ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM A ADOLESCENTES GRÁVIDAS

NURSING FOLLOW-UP FOR PREGNANT ADOLESCENTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10145268


Letícia Lima de Araújo¹
Karoline Santos Raulino
Gessica Pereira de Brito Batista
Allan Bruno de Souza Marques²


RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo principal demonstrar os riscos da gravidez na adolescência, bem como evidenciar o enfrentamento da adolescente no processo de gestação, e no caso de baby blues, revelar as ações de enfermagem no atendimento a adolescentes gestantes do pré-natal, parto e puerpério. Método: O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do conhecimento científico produzido sobre adolescentes gestantes. Resultados e Discussões: Após análise em base de dados utilizando os descritores desta pesquisa e leitura reflexiva para desfecho do estudo e alcance dos objetivos propostos, o presente estudo foi organizado em 3 pilares. Conclusão: É perceptível a necessidade do direcionamento através de práticas educativas que possam sanar as dúvidas e expectativas dessas mães e seus familiares em relação ao conhecimento sobre ações em saúde.

Palavras-chave: Assistência de enfermagem; Adolescência; Puerpério; Baby blues.

ABSTRACT

Objective: This research’s main objective is to demonstrate the risks of teenage pregnancy, as well as to highlight the adolescent’s coping with the pregnancy process, and in the case of baby blues, to reveal nursing actions in prenatal care for pregnant teenagers, childbirth and puerperium. Method: The present study is a bibliographic review about the scientific knowledge produced about pregnant teenagers.Results and Discussions: After analysis in a database using the descriptors of this research and reflective reading for the outcome of the study and scope of proposed objectives, this study was organized into 3 pillars.Conclusion:The need for guidance through educational practices that can resolve the doubts and expectations of these mothers and their families in relation to knowledge about health actions is noticeable.

Keywords: Nursing care; Adolescence; Postpartum; Baby blues.

1. INTRODUÇÃO

A adolescência é uma fase da vida que tem como característica um conjunto de mudanças sociais, psicológicas e anatômicas, deixando a mulher exposta a um modelo de vida até então desconhecido, de certa forma vulnerável, porém ao mesmo tempo a adolescente sofre com as influências para sua formação e o desenvolvimento da personalidade de um futuro adulto. (CARLOS et al.,2021)

Durante a adolescência é um período em que as possibilidades que alteram a percepção de escolhas profissionais, sexuais e familiares se definem, e com isso e possível que se exponham a sofrimento psíquico e a situações psicopatológicos. Associado a isto podem estar associadas às horríveis condições econômicas e sociais. (BRÊTAS et al.,2019)

A partir dessas fases da vida adulta, geralmente se iniciam as crises que podem levar o adolescente a delitos, o uso exagerado de drogas ilícitas e álcool, inicio das práticas sexuais sem a utilização de medidas de proteção, tanto para as infecções sexualmente transmissíveis (IST), quanto para prevenir uma gestação indesejada. (MOURA et al.,2021)

Quanto à gravidez durante a adolescência, no Brasil atualmente pode ser considerada um risco social e um grave problema de saúde pública, em virtude de principalmente dos problemas que dela resultam. Destacando o abandono escolar, o risco durante a gravidez, em consequência de grande parte dos casos o não acompanhamento pré-natal adequado, por essas adolescentes esconderem a gravidez ou por buscar serviços não qualificados de saúde, em consequência disso ocorre o aumento do risco de mortalidade materna e neonatal. (ARAUJO et al.,2021)

Além disso, existem os conflitos familiares que surgem após a descoberta da gravidez, que pode ou não ser aceita pela família, outro fator é o incentivo ao aborto seja pelo parceiro ou por parte da família, o abandono em relação ao parceiro, a difícil aceitação social e o distanciamento de pessoas de sua convivência, que influenciam na estabilidade emocional dessa adolescente. (M’BAILARA et al.,2020)

A gravidez durante a adolescência é vista como um período difícil de transição anatômica e biológica, capaz de induzir a um estado temporário de instabilidade emocional, cerca de 16 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos engravidam a cada ano em todo o mundo, além disso, aproximadamente dois milhões de adolescentes com menos de 15 anos também engravidam. (ARRAIS et al.,2019)

Sabe-se que os casos de gravidez na adolescência são comuns no Brasil, trazendo consigo preocupações acerca dos aspectos que possam impactar nos indicadores de morbimortalidade materno infantil. E dentro desta perspectiva, esta pesquisa tem como objetivo principal demonstrar os riscos da gravidez na adolescência, bem como evidenciar o enfrentamento da adolescente no processo de gestação, e no caso de baby blues, revelar as ações de enfermagem no atendimento a adolescentes gestantes do pré-natal, parto e puerpério.

2. MATERiais E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica acerca do conhecimento científico produzido sobre adolescentes gestantes. Essa revisão fundamenta-se em uma análise aprofundada da literatura possibilitando discussões acerca do determinado tema assim como reflexões para base de futuros estudos.

Para realização da pesquisa foram utilizadas bases de dados MediLine, Scientific Eletronic Librany Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico. Foram utilizados os seguintes descritores da saúde (DECS): Depressão, Adolescentes, Gestantes, Enfermagem.

De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados: artigos eletrônicos disponíveis nas bases de dados supracitadas, que versam como adolescentes, os desafios das puérperas nos cuidados prestados ao recém-nascido, métodos contraceptivos, papel da enfermagem em orientar e prevenir as puérperas a se encontrar com o quadro de baby blues, que dispunham de texto completo com data de publicação prioritariamente entre 2019 e 2023 e disponíveis na língua portuguesa, inglesa e espanhola. Na pesquisa inicial foram encontrados 20 artigos e destes, 15 foram selecionados, pois continham os conteúdos de interesse dessa pesquisa.

Foram descartados artigos que não fossem ao encontro da temática proposta, que não contivessem conteúdos relevantes para os objetivos propostos, que não estivessem completos eletronicamente e artigos que não cumpriam o requisito de serem publicados nos últimos 5 anos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após análise em base de dados utilizando os descritores desta pesquisa e leitura reflexiva para desfecho do estudo e alcance dos objetivos propostos, o presente estudo foi organizado em 3 pilares do saber que se descrevem a seguir:

3.1. Riscos da gravidez na adolescência.

Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), cerca de 16 milhões de meninas entre 15 e 19 anos e 1 milhão de meninas menores de 15 anos dão à luz todos os anos em todo o mundo. Considerando o índice de gravidez na adolescência e a falta de conhecimento sobre tais práticas, é válido ressaltar a importância da implantação das ações de educação em saúde. (COSTA et al.,2019)

A adesão escolar inapropriada está associada, ao início imaturo da vida sexual que, em contrapartida, aumenta a possibilidade de uma gravidez durante a adolescência e sua recidiva. No decorrer dos anos que se consegue adiarem e prorrogar a primeira gestação durante a adolescência, a possibilidade dos nascimentos seguidos é reduzida. (CARLOS et al.,2021)

Alguns riscos para a mãe adolescente e para o filho recém-nascido são: dificuldade ou a desistência da amamentação, ausência ou recusa por parte do pai ou parceiro pela responsabilidade paterna, rejeição da família ou expulsão da adolescente e do recém-nascido do relacionamento familiar, a vulnerabilidade social e pobreza são situações de risco para ambos e dificuldade de introdução no mercado de trabalho. (MOURA et al.,2021)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que é elevada a predominância de complicações para a mãe o feto e para o recém-nascido, além da probabilidade de agravo aos problemas socioeconômicos já presentes. A gestação em adolescentes apresenta um maior risco de mortalidade materna, para o bebê, o risco e maior, como por exemplo, problemas congênitos ou traumatismos durante o parto como asfixia, paralisia cerebral e anomalias graves e toxemia gravídica. (ARAUJO et al.,2021)

3.2. O enfrentamento da adolescente no processo de gestação, parto e pós-parto.

A gestação durante a adolescência de algumas décadas, até os dias atuais, pode ser descrita por profissionais da saúde, educação e famílias como um fato de imaturidade relacionada ao estilo de vida da adolescente e, em especial, de caráter. E fato que várias adolescentes demonstram um “pensamento mágico” ou fantasioso, característico ao seguimento psicológico durante essa fase da adolescência, imaginando que não irão engravidar com tanta facilidade. (BRÊTAS et al.,2019)

O seguimento ao pré-natal deve ser iniciado imediatamente a descoberta da gestação, para intervir onde caso de haja necessidade, proporcionando a paciente conforto e confiança e que a mesma se sinta acolhida durante toda a gestação e puerpério, por ocorrer inúmeras mudanças, no corpo e na mente, alterações essa que podem ser um enorme desafio para a grande parte das adolescentes para que passem por todo o processo da gestação, sem torná-lo assustador. (M’BAILARA et al.,2020)

Logo após o parto o desânimo materno em alguns casos pode se associar a uma agregação do misto de emoções e adaptações que a mãe está vivenciando naquele momento, como as alterações no corpo, a nova experiência com seu bebê, e as mudanças dos hábitos mudando devido as suas necessidades que são em função da criança. Depressão após o parto pode ser destacada como uma condição que pode ser associada a três ordens: prostração materna, depressão pós-parto e psicose puerperal caracterizada na literatura como baby blues. (OLIVEIRA et al.,2019)

O baby blues decorre nos primeiros dias após o parto, e tem uma durabilidade em média de uma a duas semanas e remete de 50% a 80% das puérperas, os sintomas incluem ansiedade, choro, apetite reduzido, exaustão, falta de interesse nas atividades da rotina, alterações de humor, tristeza, alterações no sono e preocupação a todo momento, essa condição demonstra ocorrer por uma progressiva reação emocional a sentimentos intensos, que leva a uma instabilidade afetiva e não tristeza, sendo caracterizado por algumas mães como uma “montanha russa de emoções”.(ARRAIS et al.,2019)

Entretanto, mesmo apresentando esses sintomas, a essas adolescentes que exibem o quadro de baby blues não apresentam rejeição ao seu bebê, e o tratamento pode ser iniciado com apoio emocional á mulher. Em contrapartida os sintomas da depressão pós-parto (DPP) são mais intensos e permanecem por mais de duas semanas, e geralmente necessitam de intervenções médicas. (GRADVOHL et al.,2019; ANDRADE et al.,2020)

3.3. Ações de enfermagem no atendimento a adolescentes gestantes do pré-natal ao puerpério.

Unidades básicas de saúde criam um elo com as escolas, para uma melhor forma de transmissão sobre as informações de educação sexual de forma que alunos compreendam sobre a prevenção e promoção a saúde, compreendendo os atendimentos de forma multidisciplinar e profissional, onde são propostas ações educativas e informativas, e de conscientização sobre a prevenção de gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis. (MONTEIRO et al.,2021)

A equipe de enfermagem realiza o acompanhamento da adolescente por todo o período gestacional, parto, puerpério e durante o desenvolvimento da criança. O acompanhamento de pré-natal e de grande importância, para acompanhar o desenvolvimento do feto, o acompanhamento materno sendo essencial pra a avaliação de possíveis riscos, agindo com ações preventivas e promovendo um bom desenvolvimento gestacional. (CUNHA et al.,2022)

Conforme a OMS, o pré-natal deve incluir ao menos seis consultas a caderneta da gestante, podendo variar para mais, sendo consultas de atribuição da equipe multiprofissional, entre a equipe de enfermagem e equipe médica, sendo essenciais os profissionais dentistas, nutricionistas e psicólogos para uma assistência de acordo com as necessidades de cada paciente. (OMS, 2019)

As condutas sobre o avanço educativo para prevenção da gestação são fundamental por aumentar o domínio das decisões da adolescente a não renunciar às pressões. Praticando o autocuidado, atitudes favoráveis. Para enfrentar com a sexualidade e o conhecimento do sexo utilizando métodos seguros. (SAITO et al.,2020)

O progresso provoca um aumento na qualidade de vida e saúde da adolescente, propiciar um ambiente saudável e seguro e proporcionar aos adolescentes redes de suporte social. Orientações da equipe de enfermagem e dos demais profissionais caso necessário, para explicações e esclarecimento de dúvidas, com o intuito de orientar, esclarecer e tranquilizar a adolescente.( FIGUEIRÓ et al.,2020)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo constatou que as particularidades da revisão (objetivo, tipo de estudo, área e conclusões) dos artigos utilizados apresentaram alternativas que possam auxiliar no objetivo proposto, visto que as práticas de enfermagem de educação em saúde devem ser implementadas desde a infância, gestação e até o nascimento da criança, baseando-se nas evidências científicas com uma assistência sistematizada, onde o nível de conhecimento dessas adolescentes sobre o assunto é mínimo ou nenhum, utilizando assim métodos dinâmicos para facilitar o entendimento.

Comportamentos e atitudes como desajustes emocionais, apoio familiar, sexualidade e métodos contraceptivos e de barreira, demonstram o déficit no conhecimento sobre as práticas corretas durante a adolescência. Com isso, é perceptível a necessidade do direcionamento através de práticas educativas que possam sanar as dúvidas e expectativas dessas mães e seus familiares em relação ao conhecimento sobre ações em saúde.

Sendo assim, as práticas integrativas para essas mães são eficazes, pois apresentam uma cadeia de resultados que indicam ou sugerem meios de transmissão de conhecimentos onde são propostos medidas de prevenção de uma nova gestação e o tratamento pós-parto caso seja necessário, a elaboração de planos de cuidado a gestante e seus ciclo, se possível.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Raquel Dully et al. Cuidado de enfermagem materno-infantil para mães adolescentes: educação em saúde. Rev. Bras. Enferma. 08 de jun. 2020

ARAUJO, Viviane Maria Gomes de et al. Fatores associados ao óbito neonatal de mães adolescentes. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 21, p. 805- 815, 2021.

ARRAIS, A. R., & Araujo, T. C. C. F. (2019). Depressão pós-parto: Uma revisão sobre fatores de risco e de proteção. Psicologia, Saúde e Doenças, 18(3), 828-845.

BRÊTAS, José Roberto da Silva et al. Aspectos da sexualidade na adolescência. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16, p. 3221-3228, 2019

CARLOS, Nádia Aparecida dos Santos; andrade, rafaela maria de. gravidez na adolescência e evasão escolar: diálogos para além da culpabilização, 2021.

COSTA, A. O. (2019). Depressão, autoestima e satisfação conjugal no ciclo gravídico puerperal: Implicações para a maternidade (Dissertação de Mestrado em Psicologia da Saúde). Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.

CUNHA , Monteiro DLM. Gravidez na adolescência como problema de saúde pública. In: Monteiro DLM,Cunha AA, Bastos CB. Gravidez na adolescência.São Paulo (SP): Revinter;2022. p. 31-42.

FIGUEIRÓ, Mary Neide Damico. Educação sexual: retomando uma proposta, um desafio. Eduel, 2020.

GRADVOHL, S. M. O., Osis, M. J. D., & Makuch, M. Y. (2019). Maternidade e formas de maternagem desde a idade média à atualidade. Pensando famílias, 18 (1), 55-62.

MONTEIRO, Karla Regina Bentes et al. a educação para o cuidado de crianças e adolescentes e sua relevância na prevenção do abuso sexual. o cuidado: contextos e práticas interdisciplinares -saúde, filosofia e educação, 2021.

MOURA, S. M. S. R., & Araújo, M. F. (2020). A maternidade na história e a história dos cuidados maternos. Psicologia: Ciência e Profissão, 24(1), 44-55

M’BAILARA, K., Swendsen, J., Glatigny-Dallay, E., Dallay, D., Roux, D., Sutter, A. L., … & Henry, C. (2020). Baby blues: Characterization and influence of psycho-social factors. L’Encephale, 31(3), 331-336.

OLIVEIRA, Laura Leismann de et al. Fatores maternos e neonatais relacionados à prematuridade. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, p. 382-389, 2019

OMS, OPAS. América Latina e Caribe têm a segunda taxa mais alta de gravidez na adolescência no mundo. 2019.

SAITO, MI. Adolescência, cultura, vulnerabilidade e risco. A prevenção em questão. In: Saito MI, Silva LEV. Adolescência: prevenção e riscos. São Paulo (SP): Atheneu; 2020. p. 33-8


1 Letícia Lima de Araújo, lettycialima2001@gmail.com.

2 Professor orientador: Allan Bruno de Souza Marques. endereço de e-mail.