REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202505221558
Kailany Matos Alves
Luana Monteiro Dos Santos
Luiza Piva Carvalho
Michelle Santos Loyola Bossan
Orientador Prof. Dr. Adriano Aparecido Bezerra Chaves
RESUMO
A violência obstétrica se refere a práticas desrespeitosas e abusivas que mulheres podem enfrentar durante a gestação, parto e puerpério, podendo essa ser praticada de forma física, verbal ou psicológica. Esse estudo objetivou identificar através de uma revisão integrativa da literatura ações educativas para prevenção de violência obstétrica. Para tal elaboração foram utilizadas bases de dados indexadas na BVS, LILACS, Bdenf, Scielo, Medline, PubMed, utilizando os descritores: violência obstétrica, prevenção, educação e enfermagem. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nos últimos 6 anos, nos idiomas inglês e português. Os critérios de exclusão foram artigos repetidos, incompletos e que não atendam a pergunta de pesquisa. Nos principais achados foram destacados que as ações educativas surgem como vetor transformador, capazes de promover uma cultura de cuidado humanizado e centrado na parturiente. A prevenção da violência obstétrica exige um esforço coletivo e contínuo, alicerçado no respeito à dignidade humana, na valorização da autonomia feminina e na qualificação permanente dos profissionais de saúde.
Descritores: Violência obstétrica, educação, prevenção, enfermagem.
ABSTRACT
Obstetric violence refers to disrespectful and abusive practices that women may face during pregnancy, childbirth and the postpartum period, which may be physical, verbal or psychological. This study aimed to identify, through an integrative literature review, educational actions to prevent obstetric violence. For this purpose, databases indexed in BVS, Lilacs, Bdenf, Scielo, Medline, PubMed were used, using the descriptors: obstetric violence, prevention, education and nursing. The inclusion criteria were articles published in the last 6 years, in English and Portuguese. The exclusion criteria were duplicated, incomplete articles and those that did not address the research question. The main findings highlighted that educational actions emerge as a transformative vector, capable of promoting a culture of humanized care centered on the parturient. The prevention of obstetric violence requires a collective and continuous effort, based on respect for human dignity, the appreciation of female autonomy and the ongoing training of health professionals.
Descriptors: Obstetric violence, education, prevention, nursing.
1. INTRODUÇÃO
A violência obstétrica é definida como desrespeito à mulher, sua autonomia e seus processos reprodutivos, podendo manifestar-se por meio de violência verbal, física, sexual e psicológica, realiza-se através da prestação de assistência desumana, por consequência tornam o período gravídico uma situação dolorosa, para parturiente e o recém-nascido.1 Dentre os diversos tipos de procedimentos e manobras para agilizar a expulsão do bebê, podemos citar a utilização de mecanismos que comprometem o percurso natural do parto, como a ocitocina, muito manipulada em gestantes no processo de acelerar o trabalho de parto e reduzir a sua duração, podendo acarretar em efeitos colaterais no sistema cardiovascular; a manobra de Kristeller decorre da pressão sobre a parte superior do útero para empurrar o bebê, podendo causar traumas e complicações materno-fetal; o procedimento de episiotomia consiste em uma incisão no períneo, com intuito de ampliar a abertura do canal vaginal, a fim de facilitar o parto, todavia, em uma execução errônea, aumenta o risco de complicações no pós parto, como hemorragias, infecções e dor ao ato na relação sexual (dispareunia);2 a lavagem intestinal durante o trabalho de parto, expondo o bebê ao risco de contaminação e ocasionando infecção puerperal; bem como o exame de toque realizado diversas vezes por diferentes profissionais, sem o consentimento da gestante.3 Sobretudo, essa violência atinge diretamente as mulheres durante todo processo de gestação, sendo no pré-parto, parto e pós-parto.
O ato de violência obstétrica, pode ser realizado por qualquer pessoa que exerça a assistência obstétrica, sendo médicos(as), enfermeiros(as), técnicos(as) de enfermagem, obstetrizes ou qualquer outro profissional que preste em algum momento esse tipo de assistência.4 Os profissionais de saúde da enfermagem atuam na linha de frente do cuidado obstétrico, desempenham um papel primordial na prevenção e enfrentamento da violência obstétrica. É de extrema relevância que os profissionais da saúde recebam capacitação, não apenas de forma técnica, mas também de forma ética e emocional, para abordar situações de violência obstétrica de forma sensível, empática e eficaz. Princípios como, escuta ativa, acolhimento e respeito à autonomia das mulheres devem guiar a prática dos enfermeiros no contexto obstétrico.5
A Organização Mundial de Saúde, 2014 (OMS) define a violência obstétrica como qualquer atitude desrespeitosa, desumanizada, além de negligência e maus tratos contra a parturiente e o recém-nascido que possam provocar danos e/ou sofrimento psíquico e físico, podendo perpassar todos os níveis de assistência. Por ser um problema global, disseminado e uma violação dos direitos humanos fundamentais, nesse contexto a OMS, recomendou diversas medidas, com o intuito principal de evitar e eliminar o desrespeito e os abusos contra as mulheres durante a assistência institucional ao parto no mundo inteiro.6
No Brasil conforme pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo em 2010, cerca de 25% das mulheres afirmaram ter sido vítimas de maus-tratos, sendo qualquer tipo de violência obstétrica (VO), por meio verbal, física, sexual e negligência, praticados por profissionais que prestam assistência obstétrica.7 Já a pesquisa “Nascer no Brasil”, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2011 e 2012, revelou que 30% das mulheres atendidas em hospitais privados relataram sofrer violência obstétrica. No Sistema Único de Saúde (SUS), essa taxa foi ainda maior, alcançando 45%.8
É de suma importância a implementação de políticas públicas efetivas, sendo ações governamentais, que visam promover o bem-estar e proteger os direitos dos cidadãos, tendo como objetivo prevenir e enfrentar essa violência, garantindo que as puérperas recebam assistência obstétrica respeitosa, digna e humanizada durante todo o ciclo gravídico puerperal.9 A dor do parto é uma parte intrínseca da experiência humana, associada à capacidade de gerar vida. Contudo, além da dor fisiológica, as agressões vivenciadas durante o nascimento deixam marcas traumáticas que perduram na memória da vítima, tornando-se lembranças desagradáveis. O momento do parto deveria ser celebrado como um momento de alegria para as mulheres, sendo tratado com respeito e de maneira humanizada pelos profissionais de saúde.10
Diante disso, o desenvolvimento das ações e políticas de saúde pública materna e infantil no Brasil iniciou no começo do século XX. Decorreu da criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) em 1983, conforme o avanço do SUS, no século XXI foi estabelecida a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da mulher (PNAISM), com intuito de oferecer cuidados completos para a saúde das mulheres, ou seja, indo além da maternidade.11 Em conformidade disso, foram ampliadas novas políticas, leis e portarias com intuito de garantir cuidado integral à parturiente, dessa maneira dando visibilidade ao tema violência obstétrica, levando para discussão nas esferas institucionais do governo.
A Lei N°11.808 de 7 de abril 2005, assegurou às parturientes o direito à presença de um acompanhante, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), válido para rede própria ou conveniada.
A Portaria N° 1.459, de 24 de junho de 2011, instituiu no âmbito do SUS, a rede cegonha, tendo como a sua finalidade principal o atendimento integral à gestante durante todo o processo gravídico, assim como o cuidado com recém-nascido, garantindo o seu respeito e proteção.
A enfermagem desempenha um papel crucial na prevenção e enfrentamento da violência obstétrica. Dentre suas principais funções podemos destacar a educação e conscientização, o apoio emocional, o acolhimento e a promoção à assistência humanizada, o auxílio e a orientação na prevenção de práticas abusivas, dentre outras.12 A educação continuada tem um papel fundamental na prática das ações da enfermagem, impactando diretamente na qualidade do atendimento. Dessa forma, a atualização do conhecimento, o desenvolvimento das habilidades profissionais, a promoção da segurança do paciente e o aprimoramento da qualidade do atendimento, são imprescindíveis para prevenir a ocorrência de violência obstétrica.13
Ressalta-se a importância da redução de práticas interventivas desnecessárias, alinhando-se ao movimento de humanização da assistência ao binômio mãe-filho durante o ciclo gravídico-puerperal.14 É de suma importância investir em políticas públicas que garantam o acesso a uma assistência obstétrica de qualidade, humanizada e livre de violência.5
De acordo com uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres é vítima de violência obstétrica durante o parto no Brasil.7 As marcas deixadas pelo parto vão além das cicatrizes físicas visíveis. Elas habitam o inconsciente, as memórias, as emoções, sendo revividas de maneira individual. Contudo, ainda são escassos os estudos que investigam os impactos decorrentes da violência obstétrica. Essa lacuna se deve, em parte, à falta de compreensão sobre os procedimentos invasivos realizados durante o trabalho de parto e à normalização dessas práticas, o que faz com que muitas mulheres não questionem nem percebam que estão sofrendo violência.15
Considerando a importância do tema, observa-se escassez de pesquisas sobre a violência obstétrica, bem como a prevenção as mulheres gestantes através das ações educativas aos profissionais da saúde na literatura brasileira, este estudo foi desenvolvido com o objetivo de responder à seguinte questão norteadora: “Quais são as ações educativas que devem ser implementadas pelos profissionais de saúde para prevenir a violência obstétrica?”.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Tipos de Violência Obstétrica
A violência obstétrica é reconhecida como uma violação dos direitos humanos e reprodutivos das mulheres, afetando a dignidade, a integridade física e emocional, e a segurança no parto e no nascimento. Esse fenômeno ocorre em diferentes contextos assistenciais e pode estar presente tanto em serviços públicos quanto privados.16
Apesar do crescente debate sobre a humanização do parto e do nascimento, práticas obstétricas desnecessárias e condutas desrespeitosas ainda são comuns, impactando negativamente a experiência da gestante e podendo gerar traumas físicos e psicológicos. Dessa forma, a tipificação da violência obstétrica torna-se essencial para o reconhecimento e a erradicação dessas práticas. Dentre as quais podemos citar:17
A violência física refere-se a qualquer ato que cause dor ou sofrimento desnecessário à parturiente.
Quadro 1 – Apresentação da Violência Física, por meio do quadro com detalhamento de suas principais manifestações. São Paulo. UNIP. 2025.
Violência Física | Características |
Episiotomia sem consentimento | Corte cirúrgico no períneo realizado de forma rotineira, sem justificativa clínica baseada em evidências científicas |
Amniotomia e Lavagem intestinal | Não deve ser realizado em mulheres que estejam evoluindo bem no trabalho de parto |
Manobra de Kristeller | Aplicação de pressão sobre o útero para acelerar o parto, técnica contraindicada por órgãos de saúde devido aos riscos materno-fetais |
Exames de toque excessivos ou dolorosos | Realização repetitiva ou sem consentimento da gestante, causando desconforto e constrangimento |
Imobilização forçada da mulher | Impedimento de movimentação ou restrição à escolha da posição do parto |
A violência verbal e psicológica ocorre quando há humilhação, ameaças ou desconsideração dos sentimentos e necessidades da gestante.
Quadro 2 – Apresentação da Violência Verbal e Psicológica, por meio do quadro com detalhamento de suas principais manifestações. São Paulo. UNIP. 2025.
Violência Verbal/Psicológica | Características |
Comentários desrespeitosos ou depreciativos | Frases que minimizam a dor da mulher ou ridicularizam suas emoções, como “na hora de fazer não doeu” |
Ameaças e intimidações | Tentativa de coagir a gestante a aceitar procedimentos sem necessidade clínica comprovada, como uso de comunicação agressiva |
Desconsideração da dor e do sofrimento | Negligência na oferta de analgesia quando clinicamente indicada ou imposição de sofrimento desnecessário causando instabilidade psíquica |
A violência institucional refere-se às falhas estruturais e organizacionais que prejudicam a assistência obstétrica.
Quadro 3 – Apresentaçãoda Violência Institucional, por meio do quadro com detalhamento de suas principais manifestações. São Paulo. UNIP. 2025.
Violência Institucional | Características |
Longos períodos de espera para atendimento, sem justificativa clínica | Prática que causa sofrimento, aumenta riscos à saúde da mãe e do bebê e desrespeita o direito a um atendimento adequado e humanizado |
Falta de informações sobre o estado de saúde da mãe e do bebê | Prática que ocorre quando profissionais de saúde deixam de executar a Meta 2 (Garantir uma Comunicação Efetiva), prevista nas 6 Metas Internacionais de Segurança do Paciente |
Negação do direito ao acompanhante, garantido por lei no Brasil | De acordo com a Lei Federal nº 11.108/2005, também denominada como “Lei do Acompanhante”, a gestante tem o direito de ser acompanhada durante o parto |
Limitação na infraestrutura hospitalar, prejudicando a assistência adequada | Esse tipo de violência resulta da precarização dos serviços de saúde e da falta de políticas efetivas para a humanização do parto, como falta de equipamentos hospitalares |
A violência contra a autonomia ocorre, quando a mulher é privada do direito de tomar decisões conscientes sobre seu próprio corpo e sua experiência de parto.
Quadro 4 – Apresentação da Violência Contra a Autonomia da Mulher, por meio do quadro com detalhamento de suas principais manifestações. São Paulo. UNIP. 2025.
Violência Contra a Autonomia da Mulher | Características |
Imposição de procedimentos sem consentimento informado, como cesárea desnecessária ou forçada, sem indicação clínica | Ocorre quando um procedimento é imposto à gestante, causando desrespeito a sua autonomia, isso pode causar danos físicos e emocionais |
Desrespeito ao plano de parto previamente estabelecido pela gestante | A autonomia da mulher deve ser garantida por meio do respeito às suas decisões e da promoção de um ambiente de parto seguro e acolhedor |
Separação injustificada entre mãe e bebê após o nascimento, dificultando o contato pele a pele e o início da amamentação | Essa prática interfere no vínculo materno-infantil, prejudica o início da amamentação e pode causar impactos emocionais e fisiológicos negativos para ambos |
A violência obstétrica pode se estender ao período pós-parto, comprometendo o vínculo materno-infantil e a saúde da mulher.
Quadro 5 – Apresentação da Violência na Amamentação e no Pós-Parto, por meio do quadro com detalhamento de suas principais manifestações. São Paulo. UNIP. 2025.
Violência na Amamentação e no Pós- Parto | Características |
Imposição de fórmulas infantis sem justificativa clínica e sem orientação adequada | Essa prática desrespeita o direito à amamentação, pode prejudicar a saúde do bebê e compromete a autonomia materna |
Falta de apoio à amamentação, dificultando o estabelecimento do aleitamento materno | A ausência de suporte adequado para a iniciação da amamentação afeta o bem-estar da mãe e do bebê, além de comprometer o planejamento familiar |
Desconsideração de queixas maternas relacionadas a dores, complicações pósparto ou dificuldades emocionais | Essa negligência pode comprometer o processo de recuperação da mulher, impactar sua saúde mental e prejudicar o vínculo mãe-filho |
2.2 Medidas de Prevenção à Violência Obstétrica
A prevenção da violência obstétrica exige uma abordagem abrangente, envolvendo profissionais de saúde, gestores e a própria sociedade. Medidas como a capacitação profissional, o fortalecimento das políticas públicas e a promoção da autonomia da gestante são fundamentais para garantir um atendimento humanizado e respeitoso.18
A formação dos profissionais de saúde com capacitação é um dos pilares para a erradicação da violência obstétrica. A inclusão de conteúdos sobre humanização do parto e boas práticas obstétricas nos currículos acadêmicos e na educação continuada é essencial para garantir que os profissionais atuem com respeito e ética.19
Além disso, a realização de treinamentos e seminários sobre parto humanizado contribui para a sensibilização da equipe, promovendo uma assistência centrada nas necessidades da mulher e do bebê.20
A implementação e a fiscalização de políticas públicas voltadas à humanização do parto são fundamentais para a prevenção da violência obstétrica. No Brasil, diretrizes como a Política Nacional de Humanização (PNH) e a Rede Cegonha estabelecem parâmetros para um atendimento seguro e respeitoso.21
Medidas como a garantia do direito ao acompanhante, a proibição de intervenções desnecessárias e a adoção de protocolos baseados em evidências científicas devem ser fortalecidas e monitoradas para assegurar sua efetiva aplicação nos serviços de saúde.22
O respeito à autonomia da gestante é um princípio fundamental na assistência obstétrica. Para isso, é essencial que as mulheres recebam informações claras e acessíveis sobre os procedimentos, riscos e alternativas disponíveis durante a gestação e o parto.23
O consentimento informado deve ser garantido em todas as etapas do atendimento, assegurando que a gestante tenha o direito de tomar decisões sobre seu próprio corpo e sua experiência de parto.24
A adoção de práticas baseadas em evidências científicas contribui significativamente para a prevenção da violência obstétrica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas como:25
- Estímulo ao parto normal e redução de cesarianas desnecessárias;
- Evitar o uso de procedimentos invasivos sem indicação clínica, como episiotomia de rotina e a manobra de Kristeller;
- Respeito ao tempo fisiológico do parto, sem imposição de aceleração desnecessária;
- Garantia do contato pele a pele imediato entre mãe e bebê.
Essas práticas favorecem uma experiência de parto mais segura e respeitosa, reduzindo o risco de traumas e intervenções desnecessárias.
O conhecimento sobre direitos e boas práticas obstétricas permite que as mulheres assumam um papel ativo no processo de parto. Estratégias como a participação em grupos de apoio, cursos de preparação para o parto e acesso a informações qualificadas são fundamentais para fortalecer o protagonismo da gestante e prevenir situações de violência obstétrica.26
2.3. A Enfermagem Frente à Violência Obstétrica
A enfermagem tem um papel fundamental na assistência à gestante, garantindo que os princípios da humanização do parto sejam respeitados. Dentre as principais responsabilidades da enfermagem, destacam-se:27
- Promoção da assistência humanizada: garantir o respeito à autonomia da parturiente, permitindo a escolha da posição do parto e fornecendo informações claras sobre os procedimentos realizados.
- Prevenção e educação em saúde: orientar gestantes e familiares sobre seus direitos e sobre as práticas obstétricas baseadas em evidências científicas.
- Atuação interprofissional: colaborar com médicos, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde para a implementação de um atendimento respeitoso e livre de violência.
- Identificação e denúncia de práticas inadequadas: reconhecer sinais de violência obstétrica e adotar medidas para sua erradicação, incluindo a notificação de condutas inadequadas aos órgãos competentes.
No Brasil, diretrizes como a Política Nacional de Humanização do Parto e Nascimento e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam a necessidade de um atendimento baseado no respeito, na autonomia da mulher e na adoção de práticas seguras. A atuação da enfermagem deve estar alinhada a essas diretrizes, promovendo a aplicação de protocolos que assegurem um cuidado obstétrico humanizado.28
3. OBJETIVOS
3.1 Geral
Identificar as ações educativas para a prevenção de violência obstétrica.
3.2 Específico
Levantar o papel dos profissionais de enfermagem frente a situações de prevenção a violência obstétrica.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Tipo de Pesquisa
O presente estudo trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura. A revisão integrativa é um método que proporciona a aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, apontando lacunas que precisam ser preenchidas. É a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular. A ampla amostra, em conjunto com a multiplicidade de propostas, deve gerar um panorama consistente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem.29
Ela determina o conhecimento atual sobre uma temática específica, já que é conduzida de modo a identificar, analisar e sintetizar resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto, contribuindo, pois, para uma possível repercussão benéfica na qualidade dos cuidados prestados ao paciente. Pontua-se, então, que o impacto da utilização da revisão integrativa se dá não somente pelo desenvolvimento de políticas, protocolos e procedimentos, mas também no pensamento crítico que a prática diária necessita.30
Para elaboração dessa revisão no primeiro momento é determinado o objetivo específico, elabora-se a questão norteadora, posteriormente realiza a busca para identificar e coletar o máximo de pesquisas relevantes dentro dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos.
Existem 6 etapas do processo de elaboração de uma Revisão Integrativa:31
1° Primeira etapa: consiste na elaboração do tema da pesquisa e de uma questão norteadora que direcionará os estudos, os meios em que serão realizados essa revisão, suas intervenções e resultados. Nesse estudo apresentamos a seguinte questão norteadora: Quais são as ações educativas que devem ser implementadas pelos profissionais da saúde para prevenir a violência obstétrica?
2° Segunda etapa: consiste na busca em base de dados, serão utilizadas as seguintes bases encontradas na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Base de Dados de
Enfermagem (Bdenf), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Motor de busca de livre acesso à base de dados MEDLINE de citações e resumos de artigos de investigação em biomedicina (PubMed), utilizando os descritores: violência obstétrica, prevenção, educação e enfermagem. Os critérios de inclusão foram artigos dos últimos 6 anos, foram utilizados artigos anteriores devido a relevância das citações, nos idiomas inglês e português, os critérios de exclusão foram artigos repetidos, incompletos e que não atendam a questão norteadora.
3º Terceira etapa: Essa etapa tem como objetivo organizar as informações de forma concisa, elaborando um banco de dados de fácil acesso;
4º Quarta etapa: consiste em uma análise criteriosa dos estudos que foram inclusos e buscar em seu conteúdo informações que respondam à questão norteadora a partir das categorias temáticas. Essa análise deve ser realizada de forma crítica, visando buscar explicações em cada estudo para as variações nos resultados encontrados. A busca foi realizada através das bases de dados, posteriormente, após a exclusão dos critérios de exclusão, os artigos foram avaliados minuciosamente, estabelecendo os níveis de evidências consideráveis de cada estudo;
5º Quinta etapa: consiste na discussão dos resultados da avaliação crítica dos estudos incluídos, onde é verificado se há ligação e coerência dentro do que fora desenvolvido. A identificação de lacunas permite ao leitor apontar sugestões pertinentes à pesquisa;
6º Sexta etapa: deve incluir informações suficientes que permitam realizar a apresentação da revisão integrativa, onde o leitor avalia os resultados, os aspectos relativos ao tópico abordado, o detalhamento dos estudos incluídos e se eles estão de acordo com o estimado.
4.2 Local de Pesquisa
A estratégia PICO é usada para encontrar as respostas adequadas à questão norteadora, e foi considerada para especificar o processo de construção do método de pesquisa. Nessa estratégia, o acrônimo PICO significa P (pacient) paciente, I (intervention) intervenção, C (comparation group) grupo de comparação e O (outcome) resultado. Portanto, nesse estudo, configura-se como: P-Mulheres gestantes; I-Ações educativas realizadas por profissionais de saúde; C-Não aplicável a esta questão norteadora; O-Prevenção da violência obstétrica.32
Utilizando de locais que são bases de dados e bibliotecas virtuais que reúnem referências bibliográficas de documentos científicos e técnicos da área da saúde, o presente estudo foi realizado utilizando as bases de dados indexadas na BVS, Lilacs, Bdenf, Scielo, Medline, PubMed, utilizando os descritores: violência obstétrica, prevenção, educação e enfermagem, no período de 2019 a 2025, atendendo a todos os critérios de inclusão e exclusão.32
4.3. Amostra
4.3.1. Critérios de Inclusão
Os critérios de inclusão dos estudos científicos selecionados para revisão integrativa da literatura, foram artigos em Português e Inglês publicados de 2019 a 2025, que possuem as características completas de produção, artigos disponíveis na integra e que atingiam o objetivo da pesquisa, títulos que correspondem ao tema do trabalho e respondam a pergunta norteadora da pesquisa.
4.3.2 Critérios de Exclusão
Os critérios de exclusão foram trabalhos publicados antes de 2019, artigos em outros idiomas que não estejam em Português ou Inglês, repetidos ou fora do âmbito da temática, acesso incompleto e falta de características de produção completa, títulos não relacionados ao objetivo do trabalho e que não respondam a questão norteadora da pesquisa.
4.4 Estratégia de Busca de Dados
Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) são um vocabulário controlado desenvolvido pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME/OPAS/OMS), fundamentado no Medical Subject Headings (MeSH) da National Library of Medicine dos EUA. Este sistema é organizado de maneira hierárquica e traduzido para os idiomas espanhol, francês, inglês e português, visando facilitar a indexação da literatura técnica e científica nas áreas biomédica e de saúde.33
O DeCS/MeSH desempenha um papel essencial na indexação de documentos, permitindo a representação dos assuntos abordados em diferentes tipos de recursos informacionais. Todas as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) adotam o DeCS na indexação, enquanto a MEDLINE utiliza o MeSH. A recuperação de documentos pode ser realizada por meio da pesquisa de descritores de assunto, facilitando o acesso à informação.34
O acesso ao DeCS/MeSH é fundamental no processo de busca de informação, tanto na BVS quanto no PubMed, especialmente na construção de expressões de busca. Essa abordagem contribui para a padronização da terminologia utilizada em pesquisas, favorecendo a consistência na recuperação de dados relevantes.35
O DeCS inclui categorias específicas que não estão disponíveis no MeSH, permitindo a cobertura de temas relevantes para as regiões da América Latina e do Caribe. As atualizações do DeCS ocorrem anualmente, refletindo as dinâmicas da produção científica através da inclusão, eliminação e substituição de descritores e sinônimos.35
Em suma, o DeCS é uma ferramenta vital para a promoção da pesquisa em saúde na América Latina e no Caribe, oferecendo uma terminologia comum e acessível que apoia a busca e recuperação de informações científicas.
Para o presente estudo, foram realizados os seguintes cruzamentos por meio dos descritores, conforme apresentado no Quadro 6 a seguir:
Quadro 6. Apresentação dos descritores e operadores booleanos para cruzamento na BVS. UNIP. São Paulo; 2024.
Objetivo Geral | Objetivo Específico |
“Violência Obstétrica AND Prevenção AND Educação” | “Violência Obstétrica AND Prevenção AND Educação AND Enfermagem” |
4.5 Análise de Dados
A estratégia utilizada para análise de dados dos artigos científicos ocorreu em duas fases, após a extração de pesquisa de acordo com os descritores determinados: A primeira foi realizada através do estudo de materiais com título pertinente ao tema e o resumo dos mesmos. A segunda parte compreendeu a leitura integral dos artigos e conforme os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados.
Na primeira fase foram selecionados 53 artigos que abrangiam os critérios de seleção, as categorias temáticas e respostas para pergunta norteadora:
– Quais são as ações educativas que devem ser implementadas pelos profissionais da saúde para prevenir a violência obstétrica?
Após avaliação cautelosa dos artigos, ocorreu a classificação das características pertinentes ao tema abordado.
As informações extraídas foram organizadas em categorias temáticas para responder a questão norteadora da pesquisa. Esta etapa buscou identificar padrões, convergências e lacunas existentes nas publicações analisadas, promovendo uma discussão crítica e fundamentada.
4.6 Amostra Final dos Artigos Selecionados
A amostra final consistiu em 16 artigos, sendo o mais antigo publicado em 2019, e o mais recente em 2025. Esses estudos foram selecionados por atenderem plenamente aos critérios de elegibilidade e por contribuírem com evidências significativas sobre ações educativas na prevenção da violência obstétrica. A categorização dos dados permitiu a sistematização dos conteúdos e a identificação das práticas mais recorrentes, fortalecendo a relevância dos resultados apresentados nesta pesquisa.
Para apresentação dos artigos selecionados para essa revisão integrativa, foi desenvolvido o prisma com os descritores e base de dados, conforme Figura 1. No Quadro 8 encontram-se os artigos com até 6 anos que serão utilizados no desenvolvimento do estudo, onde também é destacado o seu nível de evidência.
O GRADE (Grading of Recommendatons Assessment, Development and Evaluaton), um sistema que foi desenvolvido por um grupo colaborativo de pesquisadores que visa à criação de um sistema universal, transparente e sensível para graduar a qualidade das evidências e a força das recomendações. Dentre as inúmeras instituições que o utilizam, temos a OMS (Organização Mundial da Saúde).36
Dessa forma, o GRADE se apresenta como um instrumento abrangente no processo de avaliação das evidências, abrangendo diversos fatores em sua análise. Nesse estudo sua aplicabilidade foi imprescindível para o desenvolvimento do nível de evidência dos artigos selecionados.36
O nível de evidência representa a credibilidade na informação utilizada em apoio a uma determina posição. No GRADE a qualidade da evidência pode ser classificada em quatro níveis: alto, moderado, baixo e muito baixo. Tais níveis são definidos da seguinte forma:36
Alto: há forte confiança de que o verdadeiro efeito esteja próximo daquele estimado. É improvável que trabalhos adicionais irão modificar a confiança na estimativa do resultado.
Moderado: há credibilidade moderada no efeito esperado. Trabalhos futuros poderão modificar a confiança na estimativa do resultado, podendo, inclusive, alterálo.
Baixo: a confiança no efeito é limitada. Trabalhos futuros provavelmente terão um impacto importante no resultado.
Muito baixo: a confiança no resultado é muito limitada. Há importante grau de incerteza nos achados.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo foi composto por 16 artigos que foram selecionados através de uma triagem inicial da leitura do título e resumo, após a triagem inicial foi realizada uma leitura criteriosa buscando no texto informações pertinentes, no qual fossem capazes de responder de alguma forma aos questionamentos do objetivo de pesquisa; os artigos selecionados respondem á questão norteadora, conforme a metodologia proposta. O processo de seleção dos artigos é representado através do fluxograma PRISMA, a seguir figura 1.
Figura 1 . Apresentação PRISMA, por meio de um fluxograma referente a coleta de dados. São Paulo. UNIP. 2025.

A revisão integrativa foi conduzida com base no modelo proposto por Mendes, Silveira e Galvão (2008), estruturado em seis etapas, apresentadas no Quadro 7 abaixo determinando cada síntese de estudo31:
Etapas da Revisão Integrativa | Síntese do estudo |
1. Identificação do tema e elaboração da questão de pesquisa | O tema definido foi “A violência obstétrica e as ações educativas dos profissionais de saúde para sua prevenção”. A questão norteadora formulada foi: Quais são as ações educativas que devem ser implementadas pelos profissionais de saúde para prevenir a violência obstétrica? |
2. Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão | Foram incluídos artigos disponíveis na íntegra, publicados entre 2019 e 2025, em português ou inglês, que abordassem ações educativas voltadas à prevenção da violência obstétrica. Foram excluídos estudos duplicados, incompletos, em outros idiomas ou que não respondessem à questão norteadora. |
3. Busca na literatura | A busca foi realizada nas bases de dados indexadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), LILACS, BDENF, SciELO, MEDLINE e PubMed, utilizando os descritores: “violência obstétrica”, “prevenção”, “educação” e “enfermagem”, combinados com operadores booleanos (AND). |
4. Análise crítica dos estudos selecionados | Após a seleção inicial por título e resumo, os artigos foram lidos na íntegra e avaliados quanto à sua relevância, metodologia, objetivos, resultados e nível de evidência. Utilizou-se o sistema GRADE para classificar a qualidade das evidências. |
5. Interpretação e discussão dos resultados | Os dados extraídos dos estudos foram organizados em categorias temáticas, com base em conteúdos recorrentes que respondessem à questão norteadora. A discussão foi realizada de forma crítica, evidenciando lacunas e convergências entre os estudos. |
6. Síntese e apresentação da revisão | Os achados foram organizados em quadros e categorias, com análise interpretativa, visando uma apresentação clara e objetiva dos resultados. |
Fonte: Elaborado pelos autores
O Quadro 8, que reúne uma lista dos artigos utilizados até 6 anos para o desenvolvimento do estudo. O quadro inclui informações detalhadas sobre os artigos selecionados, como o título do periódico, os autores e ano de publicação, a base de dados utilizada e o idioma, o tipo do estudo e o objetivo, os resultados e o nível de evidência de cada pesquisa. Os resultados descritos abaixo são oriundos do item 5 do método de pesquisa integrativa que responde a pergunta norteadora e a partir deles foram desenvolvidas as categorias. Esses artigos foram essenciais para embasar o estudo sobre violência obstétrica, oferecendo uma análise abrangente e diversificada do tema. Os artigos foram organizados de forma numérica crescente contendo a letra “A” antecedendo cada número simbolizando a palavra “Artigo”.
Quadro 8. Artigos Utilizados até 6 Anos para Desenvolvimento do Estudo. São Paulo. UNIP. 2025.





Fonte: Elaborado pelos autores.
Em conformidade com a análise da amostra final de 16 artigos utilizados nesta revisão integrativa evidenciou uma predominância significativa de publicações no idioma português, representando 68,75% do total, enquanto 31,25% foram publicados em inglês. Essa predominância de estudos em português reforça a importância da produção científica nacional sobre o tema da violência obstétrica, especialmente no contexto brasileiro.
Em relação às bases de dados de onde os estudos foram extraídos, a distribuição foi variada, dessa forma a base LILACS concentrou o maior número de artigos, com 37,5% da amostra, seguida pelas bases PubMed e SciELO, ambas com 25%, e a BDENF com 12,5%. A base Medline apresentou o menor percentual, com 6,25% dos artigos. Esses dados evidenciam a relevância das bases de dados latinoamericanas, especialmente aquelas voltadas à área da saúde, na disseminação de pesquisas sobre a temática abordada.Quanto ao ano de publicação, observou-se uma concentração significativa nos anos de 2022 e 2024, ambos com 25% das publicações. O ano de 2025 também apresentou destaque, com 18,75%, demonstrando a atualidade da discussão em torno da violência obstétrica. Os demais anos apresentaram os seguintes percentuais, sendo 2020 com 12,5%, 2019, 2021 e 2023, cada um com 6,25%. A distribuição temporal dos artigos reforça a crescente atenção da comunidade científica nos últimos anos para a construção de práticas humanizadas e respeitosas no cuidado obstétrico. Com o objetivo de sintetizar as principais estratégias para o enfrentamento da violência obstétrica, elaborou-se um infográfico que apresenta, de forma clara e objetiva, as ações educativas discutidas ao longo deste trabalho. Tais ações são fundamentais para a promoção de uma assistência obstétrica humanizada, ética e centrada na mulher. O material visa facilitar a compreensão e a disseminação de informações entre profissionais de saúde, gestantes e a comunidade em geral, contribuindo para a transformação das práticas de cuidado no contexto do parto e nascimento.
6 CATEGORIZAÇÃO DOS ARTIGOS
A categorização dos artigos selecionados foi conduzida com base em técnicas interpretativas aplicadas aos dados obtidos por meio do instrumento de coleta. Esse instrumento teve como objetivo estruturar e organizar as informações necessárias para a elaboração dos resultados do estudo.
Os dados analisados foram apresentados de forma qualitativa, por meio da técnica de análise de conteúdo, sendo sistematizados em categorias temáticas.
A categorização teve como finalidade agrupar elementos com características semelhantes em categorias específicas, possibilitando a identificação de padrões e relações entre os dados analisados. Tal procedimento visa, portanto, atender aos objetivos estabelecidos na pesquisa.
A abordagem metodológica adotada foi fundamentada no estudo de Carlomagno e Rocha (2016), que discorre sobre a criação e classificação de categorias para fins de análise de conteúdo. A categorização foi orientada por cinco diretrizes fundamentais:
1 Estabelecimento de regras claras de inclusão e exclusão, de modo que seja possível determinar com precisão quais conteúdos pertencem a cada categoria.
2 Exclusividade entre categorias, assegurando que um mesmo tema não seja classificado em mais de uma categoria.
3 Delimitação adequada das categorias, garantindo que cada uma seja suficientemente específica, sem abranger conteúdos heterogêneos.
4 Cobertura completa do conteúdo analisado, de modo que todas as informações estejam contempladas, utilizando a categoria “outros” apenas quando estritamente necessário.
5 Objetividade na classificação, evitando interpretações ambíguas ou subjetivas por parte dos analistas envolvidos.
Esses critérios foram fundamentais para assegurar a sistematização rigorosa e eficaz dos dados e temas emergentes durante a análise de conteúdo, proporcionando maior confiabilidade aos resultados obtidos.
A categorização foi estruturada em duas seções principais, destacando o objetivo geral e o objetivo específico da pesquisa proposta. Tais classificações foram determinadas atendendo as cinco diretrizes apontadas, respeitando os critérios de inclusão e exclusão, sem duplicidade entre as categorias, abrangendo o tema especificamente tratado, contemplando todo o conteúdo e com clareza e objetividade nas descrições.
A amostra final desta revisão integrativa foi composta por 16 artigos publicados entre 2019 e 2025, selecionados com base nos critérios previamente definidos. A análise crítica dos estudos possibilitou a identificação de padrões, lacunas e contribuições relevantes sobre as ações educativas realizadas por profissionais de saúde na prevenção da violência obstétrica. Os dados foram organizados em duas grandes categorias, divididas em seis categorias temáticas — três relacionadas ao objetivo geral e três ao objetivo específico da pesquisa. A partir dessas categorias, foram desenvolvidas subcategorias correspondentes, com base na categorização principal dos artigos, acompanhadas de trechos retirados dos artigos analisados para a sua comprovação científica, conforme apresentado nos quadros 9 e 10 respectivamente.
6.1. Identificação das Ações Educativas para a Prevenção da Violência Obstétrica
Quadro 9. Apresentação das categorias temáticas relacionadas ao objetivo geral.
CATEGORIAS TEMÁTICAS | SUBCATEGORIAS | FRASES EXTRAÍDAS DOS ARTIGOS |
Capacitar profissionais de saúde | Treinamentos Ações Educativas Educação continuada | “…É imperativo implementar iniciativas de conscientização e orientação dirigidas aos profissionais de saúde, com especial ênfase nos enfermeiros que atuam mais diretamente com a clientela. Isso pode ser alcançado através de programas de capacitação e campanhas preventivas, visando oferecer um atendimento humanizado e apropriado no contexto da assistência à saúde durante a gestação e o parto…”38 “…Em relação aos profissionais de saúde (segundo nível), é importante que recebem treinamentos e formação continuada para adotarem práticas baseadas em evidências científicas e tenham conhecimentos sobre direitos humanos e reprodutivos, assim como a respeito das diversas formas de prevenção de violência que podem ocorrer em serviços de saúde…”39 “…É imperativo desenvolver iniciativas de conscientização e formação para profissionais de saúde, por meio de programas de capacitação e ações preventivas, com ênfase nos profissionais de enfermagem que possuem maior proximidade com as pacientes, visando proporcionar um suporte eficaz e humanizado durante o parto, promovendo assim a saúde integral…”38 “…A capacitação inadequada e a falta de sensibilização sobre a importância dos direitos das mulheres durante o parto resultam em práticas que não são baseadas em evidências científicas, mas sim em tradições e procedimentos desnecessários.”41 “…Programas educacionais eficazes de pré-serviço e em serviço devem ser incorporados ao currículo dos profissionais de saúde…”37 |
Promover educação em saúde para gestantes e suas famílias | Direitos da gestante e da família Cuidados para o parto Apoio familiar | “…É fundamental informar esses indivíduos sobre seus direitos, que devem ser reconhecidos e respeitados ao longo de todo o processo de atendimento…”38 “…Indica-se a promoção de educação em saúde ainda no pré-natal para garantir que a parturiente tenha um parto adequado…”42 “…Todas as mulheres têm direito a obter informações sobre o seu estado de saúde e sobre quaisquer procedimentos a que forem submetidas, de forma clara, com respeito e compreensão…”52 “…Segundo a OMS, prover a informação às mulheres sobre seus direitos sexuais e reprodutivos, bem como, informá-las sobre uma assistência digna e justa no processo gravídico puerperal, pode auxiliar e, inclusive, evitar o desrespeito e práticas violentas contra as mulheres…”49 “…Práticas demonstravelmente úteis que devem ser estimuladas: respeito à escolha da mãe sobre o local do parto; respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto; respeito à escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e pós-parto; liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto; fornecimento às mulheres sobre todas as informações e explicações que desejarem…”51 |
Implementar estratégias técnicas de prevenção | Conhecimento técnico Condutas padronizadas Plano de parto | “…É evidenciado que para a parturiente ter uma assistência qualificada no parto, cabe aos profissionais de saúde a utilização dos conhecimentos científicos sistematizados e direcionados para as necessidades individuais de cada mulher, com foco para execução de um cuidado holístico e respeitoso, tornando a assistência ao ciclo gravídico-puerperal, menos mecânica e mais efetiva…”44 “…Da mesma forma, são indispensáveis ações destinadas a informar e reforçar a autonomia de mulheres, através da assistência pré-natal de qualidade, fornecimento de informações acerca de seus direitos, construção de plano de parto (recomendado pela OMS) e reforço do direito ao acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto, e pós-parto imediato…”43 “…Algumas estratégias que os enfermeiros podem adotar na prevenção da violência obstétrica são a educação e a informação, sendo que os enfermeiros podem fornecer informações claras e adequadas às mulheres sobre seus direitos durante o processo de gravidez, parto e pós-parto, bem como sobre as opções de cuidado disponíveis. Isso inclui explicar os procedimentos médicos, os riscos e benefícios, e obter o consentimento informado da mulher antes de qualquer intervenção…”41 “…A exemplo, uma efetiva consulta no período pré-natal em que todos os direitos da mulher são expressos e explicados pode assegurar que tenham seus direitos e protagonismo preservados durante o processo de parto, conforme recomenda o Ministério da Saúde (MS)…”49 |
Fonte: Elaborado pelos autores
6.2. Papel dos Profissionais de Enfermagem Frente a Situações de Prevenção a Violência Obstétrica
Quadro 10. Apresentação das categorias temáticas relacionadas ao objetivo específico.
CATEGORIAS TEMÁTICAS | SUBCATEGORIAS | FRASES EXTRAÍDAS DOS ARTIGOS |
Atuar na prevenção por meio de ações de enfermagem | Assistência a gestante Qualidade no apoio ao parto Acolhimento | “…Dentro desta perspectiva, a OMS destaca o papel da enfermagem obstétrica na prevenção da VO, dada a proximidade e vínculo dessa categoria profissional com as gestantes. Dessa forma, é de suma importância que enfermeiros atuem explicando de forma clara á mulher todos os processos a serem realizados, com esclarecimento de dúvidas; evitando a realização de procedimentos invasivos, que causem dor e que tragam riscos, salvo indicação estrita; ouvindo a paciente e junto á equipe, garantindo tratamento equânime, sem discriminações e humilhações; respeitando o direito de acompanhamento da escolha da mulher; orientando a gestante acerca de direitos relacionados á maternidade…”43 “…Diante dessa percpeção, a participação de enfermeiros obstétricos na assistencia ao trabalho de parto, parto e puerperio está ligada, diretamente, á qualificação do cuidado prestado. Ressalta a redução de praticas intervencionistas, indo ao encontro do movimento de humanização da assistencia ao binômio mãe-filho no ciclo gravídico puerperal…”45 “…A enfermagem desempenha uma função crucial na prevenção das violências obstétricas, exercendo um papel educativo em saúde tanto para a equipe de enfermeiros quanto para as mulheres…”38 “…O profissional de saúde desempenha um papel crucial nesse processo, sendo encarregado de fornecer informações pertinentes e orientações às gestantes, além de oferecer assistência durante o parto, garantindo segurança, conforto, respeito, cuidado e acolhimento…”38 “…O processo de parturição é um momento único e inesquecível na vida de qualquer mulher, no qual o cuidado despendido pelos profissionais deveria ser pautado no protagonismo da parturiente, tornando-o mais natural possível, uma vez que esse processo é fisiológico, normal e necessita essencialmente, na maioria das vezes, apenas de apoio, acolhimento, atenção e, fundamentalmente, de humanização…”46 |
Fortalecer o conhecimento técnico científico | Comunicação assertiva Empatia Humanização | “…Outras estratégias apresentadas pelos estudos, se referem á valorização do acolhimento a partir de escuta qualificada e a humanização do parto com a implementação do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), buscando-se a criação de vínculo entre gestante e equipe de saúde, com vistas ao impedimento de quaisquer tipos de VO nas maternidades…”43 |
“…Os enfermeiros devem comunicar com empatia, ouvindo atentamente as preocupações e preferências da mulher, respeitando suas escolhas e opiniões, e envolvendo-a ativamente nas decisões relacionadas ao seu cuidado obstétrico…”41 “…A comunicação eficaz surgiu como um fator crucial, destacando a importância de discussões abertas, o direito de ser informado e a promoção da independência das mulheres durante o parto. Essa ênfase na comunicação ressalta o papel crítico da capacidade dos profissionais de saúde de se comunicarem com as mulheres durante e após o parto…”40 “…A ideia da humanização garante melhoria na assistência, onde se busca ir contra práticas violentas, assim, substituindo técnicas mecânicas e hostis pelo modelo mais centrado na mulher como ser individual, por meio de um diálogo sadio entre usuários e profissionais de saúde…”44 “…O Brasil, apesar de não ter uma legislação federal específica sobre o tema que tipifique violência obstétrica, já conta com um amplo número de normativas que embasam o ordenamento à atenção humanizada ao parto e que deveriam ser cumpridas, melhorando a assistência, para diminuir mortes maternas e óbitos fetais…”48 | ||
Promover a mudança cultural e institucional | Reconhecimento da violência obstétrica Cultura institucional Aspectos éticos | “…A hierarquia e a autoridade dos profissionais expressas nos relatos das residentes revelaram a dominação do saber dos profissionais de saúde sobre o corpo da mulher, ferindo sua autonomia a respeito daquilo que pertence somente a ela e ao seu corpo…”50 “…Nos quais a hierarquia e autoridade dos profissionais permitiram o emprego de rotinas institucionais que violavam os direitos das mulheres a um cuidado respeitoso e ameaçavam o direito à vida, à saúde e à integridade física e psicológica…”50 “…Percebe-se que os profissionais de nível superior, especialmente os enfermeiros relacionam os maus tratos no parto a atitudes violentas de forma ampla, desde a violência verbal, expressa por palavras grosseiras e censura às parturientes…”45 “…Para que esse processo de mudança ocorra – efetivamente – é necessário que os hospitais e maternidades passem a ser locais acolhedores de fato, onde as mulheres possam ser esclarecidas sobre seus direitos e que tenham poder de escolha…”44 “…O termo violência obstétrica tem sido rejeitado entre os profissionais de saúde que atuam na assistência ao parto, sobretudo no Brasil…”47 |
Fonte: Elaborado pelos autores
Figura 2 . Apresentação INFOGRÁFICO, demonstrando as ações educativas para prevenção da violência obstétrica. São Paulo. UNIP. 2025.

Fonte: Elaborado pelos autores
Figura 3 . Apresentação GRÁFICO, demonstrando as distribuições das ações educativas para prevenção da violência obstétrica. São Paulo. UNIP. 2025.

Fonte: Elaborado pelos autores
6.3 Capacitar profissionais de saúde
Nesse estudo, identificamos que a discussão entre os autores Sousa, Leal, Batista e Hakim gira em torno da necessidade de capacitação dos profissionais de saúde, especialmente no contexto da assistência ao parto e à saúde da mulher, com foco em práticas baseadas em evidências, direitos humanos e atendimento humanizado.37,38,39,41Sousa enfatiza reiteradamente a importância da formação de profissionais de enfermagem por meio de programas de capacitação e campanhas preventivas, destacando a proximidade desses profissionais com as gestantes. Para ele, a qualificação constante é essencial para promover um cuidado humanizado e adequado.38
Leal amplia a discussão ao ressaltar que a formação dos profissionais deve ir além da técnica. Ele defende que esses profissionais recebam treinamentos continuados, com foco não só nas práticas baseadas em evidências, mas também em conhecimentos sobre direitos humanos e reprodutivos. Isso sugere uma abordagem mais abrangente e ética na prestação do cuidado, destacando que a violência institucional pode ocorrer mesmo em contextos tecnicamente corretos, caso não haja respeito à autonomia e dignidade da mulher.39
Nesse sentido, Batista reforça a crítica à prática atual ao apontar que a falta de capacitação adequada leva à reprodução de procedimentos desnecessários, muitas vezes sustentados apenas por tradição. Para ele, a ausência de sensibilização sobre os direitos das mulheres no parto resulta na manutenção de um modelo ultrapassado e, por vezes, violento de assistência obstétrica.41 Sua fala ecoa a de Leal ao denunciar a precariedade de um sistema que ainda carece de uma abordagem crítica e humanizada.39
Hakim, por sua vez, contribui para o debate propondo uma solução estrutural: a incorporação de programas educacionais eficazes nos currículos de formação dos profissionais de saúde, tanto na fase acadêmica quanto durante o exercício profissional.37 Ele sugere que o desenvolvimento de competências humanizadas e técnicas deve começar desde a formação inicial, o que dialoga com a proposta de Leal de uma formação continuada e com a ênfase de Sousa em capacitação constante.38,39
Há, portanto, uma concordância entre os autores quanto à necessidade de transformação na formação dos profissionais de saúde. Sousa e Leal convergem na defesa de práticas baseadas em evidências e na valorização do cuidado humanizado, com Leal acrescentando o foco nos direitos humanos.38,39 Batista contribui com uma crítica contundente à prática tradicional que ainda predomina, enquanto Hakim propõe a institucionalização dessa mudança por meio de reformas curriculares profundas.37,41
Em síntese, os autores defendem, com ênfases distintas, que a mudança nas práticas de assistência à gestante e à parturiente passa, inevitavelmente, pela reestruturação da formação dos profissionais de saúde. O investimento em capacitação continuada, sensibilização sobre direitos e incorporação de valores humanísticos e científicos desde a formação básica são apontados como caminhos indispensáveis para superar práticas obsoletas e garantir um atendimento digno e eficaz às mulheres.37,38,39,41
6.4 Promover educação em saúde para gestantes e suas famílias
Consolidando entre os autores Sousa, Lanzoni, Silva, Lopes e Ramos converge para um ponto central: a importância da informação como ferramenta de empoderamento e proteção dos direitos das mulheres durante o processo de gestação, parto e pós-parto.38,42,49,51,52 Sousa destaca, de forma objetiva, que os direitos das mulheres devem ser reconhecidos e respeitados durante todo o atendimento, evidenciando que a informação clara e acessível é um componente indispensável para a efetivação desses direitos.38
Lanzoni reforça essa ideia ao propor que a educação em saúde seja iniciada ainda no pré-natal. Para ele, informar a gestante desde o início do acompanhamento é essencial para garantir um parto adequado.42 Essa proposta se articula com a visão de Sousa, ao sugerir que o respeito aos direitos começa antes mesmo do momento do parto e requer um processo educativo contínuo.38
Silva amplia a discussão ao afirmar que todas as mulheres têm direito à informação sobre sua saúde e sobre os procedimentos aos quais serão submetidas. Ele destaca que essa comunicação deve ocorrer de maneira clara e respeitosa, o que reforça o caráter humanizado do atendimento.52 Sua fala dialoga com a de Ramos, que detalha práticas que colocam a mulher no centro do cuidado, como o respeito à sua privacidade, à escolha de acompanhantes e à liberdade de movimento.51
Lopes traz à tona uma perspectiva institucional ao citar a Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda o fornecimento de informações sobre direitos sexuais e reprodutivos como uma estratégia para prevenir práticas violentas e desrespeitosas.49 Assim, ele integra as contribuições dos demais autores e fortalece a ideia de que informar não é apenas uma boa prática, mas uma diretriz internacional respaldada por evidências e princípios éticos. 38,42,49,51,52
Por fim, Ramos apresenta de forma prática quais devem ser os pilares de um atendimento respeitoso: garantir o direito à informação, à autonomia e à escolha da mulher durante o trabalho de parto. Seus apontamentos não só se alinham com os demais autores, como também oferecem diretrizes concretas para a implementação de um modelo de assistência centrado na mulher.51 Dessa forma, todos os autores concordam que o acesso à informação é um direito fundamental, essencial para garantir segurança, respeito e dignidade no atendimento às mulheres durante todo o ciclo gravídico-puerperal. 38,42,49,51,52
6.5 Implementar estratégias técnicas de prevenção
Analisando entre os autores Nascimento, Azevedo, Batista e Lopes a discussão revela uma convergência em torno da necessidade de uma assistência obstétrica qualificada, humanizada e centrada na mulher, com foco na autonomia, na informação e no respeito aos direitos reprodutivos.41,43,44,49 Nascimento destaca que o uso de conhecimentos científicos direcionados às necessidades individuais das mulheres é essencial para promover um cuidado holístico e respeitoso, tornando o atendimento ao ciclo gravídico-puerperal mais efetivo e menos mecanizado. Essa visão propõe uma ruptura com modelos tradicionais de cuidado e aproxima-se de um paradigma centrado no sujeito.44
Complementando essa perspectiva, Azevedo enfatiza a importância de ações educativas no pré-natal que visem o fortalecimento da autonomia feminina. Para ele, garantir o fornecimento de informações claras sobre os direitos da gestante, além da construção do plano de parto e a presença do acompanhante, são medidas fundamentais recomendadas por organismos internacionais como a OMS.43 Essa abordagem dialoga com a proposta de Nascimento ao colocar a mulher como protagonista do seu processo de parto, o que só é possível por meio da informação e do respeito às suas escolhas.44
Batista aprofunda essa discussão ao destacar o papel estratégico dos enfermeiros na prevenção da violência obstétrica, especialmente por meio da educação e informação. Ele ressalta que a explicação clara dos procedimentos, riscos e benefícios, bem como a obtenção do consentimento informado, são práticas que não apenas empoderam a gestante, mas também garantem um cuidado ético.41 Assim, sua fala se conecta tanto com Azevedo, ao valorizar a informação como instrumento de autonomia, quanto com Nascimento, ao defender um cuidado que respeite as particularidades de cada mulher.43
Lopes, por sua vez, reforça a importância de uma consulta pré-natal efetiva como espaço privilegiado para a explicação dos direitos das mulheres. Ele sugere que, ao tornar esses direitos explícitos, é possível assegurar o protagonismo feminino durante o parto, conforme orientações do Ministério da Saúde.49
Dessa forma, os quatro autores convergem ao defender que o cuidado no ciclo gravídico-puerperal deve ir além da técnica, incorporando valores como respeito, individualidade e autonomia. O elo comum entre eles é a valorização da informação como ferramenta de transformação do modelo de assistência ao parto, promovendo uma atuação ética, consciente e centrada na mulher. 41,43,44,49
6.6 Atuar na prevenção por meio de ações de enfermagem
Em uma discussão enriquecedora entre os autores Azevedo, Paiva, Sousa e Medeiros, nota-se um ponto comum: a valorização do cuidado humanizado durante o ciclo gravídico-puerperal e o papel essencial da enfermagem obstétrica nesse processo.38,43,45,46 Azevedo destaca fortemente a importância da escuta ativa, do respeito à autonomia da mulher e da prevenção da violência obstétrica (VO), atribuindo à enfermagem a responsabilidade de garantir um atendimento digno, respeitoso e esclarecedor.43 Essa perspectiva encontra eco nas falas de Sousa, que também enfatiza o papel educativo da enfermagem tanto no cuidado às gestantes quanto na formação de outros profissionais da saúde.38
Paiva complementa esse diálogo ao relacionar diretamente a presença de enfermeiros obstétricos à qualificação do cuidado prestado, destacando que sua atuação contribui para a diminuição de práticas intervencionistas. Ao se alinhar com os princípios do movimento de humanização, o autor reforça a ideia de que a assistência baseada em evidências e no respeito à mulher é mais eficaz e segura, especialmente quando se evita intervenções desnecessárias.45 Essa perspectiva está em sintonia com a abordagem de Azevedo, que defende um cuidado menos invasivo, mais escutador e esclarecedor, promovendo equidade no atendimento.43
Sousa, por sua vez, amplia a discussão ao abordar a função educativa da enfermagem não apenas com as gestantes, mas também no âmbito da equipe multiprofissional. Ao assumir esse papel formativo, a enfermagem se posiciona como agente de transformação no combate à violência obstétrica, promovendo uma cultura de cuidado centrada no respeito, acolhimento e informação.38 Essa postura vai ao encontro da fala de Medeiros, que enfatiza o protagonismo da mulher no processo de parto, valorizando-o como um evento natural e fisiológico que, na maioria das vezes, requer mais apoio emocional do que intervenções médicas.46
Medeiros traz à discussão uma visão sensível e humanizada sobre o parto, reforçando que esse momento deve ser conduzido com foco na mulher, reconhecendo-a como protagonista de sua experiência. Para o autor, o cuidado deve ser orientado não apenas por protocolos técnicos, mas pelo respeito, atenção e acolhimento.46 Isso se alinha com a crítica de Azevedo e Sousa à prática de procedimentos desnecessários e à falta de escuta, que muitas vezes configuram formas sutis (ou explícitas) de violência obstétrica.38,43
Assim, a convergência entre os autores demonstra que, embora cada um traga enfoques específicos — seja o vínculo da enfermagem com as gestantes (Azevedo), a qualificação técnica (Paiva), a educação em saúde (Sousa) ou o protagonismo feminino (Medeiros) —, todos convergem para uma mesma direção: a necessidade de um cuidado obstétrico ético, respeitoso e humanizado. Essa discussão reafirma o papel da enfermagem como protagonista na transformação das práticas assistenciais e no enfrentamento da violência obstétrica.38,43,45,46
6.7 Fortalecer o conhecimento técnico-científico
Os autores Azevedo, Batista, Yalley, Nascimento e Martins abordam a humanização da assistência ao parto e a necessidade de uma abordagem centrada na mulher, com ênfase na comunicação eficaz e no respeito à autonomia das gestantes.40,41,43,44,48 Azevedo destaca a importância do acolhimento e da escuta qualificada no contexto do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), visando criar um vínculo de confiança entre gestante e equipe de saúde. Para ele, essa estratégia é fundamental para prevenir a violência obstétrica nas maternidades, ao promover uma relação mais próxima e respeitosa entre os profissionais e as parturientes.43,44
Batista complementa a proposta de Azevedo, enfatizando a comunicação empática como uma estratégia essencial para garantir que as mulheres sejam ouvidas de forma atenta e que suas preocupações e preferências sejam respeitadas. Ele defende que os enfermeiros devem estar ativamente envolvidos nas decisões do cuidado obstétrico, permitindo que as mulheres participem de forma ativa no processo. Essa abordagem reforça a ideia de Azevedo de que o vínculo criado através de uma escuta qualificada pode ajudar a evitar a violência obstétrica e promover um ambiente de respeito mútuo.41,43
Yalley, por sua vez, amplia a importância da comunicação eficaz, destacando que ela é um fator crucial na promoção da independência das mulheres durante o parto. Para ele, as discussões abertas e o direito das mulheres de serem informadas sobre seu estado de saúde e os procedimentos aos quais serão submetidas são fundamentais para garantir um parto mais seguro e respeitoso.40 Essa ênfase na comunicação vai ao encontro da proposta de Batista, que também valoriza a participação ativa da mulher nas decisões sobre seu cuidado.41
Nascimento reforça a ideia de humanização, afirmando que a melhoria na assistência obstétrica passa pela substituição de práticas violentas e mecânicas por um modelo centrado na mulher, no qual o diálogo saudável entre profissionais de saúde e gestantes desempenha um papel crucial. Ele argumenta que a humanização do parto não se resume apenas à mudança de práticas, mas envolve um processo de transformação cultural dentro das instituições de saúde, onde as gestantes são tratadas como seres individuais com direitos a serem respeitados e escolhas a serem feitas.44
Martins conclui a discussão ao trazer uma perspectiva mais institucional, observando que, embora o Brasil ainda não tenha uma legislação específica sobre violência obstétrica, já conta com um conjunto robusto de normativas que visam garantir a atenção humanizada ao parto. Ele sugere que essas normativas precisam ser cumpridas de forma rigorosa, para que a assistência seja aprimorada e, assim, reduzir as taxas de mortes maternas e óbitos fetais. Martins reforça que, apesar de haver diretrizes claras, o desafio permanece na implementação prática dessas políticas, o que se conecta com as propostas de humanização discutidas pelos outros autores.48
Em resumo, todos os autores convergem para a necessidade de uma mudança no modelo de assistência ao parto, que deve ser centrado na mulher, com ênfase na comunicação empática, no respeito às suas escolhas e no fortalecimento da autonomia. Enquanto Azevedo e Batista destacam a importância do acolhimento e da escuta qualificada, Yalley e Nascimento reforçam a centralidade da comunicação eficaz e da humanização no processo de parto. Martins, por sua vez, enfatiza a necessidade de um cumprimento rigoroso das normativas existentes, para garantir a efetivação desses princípios na prática.40,41,43,44,48
6.8 Promover a mudança cultural e institucional
A discussão entre os autores Menezes, Paiva, Nascimento e Portella aborda a questão da violência obstétrica, destacando como a hierarquia e a autoridade dos profissionais de saúde podem comprometer a autonomia das mulheres durante o parto e influenciar a qualidade do atendimento.44,45,47,50 Menezes critica a dominação do saber dos profissionais de saúde sobre o corpo da mulher, o que resulta na violação de sua autonomia. Segundo ele, essa hierarquia pode transformar o processo de parto em um procedimento mecanizado, em que as escolhas da mulher são secundárias, ferindo seu direito de decisão sobre o próprio corpo.50
A crítica de Menezes se estende às rotinas institucionais que, muitas vezes, violam os direitos das mulheres, como o direito a um cuidado respeitoso, além de ameaçar sua saúde física e psicológica.50 Essa visão é compartilhada por Paiva, que destaca que a violência obstétrica não se limita aos abusos físicos, mas também inclui atitudes verbais agressivas, como palavras grosseiras e a censura dirigida às parturientes. Para Paiva, esses comportamentos refletem uma cultura de desrespeito e desumanização nas instituições de saúde, que precisam ser revistas para garantir um atendimento mais respeitoso e ético.45
Nascimento complementa a análise de Paiva ao sugerir que a mudança efetiva nas práticas de parto só será possível se os hospitais e maternidades se transformarem em ambientes verdadeiramente acolhedores. Para ele, é fundamental que as mulheres sejam esclarecidas sobre seus direitos e que tenham poder de escolha sobre o modo como desejam viver o momento do parto. Sua proposta visa romper com a cultura de autoridade e hierarquia dos profissionais, favorecendo a autonomia das mulheres e promovendo um cuidado centrado em suas necessidades e preferências.44,45
Portella, por sua vez, observa uma resistência entre os profissionais de saúde, especialmente no Brasil, em reconhecer o termo “violência obstétrica”. Para ele, essa rejeição reflete uma dificuldade em admitir as falhas do sistema de saúde, que ainda perpetua práticas violentas sob o pretexto de uma abordagem técnica. Sua fala destaca a importância de um reconhecimento institucional da violência obstétrica, o que seria um passo crucial para a implementação de mudanças que protejam os direitos das mulheres no contexto do parto.47
Em síntese, os autores concordam que a hierarquia e a autoridade dos profissionais de saúde são fatores que contribuem para a violência obstétrica, e que é necessário um processo de transformação cultural e institucional para garantir um atendimento mais humanizado. Enquanto Menezes e Paiva destacam as consequências dessas práticas abusivas, Nascimento aponta soluções para um ambiente de parto mais acolhedor, e Portella alerta para a resistência institucional em reconhecer o problema. Todos convergem para a necessidade de garantir a autonomia das mulheres e respeitar seus direitos durante o parto, visando a construção de uma assistência mais justa e digna.44,45,47,50
A presente revisão integrativa demonstrou que a violência obstétrica permanece enraizada na prática assistencial, manifestando-se por meio de condutas desrespeitosas, intervenções desnecessárias e negligências que violam a dignidade e a autonomia das mulheres durante o ciclo gravídico-puerperal. Identificou-se que os principais determinantes desse fenômeno são a insuficiente formação técnica, ética e emocional dos profissionais de saúde, aliados a modelos assistenciais ainda pautados em hierarquias autoritárias. Em contrapartida, as ações educativas surgem como vetor transformador, capazes de promover uma cultura de cuidado humanizado e centrado na parturiente.
Nessa perspectiva, seis frentes de atuação mostraram-se interdependentes e complementares: capacitação continuada de equipes (25 %), educação em saúde para gestantes e famílias (20 %), implementação de estratégias técnicas baseadas em evidências (15 %), protagonismo da enfermagem na escuta ativa e no acolhimento (15 %), fortalecimento do conhecimento técnico-científico (15 %) e mudança cultural e institucional (10 %). Programas de formação na atenção primária, secundária e principalmente na terciária, inserção da violência obstétrica nos currículos acadêmicos, rodas de diálogo interprofissional e treinamentos periódicos constituem pilares para a adoção de práticas respaldadas pelo GRADE e pelas diretrizes da OMS e da PNAISM. A educação em saúde direcionada às gestantes e seus acompanhantes revelou-se essencial para o empoderamento feminino, fortalecendo o protagonismo na construção do plano de parto, o reconhecimento de direitos e os mecanismos de denúncia. Nesse sentido, propõe-se a criação de uma “caderneta da gestante” padronizada nacionalmente, contemplando orientações sobre práticas humanizadas, prevenção da violência obstétrica, fluxo de denúncias e referências aos protocolos legais, de forma a acompanhar de modo contínuo todo o processo gravídicopuerperal.
Do ponto de vista institucional, recomenda-se:
- Revisão e atualização da grade curricular dos cursos de graduação e especialização em saúde, incorporando conteúdos de direitos reprodutivos, ética e humanização do parto;
- Implementação de treinamentos institucionais regulares sobre atendimento obstétrico humanizado e comunicação assertiva;
- Inserção de protocolos anti-violência obstétrica nas normas internas dos serviços de saúde e fortalecimento dos mecanismos de supervisão e auditoria;
- Fomento a espaços de escuta das gestantes, envolvendo comissões interprofissionais e comitês de ética;
- Incentivo a pesquisas futuras que avaliem a efetividade de modelos de intervenção educativa para enfermeiros, como simulados, cartilhas, rodas de conversa e protocolos padronizados.
Reconhecem-se limitações inerentes à predominância de estudos em português e à escassez de investigações observacionais de longo prazo sobre o impacto dessas ações educativas. Assim, sugere-se ampliar o escopo de pesquisas, priorizando metodologias ativas de ensino, avaliação de resultados no ambiente clínico e análise das realidades regionais brasileiras. A prevenção da violência obstétrica demanda um compromisso institucional, político e acadêmico contínuo, fundamentado no respeito à dignidade humana e na valorização da autonomia feminina, para que o parto deixe de ser apenas um ato técnico e se consagre como uma experiência verdadeiramente humana.
7 CONCLUSÃO
Diante das evidências reunidas neste estudo, fica evidente que a violência obstétrica ainda representa uma grave violação dos direitos humanos e reprodutivos das mulheres, persistindo como prática silenciosa e muitas vezes naturalizada nos serviços de saúde. Mesmo com os avanços no discurso sobre humanização do parto, observa-se que a assistência ainda é marcada por uma orientação autoritária do cuidado, intervenções desnecessárias e condutas que desrespeitam a autonomia da mulher. Essa realidade denuncia a urgência de mudanças estruturais e culturais na formação dos profissionais e nas práticas institucionais que sustentam esse modelo de cuidado fragmentado e autoritário.
A revisão da literatura demonstrou que o conhecimento e a informação, tanto por parte das gestantes quanto dos profissionais, são ferramentas essenciais para a prevenção e enfrentamento da violência obstétrica. A educação em saúde, quando pautada no diálogo, no respeito e na valorização da experiência feminina, pode transformar a assistência, promover o empoderamento das mulheres e estimular uma prática clínica mais ética e sensível às singularidades de cada parto. Destaca-se, nesse processo, o papel da enfermagem como categoria estratégica, comprometida com a humanização e capaz de liderar mudanças por meio do cuidado centrado na mulher, da escuta ativa e da defesa de práticas baseadas em evidências.
Embora os estudos incluídos nesta revisão apontem caminhos promissores, ainda são necessárias mais investigações sobre os efeitos a longo prazo das ações educativas na redução da violência obstétrica, bem como sobre estratégias eficazes de implementação em diferentes contextos. Assim, reafirma-se que o combate à violência obstétrica deve ir além da denúncia e se constituir como compromisso ético e social de todos os envolvidos na atenção à saúde da mulher. Garantir uma assistência respeitosa, segura e livre de violência é não apenas uma meta de cuidado, mas um direito inegociável que precisa ser assegurado em cada parto, em cada nascimento e em cada história de vida.
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