ADESÃO À PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO POR MULHERES PROFISSIONAIS DO SEXO: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

ADHERENCE TO PRE-EXPOSURE PROPHYLAXIS BY FEMALE SEX WORKERS: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409111520


Daianne Aires Barreiras Gois1
Gizélia Oliveira de Almeida1
Maiara Pereira Mendes1
Rafaela Marino Carvalho1
Ariane Silva Gonçalves2


RESUMO:

Introdução: A saúde e demais setores sociais das Profissionais do Sexo tornam-se uma questão de saúde pública, existindo a necessidade de uma assistência peculiar na saúde sexual e reprodutiva das mesmas, em razão da especificidade do cargo e por exposição maior às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A adesão à profilaxia pré-exposição (PrEP) é essencial para prevenir o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Objetivo: Analisar a adesão das mulheres profissionais do sexo na oferta da PrEP. Método: Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura, cuja pesquisa foi realizada nas bases de dados LILACS, MEDLINE e BDENF, usando os descritores HIV, Profilaxia Pré-Exposição e Profissionais do Sexo, associados ao operador boleano “AND”. Resultados: 8 estudos foram selecionados para a leitura na íntegra, ponderando-se com diferentes idiomas, periodicidades e metodologias. Considerações Finais:  Há necessidade de adaptar a oferta da PrEP às necessidades específicas das mulheres profissionais do sexo, considerando fatores sociodemográficos, biológicos, comportamentais, familiares e de assistência a saúde, promovendo visibilidade e proteção para essas mulheres, seus parceiros e a comunidade.

Descritores: HIV, Profissionais do sexo, Profilaxia pré-exposição.

ABSTRACT:

Introduction: The health and other social sectors of Sex Workers have become a public health issue, necessitating peculiar assistance in their sexual and reproductive health due to the specificity of their work and increased exposure to Sexually Transmitted Infections (STIs). Adherence to pre-exposure prophylaxis (PrEP) is essential to prevent the Human Immunodeficiency Virus (HIV). Objective: To analyze the adherence of female sex workers to the provision of PrEP. Method: This is an Integrative Literature Review, with research conducted in the LILACS, MEDLINE, and BDENF databases, using the descriptors HIV, Pre-Exposure Prophylaxis, and Sex Workers, combined with the Boolean operator “AND.” Results: 8 studies were selected for full reading, considering different languages, periods, and methodologies. Final Considerations: There is a need to adapt the provision of PrEP to the specific needs of female sex workers, taking into account socio demographic, biological, behavioral, family, and health care factors, promoting visibility and protection for these women, their partners, and the community.

Descriptors: HIV, Sex workers, Pre-exposure prophylaxis

INTRODUÇÃO

A prostituta também é conhecida pelos termos “trabalhadora do sexo”, “mulher da vida” ou “garota de programa”, entre outros termos que podem variar, dependendo da região e na maioria das vezes têm conotação discriminatória, porém, a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) identifica as prostitutas como profissionais do sexo sob o código nº 5198 -05, que define as funções da profissão, assim como seus direitos1.

A palavra prostituta deriva do latim prostituere, que significa colocar à frente, onde o termo pro indica à frente, e stituere significa posicionar. Assim, o termo prostituta foi aplicado a mulheres que colocavam seus corpos à frente, expondo-se como uma mercadoria2.

Adicionalmente, a nível mundial, uma pesquisa da fundação francesa Scelles, realizada na década de 2000, constatou que existem mais de 40 milhões de profissionais do sexo, dos quais 75% são mulheres – entre 13 e 25 anos; 15% são travestis e 10% são homens. Além disso, o estudo revelou que 90% dessas pessoas tem algum tipo de ligação com cafetões, evidenciando a complexidade e os desafios associados ao fenômeno do comércio e da exploração sexual3.

No Brasil, em 2010, existiam cerca de 1,5 milhões de profissionais do sexo, sendo que 78% dessas pessoas eram mulheres, e que para essa década até o momento, não foram encontrados dados atualizados sobre o quantitativo desses profissionais em âmbito nacional4.

Diante desse contexto, a saúde e demais setores sociais dessa profissão tornam-se uma questão de saúde pública, existindo a necessidade de uma assistência peculiar na saúde sexual e reprodutiva das mesmas, em razão da especificidade do cargo e por exposição maior às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)5.

A respeito das medidas de prevenção contra as ISTs, destaca-se a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que consiste na tomada de comprimidos Antiretrovirais (ARVs) orais, antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), indicada principalmente para pessoas em situação de vulnerabilidade6.

A medicação consiste na combinação de um comprimido diário de Tenofovir (300mg) + Ericitabina (200 mg) ou sob demanda, e é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita e universal7.

A abordagem da Prevenção Combinada ao HIV engloba diversas estratégias de prevenção, visando a saúde integral das pessoas, assim, as ofertas de: Testes Rápidos de forma regular e gratuita; PrEP e Profilaxia Pós Exposição (PEP) são medidas de promoção e prevenção da saúde8.

No ano de 2022, 3.060 mulheres cisgênero profissionais do sexo e outras pessoas com vulva em situação de vulnerabilidade, começaram a usar a PrEP, um aumento significativo de 55% em relação a 20219. Nesse mesmo ano, mais de 1,6 milhões de pessoas em todo o mundo fizeram o uso da PrEP oral, conforme as diretrizes e manejos locais. Esse número dobrou em comparação a 2020, quando 820 mil pessoas usavam a PrEP. Esse aumento na adesão tornou-se uma tendência crescente desde 2016, devido ao aumento da entrega e da expansão dos serviços PrEP10.

No entanto, o uso da PrEP ainda está muito abaixo da meta estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas Sobre HIV/AIDS (UNAIDS) que estima a meta em que 10 milhões de pessoas devem aderir à profilaxia até o ano de 202510.

Em 2024, numa escala de reconhecimento entre países para a adesão da PrEP, o Brasil se destacou pela ampla cobertura, sendo o maior das Américas. Assim, nos últimos 12 meses, cerca de 120.000 pessoas conseguiram PrEP pelo menos uma vez, sendo que 91% dessas pessoas foram atendidas em serviços públicos de saúde11.

Aponta-se como barreiras estruturais para a adesão a PrEP, a demora para as consultas, dificuldades de comunicação com profissionais de saúde, atrasos administrativos, falta de medicamentos em certas unidades de saúde, custo dos medicamentos em países onde a PrEP não é gratuita, além da falta de educação e informação adequadas sobre a PrEP entre profissionais de saúde e a resistência em prescrever a medicação12.

Ademais, a falta de atendimento em saúde competente para pessoas transgênero e o despreparo dos profissionais para lidar com a diversidade de gênero e mulheres profissionais do sexo (MPS), também são destacados como barreiras na utilização efetiva da PrEP12.

As dificuldades com o manejo da medicação, esquecimento, efeitos colaterais, a não percepção de risco reduzido de HIV, problemas de saúde mental, questões econômicas e habitacionais são barreiras individuais para a adesão à PrEP13. Barreiras sociais e interpessoais também são evidenciadas pelo envolvimento da influência de parceiros e falta de suporte para continuar o tratamento13.

Mediante o exposto, este trabalho teve como objetivo relatar a adesão das MPS na oferta da PrEP.

MÉTODO

Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura (RIL), como abordagem metodológica. A RIL é um tipo de estudo, cujos resultados baseiam-se no levantamento de publicações científicas relacionadas à temática; e na síntese dos resultados das publicações encontradas de forma sistematizada14.

O desenvolvimento desta pesquisa deu-se através das etapas da RIL: 1- Escolha do tema de estudo e da questão norteadora; 2- Estabelecimento de critérios para determinar quais estudos serão incluídos ou excluídos da análise; 3- Identificação e coleta dos principais dados da pesquisa; 4- Análise dos estudos eleitos para a RIL; 5- Interpretação dos resultados; 6- Apresentação dos resultados sintetizados14.

Para a primeira etapa da RIL, foi empregado o acrônimo PICo, o qual significa: P = População; I = fenômeno de Interesse; Co = Contexto. Assim, a estratégia foi aplicada da seguinte forma: P = Mulheres profissionais do sexo; I = Adesão; e Co = Profilaxia Pré-Exposição, resultando na questão norteadora: Como ocorre a adesão das MPS frente a profilaxia pré-exposição?

A busca pelos artigos científicos se deu nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE); e nas Bases de Dados de Enfermagem (BDENF). Para a busca dos artigos, foi definida a seguinte estratégia de busca, utilizando os seguintes descritores, já consultados nos Descritores em Ciência da Saúde (DECS), seguido do operador booleano AND: (HIV and “Profilaxia Pré-Exposição” and “Profissionais do Sexo”).  

A fim de desenvolver a segunda etapa, aplicou-se os seguintes critérios de inclusão: estudos com textos completos; estudos em linguagem inglesa e portuguesa; publicados entre os anos de 2019 a maio de 2024; e a coleta dos dados foi realizada nos meses de abril e maio de 2024.

Para os critérios de exclusão, aplicou-se os estudos duplicados, estudos que não atenderam ao objetivo da pesquisa; e as publicações científicas relacionadas a homens, travestis, pessoas transgênero, queer, agênero e não binárias.

RESULTADOS

Foram identificados 209 estudos a partir da busca avançada nas bases de dados, sendo 3 BDENF, 8 LILACS e 198 pela MEDLINE.

Conforme os critérios de inclusão e exclusão, 66 estudos não entravam nos critérios de inclusão pela leitura de título, 143 foram selecionados para leitura dos resumos, 123 após leitura foram excluídos por não entrar na temática do estudo, 20 foram eleitos para a leitura na íntegra, onde 12 foram excluídos por falarem de homens que fazem sexo com homens e mulheres trans, resultando em 8 estudos incluídos na revisão conforme visto na Figura 1.

 Figura 1- Fluxograma das etapas para seleção dos artigos, 2024.

Fonte: Autoria própria, 2024.

Os artigos foram organizados conforme os indicadores de coleta: autor(es), ano de publicação, idioma, abordagem metodológica, objetivo e resultado do estudo; de acordo com os objetivos da pesquisa e os critérios de inclusão e exclusão, conforme o quadro 1.

Os estudos ponderados se enquadraram na língua inglesa (8), e metodologicamente em: estudo qualitativo (1), estudo clínico (1), estudo transversal (1), abordagem fenomenológica descritiva (1) e revisão sistemática da literatura (4). Conforme a periodicidade, encontrou-se: 2022 (4) e 2023 (4).

Quadro 1 – Síntese dos estudos selecionados na Revisão Integrativa, em 2024

Autor, anoIdiomaAbordagem metodológicaObjetivos e resultados do estudo
Moussa et al., 202315InglêsEstudo clínicoObjetivo: Avaliar a viabilidade e aceitabilidade de um programa comunitário de PrEP para MPS e Homens que Fazem Sexo com Homens (HSH) nas cidades com maior prevalência de HIV em Marrocos: Agadir, Marraquexe e Casablanca.
Resultado:  Relatou-se uma taxa de adesão de 86% (320 dos participantes que iniciaram a PrEP de 373 que eram elegíveis), 86,6% (N = 276) para HSH e 83,5% para MPS (N = 97). Foi registada uma taxa de 48% de continuação da PrEP (153/320) com 26 MPS e 127 HSH. A retenção global na PrEP foi de 37% (119/320) (16 de MPS vs 103 de HSH). Além disso, a taxa de retenção após o período crítico foi de 78% (119/153), 81% entre HSH (103/127) vs 62% entre MPS (16/26).
Mpirirwe et al. 202316InglêsRevisão Sistemática Objetivo: Avaliar a adoção, retenção e adesão à profilaxia oral pré-exposição (PrEP) entre MPS, que recebem cuidados através de modelos de prestação comunitária e em instalações na África Subsaariana.
Resultados: Dos 8.538 registros avaliados, 23 estudos com 40.669 MTS foram incluídos nesta análise. A proporção agrupada de mulheres trabalhadoras do sexo que iniciaram a PrEP foi de 70% (IC 95%: 56% a 85%) em estudos que relataram modelos baseados em instalações, e 49% (IC 95%: 10% a 87%) em modelos baseados na comunidade. Aos 6 meses, a proporção agrupada de MTS retidas foi de 66% (IC 95%: 15% a 100%) para modelos baseados em instalações e 83% (IC 95%: 75% a 91%) para modelos baseados na comunidade. Os fatores associados ao aumento da adesão à PrEP foram visitar um programa de profissionais do sexo e falta de acesso a cuidados de saúde gratuitos em clínicas de saúde públicas (risco relativo: 1,16; IC 95%: 1,06 a 1,26).
Ramos, 202317.InglêsRevisão SistemáticaObjetivo: Identificar os distintos componentes das barreiras e facilitadores para a adesão à PrEP por trabalhadores do sexo com serviço completo.
Resultado: A Análise de Componentes Principais (PCA) revelou três componentes distintos de barreiras e facilitadores que explicaram 62,80% da variação total nas respostas da pesquisa. Rotulou-se esses componentes como Preocupações Comportamentais e Sociais ( α  = 0,93), Acesso e Acessibilidade ( α  = 0,67) e Preocupações de Saúde de Base Biológica ( α  = 0,79).
Shibesh, 202318.InglêsEstudo transversalObjetivo: Examinar a utilização e os fatores associados à profilaxia pré-exposição entre mulheres profissionais do sexo.
Resultado: MPS com histórico de ISTs tinham 2,8 vezes mais probabilidade de tomar PrEP. MPS solteiras tinham 73% menos probabilidade de tomar PrEP do que aquelas que viviam com o seu “Baluka” que é considerado marido de MPS e tinha o direito de se envolver sem remuneração e servir como tutor delas. As MPS com apenas um dos pais vivos tinham menos probabilidade de tomar PrEP, 77% menos probabilidade quando apenas os pais estavam vivos e 69% menos probabilidade quando apenas as mães estavam vivas do que aquelas cujos ambos os pais estavam vivos.
Nhamo, 202219.InglêsAbordagem Fenomenológica DescritivaObjetivo: Este estudo procurou compreender os fatores que motivam as MTS a iniciar a PrEP, em Harare, Zimbábue.
Resultado: Dois grandes temas foram identificados como motivadores intrínsecos e extrínsecos. Cada um dos dois grandes temas tem vários subtemas. Os subtemas sob motivação intrínseca foram (1) Autoproteção contra a infecção pelo HIV e (2) rompimento do preservativo. Seis subtemas foram identificados como motivadores externos para o início da PrEP, incluindo (1) risco ocupacional associado ao trabalho sexual, (2) maior chance de oferecer sexo desprotegido como motivador para iniciar a PrEP, (3) incentivo positivo de outras pessoas (4) necessidade de cuidar das crianças e (5) participação prévia em estudos de investigação sobre prevenção do HIV e (6) Violência Baseada no Gênero.
Makhakhe, 202220.InglêsEstudo qualitativoObjetivo: Explorar as barreiras à adesão à PrEP entre as as MPS.
Resultado: A maioria dos participantes mencionou que pouca distinção foi feita entre a PrEP e os ARVs tomados pelas MPS que vivem com HIV. As MPS que usam a PrEP relataram sentir-se estigmatizadas e levadas a conflitos interpessoais com seus pares após escolherem a PrEP, levando ao rompimento de relacionamentos e alguns recorrendo à toma da PrEP em particular ou à interrupção total da PrEP.
Rao, et al. 202221.InglêsRevisão sistemáticaObjetivo: Utilizamos dados do mundo real de um prestador de serviços de HIV para descrever a persistência na PrEP oral entre MPS em eThekwini, África do Sul.
Resultado: O número de iniciações aumentou a cada ano de 155 em 2016, para 1.224 em 2020. A persistência no 1º mês após o início foi de 53%. As mulheres mais jovens tinham maior probabilidade de interromper a PrEP por não regressarem, em comparação com as mulheres com 25 anos ou mais. O risco de descontinuação por não retorno diminuiu para aqueles que iniciaram em anos posteriores. 
Guure, 202222.InglêsRevisão sistemáticaObjetivo: Relatar a prevalência e os determinantes da disposição para tomar e sempre usar a PrEP entre MPS em Gana.
Resultado: Das 5.107 MPS com dados completos sobre disposição para usar a PrEP, 2.737 (53,59%) relataram sua disposição para tomar a PrEP. Dos 998 entrevistados que já ouviram falar de PrEP, apenas 64 (6,39%) já usaram PrEP. A idade média dos entrevistados foi de 25 anos. MPS de 6 das 16 regiões do Gana nunca utilizaram a PrEP. Foi observada uma diferença estatisticamente significativa entre aqueles que ingressaram no trabalho sexual com idade inferior a 25 anos e aqueles entre 25 e 34 anos. Cerca de 23% das MPS que foram rastreadas para infecções sexualmente transmissíveis tinham maior probabilidade de tomar PrEP.

Fonte: Autoria própria, 2024

DISCUSSÃO

Para essa etapa, prosseguiu-se a discussão dos seguintes eixos norteadores, quais sejam: 1- Determinantes sociais para a adesão da PrEp; 2- Fatores correlacionados à assistência de saúde para a adesão da Prep.

1- Determinantes sociais para a adesão da PrEP

Tendo em vista que as MPS estão incluídas em uma das classes que estão altamente expostas ao HIV, são inúmeros os benefícios proporcionados pela adesão à PrEP. Tais benefícios incluem maior rentabilidade e segurança no trabalho, o que influencia na qualidade de vida das mesmas. Apesar dos efeitos colaterais da medicação, o benefício supera o risco19.

Nesse contexto, o estudo realizado por Ramos (2023), com o objetivo de identificar os distintos componentes das barreiras e facilitadores para a adesão à PrEP por trabalhadores do sexo, revelou que existem preocupações significativas entre as MPS em relação aos impactos prolongados do uso da PrEP na saúde. Essas inquietações estavam principalmente associadas aos possíveis efeitos colaterais que poderiam sentir, bem como aos desafios relacionados à necessidade de aderência ao regime diário de medicação17.

Foi observado que a idade é um fator importante para saber se as profissionais do Sexo desejam tomar a PrEP. Mulheres mais velhas são menos propensas a usar a PrEP do que as mais jovens. Acredita-se que isso se deve ao fato de que as jovens estão mais conscientes dos riscos, ou valorizam mais suas vidas e, por isso, tomam todas as precauções para se protegerem. Além disso, as profissionais do sexo mais jovens têm, em média, um nível de escolaridade mais alto do que as mais velhas, o que pode influenciar sua decisão de usar a PrEP22.

Com isso a falta de adesão a PrEP podem estar relacionadas aos contextos sociocultural e religioso, especialmente em países como o Marrocos, ainda que as pessoas desta região estejam dispostas a usar a PrEP, em especial, pessoas profissionais do sexo. Ademais, é preciso fazer mais, como educá-las, para convencer mais pessoas a usar a PrEP e para ajudá-las a usar a medicação corretamente15.

Nessa perspectiva, os dados de uma organização sul-africana sem fins lucrativos, mostraram que mulheres mais novas tinham mais chances de interromper o uso da PrEP se não voltassem para renovar a prescrição, comparadas com as mulheres de 25 anos ou mais.  Mesmo durante a pandemia de Covid-19, mais mulheres começaram a usar a PrEP, e continuaram a usá-lo em 202021.

Um estudo realizado em Gana revelou que MPS estão interessadas em utilizar a PrEP como medida de prevenção ao HIV, incluindo aquelas com pouco conhecimento sobre o vírus. A falta de informação sobre a PrEP entre esse grupo indica a necessidade de esforços por parte das autoridades de saúde para esclarecer sobre a disponibilidade, riscos e benefícios da medicação. O estudo também ressaltou a importância do desenvolvimento de estratégias de intervenção direcionadas a populações de alto risco para a infecção pelo HIV22.

Os fatores que podem dificultar ou facilitar a adesão à PrEP são: os fatores comportamentais e sociais, os quais inclui o medo do estigma ou da interferência da medicação nos relacionamentos ou na vida social; fatores relacionados à acessibilidade econômica, no que se refere à facilidade de conseguir a PrEP17.

Conforme o estudo, os indivíduos analisados eram predominantemente jovens e com vários anos de experiência em serviços sexuais completos. A principal fonte de renda desses participantes provinha do trabalho sexual, representando uma parcela significativa de seus ganhos totais, com valores anuais que oscilavam entre US$ 25.000 e US$ 49.00017.

Nesse contexto, uma parte significativa dos participantes do estudo em Marrocos não tinha emprego fixo: 33% estavam sem trabalho e 28% tinham trabalhos de vez em quando. Especificamente, 90% das MPS estavam nessa situação, o que é um número bem maior se comparado com 53% dos HSH15.

Quanto à renda mensal, ela variava bastante, indo de nada (0) até 45.000 Dirhams Marroquinos, o que equivale a aproximadamente 4.875 dólares. A renda média entre os participantes era de 600 Dirhams Marroquinos, ou seja, cerca de 66 dólares. Mas numerosas pesquisas indicam que existe uma conexão entre a baixa renda feminina e um maior risco de contrair o HIV15.

As MPS solteiras têm menos probabilidade de obter PrEP do que aquelas em relacionamentos sérios. Isso pode ser devido à falta de apoio de amigos ou familiares para acessar a PrEP. Por outro lado, as profissionais do sexo em relacionamentos sérios podem ser encorajadas por seus parceiros a usar a PrEP. Além disso, as profissionais do sexo enfrentam dificuldades financeiras e percebem um maior risco de contrair o HIV, tornando a PrEP uma medida preventiva crucial para elas e seus parceiros18.

Entende-se que pessoas que já tiveram ISTs, que são solteiras ou cujos pais têm condições de vida específicas, têm mais chances de aderir à PrEP. Isso pode ser devido a maiores esclarecimentos sobre a importância da PrEP para a prevenção do HIV, especialmente se tiverem recebido cuidados de saúde anteriormente. Essas pessoas podem ser motivadas a procurar a PrEP, por possuírem risco de contrair o HIV18.

A estratégia adotada para disponibilizar a PrEP expunha os usuários ao risco de serem julgados por familiares e parceiros, comprometendo sua privacidade. Isso fez com que algumas MPS hesitassem em oferecer a PrEP, excluindo mulheres em situação de vulnerabilidade ao HIV que não eram reconhecidas como profissionais do sexo. A maioria dos participantes defendeu a ampliação do acesso à PrEP para todas as pessoas sexualmente ativas, visando aumentar a conscientização e a educação sobre a PrEP e reduzir o estigma associado20.

2- Fatores correlacionados a assistência de saúde para a adesão da PrEP

Há de se considerar que as MPS nunca sabem o estado de saúde dos seus clientes; muitos deles se negam ao uso de preservativo ou até mesmo em alguma ocasião que o mesmo pode vir a falhar. Assim, ficam evidentes os motivos que essas mulheres têm ao terem a oportunidade de se protegerem de forma independente, e assim minimizarem a contaminação, em caso de possível contato com o vírus19.

No entanto, a oferta da PrEP pode ser adaptada, de modo que as MPS sejam estimuladas a aderirem e permanecerem utilizando a profilaxia, de forma a superar os desafios específicos que enfrentam.

Diferentes formas de fornecer PrEP, como oferecer horários de clínicas que ajustem às suas rotinas; fornecer medicamentos para vários meses; espaçar as consultas; entregar recargas de PrEP, e possibilitar testes de HIV/Sífilis, além de fornecer serviços de saúde sexual e reprodutiva, podem contribuir para elevar a confiança no serviço, e para a permanência das profissionais do sexo no tratamento com PrEP, além de reduzir o risco de novas infecções pelo HIV16.

O desafio na implementação da PrEP prescrita por profissionais da saúde para prevenção do HIV está relacionado à falta de conhecimento dos profissionais de saúde, levando a equívocos na abordagem de grupos específicos, como MPS. A confusão entre a PrEP e medicamentos destinados ao tratamento de soropositivos, aliada à disseminação de informações errôneas, impacta negativamente na adesão ao tratamento preventivo. A ausência de esclarecimento adequado por parte de médicos e enfermeiros acerca da finalidade preventiva da PrEP resulta em uma percepção equivocada da população-alvo, dificultando a promoção e aceitação desse importante recurso na prevenção do HIV20.

Nesse sentido, é essencial que os profissionais de saúde recebam treinamento adequado sobre o uso de medicações antirretrovirais, tanto para o tratamento do HIV quanto para a prevenção com a PrEP. Essa capacitação irá contribuir para uma melhor compreensão e disseminação de informações precisas sobre a PrEP, ajudando a reduzir o estigma associado ao seu uso e promovendo a saúde e o bem-estar das pessoas em situações de vulnerabilidade, como no caso das profissionais do sexo20.

Por fim, destaca-se que a abordagem da PrEP no Brasil precisa elevar ainda mais, porém, há de se ressaltar que houve progresso nas políticas públicas de saúde. No entanto, há necessidade de mais pesquisas sobre a PrEP, e de estudos que elaborem estratégias para superar os obstáculos e de facilitar o acesso à profilaxia, especialmente as MPS23.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como limitação do estudo, aponta-se que pouquíssimas publicações oriundas de estudos primários relacionadas ao tema abordado foram encontradas, corroborando com as limitações dos estudos encontrados.

Logo, a escassez de publicações sobre o tema ressalta a importância de investir em mais pesquisas para ampliar o conhecimento e assegurar um acesso equitativo à Profilaxia Pré-Exposição para todas as pessoas que necessitam, MPS, inclusive. Além disso, abordar temáticas voltadas para a saúde de mulheres que pertencem a um grupo populacional discriminado socialmente, contribui para reduzir o preconceito sobre essas pessoas, uma vez que se trata de seres humanos.

Assim, o objetivo da pesquisa foi alcançado, pois foram relatadas as formas de adesão à PrEP por mulheres profissionais do sexo. Os estudos demonstraram as viabilidades de fornecer PrEP por meio de programas comunitários, adaptados ao contexto cultural e religioso da região, e que muitas mulheres profissionais do sexo estão motivadas a fazer uso da PrEP devido à percepção de um maior risco de contrair o HIV. Ao considerar a motivação por trás da decisão de iniciar o uso da PrEP, é importante destacar a diversidade de fatores que podem influenciar essa escolha. Profissionais do sexo, por exemplo, podem ser impulsionadas pelo risco ocupacional associado à sua atividade. Além disso, a possibilidade de se envolver em relações desprotegidas e a influência positiva de amigos e familiares também podem ser catalisadores para a adoção da PrEP. Da mesma forma, a responsabilidade em manter-se saudável para cuidar dos filhos, a experiência anterior em estudos sobre prevenção do HIV e a exposição à violência baseada no gênero são aspectos que podem motivar a busca pela proteção oferecida pela PrEP. Essa variedade de motivações destaca a importância de abordagens abrangentes e sensíveis às necessidades individuais ao promover o acesso e a conscientização sobre a PrEP como uma ferramenta eficaz na prevenção do HIV.

REFERÊNCIAS

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(4) Borba MEAGF. Além do sexo: realidade da prostituição no Brasil [trabalho de Conclusão de Curso]. Goiânia: Escola de Comunicação Social, Pontifícia Universidade Católica de Goiás, 2021 [acesso em 14 de maio de 2024]. 51p. Disponível em: https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/handle/123456789/2603.  

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1Discentes do Centro Universitário do Distrito Federal UDF, Brasília, DF
2Docente do Centro Universitário do Distrito Federal UDF, Brasília, DF