ADESÃO À VACINA NO ESTADO DO PARANÁ EM CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS DE IDADE NO PERÍODO DE 2017 A 2021

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7275258


Eunice De Souza
Kelly Aparecida De Souza Trombini
ORIENTADORA:
Márcia Glaciela da Cruz Scardoelli.


RESUMO

Introdução: O surgimento da vacina é considerado um dos maiores avanços e conquistas na área da saúde tanto no Brasil quanto ao redor do mundo. O Programa Nacional de Imunização (PNI) tem cumprido o seu papel, que é de disponibilizar diversos tipos de imunobiológicos, contra patógenos que causam a propagação de doenças responsáveis por epidemia e até mesmo pandemia, podendo levar à óbito principalmente crianças menores de cinco anos, que são mais susceptíveis. Objetivo: Avaliar a cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos no Estado do Paraná no período de 2017 a 2021, trazendo à tona quais fatores podem estar envolvidos na não adesão da vacina da população, que consequentemente, causa a queda na cobertura vacinal. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico de que utilizou como banco de dados as informações de dados públicos disponíveis no sistema TABNET, sob a gerência da plataforma do Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS). Resultados: Percebeu-se uma queda significativa do número de imunizações no período de pandemia e póspandemia. Considerações finais: Mesmo com o PNI, a cobertura vacinal ainda apresenta fragilidade, principalmente a fatores externos como, falta de elaboração de políticas públicas em saúdes específicas e eficazes, condições sócias demográficas e entre outros.

Palavras-chave: Adesão. Crianças. Vacina.

ABSTRACT

Introduction: The emergence of the vaccine in the world has been considered one of the greatest advances and achievements in the health area and in Brazil it is no different. The National Immunization Program (PNI) has fulfilled its role, which is to provide several types of immunobiologicals against pathogens that cause the spread of diseases responsible for epidemics and even pandemics, which can lead to death mainly children under five years old, that are most susceptible. Objective: To assess vaccination coverage in children under five years of age in the State of Paraná from 2017 to 2021, bringing to light which factors may be involved in the population’s non-adherence to the vaccine, which consequently causes a drop in vaccination coverage. Methodology: This is an ecological study that used as a database the information from public data available in the TABNET system, under the management of the platform of the Department of Information and Informatics of the SUS (DATASUS). Results: There was a significant drop in the number of immunizations in the pandemic and postpandemic period. Final considerations: Even with the PNI. Vaccination coverage is still fragile, mainly due to external factors such as the lack of elaboration of public policies in specific and effective health, sociodemographic conditions and among others.

Keywords: Adem. Children. Vaccine.

1 INTRODUÇÃO

A vacinação é um grande marco na história da saúde, sendo considerado um dos fatores mais importantes na prevenção e irradicação de doenças 1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação é uma das formas mais eficientes, em termos de custo, para evitar doenças. Ela atualmente evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e 1,5 milhão poderiam ser evitadas se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo 2. As vacinas proporcionaram uma diminuição extraordinária não somente de doenças, mas principalmente da mortalidade infantil, fazendo que a expectativa de vida aumentasse 3.

A partir de 1960 em diante, o Brasil evoluiu na implementação de novas vacinas e no direito obrigatório para todo cidadão, onde foram incorporadas novas campanhas e avanços na vacinação, graças as conquistas do Sistema Único de Saúde (SUS) 4. Em 1975, foi criado no Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que além de conseguir erradicar a varíola, conquistou processos institucionais como o Dia Nacional da Vacinação (17 de outubro), o que foi crucial para erradicação da poliomielite 5. Hoje o PNI, tem disponibilizado no calendário vacinal para crianças menores de cinco anos, 14 imunobiológicos que são: BCG, Hepatite B, VIP, VOP, Rotavírus, Penta, Pneumocócica 10, Meningocócica C, Febre amarela, SCR, SCRV, Hepatite A, DTP e Varicela 4.

O PNI tem reconhecimento não somente no Brasil, mas também internacionalmente, pois mesmo diante de vários obstáculos, consegue oferecer vacinas para diversos tipos de doenças que se não prevenidas através destes imunobiológicos, o indivíduo pode ter várias consequências, levando até mesmo ao óbito, como por exemplos: poliomielite, sarampo e coqueluche 6.

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada para que a população brasileira em geral, tenha acesso ao serviço de saúde e consequentemente às vacinas, porém a APS vem enfrentando diversos tipos de dificuldades para cumprir seu papel, entre estas: desigualdades sociais e regionais, falta de acessibilidade por parte da população, precariedade do serviço em determinados lugares etc., podendo colaborar com a queda da cobertura vacinal 7.

Nos últimos anos, observa-se um aumento na cobertura da APS em relação a população, porém em contrapartida as taxas de adesão vacinal, tem apresentado diminuição nos últimos anos 6. Esta redução da taxa de cobertura vacinal tem causado preocupação para o setor de saúde, pois o risco de ressurgimento de doenças consideradas erradicadas, como poliomielite e sarampo, começa a ser iminente 6.

Vários fatores determinantes podem estar envolvidos na redução da taxa de cobertura vacinal, entre estes: fatores socioculturais, ambientais, econômicos, políticos, individuais, entre outros 8. Em crianças menores de cinco anos outros fatores podem estar envolvidos na baixa adesão às vacinas, entre estes: falta da conscientização da importância da vacina por parte dos pais e /ou responsáveis, como também a falta de organização do sistema de saúde, ou seja, estratégias mais amplas voltadas para este público 8.

2 OBJETIVO

Este estudo tem o objetivo de analisar a cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos no estado do Paraná no período de 2017 a 2021, permitindo analisar a adesão as vacinas, sendo que o ano de 2021, possui a menor cobertura vacinal média.

3. METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e retrospectivo que utilizou como banco de dados as informações de dados públicos disponíveis no sistema TABNET, sob a gerência da plataforma do Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS) do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).

3.2 POPULAÇÃO E PERÍODO DE ESTUDO

Para realizar a pesquisa foram estudados dados secundários do SI-PNI da plataforma do DATASUS entre o período de 2017 a 2021, na Unidade da Federação do Estado do Paraná, que teve como base, o número de imunizações aplicadas em crianças menores de cinco anos de idade, registradas no Sistema Único de Saúde (SUS).

A escolha do período de cinco anos, deu-se por um motivo: analisar o número de imunizações aplicadas antes da pandemia causada pelo vírus SARS-Cov-2 (COVID-19) e durante o período mais crítico da pandemia, como também após a estabilidade da doença infecciosa.

3.3 COLETA DE DADOS

Para obter informações a respeito do assunto abordado, foram utilizadas literaturas disponíveis entre 2017 e 2022, de caráter documental. Já para a coleta de dados relacionados ao número de imunizações aplicadas em indivíduos menores de cinco anos de idade, foram coletados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), na plataforma DATASUS, selecionando o grupo Assistência à Saúde e posteriormente Imunizações-desde 1994 e as variáveis necessárias para realizar a pesquisa, que no caso foram: doses aplicadas, os anos de 2017 a 2021, Unidade da Federação (Paraná – PR) e posteriormente, os tipos de imunobiológicos.

O DATASUS foi a fonte usada para ser consultada e consequentemente obter as informações necessárias para realizar esta coleta de dados, por ser uma plataforma de fácil acesso, facilitando a obtenção de dados e informação em saúde e que apresenta livre acesso ao público em geral, ou seja, qualquer pessoa, pesquisador, profissional ou não, podem acessar.

3.4 ANÁLISE DE DADOS

Os dados obtidos foram inseridos em uma planilha e, a partir de então, foram analisados de forma descritiva simples. Foram apresentados por meio de tabela, a fim de observar a evolução dos dados ao longo dos anos, onde posteriormente foram analisados, criando-se gráficos, utilizando o Microsoft Excel®.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS:

Os dados do DATASUS é de acesso livre para toda população, ou seja, de domínio público, portanto não foi necessário que esta pesquisa fosse submetida para aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa, mas seguiu as recomendações da resolução nº 466 de 2012 (conselho nacional de saúde).

4 RESULTADOS

Foram analisados dados secundários de imunizações do DATASUS no período de cinco anos (2017 a 2021) na Unidade da Federação do Estado do Paraná, para obter o número de doses de imunobiológicos aplicadas em indivíduos menores de cinco anos de idade, registradas no Sistema Único de Saúde (SUS). Em criança com até um ano de idade, estão disponibilizadas as seguintes vacinas pelo PNI: BCG, Hepatite B, Poliomielite 1,2 e 3 (VIP inativada), Poliomielite 1 e 3 (VOP atenuada), Rotavírus Humano G1P1 (VORH), Pentavalente (DTP + Hib + HB), Pneumocócica 10 valente, Meningocócica C, Febre amarela e Tríplice Viral, SCR (Sarampo, Caxumba e Rubéola).

Os resultados da situação vacinal das crianças menores de um ano de idade no Estado do Paraná, nos anos de 2017 a 2021, estão representados na tabela 1.

Tabela 1 – Doses aplicadas de imunobiológicos em crianças menores de um ano no período de 2017 a 2021 no Estado do Paraná.

Ano201720182019 20202021Total
Imunobiológicos

Vacinas até um ano

BCG2.918.4952.856.5832.535.8332.195.0972.004.87812.510.886
Hepatite B103.89152.35129.30717.93311.328214.810
Vip7.994.1077.954.8927.604.9767.079.9246.305.36536.939.264
Rotavírus278.874287.472282.369268.822242.9801.073.804
Penta8.354.0098.417.7687.111.4357.807.5396.486.32638.177.077
Pneumo10 v8.084.0807.947.0747.776.9356.899.9556.088.21836.796.262
Meningo C8.014.1657.634.0207.837.0396.912.3476.055.27136.452.842
Febre amarela216.0322.770.3392.545.1334.381.9553.777.81016.691.269
Tríplice Viral4.218.2157.069.0756.100.3835.519.3784.384.34727.291.398
Fonte: DATASUS / SI – PNI – 202210

As doses de vacinas aplicadas contra BCG no período de 2017 a 2021, totalizaram 12.510.886 de doses, sendo que em 2017, foi o ano em que mais doses foram administradas, ou seja, 2.918.495. Já no ano de 2021, houve menor adesão à vacina, cerca de 2.004.878.

A cobertura vacinal da BCG está sofrendo queda em todo o Brasil. Porém o Ministério da Saúde relata a menor cobertura das vacinas BCG no Paraná, sendo que a média nacional de cobertura da BCG foi de 95,63%, mas no Paraná registrou 80,79% em 2021 e neste ano, o percentual mostra que cerca de 75% das crianças estão imunizadas 9.

O total de doses de imunobiológicos da vacina contra a Hepatite B aplicadas neste período mencionado acima, foram 214.810 doses, onde em 2017, foi o ano que teve maior adesão pela vacina, sendo 103.891 doses e no ano de 2021, a menor adesão, 11.328 doses.

A imunização é a melhor forma de controlar a propagação da hepatite B, porém ainda sim, tem sido um desafio para a saúde, pois estima-se que por ano, 27 milhões de crianças no mundo, não recebem a vacina, ou seja, não são imunizadas contra a Hepatite B. Dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), revelam que a vacina da Hepatite B, teve no Paraná em 2021, cerca de apenas 59% de adesão à vacina, e nesse a cobertura vacinal já atingi 64% 9.

Foram aplicadas 36.939.264 doses da vacina contra a Poliomielite 1, 2 e 3 (VIP inativada), onde o ano de 2017 foi marcado com maior adesão à vacina, onde foram aplicadas 7.994.107 doses e o ano de 2021, com menor adesão à vacina, 6.305.365 doses. A meta de vacinação da poliomielite é de 95% em crianças menores de 5 anos, mas apenas 72,5% do público previsto recebeu a vacina 9.

Neste período de cinco anos foram aplicadas 1.073.804 doses de vacinas contra o Rotavírus Humano G1P1 (VORH), sendo que no ano de 2019 houve a maior adesão da vacina, totalizando 282.369 de aplicação, porém a menor adesão à vacina, cerca de 242.980 foi registrada no ano de 2021.

No ano de 2018 totalizou 8.417.768 de doses aplicadas de Pentavalente (DTP + Hib + HB), e o ano de 2021, houve maior queda no número de imunobiológicos aplicados, sendo 6.486.326 de doses.

As doses de imunobiológicos de Pneumocócica 10 Valente aplicadas, apresentou sua maior adesão no ano de 2017, sendo 8.084.080 de doses e o ano de 2021, teve menor adesão, 6.088.218 doses.

Já as vacinas aplicadas de Meningocócica C (conjugada), teve o ano de 2017, com 8.014.165 doses de doses aplicadas e o ano de 2021, com menor número de aplicações de vacinas, 6.055.271 de doses.

A vacina contra Febre amarela teve maior sua maior adesão no de 2020, sendo aplicadas 4.381.955 de doses e o ano de 2019, com menor adesão a vacina, cerca de 2.545.133 de doses.

A adesão maior da vacina de Tríplice Viral (SCR), foi em 2018, com 7.069.075 de doses aplicadas e a menor adesão em 2017, com 4.218.215 de doses. No ano de 2021 a adesão vacinal obteve com 85%, enquanto em 2022 foi de 71% 9.

A tabela 2, está representando a situação vacinal das crianças de maiores de um ano de idade até quatro anos, 11 meses e 29 dias no Estado do Paraná, nos anos de 2017 a 2021.

Tabela 2: Doses aplicadas de imunobiológicos em crianças maiores de um ano de idade até quatro anos, 11 meses e 29 dias no período de 2017 a 2021 no Estado do Paraná.

Tetraviral1.173.4991.097.5231.097.493628.455152.7914.149.761
Hepatite A2.788.8952.625.8862.694.5282.366.2092.094.31112.569.829
Varicela1.373.9393.251.3023.676.4233.751.8983.704.74215.758.304
VOP4.562.5394.429.8684.458.8854.337.2683.555.92721.344.487
DTP4.455.2314.208.8233.054.2284.904.8573.958.29120.581.430
Fonte: DATASUS / SI – PNI – 202210

A tabela 2 mostra os imunobiológicos aplicados contra as seguintes doenças: Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela, ou seja, a vacina Tetraviral (SCRV). A maior adesão por esta vacina, ocorreu no ano de 2017, com 1.173.499 doses e a sua menor adesão foi no ano de 2021, 152.791 doses.

Em 2017, a vacina de Hepatite A teve sua maior adesão, sendo aplicadas 2.788.895 de doses e o ano de 2021, com menor número de aplicações de vacinas, 2.094.311 de doses.

A adesão da vacina contra a Varicela foi maior nos anos de 2020 e 2021, sendo respectivamente, 3.751.898 e 3.704.742 doses aplicadas e em contrapartida, sua menor adesão foi no ano de 2017, onde teve aplicação de 1.373.939 doses.

A quantidade de imunobiológico aplicadas contra Poliomielite 1 e 3 (VOP atenuada), onde no ano de 2017 teve sua maior adesão, sendo 4.562.539 doses aplicadas. No ano de 2021, houve a menor adesão, sendo 3.555.927 de doses aplicadas.

As doses aplicadas do imunobiológico da DTP (Difteria, tétano e Pertussis) teve no ano de 2020, um total de 4.904.857 de doses aplicadas. O ano de 2019, houve maior queda no número de imunobiológicos aplicados, sendo 3.054.228 de doses.

A Tabela 3 apresenta as coberturas vacinais em crianças menores de um ano no estado do Paraná no período de cinco anos, ou seja, entre 2017 a 2021.

Tabela 3 – Cobertura vacinal dos imunobiológicos em crianças menores de um ano no período de 2017 a 2021 no Estado do Paraná.

Imunobiológicos%%%%%
BCG103,94102,9692,4880,9874,8
Hepatite B3,71,891,070,660,42
Vip94,995,5792,4587,0678,41
Rotavírus9,910,410,39,99,01
Penta99,17101,1386,4596,0180,66
Pneumo 10143,95143,22141,81127,27113,57
Meningo C142,7137,58142,9127,5112,95
Febre amarela114,5399,8592,82161,65140,94
Tríplice Viral150,22254,79222,47203,61163,57
Fonte: DATASUS / SI – PNI – 202210

Considerando o que é preconizado pelo Ministério da Saúde da meta de 90% para as vacinas da BCG e Rotavírus, verificou se que a vacina da BCG nos três primeiros anos analisados atingiu a cobertura preconizada, porém no ano de 2020 e 2021 não conseguiu atingir.

No entanto, a vacina de Rotavírus não atingiu a meta dentro dos cinco anos.

Para as demais vacinas descritas a meta estabelecida é de 95% de cobertura vacinal segundo a OMS. Observou-se que a Hepatite B esteve nos primeiros cinco anos analisados, abaixo da meta. A VIP só conseguiu atingir a meta em 2018. Já a Pentavalente não atingiu em 2019 e 2021.

As demais vacinas em todos os anos ficaram acima do preconizado, exceto febre amarela que em 2019, esteve perto do ideal, porém abaixo do estabelecido.

A Tabela 4 apresenta as coberturas vacinais em crianças de um a quatro anos, 11 meses e 29 dias no período no Estado do Paraná no período de cinco anos, ou seja, entre 2017 a 2021.

Tabela 4. Cobertura vacinal dos imunobiológicos em crianças maiores de um ano de idade até quatro anos, 11 meses e 29 dias no período de 2017 a 2021 no estado do Paraná.

Vacinas de um a Imunobiológicosno de idade até qu %atro anos, 1 %meses %e 29 dias %%
Tetraviral8,177,747,834,541,12
Hepatite A19,4218,5119,2317,0915,3
Varicela9,5722,9226,2427,127,07
VOP31,7731,2331,8231,3325,98
DTP31,0229,6821,835,4328,93
Fonte: DATASUS / SI – PNI – 202210



Com a meta preconizada pela OMS de 95% para as vacinas Tetraviral, Hepatite A Varicela, VOP e DTP, nos 5 anos analisados ficaram bem abaixo da meta.

Diante dos resultados apresentados nesse trabalho podemos identificar que a abaixa adesão da cobertura vacinal, pode ser identificada através do seguinte motivos, movimentos antivacina, aumento de informações incorretas compartilhadas pelas mídias digitais 11.

Dentre as coberturas vacinas dos cinco imunobiológicos avaliados, somente a vacina varicela que apresentou uma taxa de cobertura vacinal crescente nos cinco anos.

5 DISCUSSÃO

O Sistema Único de Saúde (SUS) através do Programa Nacional de Imunizações (PNI), disponibiliza 14 vacinas para as crianças menores de 5 anos. Protegendo algumas contra doenças graves e até o óbito, principalmente pessoas com o sistema imunológico comprometido ou em desenvolvimento, como os recém-nascidos e os bebês.

A vacinação é um grande marco na história da saúde, sendo considerado um dos fatores mais importantes na prevenção e erradicação de doenças 1. Segundo a OMS, “A vacinação é uma das formas mais eficientes, em termos de custo, para evitar doenças. Ela atualmente evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e outro 1,5 milhões poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo 2. As vacinas proporcionaram uma diminuição extraordinária não somente de doenças, mas principalmente da mortalidade infantil, fazendo que a expectativa de vida aumentasse 3.

A partir de 1960 em diante, o Brasil evoluiu na implementação de novas vacinas e o direito obrigatório para todo cidadão, onde foram incorporadas novas campanhas e avanços na vacinação, graças as conquistas do Sistema Único de Saúde (SUS) 4. Mesmo que 90% da população reconheça a importância das vacinas, segundo pesquisa do IBOPE Inteligência de agosto de 2020, três em cada dez crianças brasileiras não foram imunizadas contra doenças potencialmente fatais. O alerta, emitido em abril, é do Fundo das Nações Unidas para a Infância12.

Vários fatores determinantes podem estar envolvidos na redução da taxa de cobertura vacinal, entre estes: fatores socioculturais, ambientais, econômicos, políticos, individuais, entre outros 8. Em crianças menores de cinco anos, diversos motivos podem estar envolvidos na baixa adesão às vacinas, entre estes: falta da conscientização da importância da vacina por parte dos pais e /ou responsáveis, como também a falta de organização do sistema de saúde, ou seja, estratégias mais amplas voltadas para este público 8.

Diante deste cenário o estudo permite identificar a cobertura vacinal de alguns imunobiológicos no estado do Paraná, na faixa etária de 0 a 5 anos, entre os anos de 2017 a 2021, sendo que no ano de 2021 possui a menor cobertura vacinal média. A queda na adesão vacinal, observando-se a necessidade de mais estudos para compreender as particularidades evolvidas na não-vacinação em cada ano. Com o propósito de melhorar as estratégias de imunização, é preciso implementar em todo o Paraná o sistema de informação nominal do PNI, permitindo a elaboração de políticas públicas mais específicas e eficazes.

O Ministério da Saúde preconiza que 95% da população brasileira deve ser imunizada, porém na realidade não é o que está acontecendo, principalmente nos últimos 5 anos 5. Mesmo a população tendo acesso gratuito as vacinas que fazem parte do PNI e sendo um dever dos pais e/ou responsáveis estarem levando as crianças para vacinar-se, tem observado uma queda abrupta na cobertura vacinal em todo país e consequentemente, doenças erradicadas, começaram a ressurgir, como a poliomielite e o sarampo, sendo que este último, em 2018, surgiu no Norte do Brasil e posteriormente espalhou-se para outros Estados 5. Todo este descaso da população com relação à importância da vacinação, fez com que em 2019, o Brasil perdesse o certificado que recebeu em 2016, depois de eliminar o sarampo do país 5.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir esse trabalho, observou-se que este estudo trouxe resultados importantes para entender como está a cobertura da vacinação no estado do Paraná. Através dos dados obtidos, vemos a necessidade de um investimento tanto em campanhas quanto em informações sobre a importância da vacinação, destacando índices que mostram a relação da cobertura vacinal com o retorno de doenças que eram consideradas erradicadas, sendo este um cenário atual, como é o caso de surtos de sarampo no Brasil, sendo este país um dos que ainda mantinham o certificado de eliminação dessa doença.

Com os dados obtidos, vemos a necessidade de um investimento tanto na elaboração de políticas públicas mais específicas e eficazes, quanto em informações sobre a importância da vacinação, destacando índices que mostram a relação da cobertura vacinal com o retorno de doenças que eram consideradas erradicadas, sendo este um cenário atual, como é o caso de surtos de sarampo no Brasil, sendo este país um dos que ainda mantinham o certificado de eliminação dessa doença.

7 REFERÊNCIAS

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