde? Não 345 83,74 Não sei/ Não tenho certeza 43 10,43 Sim 24 5,83 A vacina contra HPV pode causar infecção por HPV? Não 327 79,37 Não sei/ Não tenho certeza 52 12,62 Sim 30 7,28 Não informado 3 0,73 A vacina contra HPV é fornecida pelo Governo? Não 7 1,7 Não sei/ Não tenho certeza 44 12,38 Sim 354 85,92 A vacina contra HPV faz parte da carteirinha de vacinação das meninas e meninos? Não 26 6,31 Não sei/ Não tenho certeza 73 17,71 Sim 312 75,73 Não informado 1 0,24 Quantas doses são necessárias para vacinação completa até os 14 anos? 1 dose 23 5,58 2 doses 195 47,33 3 doses 48 11,65 Não sei 145 35,19 Não informado 1 0,24 Barreiras para vacinação contra o HPV Você acha que a vacina é segura? Não 9 2,18 Não sei 8 1,94 Não tenho certeza 15 3,64 Sim 379 91,99 Não informado 1 0,24 Se tivesse uma vacina para prevenir algum tipo de câncer, você faria/ indicaria? Não 6 1,46 Não sei 1 0,24 Não tenho certeza 3 0,73 Sim 400 97,09 Não informado 2 0,49 Você acha que a vacina contra HPV estimularia o início da vida sexual mais cedo? Não 328 79,61 Não sei 40 9,71 Não tenho certeza 8 1,94 Sim 35 8,5 Não informado 1 0,24 Se a vacinação do HPV fosse realizada nas escolas, você acha que facilitaria a vacinação? Não 19 4,61 Não sei 3 0,73 Não tenho certeza 6 1,46 Sim 384 93,2 Você acha que falta maior divulgação de informações sobre o HPV, vacinação? Não 59 14,32 Não sei 5 1,21 Não tenho certeza 3 0,73 Sim 345 83,74
Figura 1. Frequência da adesão à vacinação contra o HPV (geral), entre os participantes que tem filhos e entre os participantes que tem filhas em Unidades Básicas de Saúde de Ponta Grossa, Pr., entre os anos de 2017-2022.
Tabela 2. Análise descritiva do perfil sócio demográfico dos participantes, em relação a adesão a vacinação contra o HPV em crianças e adolescentes, em dez Unidades Básicas de Saúde do Município de Ponta Grossa-PR, entre os anos de 2017-2022.
Seus filhos tomaram vacina do HPV? Sim Não Variável N col % N col % RP IC 95% p-valor* Idade 24 a 39 anos 161 49,09 30 35,71 Ref 40 a 49 anos 118 35,98 40 47,62 0,89 0,79-0,99 0,026 Até 71 anos 46 14,02 13 15,48 0,92 0,80-1,07 0,260 Não informado 3 0,91 1 1,19 – – – Estado Civil Casado(a) 178 54,27 49 58,33 Ref Divorciado(a) 40 12,2 8 9,52 1,06 0,92-1,23 0,445 Solteiro(a) 100 30,49 23 27,38 1,04 0,93-1,15 0,524 Viúvo(a) 10 3,05 4 4,76 0,91 0,65-1,28 0,540 Renda familiar Até 2 salários mínimos 192 58,54 55 65,48 Ref De 2- 4 salários mínimos 98 29,88 23 27,38 1,04 0,93-1,16 0,472 De 4-10 salários mínimos 32 9,76 3 3,57 1,18 1,04-1,33 0,061 Mais de 10 salários mínimos 5 1,52 3 3,57 0,80 0,47-1,38 0,312 Não informado 1 0,3 0 0 – – – Escolaridade Analfabeto 1 0,3 0 0 Ref Ensino fundamental 116 35,37 41 48,81 0,74 0,67-0,81 0,553 Ensino médio 152 46,34 29 34,52 0,84 0,79-0,89 0,662 Ensino Superior 59 17,99 13 15,48 0,82 0,74-0,91 0,639 Não informado 0 0 1 1,19 – – – *Teste de qui quadrado; RP= razão de prevalências
Tabela 3. Relação entre o conhecimento e adesão a vacina contra o HPV entre os participantes entrevistados em dez Unidades Básicas de Saúde do Município de Ponta Grossa-PR.
Seus filhos tomaram vacina do HPV? Não Sim Variável N col % N col % p-valor C.C.P C.V.C Você sabia que existe a vacina contra o HPV? Não 36 42,86 16 4,88 <0,001 0,418 0,461 Sim 48 57,14 312 95,12 Como você ficou sabendo sobre a vacina contra o HPV? Amigos 2 2,38 6 1,83 <0,001 0,438 0,487 Escola 6 7,14 23 7,01 Não sabia da vacina 36 42,86 16 4,88 Serviços de comunicação-TV, rádio, internet 31 36,9 134 40,85 Serviços de saúde 9 10,71 149 45,43 A vacina contra HPV previne Câncer de colo de útero 15 17,05 144 41,86 <0,001 0,211 0,216 Verrugas 2 2,27 16 4,65 0,484 0,049 0,049 AIDS 7 7,95 15 4,36 0,273 0,067 0,067 Não sei 64 72,73 169 49,13 <0,001 0,197 0,2 A vacina contra HPV pode ser prejudicial a saúde? Não 58 69,05 287 87,5 <0,001 0,273 0,284 Não sei 21 25 17 5,18 Não tenho certeza 2 2,38 3 0,91 Sim 3 3,57 21 6,4 A vacina contra HPV pode causar infecção por HPV? Não 54 64,29 273 83,23 <0,001 0,223 0,228 Não sei 19 22,62 24 7,32 Não tenho certeza 4 4,76 5 1,52 Sim 6 7,14 24 7,32 Não 1 1,19 2 0,61 A vacina contra HPV é fornecida pelo Governo? Não sei 3 3,57 4 1,22 <0,001 0,377 0,407 Não tenho certeza 27 32,14 17 5,18 Sim 49 58,33 305 92,99 Não informado 5 5,95 2 0,61 A vacina contra HPV faz parte da carteirinha de vacinação das meninas e meninos? Não 9 10,71 17 5,18 <0,001 0,391 0,424 Não sei 33 39,29 24 7,32 Não tenho certeza 7 8,33 9 2,74 Sim 35 41,67 277 84,45 Não informado 0 0 1 0,3 Quantas doses são necessárias para vacinação completa até os 14 anos? 1 dose 4 4,76 19 5,79 <0,001 0,335 0,355 2 doses 15 17,86 180 54,88 3 doses 8 9,52 40 12,2 Não sei 57 67,86 88 26,83 Não informado 0 0 1 0,3 *Testes de qui-quadrado; C.C.P = Coeficiente de contingência de Pearson; C.V.C = Coeficiente V de Cramer.
Tabela 4. Relação entre possíveis barreiras a vacinação e adesão a vacina contra o HPV entre os participantes entrevistados em dez Unidades Básicas de Saúde do Município de Ponta Grossa-PR.
Seus filhos tomaram vacina do HPV? Não Sim Variável N col % N col % p-valor C.C.P C.V.C Você acha que a vacina é segura? Não 12 14,29 20 6,1 0,024 0,122 0,123 Sim 72 85,71 307 93,6 Não informado 0 0 1 0,3 Se tivesse uma vacina para prevenir algum tipo de câncer, você faria/ indicaria? Não 4 4,76 6 1,83 0,230 0,079 0,079 Sim 78 92,86 322 98,17 Não informado 2 2,38 0 0 Você acha que a vacina contra HPV estimularia o início da vida sexual mais cedo? Não 75 89,29 301 91,77 0,555 0,040 0,040 Sim 9 10,71 26 7,93 Não informado 0 0 1 0,3 Se a vacinação do HPV fosse realizada nas escolas, você acha que facilitaria a vacinação? Não 3 3,57 25 7,62 0,283 0,065 0,065 Sim 81 96,43 303 92,38 Você acha que falta maior divulgação de informações sobre o HPV, vacinação? Não 7 8,33 60 18,29 0,041 0,108 0,109 Sim 77 91,67 268 81,71 *Testes de qui-quadrado; C.C.P = Coeficiente de contingência de Pearson; C.V.C = Coeficiente V de Cramér.
Thais Dvulatk Marques Pançan – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Ponta Grossa, Paraná, Brasil1
Pedro Grachinski Buiar – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Ponta Grossa, Paraná, Brasil1
Pollyanna Kassia de Oliveira Borges -Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento Enfermagem e Saúde Pública, Ponta Grossa, Paraná, Brasil2
Erildo Vicente Müller – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento Enfermagem e Saúde Pública, Ponta Grossa, Paraná, Brasil2