MESENTERIC ADENITIS AS A CAUSE OF ABDOMINAL PAIN IN CHILDREN: INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202501140016
Karina Sodré Lacerda1,
Maria Jeanette de Oliveira Silveira2,
Cinthia Cristina Santos Araújo Gonçalves3,
Edenilson Cavalcante Santos4
RESUMO
A adenite mesentérica aguda (ou linfadenite mesentérica, LM) é uma condição inflamatória dos linfonodos mesentéricos que pode simular apendicite aguda, sendo uma causa comum de dor abdominal em crianças. Esta revisão visa examinar as causas, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento da LM em pacientes pediátricos. A LM é frequentemente desencadeada por infecções virais, incluindo o coronavírus, e apresenta sintomas como dor no quadrante inferior direito do abdômen, febre, náuseas e vômitos. O diagnóstico é feito principalmente por exclusão, com o auxílio de exames de imagem como ultrassonografia, que revela linfonodos aumentados. O diagnóstico diferencial com apendicite é crucial, e a ultrassonografia, incluindo a utilização de POCUS (ultrassonografia no ponto de atendimento), tem se mostrado uma ferramenta valiosa na identificação de LM em ambientes de emergência. O tratamento é geralmente conservador, com medidas de suporte, como analgésicos e hidratação, além de antibióticos quando indicados. Em alguns casos, como o tratamento com prednisona, a dor pode ser aliviada de forma significativa. A LM, em sua maioria, é autolimitada, com recuperação geralmente em uma a quatro semanas. Esta revisão destaca a importância do diagnóstico preciso e da abordagem adequada, minimizando intervenções desnecessárias e proporcionando um manejo eficaz para as crianças afetadas.
Palavras-Chave: adenite mesentérica, crianças, dor abdominal.
ABSTRACT
Acute mesenteric adenitis (or mesenteric lymphadenitis, LM) is an inflammatory condition of the mesenteric lymph nodes that can simulate acute appendicitis and is a common cause of abdominal pain in children. This review aims to examine the causes, clinical manifestations, diagnosis, and treatment of LM in pediatric patients. LM is often triggered by viral infections, including coronavirus, and presents symptoms such as pain in the right lower quadrant of the abdomen, fever, nausea and vomiting. The diagnosis is made mainly by exclusion, with the help of imaging tests such as ultrasound, which reveals enlarged lymph nodes. Differential diagnosis with appendicitis is crucial, and ultrasound, including the use of POCUS (point-of-care ultrasound), has proven to be a valuable tool in identifying LM in emergency settings. Treatment is generally conservative, with supportive measures such as analgesics and hydration, in addition to antibiotics when indicated. In some cases, such as prednisone treatment, pain can be significantly relieved. Most LM is self-limited, with recovery usually taking one to four weeks. This review highlights the importance of accurate diagnosis and appropriate management, minimizing unnecessary interventions and providing effective management for affected children.
Keywords: mesenteric adenitis, children, abdominal pain.
1 INTRODUÇÃO
Uma das queixas mais comuns nas emergências pediátricas é o abdome agudo. O paciente pediátrico apresenta características distintas do adulto, tanto na avaliação quanto na elaboração do diagnóstico. Nesse cenário, a faixa etária da criança pode ser um fator importante para a formulação do diagnóstico diferencial. Além disso, é fundamental que o profissional tenha a capacidade de identificar, diagnosticar e tratar diversas condições clínicas (Alexandrino et al., 2020).
A adenite mesentérica aguda, também conhecida como Linfadenite Mesentérica (LM) aguda, é uma condição que provoca inflamação e inchaço dos gânglios linfáticos do mesentério e pode ser confundida com a Apendicite Aguda. Sua etiologia pode ser primária ou secundária, como no caso da infecção por coronavírus (De Almeida et al., 2021).
A linfadenite mesentérica (LM) é uma síndrome marcada por dor no quadrante inferior direito do abdômen, causada por uma inflamação nos linfonodos mesentéricos. Trata-se de uma condição rara e autolimitada, que normalmente não gera complicações, mas pode simular outros quadros clínicos, como a apendicite aguda (Roque et al., 2024).
A LM foi descrita pela primeira vez em 1921 pelo pediatra norte-americano Isaac Brennemann, que buscava identificar as causas da dor abdominal em crianças. Uma das principais preocupações do médico era distinguir essa condição da apendicite, que é uma das causas mais comuns de abdome agudo inflamatório, o que destacava a necessidade de aprimorar os métodos de diagnóstico diferencial (Roque et al., 2024).
Do ponto de vista epidemiológico, a LM é mais prevalente em crianças e adolescentes, com a maior parte dos casos ocorrendo entre 5 e 15 anos de idade. Embora também possa afetar adultos, sua incidência é consideravelmente menor, e muitas vezes a condição é subdiagnosticada ou identificada incidentalmente em exames de imagem realizados por outros motivos (Roque et al., 2024).
Por estas razões, a presente revisão integrativa tem como objetivo examinar a literatura sobre a linfadenite mesentérica em crianças, suas causas, manifestações clínicas e diagnóstico.
2 REFERENCIAL TEÓRICO:
2.1 Definição
A linfadenite mesentérica é uma inflamação dos linfonodos mesentéricos, que pode se manifestar com dor abdominal tanto aguda quanto crônica. Como esses linfonodos geralmente estão localizados no quadrante inferior direito do abdômen, a condição pode ser confundida com apendicite e intussuscepção. Em um estudo com 70 crianças com suspeita clínica de apendicite aguda, 16% tiveram o diagnóstico de linfadenite mesentérica confirmado por meio de ultrassom, acompanhamento clínico ou cirurgia (Vignault et al., 1990).
A prevalência dessa condição pode estar aumentando, possivelmente devido ao aumento do uso de exames de imagem para investigar casos de dor abdominal em crianças. O diagnóstico é feito por ultrassom, que revela linfonodos abdominais com diâmetro superior a 8 mm (Karmazyn et al., 2005; Helbling et al., 2017). No entanto, a presença de linfonodos aumentados nos exames de imagem não exclui o diagnóstico de apendicite, sendo necessário também avaliar um apêndice normal (Simanovsky; Hiller, 2017).
2.2 Causas
As causas da linfadenite mesentérica incluem gastrite viral e bacteriana (como a infecção por Yersinia enterocolitica), doença inflamatória intestinal e linfoma, sendo a infecção viral a mais prevalente (Neuman, 2024).
Os linfonodos mesentéricos, localizados no mesentério, têm um papel essencial na imunologia do trato gastrointestinal, pois filtram patógenos e outras substâncias potencialmente prejudiciais ao organismo. Quando ocorre uma infecção no trato gastrointestinal ou em áreas adjacentes, como o sistema respiratório, esses linfonodos se inflamam e aumentam de tamanho, o que leva à dor abdominal e outros sintomas (Roque et al., 2024).
A linfadenite mesentérica (LM) pode ser uma reação a qualquer infecção, especialmente a infecções virais, podendo até ser causada pelo vírus da Influenza. Mais recentemente, em pacientes com COVID-19, a carga viral aumentada leva a uma resposta linfática proporcional. Do ponto de vista anatômico, é possível observar um maior número de gânglios na região da válvula ileocecal, onde está localizado o apêndice, o que pode acabar imitando um quadro de apendicite aguda (De Almeida et al., 2021).
Por estes motivos, a LM aguda, que pode causar dor no quadrante inferior direito, deve ser considerada no diagnóstico diferencial de apendicite. É importante verificar a presença de sintomas relacionados ao COVID-19, juntamente com a dor e outros sinais característicos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) (De Almeida et al., 2021).
2.3 Manifestações clínicas
Do ponto de vista clínico, a linfadenite mesentérica se manifesta principalmente por dor abdominal, geralmente no quadrante inferior direito, acompanhada de febre, náuseas e vômitos. O diagnóstico dessa condição é frequentemente realizado por exclusão, uma vez que seus sintomas podem ser semelhantes aos de outras doenças abdominais (Roque et al., 2024).
A realização de exames laboratoriais e de imagem é essencial para confirmar o diagnóstico. O tratamento, na maioria dos casos, é de suporte, com medidas sintomáticas como analgésicos e hidratação, além de antibióticos quando uma infecção bacteriana é diagnosticada (Roque et al., 2024).
2.4 Diagnóstico
O diagnóstico de LM pode ser estabelecido por meio da anamnese, ao investigar e avaliar a localização da dor, que pode se manifestar em outras áreas do abdômen, além de considerar o histórico de infecções prévias, como gripe ou outras infecções virais. No exame físico, o principal ponto de diferenciação ocorre durante a palpação abdominal, sendo que, em casos de apendicite aguda, pode-se observar o sinal de Blumberg positivo (De Almeida et al., 2021).
Para complementar o diagnóstico, podem ser solicitados exames laboratoriais, como o hemograma, que ajuda a identificar a presença de patógenos infecciosos, bem como exames de imagem, como tomografia computadorizada e ultrassonografia, que permitem avaliar o aumento dos linfonodos (De Almeida et al., 2021).
Crianças com dor abdominal que são submetidas a ultrassonografia têm LM diagnosticada em 9 a 32% dos casos (Hernandez et al, 2005; Schulte et al., 1998). Esse achado radiológico é um sinal inespecífico de infecção, inflamação e, raramente, malignidade. As causas da LM incluem gastrenterite viral e bacteriana, doença inflamatória intestinal e linfoma (Brandt; Lopez, 2024).
Em comparação com pacientes com adenite aguda, as crianças com LM geralmente apresentam sintomas por mais tempo antes de se apresentarem, menos sinais de adenite (como vômitos, migração da dor, sensibilidade à percussão, dor à palpação profunda ou sinal de Rovsing), febre mais alta (quando presente) e contagens normais de leucócitos e níveis de proteína C reativa (PCR) (Gross et al., 2017). No entanto, os pacientes com LM podem exibir sinais clínicos que são difíceis de diferenciar da adenite aguda (Toorenvliet et al., 2011). A ultrassonografia é geralmente necessária para confirmar o diagnóstico e excluir a adenite (Brandt; Lopez, 2024).
2.5 Evolução
A LM aguda é uma condição autolimitada, com tratamento focado em cuidados de suporte, incluindo o manejo da doença e hidratação adequada (Helbling et al., 2017). A dor abdominal em crianças com linfadenite mesentérica geralmente melhora em uma a quatro semanas, mas alguns casos podem persistir por até 10 semanas (Benetti et al., 2018).
Crianças que apresentam sintomas por períodos mais longos, ou que apresentam perda de peso ou outros sintomas sistêmicos, podem necessitar de uma avaliação adicional para investigar doença inflamatória intestinal, tuberculose ou malignidade (Neuman, 2024).
3 METODOLOGIA
Para esta revisão integrativa foi usado como método a proposta descrita por Souza et al. (2010), que respeita os princípios da Prática Baseada em Evidências (PBE) e, constitui nestas seis fases distintas: elaboração da pergunta norteadora; busca ou amostragem na literatura; coleta de dados; análise crítica dos estudos incluídos; discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa (SOUZA et al., 2010).
A pergunta norteadora foi definida como: “Quais são as principais características da adenite mesentérica na avaliação da criança com dor abdominal?”. A coleta de dados ocorreu por meio eletrônico, no período de novembro a dezembro de 2024; por intermédio de pesquisa na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Medical Literature Analysis and Retrieval System On-line (MEDLINE).
Com o objetivo de encontrar estudos importantes que respondessem à pergunta norteadora, foram utilizados descritores indexados no idioma português e inglês. A escolha das palavras baseou-se nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) com auxílio do operador booleano (AND) resultando nas seguintes combinações de palavras-chaves: “Adenite mesentérica”, “crianças” e “dor abdominal” e suas correspondências na língua inglesa: “Quetiapine”, “Insomnia” e “Use”.
Como critérios de inclusão, adota-se: estudos originais publicados na íntegra em periódicos nacionais e internacionais nos idiomas português, espanhol e inglês; gratuitos e com período de publicação dos artigos dos últimos 05 anos (2020-2025). Foram excluídos os artigos duplicados ou que não responderam à pergunta norteadora após leitura dos resumos ou avaliação na íntegra, além de carta aos editoriais e trabalhos de conclusão de curso.
A pesquisa foi iniciada em outubro de 2024, estendida até janeiro de 2025. Com a finalidade de sintetizar os resultados, os artigos triados escolhidos foram categorizados e foram extraídos os seguintes dados organizados em uma planilha utilizando o programa Excel: autores, ano, metodologia (tipo de estudo) e suas conclusões.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme a metodologia aplicada, foram selecionados 03 artigos que contemplaram todos os critérios de seleção, processo detalhado no fluxograma da figura 1.
Figura 1. Fluxograma da Processo de Seleção dos artigos.
Fonte: autores, 2025.
Posteriormente, foi realizada a interpretação precisa dos artigos selecionados, com análise do conteúdo, e discussões com a literatura encontrada, para se alcançar um consenso do tema proposto.
Dos 03 artigos selecionados, todos foram publicados em língua inglesa. Quanto à data de publicação, os trabalhos foram publicados nos anos 2021, 2022 e 2023. Na fase final de seleção dos trabalhos, foi excluído um artigo em língua espanhola por não comtemplar o assunto da pesquisa, era uma série de casos referente à malformação linfática mesentérica. Os trabalhos selecionados estão enumerados no quadro 1 com seus correspondentes: descrição da autoria, ano de publicação, conclusão e o tipo destes estudos.
Quadro 1. Artigos selecionados para a revisão.
Autores | Ano de publicação | Tipo de estudo | Conclusão |
Tsung; Stone; Sanders | 2023 | Estudo retrospectivo de coorte num pronto-socorro pediátrico urbano de atendimento terciário. | O POCUS pode identificar adenite mesentérica, normalmente um diagnóstico de exclusão, em doentes pediátricos com dor abdominal não cirúrgica, tanto por médicos ecologistas novatos como experientes. A utilização do POCUS pode ajudar os clínicos do serviço de urgência a identificar uma causa comum de dor abdominal não cirúrgica em crianças. |
He; Sun; Huang | 2021 | Estudo de prevalência | Para as idades dos 1 aos 3 anos, o tamanho limite recomendado é de 8 mm, uma vez que as diferenças na prevalência entre os dois grupos não foram significativas para o Grau C, mas significativas (p < 0, 05) para ambos os Graus A e B. Para as idades dos 3 aos 14 anos, o tamanho limite recomendado é de 5 mm, uma vez que as diferenças entre os dois grupos foram significativas (p < 0,05) para os graus A, B e C. A prevalência das notas A, B e C eram muito baixas para as idades dos 0 aos 1 anos e elevadas para as idades dos 1 aos 6 anos. A prevalência para os homens foi geralmente mais elevada do que para as mulheres das classes A e B. |
Pavlovic; Rokvic; Berenji | 2022 | Ensaio piloto | Todos os pacientes apresentaram escores de dor acima de 6/10 antes e abaixo de 4/10 após o tratamento com prednisona. A intensidade da dor abdominal após o tratamento durante 1-5 dias diminuiu significativamente, sem recorrência no seguimento dentro de 3 meses. Estes resultados sugerem que o tratamento com prednisona em pacientes seletivos com LMA pode reduzir a duração da dor abdominal. |
Fonte: autores, 2025
O trabalho de Tsung; Stone; Sanders (2023) foi um estudo retrospectivo de coorte realizado na atenção terciária, mais precisamente em um pronto-socorro pediátrico urbano. O objetivo deste trabalho foi realizar uma descrição das principais características da adenite mesentérica, dos resultados e concordância entre operadores de ecografia (ultrassonografia)da adenite mesentérica identificada através do POCUS (Point of Care Ultrassound) nos pacientes pediátricos com quadro de dor abdominal não cirúrgica.
O POCUS é a ultrassonografia no local de atendimento, este recurso pode facilitar o diagnóstico de etiologias não cirúrgicas de dor abdominal após as causas cirúrgicas terem sido excluídas no serviço de urgência. A identificação da adenite mesentérica trata-se de uma aplicação viável pelo POCUS, devido à sua facilidade de utilização e rapidez de realização (Tsung; Stone; Sanders, 2023).
A conclusão deste trabalho foi que o POCUS pode detectar adenite mesentérica, geralmente um diagnóstico de exclusão, em crianças com dor abdominal não cirúrgica, independentemente da experiência do médico ultrassonografista, seja iniciante ou experiente. O uso do POCUS pode auxiliar os clínicos no pronto-socorro a identificar uma causa frequente de dor abdominal não cirúrgica em pacientes pediátricos (Tsung; Stone; Sanders, 2023).
Por sua vez, o trabalho de He; Sun; Huang (2021) foi um estudo de prevalência com o objetivo de identificar o tamanho limite para os gânglios linfáticos abdominais aumentados, para isso, a prevalência de cada grau foi comparada entre indivíduos assintomáticos e indivíduos com dor abdominal sem outras doenças, para assim, explicar os sintomas para diferentes idades, foram utilizando para este estudo dados de mais de 200.000 indivíduos.
Desta forma, os resultados deste estudo mostraram que para indivíduos de 1 a 3 anos de idade, o tamanho limite recomendado para os gânglios linfáticos abdominais foi de 8 mm, enquanto para as idades dos 3 aos 14 anos, o tamanho limite recomendado foi de 5 mm (He; Sun; Huang, 2021).
Enquanto o trabalho de Pavlovic; Rokvic; Berenji (2020) foi um ensaio piloto no qual, uma amostra de 13 pacientes (6 meninos, 7 meninas) com entre 5 e 13,5 anos (Média de 7,3 anos) com quadro de dor abdominal aguda intensa foram avaliados por meio de ultrassonografia e exames laboratoriais para estabelecer o diagnóstico de linfadenite mesentérica aguda. Os pacientes foram tratados com prednisona 1 mg/kg (máximo de 40 mg por dia) por no máximo 5 dias. A avaliação da intensidade da dor abdominal foi feita antes e após o tratamento por meio do uso de uma escala numérica.
Como resultado, todos os pacientes do estudo apresentaram diminuição dos escores de dor depois do tratamento com prednisona. Antes do tratamento, toda a amostra apresentava escore de dor acima de 06 numa escala de 10, depois do tratamento, todos os paciente apresentaram escores de dor abaixo de 04. Além disso, não houve recorrência da dor no seguimento dentro dos 3 meses (Pavlovic; Rokvic; Berenji, 2020).
Como efeitos adicionais, ainda ocorreu a cessação dos outros sinais e sintomas pré-existentes, como náuseas, vômitos, anorexia, febre, diarréia e constipação, sem a ocorrência de efeitos adversos com a terapia com corticosteróides. Os resultados deste estudo sugerem que o tratamento com prednisona em pacientes selecionados com linfadenite mesentérica aguda pode ocasiona a diminuição da duração da dor abdominal (Pavlovic; Rokvic; Berenji, 2020).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adenite mesentérica aguda, uma condição inflamatória dos linfonodos mesentéricos, é frequentemente confundida com apendicite aguda, especialmente em crianças, devido à similaridade de sintomas, como dor abdominal no quadrante inferior direito.
Esta revisão destacou a importância de um diagnóstico diferencial preciso, considerando a necessidade de distinguir entre essas duas condições para evitar intervenções desnecessárias. O diagnóstico da adenite mesentérica é predominantemente realizado por exclusão, com o auxílio de exames de imagem, como ultrassonografia, que revela linfonodos aumentados.
A revisão também abordou as principais causas da linfadenite mesentérica, com ênfase nas infecções virais, que incluem, além de vírus respiratórios, agentes como o coronavírus. Em casos de COVID-19, a resposta inflamatória exacerba a inflamação dos linfonodos mesentéricos, contribuindo para a complexidade do diagnóstico.
A condição é, na maioria das vezes, autolimitada e de tratamento conservador, com medidas sintomáticas de suporte. No entanto, o acompanhamento é necessário, principalmente nos casos em que a dor abdominal persiste ou quando surgem sinais de complicações, como perda de peso ou sintomas sistêmicos.
Os resultados dos artigos analisados reforçam a relevância da ultrassonografia como ferramenta diagnóstica eficaz, incluindo o uso de POCUS (ultrassonografia no ponto de atendimento), que se mostrou útil em identificar adenite mesentérica em crianças com dor abdominal não cirúrgica. Além disso, a pesquisa também evidenciou a eficácia de tratamentos com corticoides, como a prednisona, na redução da dor abdominal nos casos de linfadenite mesentérica aguda, embora mais estudos sejam necessários para validar esses achados.
Portanto, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais clínicos e utilizem as ferramentas diagnósticas adequadas para diferenciar a adenite mesentérica de outras condições abdominais, garantindo um tratamento adequado e evitando intervenções cirúrgicas desnecessárias. O aumento da conscientização sobre essa condição pode contribuir para diagnósticos mais rápidos e precisos, proporcionando cuidados mais eficientes para os pacientes pediátricos.
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1Especialista em Pediatria. Preceptora da residência de Medicina de Família e Comunidade. Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande-PB. E-mail: karinasodrelacerda@gmail.com
2Mestra em Psicanálise Aplicada à Educação e Saúde Coordenadora das Residências Médicas da Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande-PB. E-mail: jeanettesilveira@gmail.com
3Especialista em Ginecologia/Obstetrícia e Mastologia. Preceptora da residência de Medicina de Família e Comunidade. Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande-PB. E-mail: E-mail: cinthiacsa@gmail.com
4Mestre em Saúde da Família e Comunidade. Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande-PB. E-mail: edenilsoncavalcante@gmail.com