ADAPTAÇÃO PSICOLÓGICA PUERPERAL: IMPORTÂNCIA DA REDE DE APOIO E DO ACOMPANHAMENTO ESPECIALIZADO.

POSTPARTUM PSYCHOLOGICAL ADAPTATION: THE IMPORTANCE OF A SUPPORT NETWORK AND SPECIALIZED CARE.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202411301054


Thaís Letícia de Lucena Portes;
Izabella Morais.


RESUMO

INTRODUÇÃO: A gravidez envolve transformações físicas e emocionais, com desafios como a depressão pós-parto. A identificação precoce da DPP e o apoio social são fundamentais para o bem-estar da mãe e prevenção de complicações. OBJETIVO: Entender e conhecer, a relevância das mudanças físicas e emocionais que as mulheres enfrentam. Destacando a necessidade de cuidados abrangentes ao longo da gestação, puerpério e pós-parto, com especial ênfase na detecção precoce da DPP e na importância crucial da rede de apoio social. MÉTODOS: Revisão integrativa da literatura utilizando a estratégia PICO. Foram analisados artigos em português publicados entre 2019 e 2024 sobre saúde mental materna e apoio social. A pesquisa foi realizada na base PubMed, utilizando os descritores: (“Postpartum Period” OR Parturition OR Pregnancy OR “Prenatal Care”) AND (“Maternal Welfare” OR “Psychological Well-Being” OR “Personal Satisfaction” OR “Health Promotion”) AND (“Mental Disorders” OR Depression OR “Depressive Disorder” OR “Depression, Postpartum”). RESULTADOS: Foram identificados 329 artigos, dos quais foram excluídos aqueles com acesso restrito, incompletos ou sem relevância para a pesquisa. CONCLUSÃO: A detecção precoce da DPP e o apoio social são essenciais para o bem-estar materno e infantil, sendo necessário o acompanhamento contínuo e políticas públicas que fortaleçam essa rede de suporte.

Palavras-chaves: Depressão Pós-Parto, Rede de apoio, Cuidado especializado.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Pregnancy involves physical and emotional transformations, with challenges such as postpartum depression (PPD). Early identification of PPD and social support are essential for the well-being of the mother and the prevention of complications. OBJECTIVE: To understand and recognize the relevance of the physical and emotional changes women experience, highlighting the need for comprehensive care throughout pregnancy, the postpartum period, and beyond, with particular emphasis on the early detection of PPD and the critical importance of social support networks. METHODS: Integrative literature review using the PICO strategy. Articles in Portuguese published between 2019 and 2024 on maternal mental health and social support were analyzed. The search was conducted in the PubMed database using the descriptors: (“Postpartum Period” OR Parturition OR Pregnancy OR “Prenatal Care”) AND (“Maternal Welfare” OR “Psychological Well-Being” OR “Personal Satisfaction” OR “Health Promotion”) AND (“Mental Disorders” OR Depression OR “Depressive Disorder” OR “Depression, Postpartum”). RESULTS: A total of 329 articles were identified, from which those with restricted access, incomplete data, or lack of relevance to the research were excluded. CONCLUSION: Early detection of PPD and social support are essential for maternal and child well-being, requiring continuous monitoring and public policies that strengthen this support network.

Keywords: Postpartum Depression, Support Network, Specialized Care.

INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério da Saúde, a gravidez surge após a fertilização do ovócito II pelo espermatozoide, geralmente ocorrendo no útero e resultando na formação de um novo indivíduo. Durante esse período ocorrem transformações significativas para a mulher, seu parceiro e a família, à medida que o corpo se adapta gradualmente para o parto e a maternidade. A gravidez é um processo natural que, na maioria das vezes, ocorre sem complicações (Brasil, 2023).

A gestação é uma fase de transição natural no ciclo de vida que envolve mudanças na identidade e novas definições de papéis. É um período em que a mulher passa por desafios emocionais e tomam decisões importantes que têm um impacto significativo em sua saúde mental (Pio; Capel, 2015).

Durante o puerpério, ocorrem alterações tanto internas quanto externas, criando um momento rico em mudanças emocionais, no qual a mulher ainda requer apoio e assistência. É fundamental oferecê-la um cuidado abrangente, levando em conta sua situação sociocultural e familiar. Os profissionais de saúde devem permanecer vigilantes e prontos para identificar e satisfazer as necessidades individuais de cada paciente, aprimorando a qualidade do cuidado prestado (Andrade et al., 2015).

Como a identificação precoce dos transtornos psicológicos e o apoio adequado à saúde mental das mulheres durante a gravidez, o puerpério e a maternidade podem influenciar positivamente o bem-estar da mãe?

A identificação precoce de sinais e sintomas de Depressão Pós-Parto (DPP) e fatores relacionados são fundamentais para prevenir problemas de saúde para a mãe e permitir a colaboração com a família. O apoio precoce e as ações direcionadas podem fazer uma grande diferença na saúde mental pós-parto (Alouise et al., 2019).

A DPP pode ser organizada em três categorias: melancolia maternal (baby blues), depressão pós-parto e psicose puerperal. A tristeza materna, nesse sentido, parece associada a várias perdas e ajustes com os quais a mãe precisa lidar recentemente, como as alterações no seu próprio corpo, a presença do bebê real e até mesmo as próprias necessidades que podem ficar sem atenção devido às necessidades do bebê (Campos et al., 2015).

Logo após o nascimento de um filho é muito importante que a mãe tenha uma rede de apoio, para que tudo se torne mais leve e a mãe consiga enxergar a maternidade de uma forma mais saudável. A rede de apoio é composta por uma variedade de recursos, incluindo membros da família, amigos, vizinhos, profissionais de saúde, entre outros. A rede de apoio tem um efeito positivo e crucial. O apoio social tem um papel significativo para diminuir as dificuldades e melhorar a capacidade de enfrentar os cuidados com o bebê (Alves et al., 2022).

Justifica-se que no Brasil, a tristeza pós-parto que ocorre em 25% das novas mães nos primeiros dias após o parto, é marcada por mudanças de humor temporárias, incluindo melancolia, ansiedade e irritabilidade. Esta condição inclui ansiedade intensa, alucinações e delírios, requer tratamento intensivo, geralmente iniciando dentro de duas primeiras semanas após o parto. (Soares; Rodrigues, 2018).

O objetivo do estudo foi entender e conhecer a relevância das mudanças físicas e emocionais que as mulheres enfrentam. Destacando a necessidade de cuidados abrangentes ao longo da gestação, puerpério e pós-parto, com especial ênfase na detecção precoce da DPP e na importância crucial da rede de apoio social.

METODOLOGIA

A revisão integrativa é um método que reúne e sintetiza o conhecimento, aplicando os resultados de estudos importantes na prática. Essa abordagem busca compreender a situação atual de um tema específico, analisando e resumindo os resultados de diferentes estudos sobre o mesmo assunto.

PRIMEIRA ETAPA: Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa.

O tema do estudo tem como questão norteadora: Como a identificação precoce dos transtornos psicológicos e o apoio adequado à saúde mental das mulheres durante a gravidez, o puerpério e a maternidade podem influenciar positivamente o bem-estar da mãe?

Para a definição do tema deste trabalho, foi empregada a estratégia PICO, que permitiu estruturar de maneira clara e objetiva a questão norteadora. A população em foco é composta por mulheres no período puerperal (P), cuja intervenção envolve a análise das adaptações psicológicas durante esse período, incluindo estratégias de enfrentamento e suporte psicológico (I). A comparação realizada considera a eficácia dessas adaptações em relação ao déficit no acompanhamento puerperal (C). O objetivo é avaliar a redução do risco de depressão pós-parto (DPP) por meio de intervenções psicossociais e do suporte da rede de apoio durante o puerpério (O). Essa abordagem possibilita uma compreensão mais aprofundada das necessidades emocionais das puérperas e a importância do suporte adequado nesse período crítico.

SEGUNDA ETAPA: Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos\amostragem ou busca na literatura.

Os critérios de inclusão foram definidos para selecionar artigos que atendam às seguintes condições: Língua: Somente artigos escritos em língua portuguesa foram considerados, a fim de garantir uma compreensão adequada do conteúdo; Período de Publicação: Foram incluídos artigos publicados entre 2019 e 2024, para assegurar a atualidade e relevância das informações; Tema: Os estudos deveriam abordar diretamente a temática da adaptação psicológica durante a gravidez, puerpério e maternidade, com ênfase na identificação de transtornos psicológicos e na importância do apoio social.

Os critérios de exclusão foram aplicados para descartar artigos que não atendiam aos requisitos necessários, incluindo: Acesso Restrito: Artigos que não estivessem disponíveis em texto completo ou que exigissem pagamento para acesso foram excluídos, para garantir que a pesquisa fosse baseada em informações acessíveis; Artigos Incompletos: Estudos que apresentassem dados insuficientes ou que estivessem claramente incompletos foram descartados, pois não contribuiriam de forma adequada para a análise; Falta de Relevância: Artigos que, apesar de estarem dentro dos critérios de idioma e período, não abordassem a temática da saúde mental da mãe ou que não discutissem a rede de apoio foram excluídos.

Os artigos foram pesquisados nas bases de dados PubMed e Scielo sobre a adaptação psicológica puerperal: Importância da rede de apoio e acompanhamento especializado, entre os seguintes descritores: 

(“Postpartum Period” OR Parturition OR Pregnancy OR “Prenatal Care”) AND (“Maternal Welfare” OR “Psychological Well-Being” OR “Personal Satisfaction” OR “Health Promotion”) AND (“Mental Disorders” OR Depression OR “Depressive Disorder” OR “Depression, Postpartum”). Utilizando esses descritores, foram encontrados os seguintes resultados: PubMed: 329 resultados; Scielo: O resultado.

TERCEIRA ETAPA: Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização de estudos.

Foram extraídas as seguintes informações: Título, ano de publicação, periódicos e objetivos.

Nesta etapa, foi utilizada a ferramenta Rayyan para facilitar o processo de seleção e categorização dos estudos. O Rayyan é um software colaborativo que auxilia na revisão sistemática, permitindo a triagem eficiente de artigos científicos. Após a importação dos estudos selecionados, foi realizada uma leitura crítica dos títulos e resumos, utilizando a funcionalidade de marcação para classificar os artigos como relevantes ou não relevantes para esta pesquisa.

QUARTA ETAPA: Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa.

Nesta etapa, foi realizada uma avaliação detalhada dos estudos incluídos na revisão integrativa. A partir dos artigos selecionados, foi conduzida uma análise comparativa, que permitiu identificar padrões, lacunas e tendências nas pesquisas existentes sobre a saúde mental das mulheres durante a gravidez, puerpério e maternidade. 

Após a triagem inicial, foi utilizada a ferramenta Rayyan para facilitar a seleção. A leitura crítica dos títulos e resumos foi fundamental para classificar os artigos como relevantes ou não. Aqueles que atendiam aos critérios de inclusão foram mantidos para análise mais aprofundada. O processo de exclusão envolveu a eliminação de estudos que não estavam disponíveis em texto completo, apresentavam dados incompletos ou não abordavam a temática proposta.

Dos 329 resultados encontrados na PubMed, aplicaram-se os critérios de inclusão e exclusão, resultando em um número reduzido de artigos relevantes. Essa seleção cuidadosa garantiu que apenas estudos de alta qualidade, que realmente contribuíssem para a compreensão da questão de pesquisa, fossem considerados.

Os resultados obtidos demonstraram uma variedade de abordagens sobre a adaptação psicológica das mulheres durante a maternidade, evidenciando a importância da identificação precoce dos transtornos psicológicos e do apoio social. Contudo, também foram identificadas lacunas na literatura, especialmente em relação a estudos que investiguem a eficácia de intervenções específicas para o suporte à saúde mental materna.

QUINTA ETAPA: Interpretação dos resultados.

A interpretação dos resultados foi baseada na análise detalhada dos artigos selecionados. Nesta fase, buscamos compreender como as conclusões dos estudos se relacionaram com a questão de pesquisa, destacando as implicações para a saúde mental das mulheres durante a gravidez, puerpério e maternidade.

Os aspectos abordados foram: padrões e tendências encontrados nos estudos, como a prevalência de transtornos psicológicos e a eficácia das intervenções de apoio; reflexão sobre as lacunas identificadas na pesquisa, como áreas que necessitam de mais investigação ou a falta de estudos com metodologias robustas; implicações práticas dos resultados para profissionais de saúde e políticas públicas, enfatizando a importância do suporte psicológico e social para as mães e sugestões para investigações futuras, visando aprofundar o conhecimento sobre a saúde mental materna e aprimorar as práticas de apoio.

SEXTA ETAPA: Apresentação da revisão/síntese de conhecimento.

Na sexta etapa, após a compilação e análise dos dados, a revisão integrativa servirá como um pré-requisito fundamental para a obtenção do título de bacharel em Enfermagem. Esta etapa envolveu a formulação de recomendações direcionadas a profissionais de saúde e formuladores de políticas, com o objetivo de aprimorar as intervenções psicossociais e o suporte à saúde mental das mulheres no período puerperal. As evidências obtidas ao longo da revisão foram utilizadas para destacar a importância da identificação precoce de transtornos psicológicos e para desenvolver estratégias que promovam um acompanhamento mais eficaz. Além disso, enfatizou-se a necessidade de sensibilização sobre o apoio à saúde mental materna, visando criar um ambiente acolhedor e solidário para as puérperas.

Fluxograma PRISMA de seleção de estudos.

RESULTADOS

A busca bibliográfica realizada na base de dados PUBMED resultou em 329 artigos inicialmente identificados. Após a leitura dos resumos, 32 artigos foram selecionados para uma análise mais aprofundada. Desses, 16 artigos foram considerados relevantes para o desenvolvimento do trabalho. 

Os resultados obtidos foram organizados de acordo com o ano de publicação, país de origem e título dos artigos.

Artigos incluídos na revisão integrativa.

ANOMÉTODO DEPESQUISATÍTULO DO ARTIGO/DOCUMENTOOBSERVAÇÃO
2019Ensaio clínico randomizado multicêntrico..A mindfulness and compassion-based program applied to pregnant women and their partners to decrease depression symptoms during pregnancy and postpartum: study protocol for a randomized controlled trial. Destaca a importância do apego maternofetal durante a gestação e sua relação com a ansiedade pósparto.
2020Ensaio clínico randomizado multicêntrico.. Maternal-fetal attachment protects against postpartum anxiety: the mediating role of postpartum bonding and partnership satisfaction.Apresenta um protocolo que investiga a eficácia de um programa desenvolvido para mulheres grávidas e seus parceiros, reduzindo os sintomas de depressão perinatal. 
2020Estudo transversal.Association between maternal satisfaction with breastfeeding and postpartum depression symptoms.Investiga a relação entre a satisfação materna com a amamentação e os sintomas de
   DPP.
2020Estudo   decorte transversal.Vital Signs: PostpartumDepressive Symptoms andProvider Discussions AboutPerinatal Depression – United States, 2018.Analisa a prevalência de sintomas depressivos pósparto e a frequência com que profissionais de saúde abordam essa questão durante consultas de saúde pré-natal e pós-parto
2020Estudo   decoorte prospectivo.Causal mechanisms of postnatal depression among women in Gondar town, Ethiopia: application of a stress-process model with generalized structural equation modeling.Enfatiza que a detecção e o tratamento precoce da depressão durante a gravidez são fundamentais para reduzir o risco de (DPP) e complicações no parto.
2020Estudo transversal analítico.Association between Lack of Social Support from Partner or Others and PostpartumDepression amongJapanese Mothers: A Population-Based CrossSectional Study.Indica que a ausência de apoio social, especialmente do parceiro, está fortemente associada ao
   aumento do risco de DPP, destacando a necessidade de intervenções focadas na detecção e apoio a essas mães.
2021Revisão narrativa.Resilience and Stress duringPregnancy: AComprehensiveMultidimensional Approach in Maternal and Perinatal Health.Destaca a importância da resiliência durante a gravidez e após o parto.
2021Estudo quantitativo,Pregnancy Intention:Associations with Maternal Behaviors and ExperiencesDuring and After Pregnancy.Analisa como a intenção de gravidez influencia comportamentos e experiências maternas, comparando mulheres com gestações indesejadas a aquelas com gestações planejadas.
2021Estudo quantitativo.The Association betweenBirth Satisfaction and theRisk of Postpartum Depression.Investiga como a satisfação das mulheres com a experiência do parto pode
   influenciar o risco de desenvolvimento de DPP.
2022Revisão literatura.deMaternal Mental Health During Pregnancy: A Critical Review.Aborda a importância da saúde mental durante a gravidez e destaca que muitos problemas psicológicos, como depressão e ansiedade, podem afetar mulheres grávidas.
2022Estudo quantitativo.Body Appreciation,Depressive Symptoms, andSelf-Esteem in Pregnant andPostpartum Brazilian Women.Analisa as mudanças na avaliação corporal, sintomas depressivos e autoestima em gestantes e puérperas, e como essas mudanças impactam diretamente na autoestima das mulheres.
2022Estudo quantitativo.Identifying women with postdelivery posttraumatic stress disorder using natural language processing of personal childbirth narratives.Analisa a importância da detecção precoce de sinais de sofrimento psicológico, o que possibilita intervenções mais rápidas e aprofundadas.
2022Estudo prospectivo.Development of Social Life Impact for Mother (SLIM) scale at first trimester to identify mothers who need social support postpartum: a hospital-based prospective study in Japan.Identificarprecocemente mães em risco, permitindo intervenções direcionadas para melhorar o suporte.
2022Revisão sistemática.Interventions to improve social support among postpartum mothers:A systematic review.Realiza uma revisão sobre intervenções destinadas a melhorar o apoio social às mães no período pósparto, destacando que o apoio social insuficiente é um fator de risco para a depressão e
   estresse materno.
2023Estudo    decoorte prospectivoTiming of PostpartumDepressive SymptomsRelata a necessidade de rastreamento contínuo da depressão durante o primeiro ano após o parto
2024Revisão sistemáticaPrevalence and associated risk factors of postpartum depression in India: A comprehensive review.Enfatiza a urgência de implementar programas de intervenção abrangentes e de triagem para a DPP.

Fonte: (Autores, 2024).

Os estudos evidenciam que o apego materno-fetal, o suporte social e a satisfação com o parto e a amamentação protegem contra a DPP e a ansiedade perinatal, enquanto a ausência de apoio, gestações indesejadas e experiências traumáticas aumentam o risco. Intervenções precoces, como aquelas realizadas na atenção primária, triagens e suporte social, são essenciais para reduzir sintomas e promover o bem-estar materno. 

DISCUSSÃO

De acordo com Alves, Cecatti e Souza, (2021), a resiliência e o estresse durante a gestação constituem fatores fundamentais para a saúde materna e perinatal. Eles enfatizam que o estresse pode alcançar em complicações severas, tais como parto prematuro e depressão pós-parto, afetando tanto a saúde materna quanto o desenvolvimento do bebê. Esses fatores devem ser considerados com atenção para garantir o bem-estar de ambos. A resiliência, entendida como a capacidade de enfrentar e superar desafios, pode amenizar os efeitos do estresse. Além disso, fatores sociais e condições de vulnerabilidade podem impactar a percepção de estresse assim como a resiliência das gestantes. Uma abordagem integrada que leva em conta esses aspectos é essencial para fomentar o bem-estar das mulheres durante a gestação, assegurando resultados mais favoráveis. 

Chauhan e Potdar, (2022) reforçam que, durante a gravidez, muitas mulheres enfrentam desafios psicológicos, como depressão e ansiedade, especialmente aqueles com histórico de problemas mentais. Fatores como aborto e estresse podem agravar essas condições. Apesar de a gravidez ser vista como um momento positivo, a saúde mental, incluindo a depressão pósparto, é uma preocupação crescente. O apoio social é crucial, pois sua ausência está ligada ao aumento da ansiedade. A saúde mental precária pode impactar as qualidades do bebê. Intervenções como terapia e suporte emocional são essenciais para o bem-estar das gestantes e para prevenir complicações na relação mãe-bebê. Promover um ambiente de apoio é fundamental para garantir uma geração saudável e um desenvolvimento positivo. 

A depressão perinatal é uma complicação significativa da gravidez, associada a consequências adversas tanto para a saúde da mãe quanto do bebê. A triagem sistemática para identificar mulheres durante a gestação e no pós-parto que apresentam sintomas depressivos é fundamental. Conforme sugerido por Bauman et al. (2020). Essa abordagem permite o diagnóstico precoce, o tratamento adequado e o acompanhamento necessário, contribuindo para a redução de resultados negativos. Profissionais de saúde devem ser incentivados a realizar essas avaliações de forma consistente, garantindo que as mulheres recebam o suporte necessário para promover sua saúde mental e bem-estar. 

A satisfação com o parto tem um papel fundamental no risco de depressão pós-parto e englobam várias dimensões, como a qualidade do atendimento, características pessoais da mulher e o estresse durante o parto.

Urbanová, Skodová e Basková (2021) afirmam que boas experiências aumentam a autoestima e reforçam o vínculo mãe-bebê, enquanto as negativas estão associadas a um maior risco de depressão puerperal e medos sobre futuras gestações.

O apoio adequado, a comunicação respeitosa e a participação ativa da mulher são essenciais para garantir essa satisfação. Além disso, o estresse nos primeiros estágios da gravidez é um grande fator de risco para DPP, o que destaca a necessidade de tratamento adaptado. No geral, entender essa relação pode possibilitar um melhor tratamento dos cuidados obstétricos e impulsionar melhores resultados (Robbins et al.,2023).

Durante a gravidez e o pós-parto, as mulheres enfrentam grandes transformações biopsicossociais que impactam sua saúde mental e física. Nesse sentido, Meireles et al. (2022) discutem que o pós-parto pode ser desafiador, trazendo uma percepção corporal negativa, autoestima reduzida e um aumento nos sintomas depressivos em comparação com a gestação. Diante disso, é fundamental que as políticas públicas de saúde ofereçam suporte às mulheres nesse período, promovendo sua saúde mental e transformando essa experiência em algo mais positivo. A avaliação da imagem corporal deve ser parte integrante da assistência à saúde, possibilitando que as gestantes lidem melhor com as mudanças.

De acordo com Robbins et al. (2023), a intenção de gravidez é fundamental para a saúde das mulheres durante e após a gestação. Dados revelam que mulheres com sentimentos confusos em relação à gravidez enfrentam maior risco de comportamentos adversos, como cuidados pré-natais inadequados e sintomas depressivos. Gestações indesejadas estão associadas a taxas ainda mais altas de depressão, violência doméstica e falta de visitas pós-parto. 

Panolan e Thomas (2024) apontam que a DPP é uma condição psicológica que afeta as mulheres após o parto, com sintomas que podem surgir até quatro semanas depois e persistir por até um ano. Durante esse período, as mães enfrentaram mudanças biológicas, emocionais e sociais importantes, o que pode predispor alguns transtornos de saúde mental, como melancolia e ansiedade. Muitas mulheres não registram a gravidade de sua condição, resultando em um elevado número de casos não tratados, o que é prejudicial tanto para a saúde da mãe quanto do recém-nascido. A causa exata da DPP não é clara; no entanto, flutuações hormonais, fatores genéticos, traumas do parto e características psicossociais e demográficas são considerados fatores de risco. 

Bartal et al. (2022) ressaltam que o transtorno de estresse pós-traumático pós-parto (TEPT-CB) pode ocorrer após partos traumáticos e afetar a saúde mental das mães, impactando também o bem-estar das crianças. Embora o rastreamento para depressão pós-parto seja uma prática comum, não existem protocolos para identificar mulheres que possam desenvolver TEPT-CB. Analisar relatos pessoais sobre experiências de parto pode ser uma abordagem eficaz para identificar mulheres com sintomas desse transtorno. Focando nos momentos mais angustiantes do parto, essas narrativas oferecem uma oportunidade valiosa para a detecção precoce do TEPT-CB, demonstrando como a análise de dados pode contribuir para melhorar a saúde. 

Conforme destacado por Yamada, Isumi e Fujiwara (2020), a falta de rede de apoio é um fator de risco significativo para a depressão pós-parto (DPP). A ausência de suporte emocional e prático, tanto de parceiros quanto de outras fontes, pode aumentar consideravelmente o risco de desenvolver DPP. Esses aspectos ressaltam a importância de intervenções preventivas para fortalecer as redes de apoio. Identificar mulheres que precisam de uma rede de suporte adequada é essencial, especialmente aquelas sem o apoio do parceiro, a fim de garantir que recebam a assistência necessária para preservar sua saúde mental.  

Sharifipour et al. (2022) apontam que a falta de apoio durante o período pós-parto pode comprometer a adaptação das mães às suas novas funções, aumentando o risco de depressão e estresse. Diversas intervenções foram adotadas para melhorar esse apoio social entre mulheres nesse período. Medidas como aconselhamento pré-natal com homens, suporte de enfermeiras, intervenções online e visitas domiciliares têm demonstrado eficácia em aumentar a rede de apoio. Essas abordagens inovadoras podem trazer benefícios para fortalecer o suporte social durante o cuidado pré-natal e pós-parto, embora ainda seja necessário aumentar a compreensão sobre quais métodos são os mais eficazes para esse propósito. 

Por fim, Matthies et al. (2020) discutem o vínculo da mãe com o bebê pode atuar como um fator protetor contra a ansiedade pós-parto, influenciando positivamente a saúde mental da mãe. Esse vínculo, desenvolvido durante a gestação, é crucial para estabelecer uma conexão emocional com o bebê, o que pode reduzir a ansiedade após o parto. Além disso, um ambiente familiar saudável e de apoio pode fortalecer ainda mais a conexão mãe-bebê e minimizar sintomas de ansiedade. 

A gravidez e o pós-parto são períodos marcados por mudanças significativas e desafios emocionais. A depressão perinatal é uma preocupação de saúde relevante, afetando não apenas as mulheres, mas também seus parceiros e a dinâmica familiar. Intervenções que integram práticas de atenção podem oferecer um grande suporte, promovendo o bem-estar emocional e a saúde mental durante esses momentos críticos. Essas estratégias têm o potencial de contribuir para a prevenção e o tratamento da depressão perinatal, melhorando a qualidade de vida das mães e proporcionando uma experiência de gestação. (Martin et al., 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adaptação psicológica no período pós-parto é essencial para a saúde mental das mães e o diagnóstico precoce de transtornos, como a Depressão Pós-Parto (DPP), podem influenciar de maneira significativa em seu bem-estar. Além disso, a presença de uma rede de apoio, composta por familiares, amigos e profissionais de saúde, é fundamental para minimizar os desafios enfrentados neste período. Assim, além do suporte emocional e prático que essa rede proporciona, ela influencia também na possibilidade de que o vínculo entre a mãe e o bebê seja fortalecido, visto que a mãe pode partilhar suas demandas e consegue dedicar-se mais emocionalmente e afetivamente ao recém-nascido. 

      Ademais, é crucial que os profissionais de saúde estejam preparados para identificar sinais relacionados às dificuldades emocionais afim de que sejam implementadas as intervenções psicossociais necessárias. 

     Desse modo, é imprescindível que os profissionais da saúde estejam capacitados para intervir quando necessário e para implementar as estratégias de suporte adequadas. Nesse sentido, é necessário que haja o aprimoramento   das políticas    públicas    que visem assegurar um acompanhamento integral e empático às demandas das puérperas.

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