ACUPUNTURA SISTÊMICA, AURICULOTERAPIA E MOXABUSTÃO NO CONTROLE DOS SINTOMAS DA SÍNDROME DO OVÁRIO POLICISTICO – ESTUDO CLÍNICO.

Angela Aparecida Lima, Sandra Silvério-Lopes, Thalita. Leslie Dias Silva.


Angela Aparecida de Lima
Graduada em Educação Física pela Universidade Norte do Paraná
Especialista em Acupuntura pela Faculdade IBRATE
Especialista em Gerontologia pela UTFPR
Prof Dra Sandra Silvério- Lopes
Fisioterapeuta (UTPR), Mestre (PUC-PR), Doutora (UTAD).
Especialista em Acupuntura há 27 anos.
Coordenadora da Pós graduação em Acupuntura da Faculdade de Tecnologia IBRATE-Curitiba. Pesquisadora e escritora na área de Acupuntura e Auriculoterapia. Diretora Científica da Sociedade Brasileira de Fisioterapeutas Acupunturistas (SOBRAFISA).
Thalita Leslie Dias Silva
Fisioterapeuta pela Universidade Estadual de Londrina
Especialista em Acupuntura pela Faculdade IBRATE
Docente da Pós graduação em Acupuntura da Faculdade IBRATE


Resumo

Contextualização: A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é descrita como um distúrbio endócrino que provoca alteração dos níveis hormonais, levando à formação de cistos nos ovários que fazem com que eles aumentem de tamanho.  Afetando cerca de 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Vários estudos apresentam a acupuntura como uma possibilidade ao tratamento da infertilidade decorrente da síndrome do ovário policístico, assim como também, possiblidades para controle dos seus sintomas, como a cefaleia e dismenorreia. Objetivo: Relatar possíveis melhoras clínicas através da acupuntura sistêmica, auriculoterapia e uso da moxabustão no controle dos sintomas da SOP. Metodologia: Estudo de caso descritivo, com 2 voluntárias com idades 26 e 29 anos, portadoras SOP. Em uma voluntária (A) realizou-se 5 sessões de auriculoterapia com agulhas semi permanentes de 1,5mm, nos seguintes acupontos: Sistema nervoso central, rim, sistema nervoso autônomo, ovário bilateral, glândulas endócrinas, hipófise, ápice do anti-trago, metabolismo, ansiedade 1 e 2 e pontos extras com a utilização da moxabustão em E29 e ponto extra zigong. A outra voluntária (B). recebeu 10 sessões de acupuntura sistêmica.com agulhas 0,20 x 40 mm, nos acupontos BP4, BP6, F3, R7,E36,E29,VC4,C7,PC6, duas vezes por semana perfazendo 10 sessões. Resultados: voluntária “A” apresenta melhora nos sintomas avaliado pelos relatos, língua e pela EVA a partir da 5ª sessão de de auriculoterapia e moxabustão. Voluntária “B” apresentou melhora a partir da segunda sessão, mas com recorrência de cefaleia na penúltima sessão. Conclusão: Os resultados foram satisfatórios em ambos os voluntários, não havendo superioridade de uma técnica em relação a outra. As melhoras mais efetivas foram dismenorreia, cefaleia, sono e ansiedade.

Palavras-chave: Síndrome de ovário policístico. Acupuntura. Auriculoterapia. Moxabustão.

Abstract


Background: Polycystic Ovary Syndrome (PCOS) is described as an endocrine disorder that causes changes in hormone levels, leading to the formation of cysts in the ovaries that cause them to increase in size. Affecting about 5% to 10% of women of reproductive age. Several studies present acupuncture as a possibility for the treatment of infertility due to polycystic ovary syndrome, as well as possibilities to control its symptoms, such as headache and colic. Objective: To report possible clinical improvements through systemic acupuncture and auriculotherapy and the use of moxibustion to control the symptoms of PCOS. Methodology: Descriptive case study, with 2 volunteers aged 26 and 29, with PCOS. In one volunteer, 5 sessions of auriculotherapy were performed with ear needles, size 1.5 mm, moxibustion stick 70% alcohol, micropore for fixing the ear needles, cotton , stretcher, questionnaire for anamnesis acupuncture, and ruler with Visual Analog Scale (VAS), in the following acupoints: Central nervous system, kidney, neurovegetative system, bilateral ovary, endocrine glands, hypophesis, apex of the antitragus, metabolism, anxiety 1 and 2 and moxibustion, ST29 and zigong extrapoit. The other volunteer received 10 sessions of systemic acupuncture with disposable needles, size 0.25 x 40 mm, in the acupoints: SP4, SP6, LR3, KI7, ST36, ST29, CV4, HT7 and PC6 in closure on the left side, with a 1 x week session. Results: volunteer “A” shows improvement in the symptoms confirmed by the tongue and by the application of VAS from the 5th of auriculotherapy and moxibustion. Volunteer “B” showed improvement from the second session, but with headache recurrence in the penultimate session. Conclusion: The results were satisfactory for auriculotherapy and moxibustion permanently until the end of this research, as well as the number of sessions for symptom improvement was more effective.

Keywords: Polycystic ovary syndrome. Acupuncture. Auriculotherapy. Moxibustion.

  1. Introdução

A Síndrome do Ovário Policístico (SPO) é descrita como um distúrbio endócrino que provoca alteração dos níveis hormonais, levando à formação de cistos nos ovários que fazem com que eles aumentem de tamanho (1).  Afeta cerca de 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva, que provoca dores abdominais, aumento de pêlos e aparecimento de acnes, podendo levar a infertilidade, por causar alterações dos níveis hormonais (2-3). Elevação dos níveis séricos e resistência insulínica, também são características comuns da SOP (4).

O diagnóstico geralmente é clínico, considerando as informações prestadas pela paciente, como irregularidade menstrual e hiperandrogenismo clínico. O tratamento convencional inclui agentes farmacológicos orais, mudanças no estilo de vida e possíveis cirurgias (4).

Além das alterações fisiológicas, mulheres que convivem com a SOP apresentam diminuição da qualidade de vida relacionada a saúde (QVRS) e diversos problemas inerentes a saúde mental (5). A construção da QV é uma questão multidimensional, que compreende questões psicológicas, biológicas, culturais, sociais e ambientais, nesse contexto moldando a satisfação de ideal do indivíduo, cita-se também a depressão, diminuição do bem estar, auto estima, e piora na QV.

Quanto ao tratamento para mulheres com SOP, muito se fala sobre a modificação do estilo de vida. Mulheres com resistência a insulina, têm utilizado de agentes sensibilizadores de insulina, como a Metformina (6), conhecida por diminuir a produção de glicose hepática por meio de uma inibição transitória do complexo 1 da cadeia respiratória mitocondrial e uma ativação da proteína quinase ativada por AMP (um sensor metabólico celular)(6). No entanto, não é eficaz no tratamento de hirsutismo, acne ou infertilidade anovulatória. Além dos efeitos colaterais, como irritação gastrointestinal (diarreia e náuseas) e também a metformina não é recomendada para pacientes com doenças renais, pulmonares, hepáticas e cardíacas ou em dieta pobre em carboidratos (7).

Percebendo os efeitos colaterais dados pelos tratamentos farmacológicos atuais, encontra-se uma necessidade de se encontrar terapias naturais e que não tragam efeitos prejudiciais as pacientes.

Baseado na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a acupuntura é conhecida como a inserção de agulhas em pontos cutâneos, desta forma estimulando os meridianos, harmonizando e reequilibrando as energias corporais, utilizando agulhas finas ao longo do corpo (8). Para a compreensão neuroquímica, estímulos promovidos pelas agulhas no sistema nervoso proporcionados na acupuntura, liberam substâncias químicas, que favorecem o organismo. Os pontos, onde insere-se as agulhas são escolhidos de acordo com a necessidade individual do paciente.

Estudos (9, 10) apresentam a acupuntura como uma possibilidade ao tratamento da infertilidade decorrente da síndrome do ovário policístico, assim como também, possiblidades para controle dos seus sintomas.

A auriculoterapia é uma técnica das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), que se utiliza de estímulos na orelha, que é considerada um microssistema e uma zona reflexa, capaz de se conectar com o sistema nervoso central e ao sistema nervoso autônomo (11).

Neste contexto este estudo objetivou realizar um ensaio clínico, descritivo, para avaliar comparativamente a acupuntura sistêmica, moxabustão e auriculoterapia no controle dos sintomas da SOP.

  1. Metodologia

2.1 Amostra

Participaram da pesquisa, duas voluntárias do sexo feminino, em idade fértil, com idades de 26 e 29 anos, residentes de Cornélio Procópio – PR e com o diagnóstico de Síndrome do ovário policístico, há 11 anos e 2 anos, respectivamente. As mesmas foram escolhidas por conveniência e foram incluídas no estudo pois apresentavam queixas típicas de SOP, se disponibilizaram a participar do estudo.

Voluntária “A” com idade de 26 anos, 59kg, sem gestação, técnica de enfermagem, faz uso de anticoncepcional Diane35 (Acetato de Ciproterona + Etinilestradiol Mabra 2mg + 0,035mg) realiza exercícios físicos, relata apresentar crescimento de pelos acelerado, hirsutismo. tensão pré-menstrual, edemas em membros inferiores, dor lombar e excesso de oleosidade na pele. Além de apresentar dismenorreia e cefaleia orbital durante a fase pré menstrual.

Voluntária “B” com idade de 29 anos, sem gestação, sedentária, 95 Kg, índice de massa corporal 23,94 (obesidade II), cuidadora de idosos, não faz uso de anticoncepcional, menstruação irregular, apresentando coágulos na menstruação, dismenorreia, lombalgia, cefaleia, e edema em membros inferiores.

2.2 Método

Foi realizado um estudo descritivo de casos clínicos. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi preenchido antes de iniciar com a coleta de dados, contendo neste todas as informações pertinentes á pesquisa. A escolha os pontos sistêmicos deu-se após interpretação dos questionários de anamnese e avaliação da língua das voluntárias. O diagnóstico sindrômico foi deficiência de yang do rim e baço, sendo necessário tonificar. O resultado terapêutico esperado seria resolver a umidade e mover a estagnação de energia, dentro dos padrões da MTC.

Os sintomas selecionados para avaliação quantitativa através da Escala Analógica Visual (EAV), foram a cefaleia e dismenorreia, pois eram sintomas comuns relatados pelas voluntárias. Foi orientado as voluntárias que não fizessem uso de medicação analgésica, relaxante muscular durante o período da pesquisa.

A pesquisa e realização das sessões de acupuntura foram realizadas no Espaço Terapêutico Angela Lima, no município de Cornélio Procópio, no Estado do Paraná.

As escolha das técnicas de acupuntura sistêmica, auriculoterapia e moxabustão com relação a quais delas cada voluntária receberia se deu de forma aleatória, sendo que a voluntária A recebeu 5 sessões, uma vez por semana, totalizando 5 semanas, das seguintes técnicas: auriculoterapia nos acupontos: sistema nervoso central (SNC), rim, sistema nervoso autônomo (SNA), ovário bilateral, glândulas endócrinas, hipófise, ápice do trago, metabolismo, ansiedade 1 e 2 seguindo mapeamento de Silvério-Lopes & Carneiro-Suliano(12) , e protocolo das mesmas autoras (13). E também terapia com moxabustão a 1 cm da pele, a 90º no acuponto sistêmico E29 (guilai kirai) e ponto extra zigong (Figura 1).

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Figura 1 – Ponto extra Zigong – EX-TA1

A voluntária “B” recebeu 10 sessões de acupuntura sistêmica, nos acupontos BP4, BP6, F3, R7, E36, E29, VC4, C7, PC6, duas vezes por semana, durante 5 semanas.

As voluntárias, através da E.V.A., no início e no final do tratamento, responderam qual era o grau de dor apresentado no dia, numa graduação de 0 a 10, sendo 0 sem dor e 10 a pior dor.

Os sintomas selecionados para avaliação foram a cefaleia e dismenorreia (cólica), pois ambos eram relatados pelas voluntárias. Para a análise quantitativa as pacientes foram questionadas em cada sessão sobre os sintomas e o grau de EAV respectivamente.

2.3 Materiais

Os materiais utilizados foram: agulhas descartáveis de acupuntura sistêmica da marca DUX tamanho 0,25 x 40 mm, agulhas auriculares da marca Complementar, tamanho 1,5mm, bastão para moxabustão de artemísia marca Dragon, álcool 70%, micropore da marca 3M – Nexcare para fixação das agulhas auriculares, algodão, maca, questionário para anamnese acupuntura, celular para fotografia e régua com EAV.

  1. Resultados

Na Figura 2, é ilustrado a evolução do tratamento da Voluntária A, ao longo de 5 semanas. A voluntária “A” relata estar em sua primeira sessão com EAV 0 para cefaleia e EAV 4 para cólica. Ao longo das três semanas seguintes relatou não haver sintomas nem de cefaleia, nem de cólica. Na última semana mesmo tendo sido mantido o protocolo proposto, a voluntária A referiu cefaleia em grau 1, e ausência de cólica.

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Figura 2. Evolução do tratamento analgésico ao longo de 5 sessões pela EAV na voluntária“A”.

Na primeira sessão, a voluntária “A’ com registro fotográfico pode-se descrever como uma língua vermelha, úmida e denteadas nas laterais, acusando desequilíbrio do Baço e produção de umidade aumentada, assim como a estagnação de energia(Figura 3).

Após a quinta sessão observa-se as alterações na língua, onde a mesma não apresenta calor, língua estreita e sem a presença de marcas de dentes nas laterais. A voluntária “A” mostrou uma alternância dos sintomas, com cólica somente na primeira sessão, e o aparecimento da cefaleia, EAV grau 1 na última sessão.

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Figura 3. Aspecto da língua na primeira e após a última sessão da voluntária “A”

A voluntária “A” relatou também no decorrer do tratamento, sentir-se menos ansiosa, diminuição do cansaço e da tristeza, ausência do sono matutino e melhora no sono noturno.

Quanto a evolução da voluntária, na “B”, que recebeu acupuntura sistêmica, por 5 semanas, relatou em sua primeira sessão cefaleia grau 7 e cólica grau 5, sendo que após a sessão de acupuntura, houve redução destes índices nas 3 semanas subsequentes, conforme ilustrado na Tabela 1.

Na quinta semana de tratamento, a voluntária “B” apresentou um episódio doloroso, em especial de cólica elevando a dor ao máximo. Este dado coincide com o inicio de um novo ciclo menstrual da voluntária. Este fato parece ter sido um pico atípico de dor. Da sexta semana até o final do tratamento proposto, não foi mais referido dores, nem de cabeça nem cólica.

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Tabela 1. Evolução do tratamento analgésico ao longo de 10 sessões pela EAV na voluntária “B”.

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Figura 3. Aspecto da língua na primeira e após a última sessão da voluntária “B”

A língua da voluntária “B”, conforme Figura 3, na primeira sessão apresentou-se com coloração avermelhada, com saburra branca grossa, denteadas nas laterais, úmida, leve fissura no pulmão e coração. Igualmente, a voluntária “B” apresentou desequilíbrio do baço e produção de umidade aumentada, assim como a estagnação de energia. Na décima sessão, observou-se as alterações na língua, onde a mesma não apresentou quantidade significativa de saburra, com coloração avermelhada e diminuição das marcas de dentes nas laterais.

A voluntária “B” relatou melhora na irritabilidade, fator este notado pelos familiares, ausência dores nas costas, sem espinhas, ausência do crescimento acelerado de pelos na face (hirsutismo), pernas e axilas, aumento da diurese, melhora do sono noturno, menstruação sem coágulos. A ausência dos sintomas de cefaleia e cólica ao final do tratamento.

  1. Discussão

Diante dos resultados encontrados na presente pesquisa, é reconhecível a melhora analgésica com as composições utilizadas, tanto com a técnica de acupuntura sistêmica, quanto a técnica de auriculoterapia com moxabustão. Estes resultados vão de encontro com outros estudos que endossaram bons resultados para dismenorreia com auriculoterapia (11,14), quanto para cefaleia (11). Em casos com o uso de auriculoterapia encontra-se pesquisas com resultados de tratamentos satisfatórios em 95% dos pacientes com cistos de ovários, e em mulheres afetadas com miomas uterino melhoras de 64,5% (15).

A alterações dos mecanismos neurobiológicos causados pela acupuntura afetam os neurotransmissores moduladores da dor, como a metencefalina e a substância P ao longo da via nociceptiva, causando o alívio da dor, assim como afetando o eixo hipotálamo hipofisário capaz de reduzir a liberação de hormônio luteinizante no tratamento da SOP (16).

Observou-se que não houve um padrão uniforme de regressão da dor ocasionada pela cólica e/ou cefaleia entre as voluntárias. Ambos os tratamentos demostraram ser eficazes, como recurso analgésico, bem como melhorando aspectos que refletem em qualidade de vida como a melhora da irritabilidade , sono, disposição redução de espinhas e pelos indesejáveis, decorrentes da SOP.

Os protocolos propostos neste estudo demostraram viáveis quanto aos pontos de acupuntura, auriculoterapia e moxabustão selecionados, intervalos das sessões e recursos de estímulos. Houveram também uma boa aceitação por parte das voluntárias das técnicas utilizadas, o que vai de encontro com a receptividade das PICS em crescente utilização e implantação no Brasil (17). Por mais benefícios que a auriculoterapia traga em matéria de analgesia, e reparos de alterações de ordem metabólicas e hormonais entre outras, a acupuntura clássica alicerçada na MTC tem um papel fundamental na estabilidade de ganhos e correções energéticas que se façam necessárias.

Na MTC, a mucosidade é a representação da energia estagnada em forma de calor e umidade, gerando cistos (18). Os dez pontos mais utilizados na acupuntura para SOP foram compilados em pesquisa(16), seriam BP6, VC4, VC3, VC6, VC12, E36, E25, E29, B23, Zľgōng (EX-CA1). Neste estudo foi proposto ajustar e regular este desequilíbrio energético muito característico nas duas voluntárias, sendo uma corrigido pela acupuntura sistêmica e outro com moxabustão. Os resultados apareceram entre outros aspectos no diagnóstico energético da língua de ambas as voluntárias, demostrando que a seleção de acupontos foi adequada e eficaz.

A técnica de moxabustão que queima a planta Artemisia vulgaris, é mais antiga que a própria acupuntura, no entanto apesar de muito eficaz, há poucos estudos com sua utilização na saúde da mulher. O uso da moxabustão pode aumentar a secreção dos hormônios funcionais dos ovários, diminuindo assim os marcadores de envelhecimento (19). Em estudo randomizado para uso da moxabustão para alívio da dor em pacientes com dismenorreia primária, foram selecionados 152 participantes para tratamento com moxabustão e drogas convencionais, tendo a Escala de visual analógica o parâmetro para alivio da dor menstrual, as análises dos resultados secundários mostraram que a moxabustão foi tão eficaz quanto as drogas no alívio dos sintomas relacionados à dor menstrual (20).

  1. Considerações Finais

Através dos resultados deste estudo, conclui-se que ambos os tratamentos propostos foram eficazes, havendo alivio de dores, do tipo dismenorreia e cefaleia, provocadas pelo desequilíbrio hormonal nas voluntárias desta pesquisa, portadoras de SOP.

Houve melhoras relatadas em ambas as voluntárias quanto a qualidade de sono, disposição física, presença de espinhas/acne, e pelos indesejáveis (hirsutismo), redução de ansiedade, caracterizando aspectos importantes de melhora na qualidade de vida.

Embora o numero pequeno da amostra, não se pode afirmar que houve superioridade de uma técnica em relação a outra, sendo a acupuntura sistêmica utilizada em uma das voluntárias, igualmente eficaz a auriculoterapia e moxabustão, utilizadas na outra.

As propostas de composição de acupontos sistêmicos e auriculares foi adequada e satisfatória, podendo ser recomendada seu uso clínico em acupuntura, bem como em trabalhos futuros com os mesmos propósitos terapêuticos.

Em trabalhos futuros recomenda-se usar avaliação de qualidade de vida e também recursos de ultrassom para medir possíveis reduções dos cistos ovarianos.

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