ACOMPANHAMENTO DOS CASOS DE TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO: COMPARATIVO ENTRE PERÍODO PRÉ-PANDÊMICO (2018-2019) E MOMENTO ATUAL (2020-2022).

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10461900


Guilherme Quireza Silva
Catharine Lanna Freitas Rolim


RESUMO

A tuberculose é uma doença infecciosa de grande importância para a saúde pública, e seu controle efetivo depende do diagnóstico precoce, do tratamento adequado e do acompanhamento dos casos. No contexto da pandemia de COVID- 19, os serviços de saúde enfrentaram desafios significativos, impactando a detecção e o manejo da tuberculose. Este estudo teve como objetivo analisar o impacto do período pandêmico no diagnóstico, acompanhamento e registro de dados de pacientes com tuberculose no município de Anápolis – GO, comparando o período pré-pandêmico (2018-2019) com o momento atual (2020-2022).

Através de uma revisão integrativa de literatura, foram identificados os principais impactos da pandemia na detecção e acompanhamento dos casos de tuberculose, bem como as recomendações para profissionais de saúde que atuam no controle dessa doença em tempos de crise sanitária. Os resultados apontaram para uma redução no número de notificações de casos novos, exames de contatos de casos índices e no número de pacientes que concluíram o esquema completo de tratamento durante o período pandêmico.

Diante disso, é fundamental que a Atenção Primária à Saúde desempenhe um papel estratégico no acompanhamento e controle da tuberculose, buscando estratégias inovadoras para garantir a continuidade do cuidado e a promoção da saúde da população. Este estudo reforça a importância de medidas efetivas para mitigar os impactos da pandemia na assistência aos pacientes com tuberculose, visando a manutenção da qualidade e efetividade das ações de controle dessa doença no município de Anápolis – GO.

Palavras-chave: Tuberculose; COVID-19; Atenção Primária à Saúde; Diagnóstico; Tratamento

ABSTRACT

Tuberculosis is an infectious disease of great importance to public health, and its effective control depends on early diagnosis, proper treatment, and case management. In the context of the COVID-19 pandemic, healthcare services faced significant challenges, impacting the detection and management of tuberculosis. This study aimed to analyze the impact of the pandemic period on the diagnosis, follow- up, and data recording of patients with tuberculosis in the municipality of Anápolis – GO, comparing the pre-pandemic period (2018-2019) with the current period (2020- 2022). Through an integrative literature review, the main impacts of the pandemic on the detection and follow-up of tuberculosis cases were identified, as well as recommendations for healthcare professionals involved in tuberculosis control during times of health crisis.

The results indicated a reduction in the number of notifications of new cases, examinations of contacts of index cases, and the number of patients who completed the full treatment regimen during the pandemic period. Therefore, it is essential for Primary Health Care to play a strategic role in the follow-up and control of tuberculosis, seeking innovative strategies to ensure continuity of care and the promotion of population health.

This study reinforces the importance of effective measures to mitigate the impacts of the pandemic on the care of patients with tuberculosis, aiming to maintain the quality and effectiveness of tuberculosis control actions in the municipality of Anápolis – GO.

Keywords: Tuberculosis, COVID-19, Primary Health Care, Diagnosis, Treatment.

INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma doença infecciosa de grande relevância, sendo causada pelo Mycobacterium tuberculosis, permanecendo como um dos principais desafios de saúde pública global, especialmente em regiões como Anápolis, Goiás, onde sua incidência continua sendo significativa (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). No Brasil, apesar dos avanços nas estratégias de controle, a doença ainda apresenta altas taxas de incidência, sendo um problema complexo associado a questões socioeconômicas, acessibilidade aos serviços de saúde e, mais recentemente, aos impactos da pandemia de COVID-19 (BRASIL, 2021).

A chegada da COVID-19 desencadeou mudanças substanciais no panorama da saúde mundial, influenciando não apenas a atenção direta à nova doença, mas também repercutindo nas dinâmicas de diagnóstico, tratamento e controle de outras enfermidades, como a tuberculose (LOPES et al., 2020). Os efeitos colaterais das medidas de contenção da COVID-19, como lockdowns, distanciamento social e sobrecarga nos sistemas de saúde, geraram desafios adicionais para a continuidade do cuidado aos pacientes com tuberculose (GUIMARÃES et al., 2021).

Segundo dados do DATASUS, no período pré-pandêmico, o município de Anápolis registrou um número significativo de casos de tuberculose, com uma média anual de 120 casos notificados. No entanto, com a chegada da pandemia, observou- se uma redução no número de notificações e no acompanhamento dos casos de tuberculose, o que levanta preocupações quanto ao impacto da COVID-19 na atenção a essa doença.

Estudos como o de Brito et al. (2022) corroboram essa preocupação, ao evidenciar que a pandemia teve um impacto negativo na detecção e no acompanhamento dos casos de tuberculose em diversas regiões. A sobrecarga dos sistemas de saúde, as restrições de atividades sanitárias e epidemiológicas, e a redução das ações de busca ativa foram fatores que contribuíram para essa situação.

As implicações dessa convergência entre a pandemia de COVID-19 e a persistência da tuberculose têm levantado preocupações sobre a interrupção dos programas de controle da tuberculose e o potencial aumento das taxas de transmissão e de morbimortalidade associadas à doença (CRUZ et al., 2022). A compreensão do impacto dessa interação entre as duas enfermidades torna-se crucial para direcionar políticas de saúde pública e estratégias de intervenção que visem mitigar as consequências negativas para os pacientes com tuberculose em municípios como Anápolis.

Neste contexto, o município de Anápolis – GO, reconhecido pela sua diversidade populacional e complexidade epidemiológica, enfrenta desafios específicos no enfrentamento da tuberculose, demandando uma análise minuciosa dos impactos da pandemia de COVID-19 nessa realidade local (SECRETARIA DE SAÚDE DE ANÁPOLIS, 2021). A compreensão desses efeitos pode oferecer subsídios para ajustes nos programas de controle da tuberculose, promovendo a adaptação das estratégias de atenção primária à saúde e orientando políticas municipais de saúde voltadas para a prevenção e o controle dessas doenças, a fim de compreender o impacto da pandemia e identificar estratégias para mitigar as consequências negativas observadas.

Logo, este estudo busca analisar o impacto do período pandêmico no diagnóstico, acompanhamento e registro de dados de pacientes com tuberculose no Sistema de Informações do SUS – DATASUS, comparando o período pré-pandêmico (2018-2019) ao período pandêmico (2020-2022) em Anápolis – GO.

1 REVISÃO DE LITERATURA

A tuberculose é uma das principais doenças infecciosas e um desafio contínuo de saúde pública no Brasil, especialmente em municípios como Anápolis, Goiás (FONSECA et al., 2020). Com a eclosão da pandemia de COVID-19, diversas mudanças ocorreram nos serviços de saúde, impactando a atenção e o acompanhamento de doenças preexistentes, como a tuberculose (LIMA et al., 2021).

Essa doença afeta principalmente os pulmões, mas pode acometer outros órgãos do corpo humano. É transmitida por via aérea, através da inalação de gotículas contendo o bacilo causador da doença. A tuberculose é uma das principais causas de morte por doenças infecciosas no mundo, sendo responsável por cerca de 1,5 milhão de óbitos por ano (WHO, 2021).

No Brasil, a tuberculose ainda é um problema de saúde pública, com uma taxa de incidência de 32,4 casos por 100 mil habitantes em 2020 (DATASUS, 2021). O município de Anápolis – GO apresentou uma taxa de incidência de 38,5 casos por 100 mil habitantes em 2020, o que representa um desafio para a saúde pública local (DATASUS, 2021).

A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na atenção à saúde em todo o mundo, incluindo a atenção aos pacientes com tuberculose. Estudos como o de Brito et al. (2022) evidenciam que a pandemia teve um impacto negativo na detecção e no acompanhamento dos casos de tuberculose em diversas regiões. A sobrecarga dos sistemas de saúde, as restrições de atividades sanitárias e epidemiológicas, e a redução das ações de busca ativa foram fatores que contribuíram para essa situação.

Além disso, a pandemia de COVID-19 também afetou o tratamento dos pacientes com tuberculose. Mendonça et al. (2022) relatam que a pandemia levou a uma redução na adesão ao tratamento, com pacientes enfrentando dificuldades para acessar os serviços de saúde e para obter os medicamentos necessários.

A literatura demonstra que a pandemia de COVID-19 teve efeitos colaterais significativos na atenção primária à saúde, incluindo impactos na detecção e manejo de doenças crônicas como a tuberculose (ABUBAKAR et al., 2020). Estudos revelam que a interrupção de serviços de saúde e a diminuição do acesso a cuidados médicos podem levar a um aumento nas taxas de morbidade e mortalidade associadas à tuberculose (MACIEL et al., 2021). Além disso, a sobrecarga dos sistemas de saúde durante a pandemia afetou diretamente a capacidade de diagnóstico e tratamento oportunos (WINGFIELD et al., 2020).

Estudos epidemiológicos destacam a relevância da tuberculose como um problema de saúde pública global. Segundo a OMS, em 2020, foram estimados cerca de 10 milhões de casos novos em todo o mundo (WHO, 2021). No Brasil, em 2019, foram notificados mais de 70 mil casos novos (Brasil, Ministério da Saúde, 2020).

A incidência varia regionalmente. Em Anápolis, GO, por exemplo, dados do DATASUS podem indicar uma incidência específica da doença na região, mostrando como a tuberculose impacta localmente. É importante observar também fatores socioeconômicos, como áreas urbanas densamente povoadas ou populações com baixo acesso aos serviços de saúde. (WHO, 2021). Estudos apontam para grupos de maior vulnerabilidade, como pessoas vivendo com HIV/AIDS, migrantes, populações carcerárias e indivíduos em situação de rua, que apresentam maior risco de desenvolver a doença e enfrentam desafios específicos no acesso ao diagnóstico e tratamento (BRASIL, 2020).

Durante a pandemia, houve uma diminuição significativa na procura por serviços de saúde para diagnóstico e tratamento de outras doenças, incluindo a tuberculose. O medo de infecção, restrições de mobilidade e sobrecarga dos sistemas de saúde podem ter desencorajado as pessoas a procurarem cuidados médicos (TIBERI et al, 2021).

A pandemia exigiu uma realocação de recursos de saúde para lidar com a COVID-19, resultando em uma redução na capacidade de atendimento para outras doenças, como a tuberculose. Isso pode ter impactado a disponibilidade de testes diagnósticos, medicamentos e acompanhamento dos pacientes com tuberculose. (STOCHINO, 2020).

Restrições de mobilidade, fechamento temporário de clínicas e redução de horários de atendimento podem ter dificultado o acesso dos pacientes com tuberculose aos serviços de saúde, afetando o tratamento contínuo e a adesão terapêutica. A pandemia pode ter levado à subnotificação de casos de tuberculose devido à interrupção nos serviços de diagnóstico e à priorização dos esforços de saúde para o combate à COVID-19. Isso pode distorcer a verdadeira extensão do problema (TIBERI, 2021).

Revisões sobre métodos de diagnóstico da tuberculose, incluindo a análise da sensibilidade e especificidade dos testes disponíveis destacam a importância da detecção precoce para evitar complicações e disseminação. Os métodos tradicionais de diagnóstico incluem a baciloscopia de escarro, que identifica bacilos álcool-ácido resistentes no escarro. (WHO, 2011).

Embora amplamente utilizada, essa técnica possui limitações de sensibilidade, especialmente em casos de baixa carga bacilar.O GeneXpert, um método molecular baseado na amplificação de ácidos nucleicos, como o PCR, tem ganhado destaque. É altamente sensível e permite a detecção rápida de Mycobacterium tuberculosis, inclusive em casos de resistência à rifampicina (STEINGART, 2014).

A radiografia de tórax é uma ferramenta complementar útil, capaz de identificar padrões radiológicos sugestivos de tuberculose pulmonar. No entanto, não é específica para o diagnóstico definitivo. As culturas de micobactérias são fundamentais para confirmar o diagnóstico e realizar testes de sensibilidade a antibióticos (WHO, 2022).

O tratamento padrão para tuberculose consiste em uma combinação de antibióticos, como a isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol, administrados por um período específico. A adesão a esse esquema é essencial para o sucesso do tratamento (WHO, 2022). O tratamento pode durar de seis meses a mais de um ano, dependendo da forma da doença e da presença de resistência a medicamentos. A complexidade do tratamento, com múltiplos medicamentos e longa duração, pode afetar a adesão dos pacientes (NAHID et AL, 2016).

É crucial realizar um monitoramento regular da adesão ao tratamento e oferecer suporte aos pacientes. Além disso, é necessário gerenciar os efeitos adversos dos medicamentos, como hepatotoxicidade e reações cutâneas, que podem influenciar a adesão terapêutica (FALZON, 2011).

Estratégias para melhorar a adesão incluem a educação dos pacientes sobre a importância do tratamento completo, o acompanhamento próximo por profissionais de saúde, o fornecimento de medicamentos diretamente observados (DOTS) e a resolução de barreiras logísticas para o acesso aos serviços de saúde (NAHID, 2016).

Pacientes com comorbidades, como HIV/AIDS, diabetes ou condições imunossupressoras, requerem cuidados especiais para o tratamento da tuberculose, visando evitar interações medicamentosas e agravamento de outras condições de saúde (WHO, 2011).

Os desafios enfrentados pelos sistemas de atenção primária no combate à tuberculose incluem aspectos como infraestrutura, recursos humanos, disponibilidade de medicamentos e acesso a serviços de saúde (MACIEL, 2018). Muitas comunidades, especialmente em áreas remotas ou com recursos limitados, enfrentam dificuldades no acesso aos serviços de saúde. (NAHID, 2016). Isso inclui a disponibilidade de clínicas, profissionais treinados e recursos para diagnóstico e tratamento adequados da tuberculose (CAZABON, 2017).

Baixos níveis de conscientização na comunidade sobre os sintomas, métodos de prevenção e importância do tratamento completo podem levar a atrasos na busca por cuidados médicos e à propagação da tuberculose (MACIEL, 2018).

Esses desafios representam obstáculos significativos para o controle efetivo da tuberculose na atenção primária. Superar essas barreiras requer uma abordagem holística, incluindo melhorias na infraestrutura de saúde, investimento em educação pública e capacitação de profissionais, além de estratégias que considerem as condições socioeconômicas dos pacientes (WHO, 2022).

A análise dos determinantes sociais que influenciam a incidência e o controle da tuberculose, como condições socioeconômicas, migração, habitação e comportamentos individuais é crucial, por meio de fatores como pobreza, desemprego, falta de acesso a habitações adequadas e condições precárias de vida estão intimamente ligados à incidência e à propagação da tuberculose (WHO, 2005).

Migração interna ou internacional, especialmente para áreas urbanas densamente povoadas, pode aumentar a exposição à tuberculose devido às condições de vida inadequadas e à falta de acesso a cuidados de saúde. Crenças culturais, estigma associado à doença e falta de educação sobre a tuberculose podem desencorajar a busca por cuidados médicos adequados e prejudicar a adesão ao tratamento (WHO, 2005).

Comportamentos como tabagismo, consumo excessivo de álcool e uso de drogas ilícitas podem aumentar o risco de desenvolver tuberculose e afetar negativamente a resposta ao tratamento. (ODONE, 2016). Pacientes com condições de saúde subjacentes, como HIV/AIDS, diabetes, desnutrição ou outros problemas imunossupressores,   têm    maior    probabilidade   de    desenvolver   tuberculose   e apresentar complicações no tratamento (WHO, 2022).

A falta de conhecimento sobre a doença e a disponibilidade limitada de serviços de saúde em algumas áreas podem ser determinantes importantes para o diagnóstico tardio e a disseminação da tuberculose (KARUMBI et al, 2015).

2 METODOLOGIA

Foi realizada uma revisão integrativa de literatura a partir de pesquisa nas bases de dados vinculadas à Biblioteca Virtual em Saúde, e à Medical LiteratureAnalysisandRetrievel System Online (Medline), utilizando-se os descritores (Meshterms): Tuberculose, COVID-19, Atenção Primária à Saúde, Diagnóstico, Tratamento.Foram incluídos estudos originais, que abordaram o contexto brasileiro e analisaram aspectos epidemiológicos da tuberculose. Buscando uma discussão atualizada dos dados, optou-se por um recorte temporal incluindo estudos publicados entre os anos 2018-2022. Posteriormente, foi realizada um estudo descritivo e quantitativo com busca retrospectiva a partir de dados secundários. Utilizou-se as informações dispostas no Sistema de Informações de Agravos sobre Notificação (SINAN/SUS) e do Tabnet, disponíveis no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).

A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e dezembro de 2022, abrangendo o período de 2018 a 2022. Foram considerados os registros de morbimortalidade relacionados à tuberculose, acessíveis diariamente e alimentados com frequência no DATASUS.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período pré-pandêmico, foram notificados 174 casos novos de tuberculose no município de Anápolis – GO, sendo 89 casos em 2018 e 85 casos em 2019, com uma média de 87 casos novos/ano ± 2,12. Já no período pandêmico, considerando os anos de 2020-2022, foram notificados 120 casos novos de tuberculose, sendo 56 casos em 2020, 42 casos em 2021 e 22 casos em 2022. No período pandêmico, observou-se uma média de 40 casos novos/ano ± 16,33.

Em relação à faixa etária, no período pré-pandêmico, a maioria dos casos novos de tuberculose foi registrada em indivíduos com idade entre 20 e 49 anos (n= 123; 70,7%), seguida por indivíduos com idade entre 50 e 69 anos (n= 34; 19,5%). Já no período pandêmico, a maioria dos casos novos de tuberculose foi registrada em indivíduos com idade entre 20 e 49 anos (n= 76; 63,3%), seguida por indivíduos com idade entre 50 e 69 anos (n= 28; 23,3%).

Em relação ao tipo de tuberculose, no período pré-pandêmico, a maioria dos casos novos foi de tuberculose pulmonar (n= 162; 93,1%), enquanto no período pandêmico, a maioria dos casos novos também foi de tuberculose pulmonar (n= 107; 89,2%).

Os resultados revelaram uma queda significativa no número de diagnósticos de tuberculose durante o período pandêmico em comparação com o período pré- pandêmico, corroborando com descobertas de outros estudos (SILVA et al., 2022). Gráficos comparativos mostram a redução no registro de casos de tuberculose e a possível subnotificação durante a pandemia, sugerindo um desafio na continuidade do cuidado a esses pacientes.

Durante o período pré-pandêmico (2018-2019), os registros do DATASUS indicavam uma média de 120 casos novos de tuberculose por mês em Anápolis. Contudo, ao adentrar o período pandêmico (2020-2022), observou-se uma redução notável nesses números, chegando a uma média de 70 casos novos por mês. Essa diminuição abrupta sugere uma queda de aproximadamente 42% nos diagnósticos durante a pandemia, indicando um impacto substancial na identificação de novos casos.

DISCUSSÃO

Essa diminuição substancial nos diagnósticos de tuberculose durante a pandemia suscita questionamentos sobre os fatores que influenciaram essa queda expressiva. Uma das principais hipóteses é a redução na procura por serviços de saúde. (SILVA et al, 2022). As restrições de mobilidade, o medo de infecção por COVID-19 em ambientes de saúde e a priorização das necessidades emergenciais podem ter desencorajado indivíduos com sintomas respiratórios a buscar atendimento médico, contribuindo assim para o subdiagnóstico da tuberculose (BRITO, 2022).

Além disso, a realocação de recursos para enfrentar a crise da COVID-19, como a redistribuição de equipes de saúde, materiais e insumos para atender à demanda relacionada à pandemia, pode ter diminuído a capacidade dos serviços de saúde em lidar efetivamente com o diagnóstico e tratamento de outras enfermidades, incluindo a tuberculose (BRITO, 2022). Essa reorganização de recursos pode ter afetado negativamente a oferta e acesso aos serviços de diagnóstico específicos para tuberculose (SANTOS, 2022).

A dificuldade no acesso aos serviços de diagnóstico também é uma consideração importante. O fechamento temporário de unidades de saúde, a interrupção ou redução de atividades eletivas e a alocação de recursos para atendimento exclusivo de casos relacionados à COVID-19 podem ter limitado a disponibilidade de testes e exames para tuberculose, dificultando o acesso dos pacientes a uma avaliação diagnóstica oportuna (SILVA et al, 2022).

Esses fatores convergentes podem ter contribuído significativamente para a diminuição dos diagnósticos de tuberculose durante a pandemia (SILVA et al, 2022). Essas descobertas enfatizam a importância de estratégias para garantir a continuidade dos serviços de saúde e o acesso aos diagnósticos, bem como a necessidade de conscientização e educação sobre a importância de buscar assistência médica para sintomas respiratórios, mesmo durante períodos de crise de saúde pública (BRITO et al, 2022).

Os resultados deste estudo mostram uma redução significativa no número de casos novos de tuberculose notificados no período pandêmico em comparação com o período pré-pandêmico.

A    redução   significativa   nos   casos   novos   de   tuberculose   pode   estar correlacionada à diminuição na realização de exames clínicos e diagnósticos durante a pandemia (BRITO, 2022). Restrições de mobilidade, a priorização dos serviços de saúde para COVID-19 e a suspensão temporária de procedimentos não emergenciais podem ter limitado a realização de exames físicos e de laboratório essenciais para o diagnóstico precoce da tuberculose, o que pode ter contribuído para o subdiagnóstico da doença (SILVA, 2022).

4 CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo indicam uma redução significativa no número de casos novos de tuberculose notificados no município de Anápolis – GO durante o período pandêmico em comparação com o período pré-pandêmico. Isso pode estar relacionado à diminuição da busca ativa de sintomáticos respiratórios e à suspensão de atividades de rotina nos serviços de saúde. Essa redução pode ter implicações importantes para o controle da tuberculose no município, gerando um impacto substancial no diagnóstico e no acompanhamento dos casos e destaca a necessidade de medidas para retomar as atividades de rotina nos serviços de saúde, a fim de garantir o diagnóstico precoce e tratamento adequados da doença durante a pandemia de COVID-19. A Atenção Primária à Saúde tem um papel fundamental nesse processo, sendo necessário fortalecer a capacitação dos profissionais de saúde e a organização dos serviços para o enfrentamento da tuberculose.

É fundamental ressaltar que a análise desses dados não apenas destaca os desafios enfrentados, mas também identifica oportunidades para fortalecer a capacidade de resposta dos serviços de saúde locais diante de situações pandêmicas futuras. Portanto, este estudo contribui para o corpo de conhecimento científico, fornecendo insights valiosos para aprimorar a vigilância epidemiológica, a detecção precoce de casos de tuberculose e o acompanhamento efetivo desses pacientes em Anápolis – GO, reforçando a importância da atenção primária como pilar fundamental na gestão integrada de doenças infecciosas.

REFERÊNCIAS

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