AÇÕES DO ENFERMEIRO NA CONSULTA DE ENFERMAGEM NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM PUERICULTURA NO PRIMEIRO NO DE VIDA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11528096


Maria Dedi Abreu Da Silva;
Orientadora: Profª Enfª. MSc. Josy Lira Dias.


RESUMO

A puericultura é uma atividade produzida principalmente por profissionais de enfermagem nas unidades de Atenção básica à saúde e vem mostrando-se uma aliada ao combate de agravos na saúde a crianças. Objetivo: Analisar as principais estratégias de enfermagem na consulta de puericultura em crianças menores de 01 ano na atenção básica. Metodologia: Foi realizada uma revisão integrativa em estudos publicados em bases de dados como Scielo e Google Acadêmico nos últimos 18 anos sobre a temática. Pesquisa descritiva é uma das classificações da pesquisa científica, na qual seu objetivo é descrever as características de uma população, um fenômeno ou experiência para o estudo realizado. Como dito, na pesquisa descritiva é realizado um estudo detalhado, com coleta de dados, análisee interpretação dos mesmos. A pesquisa é realizada através de estudos, análises, registros e a interpretações dos fatos, pode estar ligada as características socioeconômicas de um grupo ou outras características que podem ser alterados durante o processo. Resultados e Discussão: Ao realizar esta revisão integrativa, temos ao utilizar os descritores: cuidado da criança (84.109); saúde da criança (140.730); criança (319.944); serviço de saúde da criança (13.964), presentes na Scielo e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). É na fase da infância que se define a formação humana, principalmente no que se refere à sua saúde. As atividades em puericultura têm como objetivo acompanhar o crescimento de crianças, de maneira a oferecer mecanismos de prevenção e tratamento de quaisquer agravos que possam vir a comprometer a saúde da criança. Conclusão: Nas publicações observou-se que a prática do profissional de enfermagem no acompanhamento em puericultura deve preocupar-se com o uso de tecnologia de cuidado e educação em saúde de maneira que contribua para que na infância o ser humano possa ser capaz de desenvolver suas potencialidades, orientado familiares/cuidadores acerca dos cuidados com a criança em seus primeiros anos de vida.De modo geral, as ações em atendimento de puericultura a crianças de 0 a 12 meses de vida estão sendo desenvolvidas adequadamente, entretanto, existes alguns estudos que demonstram que tais ações apresentam falhas devido à falta de repasse de determinadas informações, bem como quando tais informações são transmitidas à mãe e/ou cuidador foram passadas por estratégias ineficazes. 

Descritores: Cuidado da Criança; Saúde da Criança; Criança; Serviço de Saúde da Criança.

ABSTRACT

Childcare is produced mainly by nursing professionals in the basic attention to health and has shown a strong ally to combat diseases in health to children. Objective: to Analyze the main strategies of nursing childcare consultation on children under 01 year in the basic attention. Methodology: an integrative review was performed in studies published in databases like Scielo and Google Scholar for the past 18 years on the subject. Descriptive research is one of the classifications of scientific research, in which your goal is to describe the characteristics of a population, a phenomenon or experience for the study. As stated, in descriptive research is carried out a detailed study, with data collection, analysis and interpretation of them. The search is accomplished through studies, analyses, and interpretations of facts, can be on the socioeconomic characteristics of a group or other features. Results and discussion: when performing this integrative review, we have to use the descriptors: child care (84,109); child health (140,730); child (319,944); child health service (13,964), present in the Scielo and the Virtual Health Library (VHL). It is at the stage of childhood that defines the human formation, especially with regard to your health. Childcare activities aim to follow the growth of children, in order to provide mechanisms for prevention and treatment of any diseases that may compromise the health of the child. Conclusão: In the publications noted that the practice of professional nursing in monitoring in childcare should be concerned with the use of technology and education in health care in a manner that contributes to that in childhood the human being could be capable of develop their potential, family-oriented/caregivers about child care in their first years of life. Overall, shares in childcare service for children from 0 to 12 months of life are being developed properly, however, there are some studies that demonstrate that such actions fail due to the lack of transfer of certain information, as well as when such information is transmitted to the mother and/or carer were passed by ineffective strategies.

Descriptors: Child care; Child health; Child; Child health service.

INTRODUÇÃO

É na infância que se desenvolvem as potencialidades do ser humano, especialmente nos primeiros anos de vida, os cuidados nesta fase são necessários para evitar distúrbios que podem vir a afetar a vida adulta. A partir disso, é importante destacarmos o uso de tecnologias de cuidado e educação em saúde no sentido de garantir a qualidade de vida da população (GUBERT et al., 2015).

Na tentativa de tornar a vida da criança saudável e combater altos índices de mortalidade infantil, como na década de 90, passou-se a considerar ações que priorizassem o atendimento neonatal. A puericultura se dedica ao estudo do desenvolvimento das crianças e tem como objetivo comum com a Estratégia da Saúde da Família (ESF) (SAPAROLLI et al., 2011). Desta forma indaga-se: Quais são as Ações do Enfermeiro na Consulta de Enfermagem na Estratégia Saúde da Família em Puericultura no Primeiro ano de vida?  

Analisando a situação de saúde na atenção básica, tendo como destaque a saúde da criança, as atividades são poucas desenvolvidas pelas estratégias de saúde da família para menores de um ano. As ações de enfermagem na puericultura possibilitam que o atendimento seja organizado e atenda a demanda, ampliando o acesso aos serviços, além de garantir um acompanhamento satisfatório do crescimento e desenvolvimento da criança. 

O interesse pelo estudo da puericultura surgiu durante o trabalho de conclusão do curso, analisando a situação de atenção básica, tendo como destaque a saúde da criança, por observar que a atividade é pouco desenvolvida pelas estratégias de saúde da família para menores de 01 ano.   Teve como objetivo geral: Identificar entre as publicações nacionais sobre as ações do enfermeiro na consulta de enfermagem na estratégia saúde da família em puericultura no primeiro ano de vida. E com os seguintes objetivos específicos: Descrever a Estratégia Saúde da Família, Puericultura e Criança de 0 a 1 ano de vida; Analisar as principais Ações do Enfermeiro na Consulta de Enfermagem na Estratégia Saúde da Família em Puericultura no Primeiro ano de vida.

1 A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), desenvolvida pelo Ministério da Saúde através da Portaria nº 1.130, esclarece como lidar com as estratégias e dispositivos nas articulações das ações e dos serviços de saúde, gerando assim uma forma de melhorar a implementação das gestões estadual e municipal e pelos profissionais de saúde (BRASIL, 2015).

Na referida política podem ser destacadas algumas estratégias, tais como: aleitamento materno e alimentação complementar saudável; promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral; atenção à criança com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas; atenção à saúde de criança com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno (DAMASCENO et al., 2016).

Desde sua criação em 1994, o PSF gradualmente foi se tornando a principal estratégia para a ampliação do acesso de primeiro contato e de mudança do modelo assistencial. Pouco mais de dez anos depois, já então como eixo norteador da base do SUS, foi transformado em Estratégia de Saúde da Família, enunciada na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) em 2006, que posteriormente foi revisada em 2011 e 2017 (BRASIL, 2017).

Segue uma linha de pensamento, que o território deve ser considerado não só como um espaço geográfico, mas também social e político, e que este se encontra em permanente transformação, onde vivem grupos sociais definidos, em que se integram e interagem as condições de trabalho, de renda, de habitação, de educação, o meio ambiente, a cultura e as concepções acerca da saúde e da doença (ALMEIDA et al., 2011).

Segundo Campos (2011) as estratégias do enfermeiro na atuação de sua profissão, tem sido de grande proveito através da puericultura, pois esse projeto ajuda a manter um vínculo de confiança entre pais e profissionais levando assim ao maior índice de aproveitamento nas consultas, logo, as consultas de enfermagem tem por objetivos prestar assistência de forma global e individualizada (Figura 1). Podendo identificar problemas de saúde-doenças ou também promover saúde através de suas orientações adequadas.

Figura 1: A Estratégia Saúde da Família

Fonte: http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas  

1.1 PUERICULTURA

A puericultura trata-se de regras que auxiliam no cuidado, higienização, crescimento e desenvolvimento da criança, levando assim ao envelhecimento saudável, tendo como a prioridade é que essa criança viva no espaço e tempo determinado para sua idade e no melhor âmbito familiar. Logo, a cada consulta pode-se observar precocemente as mais diversas alterações nas áreas do crescimento, da nutrição e do desenvolvimento neuropsicomotor da criança (OLIVEIRA et al., 2013). 

No Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde, no contexto dos Programas Ministeriais são desenvolvidas equipes de acompanhamento multidisciplinar para o acompanhamento da curva de crescimento da criança de acordo com aquela estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), acatada pelo Ministério da Saúde desde 1994, que atualmente visa a cobertura de atenção básica da saúde e orientando-se pelos princípios da universalidade, humanização, participação social, vinculo, continuidade do cuidados, entre outros (SANTOS et al., 2016; GUBERT et al., 2015).

No que diz respeito à saúde da criança, especificamente, o Ministério da Saúde instituiu em 2015 a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), promovendo a sistematização dos eixos de ações que compõem os serviços de saúde relacionados à criança a partir das redes de atenção básica oferecendo o cuidado à criança (DAMASCENO et al., 2016). As consultas de puericultura surgem como um mecanismo de estratégia à saúde da família para acompanhar o crescimento da criança, desde a gestação até os 4 ou 5 anos de idade, sendo o profissional de enfermagem o destaque em tais ações no contexto da atenção básica (RIBEIRO et al., 2013).

Andrade et al., (2014); Damasceno et al., (2016); Low et al., (2009) indicam que a puericultura, segundo os enfermeiros entrevistados em sua pesquisa, configura-se como um momento de cuidados e de defesa da saúde infantil, avaliando as vulnerabilidades e potencialidades da criança, além de direcionar e encaminhar a outros profissionais, serviços e setores. Segundo o referido autor o atendimento em puericultura vai além da pesagem da criança, trata-se de uma ação interligada com outras ações de atenção básica da saúde, além disso, o aleitamento e introdução de novos alimentos a dieta do bebê.

A sistematização da assistência de enfermagem na puericultura possibilita que o atendimento seja organizado e atenda a demanda, ampliando o acesso aos serviços, além de garantir um acompanhamento satisfatório do crescimento e desenvolvimento da criança. A prática do profissional atuante na puericultura deve embasar-se não somente na aplicação de técnicas, mas expressar-se de forma atitudinal e relaciona, de maneira que a escuta ativa e a empatia estejam presentes no atendimento. Tal atendimento, inicia-se no prénatal, passando pela primeira consulta de puerpério, até as consultas agendadas nas unidades de saúde. Vale ressaltar a importância de uma equipe interdisciplinar, permitindo que os impactos sobre os diferentes autores nos processos de saúde-doença sejam acompanhados de maneira mais qualitativa (RIBEIRO et al., 2013).

A investigação quanto a alimentação da criança é uma das mais registradas pelos profissionais de enfermagem durante a consulta de puericultura, Oliveira et al. (2013) demonstra a avaliação de crianças entre 0 e 6 meses de idade nestas consultas devem levar em consideração o histórico de enfermagem, o exame físico, educação em saúde e acompanhamento da criança, assim, será possível obter resultados satisfatórios que irão contribuir para o crescimento saudável da criança. Nesta faixa etária, devem ser priorizados durante o atendimento de puericultura as seguintes informações: manutenção do aleitamento exclusivo, orientações sobre a higiene da criança, situação vacinal. 

1.2 CRIANÇA DE 0 A 1 ANO DE IDADE

A puericultura é a arte de promover e proteger a saúde das crianças, através de uma atenção integral, compreendendo a criança como um ser em desenvolvimento com suas particularidades. Apesar de ser uma especialidade iniciada em princípio na Pediatria, leva em conta a criança, sua família e o entorno, analisando o conjunto bio-psico-sociocultural, sendo também fundamental no acompanhamento das crianças as equipes da Estratégia da Saúde da Família. Tem como objetivo acolher a todas as crianças, dando assistência de forma integrada, realizando a vigilância do crescimento e desenvolvimento e monitorando os fatores de risco ao nascer e evolutivos; estimulando o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e complementado com alimentação da família, até os dois anos de vida; garantindo a aplicação das vacinas do esquema básico de imunização e, garantindo assim um atendimento de qualidade (BRASIL, 2012).

O MS recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida (na 1ª semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, consultas anuais, próximas ao mês do aniversário (Figura 2). Essas faixas etárias são selecionadas porque representam momentos de oferta de imunizações e de orientações de promoção de saúde e prevenção de doenças. As crianças que necessitem de maior atenção devem ser vistas com maior frequência (BRASIL, 2012). 

Figura 2: Criança de 0 a 1 ano de idade

Fonte: https://www.cmfc.org.br/sul/article/view/87

Crescimento: é um processo dinâmico e contínuo, expresso pelo aumento do tamanho corporal. Constitui um dos indicadores de saúde da criança. Ele é influenciado por fatores intrínsecos (genéticos) e extrínsecos (ambientais) entre os quais se destacam a alimentação, a saúde, a higiene, a habitação e os cuidados gerais com a criança, que atuam acelerando ou restringindo tal processo. Deve-se também levar em conta o crescimento intrauterino, pois diversas pesquisas atestam que alterações no crescimento fetal e infantil podem ter efeitos permanentes na saúde do adulto (BRASIL, 2013).

 O crescimento representa um dos fatores mais importantes da saúde da criança, sendo considerado como uma forma importante de conhecer e vigiar o estado geral da saúde de uma criança e o desenvolvimento sócio econômico e de saúde da comunidade onde ela vive. Parte desta avaliação é realizada por meio da verificação das medidas antropométricas. O enfermeiro deve ter consciência da importância da mensuração das crianças na puericultura, uma vez que estes refletem o estado de saúde da população infantil sob sua responsabilidade e permite evidenciar de maneira precoce os transtornos que afetam a saúde, a nutrição e o desenvolvimento da criança (FUJIMORE, 2009).

Durante o primeiro 01 ano de vida, um aspecto importante é o desenvolvimento afetivo, caracterizado pelo apego (vínculo afetivo básico). Por outro lado, o desenvolvimento é qualitativo, significa aprender a fazer coisas, evoluir, tornar-se independente e geralmente é um processo contínuo (BRASIL, 2010).

1.3 AÇÕES DO ENFERMEIRO NA CONSULTA DE ENFERMAGEM NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM PUERICULTURA NO PRIMEIRO ANO DE VIDA.

Dentre os meios de cuidado à saúde da criança, através da Estratégia Saúde da Família destacamos criação do Programa de Puericultura, que tem como objetivo realizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, orientar acerca da prevenção de acidentes conforme faixa etária. Nesta avaliação feita pelo profissional de enfermagem os históricos clínicos, acompanhar o desenvolvimento psicomotor, identificar e esclarecer dúvidas da mãe e membros familiares, observar a cobertura vacinal, estimular o aleitamento materno, além da orientação sobre a alimentação complementar e prevenir doenças à criança (GUBERT et al., 2015; SANTOS et al., 2016).

SILVA et al. (2011); ALENCAR et al. (2014), realizaram uma revisão integrativa da literatura visando identificar o conceito de família e os fatores associados à abordagem familiar na ESF, e concluíram que não era apresentado o conceito de família e não se encontravam orientações sobre como conduzir a ação profissional diante de questões levantadas sobre a dinâmica familiar nos documentos oficiais que orientam a ESF.

De modo geral, é importante dizer que o profissional em acompanhamento de puericultura deve estar alerta às necessidades da criança e da mãe ou cuidador, principalmente no primeiro ano de vida. Sabe-se que conjuntura atual da saúde no Brasil, muitos profissionais encontram-se atuando sob jornadas de trabalho abusivas, extremamente desgastados e isso pode levá-los a uma “escuta surda”, onde o atendimento à criança é feito mecanicamente e muitas informações necessárias são deixadas de lado durante o atendimento. Contudo, vale lembrar que o primeiro ano de vida da criança e as condições de sua saúde podem afetar todo seu crescimento e formação humana (DAMASCENO et al., 2016).

É imprescindível a detecção de déficits de peso e/ou estatura e também de casos de obesidade, a fim de evitar comprometimentos futuros à saúde da criança. Nesta perspectiva, a consulta de puericultura mostra-se, mais uma vez, como um instrumento de triagem na detecção precoce de riscos e agravos ao desenvolvimento infantil, além de ser o cenário no qual o profissional enfermeiro pode orientar pais e familiares na busca de promover um ambiente seguro e facilitador para que a criança se desenvolva de maneira saudável. (SANTOS, 2010)

1.4 PROTEÇÃO E CUIDADOS PARA CRIANÇAS E SUAS FAMÍLIAS EM SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA.

As situações de violência se apresentam para a Atenção Básica à Saúde num leque de novos desafios epidemiológicos para a saúde da criança, caracterizados por um forte componente psicossocial. Para um enfrentamento eficaz deste novo perfil de morbidade, a unidade básica de saúde precisa desenvolver uma atenção baseada em trabalho de equipe multiprofissional, com enfoque biopsicossocial do indivíduo, da família e da comunidade e forte parceria intersetorial infantil (ALMEIDA; ZANOLLI, 2011).

 Recomenda-se procurar ouvir, informar e discutir assuntos que dizem respeito às habilidades desenvolvidas e à maneira como a criança as explora, relacionando-as aos riscos de lesões não intencionais e às medidas para a sua prevenção (BARROS, 2008). Omissão do responsável pela criança em prover as necessidades básicas para o seu desenvolvimento físico, mental e social. São exemplos: privação de medicamentos e cuidados com a saúde da criança, descuido com a higiene, ausência de proteção contra o frio, o calor, privação de alimentos, falta de estímulos e condições para frequentar a escola. O abandonoé a forma extrema de negligência (FRANCO NETTO, 2008).

Toda forma de rejeição, depreciação e desrespeito cometidos contra a criança com o intuito de atender às necessidades psíquicas dos adultos. Cobranças e punições exageradas são formas de violência psicológica que podem trazer graves danos ao desenvolvimento da criança (MAGALHÃES, 2008).

1.5 METODOLOGIA

1.5.1 TIPO DE PESQUISA

Pesquisa descritiva é uma das classificações da pesquisa científica, na qual seu objetivo é descrever as características de uma população, um fenômeno ou experiência para o estudo realizado. Como dito, na pesquisa descritiva é realizado um estudo detalhado, com coleta de dados, análise e interpretação dos mesmos. Não há a interação ou envolvimento do pesquisador no assunto analisado (GIL, 2008).

A pesquisa é realizada através de estudos, análises, registros e a interpretações dos fatos, pode estar ligada as características socioeconômicas de um grupo ou outras características que podem ser alterados durante o processo. A pesquisa descritiva pode aparecer em diversos tipos de pesquisa, como documental, estudo de campo, levantamento, entre outras (OLIVEIRA et al., 2013; RIBEIRO et al., 2013).

1.5.2 NATUREZA DA PESQUISA

De acordo com Carneiro et al. (2015), a pesquisa quantitativa traduz em números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas, utilizam-se técnicas estatísticas. A pesquisa qualitativa é descritiva, as informações obtidas não podem ser quantificáveis, os dados obtidos são analisados indutivamente, a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. 

A metodologia adotada neste estudo consiste na realização de uma revisão integrativa. A revisão integrativa, é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular. A ampla amostra, em conjunto com a multiplicidade de propostas, deve gerar um panorama consistente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem (BREVIDELLI, 2008).

1.5.3 FONTES DE PESQUISA

Para a coleta de dados foi utilizado um recorte temporal de 18 anos (2000-2018) devido à expansão de publicações relacionadas a Prática Baseada em Evidencia (PBE). Definem como uma abordagem para a enfermagem que utiliza os resultados de pesquisa, o consenso entre especialistas conhecidos e a experiência clínica confirmada como bases para a prática clínica ao invés de experiências isoladas e não sistemáticas, rituais e opiniões sem fundamentação (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

A Prática Baseada em Evidências focaliza, em contrapartida, sistemas de classificação de evidências caracterizados de forma hierárquica, dependendo da abordagem metodológica adotada. Para auxiliar na escolha da melhor evidência possível, propõe-se uma hierarquia das evidências, segundo o delineamento da pesquisa, que é um dos itens a serem analisados nesta fase. Torna-se imperativo, portanto, tecermos pontuais considerações acerca de algumas fases do processo: coleta de dados, análise e discussão dos dados. Os modos de visualização podem ser expressos em tabelas, gráficos ou quadros, nos quais é possível a comparação entre todos os estudos selecionados e, logo, a identificação de padrões, diferenças e a sublocação desses tópicos como parte da discussão geral (BREVIDELLI, 2008).

Para que amostra dos artigos fosse homogêneo serão utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos completos, gratuitos, Idiomas português indexados na Biblioteca Virtual de Saúde Enfermagem e na Scielo. Os Descritores em Ciências da saúde (DeCS) que servem como uma linguagem única na indexação de artigos de revistas científicas, livros, anais de congressos, relatórios técnicos, e outros tipos de materiais, assim como para ser usado na pesquisa e recuperação de assuntos da literatura científica nas fontes de informação disponíveis na Biblioteca Virtual, dentre eles serão utilizados os descritores: cuidado da criança; saúde da criança; criança; serviço de saúde da criança.

Os critérios de exclusão foram o não atendimento ao período de publicação estabelecido, não atendimento aos descritores, a indisponibilidade online, e principalmente a falta de perspectiva de um profissional de enfermagem.

1.5.4 ASPECTOS ÉTICOS

Resolução COFEN nº 564 de 2017, aborda sobre o código de ética dos profissionais de enfermagem dispõe que a Enfermagem, trabalhando como direitos no Art. 87 – Ter conhecimento acerca do ensino e da pesquisa a serem desenvolvidos com as pessoas sob sua responsabilidade profissional ou em seu local de trabalho. Art. 88 – Ter reconhecida sua autoria ou participação em produção técnico-científica. Quanto as responsabilidades e deveres, busca atender as normas vigentes para a pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a especificidade da investigação. Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo à vida e à integridade da pessoa. Respeitar os princípios da honestidade e fidedignidade, bem como os direitos autorais no processo de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus resultados. Disponibilizar os resultados de pesquisa à comunidade científica e sociedade em geral e promover a defesa e o respeito aos princípios éticos e legais da profissão no ensino, na pesquisa e produções técnico-científicas (COFEN, 2017).

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao realizar esta revisão integrativa, temos ao utilizar os descritores: cuidado da criança (84.109); saúde da criança (140.730); criança (319.944); serviço de saúde da criança (13.964), presentes na Scielo e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

TABELA 1- Publicações encontradas na Scielo e na BVS, descritores: cuidado da criança; saúde da criança; criança; serviço de saúde da criança em fevereiro de 2019.

Fonte: BVS e Scielo.

Ao empregar os critérios de inclusão e exclusão descrito na metodologia, este universo reduziu para os quantitativos de publicação: 10 – cuidado da criança, 3 – saúde da criança, 2 – criança e 0 – serviço de saúde da criança.

TABELA 2- Publicações encontradas na Scielo e na BVS, descritores cuidado da criança; saúde da criança; criança; serviço de saúde da criança em março de 2019.

Fonte: BVS e Scielo.

Quadro Sinóptico:

Fonte: Estudos selecionados entre os anos de 2000 a 2018. BVS e Scielo.

Analisando os 14 artigos selecionados, o ano de que teve mais publicações relacionadas ao tema foi o ano de 2011 com 3 (quatro) publicações nesse ano, ano 2009, 1 (um) artigo, 2012, 1 (um) artigo, 2013, 2 (dois) artigos, 2014, 1 (um) artigo, 2015, 1 (um), 2016, 2 (dois) artigos, 2017, 2 (dois) artigos e 2018, 1(um) artigo. Quanto aos locais de publicação, foram 5 (cinco) em Rio de Janeiro, 4 (quatro) em São Paulo, 3 (três) em Brasília, 3 (três), 2 (dois) em Paraíba, 2 (dois) no Mato Grosso.

Tabela 3: Caracterização dos artigos selecionados por estado.

Fonte: BVS e Scielo.

 Na tabela número 3, os Estados que mais publicaram foram Rio de janeiro com 4 publicações e São Paulo e Brasília com 3 publicações, demonstrando que as publicações estão centradas no Sudeste principalmente. A desigualdade regional quanto a produção científica está associada às acentuadas diferenças na distribuição dos recursos científicos e tecnológicos (SIDONE; HADDAD; MENA-CHALCO, 2016).  

O Gráfico 1 ilustra a quantidade de publicações em cada ano no Brasil a respeito das Ações do Enfermeiro na Consulta de Enfermagem na Estratégia saúde da família em Puericultura no primeiro ano de vida. A possibilidade de no ano de 2011 ter uma quantidade de artigos maior, com 3 publicações, pode ser devido o Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).

Em 2013 tiveram 2 publicações, que podem ser devido a Portaria nº 1.020, de 29 de maio de 2013 que, institui as diretrizes para a organização da Atenção à Saúde na Gestação de Alto Risco e define os critérios para a implantação e habilitação dos serviços de referência à Atenção à Saúde na Gestação de Alto Risco, incluída a Casa de Gestante, Bebê e Puérpera (CGBP), em conformidade com a Rede Cegonha.

Em 2016 tiveram 2 publicações podem ser devido a Portaria nº 2.068, de 21 de outubro de 2016, que institui diretrizes para a organização da atenção integral e humanizada à mulher e ao recém-nascido no Alojamento Conjunto. I – favorece e fortalece o estabelecimento do vínculo afetivo entre pai, mãe e filho; II – propicia a interação de outros membros da família com o recémnascido; III – favorece o estabelecimento efetivo do aleitamento materno com o apoio, promoção e proteção, de acordo com as necessidades da mulher e do recém-nascido, respeitando as características individuais; IV – propicia aos pais e acompanhantes a observação e cuidados constantes ao recém-nascido, possibilitando a comunicação imediata de qualquer anormalidade; V – fortalece o autocuidado e os cuidados com o recém nascido, a partir de atividades de educação em saúde desenvolvidas pela equipe multiprofissional; VI – diminui o risco de infecção relacionada à assistência em serviços de saúde; e VII – propicia o contato dos pais e familiares com a equipe multiprofissional por ocasião da avaliação da mulher e do recém nascido, e durante a realização de outros cuidados.

No ano de 2017 tiveram duas publicações que pode está relacionado à Lei nº 13.438/2017 que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990), tornando obrigatória a adoção pelo SUS de protocolo que estabeleça padrões para a avaliação de riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças. De acordo com a Lei nº 13.438/2017, o artigo 14 do ECA passa a vigorar com o seguinte parágrafo 5º: É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico. A importância do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança na Atenção Básica, fortalecimento do vínculo familiar e das famílias com as equipes, ênfase no cuidado longitudinal e integral permitindo melhor avaliação e continuidade do acompanhamento do desenvolvimento e de seus agravos.

No ano de 2009, teve apenas 1 publicação, essa quantidade de publicações pode estar ligada a portaria nº 01, de 15 de janeiro de 2009, que estabelece regras de organização e funcionamento do Serviço de Assistência Materno-Infantil e Puericultura. Em 2012, teve 1 publicação, que pode ter sido devido a Portaria nº 1.591, de 23 de julho de 2012. Que estabelece os critérios para habilitação de Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) para fins de recebimento do incentivo mensal de custeio a que se refere o art. 4º da Portaria nº 2.490/GM/MS, de 21 de outubro de 2011.

Em 2014, teve 1 publicação, quantidade essa que pode ter sido devido a portaria Portaria nº 371, de 7 de maio de 2014 que institui diretrizes para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido (RN) no Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando a atual dimensão e complexidade das políticas públicas e a necessidade de fortalecimento dos eixos temáticos estratégicos desta Política para promover a integralidade do cuidado da criança, articulando as ações de saúde em todos os níveis de atenção, alinhando com a definição das condições estruturais necessárias para a implementação em todas as esferas de gestão do SUS.

No ano de 2015, teve 1 publicação, que pode estar relacionado com a Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015, que Institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A PNAISC possui as seguintes diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos, programas, projetos e ações de saúde voltadas para crianças.

 Em 2017 teve 1 publicação que pode ter influência com a Portaria nº Portaria nº 7.365, de 20 de dezembro de 2017, que teve por objetivo discutir os impactos desta lei e alinhar consensos para fortalecer a vigilância do desenvolvimento, a promoção e o cuidado da primeira infância no contexto da Lei 13.438/2017 e reafirmar que a caderneta de saúde da criança é o instrumento que deve orientar os profissionais na vigilância do crescimento e desenvolvimento a partir dos marcos do desenvolvimento, que não há evidência científica quanto a necessidade de uso de protocolos para avaliação de risco psíquico em crianças até 18 meses e que o Ministério da Saúde já orienta sua rede no uso de protocolos para autismo.

Gráfico 2: Ações de Enfermagem em Puericultura.

Fonte: Scielo e BVS.

No Gráfico 2 demonstra que a avaliação em puericultura com 5 citações e depois a orientações quanto a necessidade de acompanhamento no primeiro ano de vida com 4 citações, em terceiro lugar está um ponto importante que é escutar as necessidades dos pais para buscar soluções para que a criança possa crescer saudável.

Com a implantação da ESF, o enfermeiro obtém mais espaço e identidade ampliando o seu trabalho comunitário, assistencial e social. Por conseguinte, isso proporcionou maior visibilidade e oportunidade de atuação, tanto na assistência de enfermagem quanto na coordenação da equipe, na educação e promoção da saúde, identificando as necessidades de saúde das famílias e da comunidade, sobretudo no cuidado a saúde da criança (BACKES et al, 2012). Ademais, a criança/família deverá ser assistida, a partir de ações voltadas a promoção à saúde e prevenção de doenças para evitar eventuais agravos ou intercorrências da infância e consequente morbimortalidade (PINTO et al, 2010).

Nessa perspectiva, a puericultura é indispensável na construção do vínculo entre família, criança e equipe de saúde, uma vez que possibilita assistência integral que começa a partir dos seus primeiros dias de vida, pois permite detectar precocemente as mais diversas alterações nas áreas do crescimento, da nutrição e do desenvolvimento neuropsicomotor da criança resultando na vigilância e promoção da qualidade de vida (COSTA et al, 2014). 

Na puericultura sete consultas são recomendadas no primeiro ano de vida, iniciando essa oferta na primeira semana por se tratar de um momento pertinente para orientar quanto aos cuidados ao recém-nascido, imunizações, teste do pezinho, estimular aleitamento materno e sanar dúvidas, incluindo duas consultas no 2º ano de vida preferencialmente no 18º e no 24º mês. Após os dois anos de idade sugere-se que as consultas sejam anuais, próximas ao mês do nascimento (BRASIL, 2012). 

O trabalho da ESF, quando assumido de forma integral e resolutiva, torna-se uma ação complexa, pois exige dos profissionais um arsenal de atributos e recursos tecnológicos bastante diversificados e complexos, além de um processo de trabalho que objetive a qualidade das ações desenvolvidas. Esse processo se desenvolve mediante as várias atividades realizadas por profissionais da saúde que compartilham o mesmo ambiente físico e disponibilidade de recursos materiais. As ações desempenhadas pelos mesmos, embora sejam distintas, caracterizam-se por grande interdependência e complementaridade entre equipe de saúde (ASSIS et al., 2011).

A puericultura é uma ação onde a enfermeira atua realizando o acompanhamento periódico e sistemático da criança para avaliar o crescimento e desenvolvimento, oferece também orientações às mães sobre vacinação, prevenção de acidentes, aleitamento materno, higiene e identificação de agravos que implicam em intervenção efetiva e apropriada. Sugere-se que toda equipe trabalhe de forma intercalada ou conjunta com o objetivo de sensibilizar os usuários e possibilitar uma ampla oferta de atendimentos como consulta de enfermagem, consulta médica e grupos educativos (CAMPOS et al., 2011).

Eixos Temáticos:

1. A PUERICULTURA NOS PRIMEIROS DOIS ANOS DE VIDA.

De acordo com os 14 artigos selecionados, ambos nacionais, 10 abordam sobre esse tema e são os seguintes autores: (BRASIL, 2012); GUBERT, (2015); SANTOS, (2016); SILVA, (2011); ALENCAR, (2014); GARNELO, (2012); DAMASCENO, (2016); SANTOS MEA, (2010); FUJIMORE, (2009). Ao analisar os estudos e artigos publicados percebemos que, referente o assunto da puericultura, pouquíssimas quantidades de publicações foram realizadas durante o período de 2000 a 2018. Poucas foram as mudanças para o atendimento de acrianças de 0 a 1 ano de vida. Visto que é nessa fase que a criança mais precisa de atenção primaria. De acordo com CARNEIRO et al. (2015) o ser humano cresce em um processo dinâmico que ocorre rapidamente em diferentes fases da vida, no período intrauterino, nos primeiros dois anos de vida e na puberdade. Neste processo, demonstram a existência de uma maior vulnerabilidade nas fases iniciais de vida, principalmente relacionadas aos fatores nutricionais e metabólicos que podem vir a determinar questões vinculadas à saúde e bem-estar do indivíduo em sua vida adulta. 

Para GUBERT et al. (2015). É na infância que se desenvolvem as potencialidades do ser humano, especialmente nos primeiros anos de vida, os cuidados nesta fase são necessários para evitar distúrbios que podem vir a afetar a vida adulta. A partir disso, é importante destacarmos o uso de tecnologias de cuidado e educação em saúde no sentido de garantir a qualidade de vida da população.

SANTOS et al. (2016) aborda que, na tentativa de tornar a vida da criança saudável e combater altos índices de mortalidade infantil, como na década de 90, passou-se a considerar ações que priorizassem o atendimento neonatal. No Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde, no contexto dos Programas Ministeriais são desenvolvidas equipes de acompanhamento multidisciplinar para o acompanhamento da curva de crescimento da criança de acordo com aquela estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), acatada pelo Ministério da Saúde desde 1994, que atualmente visa a cobertura de atenção básica da saúde e orientando-se pelos princípios da universalidade, humanização, participação social, vinculo, continuidade do cuidados, entre outros. 

No que diz respeito à saúde da criança, especificamente, o Ministério da Saúde instituiu em 2015 a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), promovendo a sistematização dos eixos de ações que compõem os serviços de saúde relacionados à criança a partir das redes de atenção básica oferecendo o cuidado à criança (DAMASCENO et al., 2016).

Dentre os meios de cuidado à saúde da criança, através da Estratégia Saúde da Família destacamos criação do Programa de Puericultura, que tem como objetivo realizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, orientar acerca da prevenção de acidentes conforme faixa etária. Nesta avaliação feita pelo profissional de enfermagem os históricos clínicos, acompanhar o desenvolvimento psicomotor, identificar e esclarecer duvidas da mãe e membros familiares, observar a cobertura vacinal, estimular o aleitamento materno, além da orientação sobre a alimentação complementar e prevenir doenças à criança (GUBERT et al., 2015; SANTOS et al., 2016).

Assim, a consulta de puericultura, segundo Damasceno et. al. (2016), é uma tarefa de destaque dos profissionais de enfermagem na atenção básica, que atuam como educadores em saúde para o aprendizado da mãe e/ou cuidadores sobre questões nutricionais que podem acometer agravos à saúde da criança. 

A sistematização da assistência de enfermagem na puericultura possibilita que o atendimento seja organizado e atenda a demanda, ampliando o acesso aos serviços, além de garantir um acompanhamento satisfatório do crescimento e desenvolvimento da criança. A prática do profissional atuante na puericultura deve embasar-se não somente na aplicação de técnicas, mas expressar-se de forma atitudinal e relaciona, de maneira que a escuta ativa e a empatia estejam presentes no atendimento. Tal atendimento, inicia-se no prénatal, passando pela primeira consulta de puerpério, até as consultas agendadas nas unidades de saúde. Vale ressaltar a importância de uma equipe interdisciplinar, permitindo que os impactos sobre os diferentes autores nos processos de saúde-doença sejam acompanhados de maneira mais qualitativa (RIBEIRO et al., 2013).

Para Andrade et al. (2014); Damasceno et al. (2016); Ribeiro et al. (2013) indicam que a puericultura, segundo os enfermeiros entrevistados em sua pesquisa, configura-se como um momento de cuidados e de defesa da saúde infantil, avaliando as vulnerabilidades e potencialidades da criança, além de direcionar e encaminhar a outros profissionais, serviços e setores. Segundo o referido autor o atendimento em puericultura vai além da pesagem da criança, trata-se de uma ação interligada com outras ações de atenção básica da saúde, além disso, o aleitamento e introdução de novos alimentos á dieta do bebê.

Eixo 2: O CUIDADO QUANTO A ALIMENTAÇÃO NOS 6 MESES DE VIDA

De acordo com os 14 artigos selecionados, ambos nacionais, 2 abordam sobre esse tema e são os seguintes autores: (ALMEIDA; ZANOLLI, 2011) e (SANTOS MEA, 2010).

A investigação quanto a alimentação da criança é uma das mais registradas pelos profissionais de enfermagem durante a consulta de puericultura, Oliveira et al. (2013) demonstra a avaliação de crianças entre 0 e 6 meses de idade nestas consultas devem levar em consideração o histórico de enfermagem, o exame físico, educação em saúde e acompanhamento da criança, assim, será possível obter resultados satisfatórios que irão contribuir para o crescimento saudável da criança. Nesta faixa etária, devem ser priorizados durante o atendimento de puericultura as seguintes informações: manutenção do aleitamento exclusivo, orientações sobre a higiene da criança, situação vacinal. Foram enfatizadas somente questões relacionadas ao crescimento físico da criança, tais como verificação de estatura, perímetro cefálico e torácico, peso e reflexos.

Já nos estudos realizados por Carneiro et al. (2015) com relação a orientação das mães na consulta de puericultura quanto a alimentação da criança nos 8 primeiros meses de vida, verificou-se que há maior preocupação com a orientação e acompanhamento, especificando às mães a complementação da alimentação aos seis meses da criança, que apesar de várias crianças serem acompanhadas pelo serviço em puericultura, pouco menos da metade deste público não possui registro de orientação sobre a introdução da alimentação no prontuário. No primeiro ano de vida da criança é importante que tanto o profissional de enfermagem responsável pelo atendimento de puericultura, quanto a mãe e/ou responsável pela criança, fiquem atentos à curva de crescimento da criança, indicando que no sexto, sétimo e oitavo mês quando tal curva apresentar traçado horizontal ou descendente é importante investigar sinais ou sintomas de processos patológicos que poderão comprometer o bem-estar da criança.

Gubert et al. (2015) ressalta a importância dos cuidados com a higiene intima da criança nos primeiros meses de vida, principalmente no que se refere a troca de fraldas, cuidados no banho e condições de higiene da moradia da criança, são orientações essenciais que devem ser passadas durante a consulta de puericultura. Além disso, em seu estudo, o mesmo autor destaca que o enfermeiro em atendimento de puericultura deve alertar a mãe ou cuidador da criança sobre a frequência e características do sono do bebê, principalmente entre os 6 e 12 meses, quando a criança apresenta necessidade diária de horas dormidas em torno de 12 horas.

Santos et al. (2016) em sua pesquisa demonstra que os usuários da atenção básica de saúde acreditam que as ações educativas durante a consulta de puericultura desenvolvidas por meio do diálogo e orientações contribuem para o cuidado à saúde da criança, principalmente no que se refere à alimentação no período de 0 a 12 meses, sendo capaz de estimular mudanças coletivas e individuais, privilegiando a autonomia, cidadania e coresponsabilização dos serviços de atenção básica à saúde e da família.

Com isso, pode-se dizer que na pesquisa acima citada a prática do profissional de enfermagem na puericultura é permeada pela escuta, acolhimento e diálogo, utilizando-se de tecnologias relacionais tais práticas podem ser potencializadas de maneira a promover a identificação e resolução das problemáticas relacionadas à saúde da criança no contexto da Atenção Básica à Saúde (SANTOS et al., 2016).

Já para GIOVANELLA (2009) demonstra que o acompanhamento da criança no sistema de saúde brasileiro caracteriza-se principalmente pelo modelo biomédico, onde o familiar/cuidador é visto apenas como um receptor de informações, tal modelo de acompanhamento pode leva-lo ao não reconhecimento da importância do atendimento periódico da criança. 

Outro ponto destacado nesta pesquisa foi que o profissional se atrela a um atendimento mecânico, impossibilitando-o de perceber as diferentes maneiras que permeiam a vida da criança e do familiar/cuidador. Ressalta ainda que em seus estudos sobre puericultura no serviço de atenção básica à saúde no Brasil propõem-se ao monitoramento e controle de agravos na saúde, entretanto, muitas vezes o profissional repassa à família/cuidador patamares ideais de saúde distantes da realidade cotidiana dos sujeitos que ali buscam por atendimento (DAMASCENO et al., 2016).

Uma das ações da estratégia saúde da família e a atenção programada, a qual descreve como o encontro clinico de iniciativa do profissional de saúde, que se foca em aspectos do cuidado que não são considerados em um atendimento de uma condição aguda de condição crônica. Esse encontro se faz com base num plano de cuidado elaborado, revisado e pactuado entre a equipe de saúde e as pessoas usuárias (MENDES, 2012). 

Outra questão presente nas formas como as enfermeiras vêm a integralidade operacionalizada é a organização do trabalho na Atenção Básica através da Estratégia Saúde da Família. As enfermeiras consideram esta estratégia como sendo uma forma de organização da assistência em saúde que propicia o desenvolvimento da assistência integral a saúde. Pesquisas realizadas no âmbito da Estratégia Saúde da Família mostram que, de fato, essa forma de se organizar o trabalho em saúde propicia uma abordagem integral e integradora, numa perspectiva ampliada de promoção da saúde (CHIEZA, 2009).

Fica evidente que a integralidade deve ser fruto de uma articulação de cada serviço de saúde, considerando-se como serviço de saúde um centro de saúde, uma equipe da ESF, um ambulatório de especialidades ou um hospital e deve ser pensada no espaço singular do serviço e da ação de cada profissional de saúde. Assim, na ciência da Enfermagem, ao tentar construir indicadores para a avaliação da integralidade dos cuidados prestados no SUS, é preciso incorporar nos estudos a articulação das interfaces entre os saberes epidemiológicos e das ciências sociais, num diálogo participativo e inclusivo com os atores sociais do sistema de saúde. Ou seja, fica evidente que a integralidade é objeto que se presta às abordagens compreensivas e às metodologias participativas de pesquisa (MATOS, 2009).

Na prática profissional, o estudo mostrou a importância dos diferentes profissionais de saúde repensarem seus processo e instrumentos de trabalho, no senti do de verificar o quanto esses processos se aproximam ou se distanciam da assistência integral em saúde. Os elementos para sistematização da assistência de enfermagem apresentados pela CIPESC, constituem um referencial teórico-prático potente para efetivar isso na prática de enfermagem e importante para colaborar com a discussão da temática de integralidade nas outras práticas profissionais em saúde (EGRY, 2010).

Em estudo nacional referente a fatores associados a anemia em crianças brasileiras de 6 a 12 meses, os autores retratam prevalência de anemia de 65,45%, e associação com o baixo peso ao nascer e prematuridade. Uma das possíveis explicações dessa associação foi em relação às baixas reservas de ferro ao nascer, devido principalmente a prematuridade e baixo peso, e à maior demanda desse mineral para o crescimento (NETO, 2011).

Alguns indicadores como a baixa renda familiar per capita, baixa escolaridade, principalmente materna, maior número de filhos, elevada densidade de morador por cômodo, precárias condições de acesso a serviços públicos, como saneamento básico e energia elétrica, consumo alimentar inadequado, quanti e qualitativamente, dentre outros, caracterizam situações de insegurança alimentar e nutricional que predispõem ao risco de desenvolvimento de doenças carências, dentre elas a anemia ferropriva (MORAIS, 2014).

CONCLUSÃO

Essa pesquisa nos possibilitou as seguintes conclusões: a maioria das publicações com os descritores cuidado da criança; saúde da criança; criança; serviço de saúde da criança do Banco de dados SCIELO e BVS LILACS foram desenvolvidos no ano de 2000 e 2018. Este dado leva a supor que as publicações estão relacionadas com as legislações que abordam sobre a Puericultura na Saúde da Criança.

O atendimento em puericultura, uma das atividades de responsabilidade do profissional de enfermagem no contexto da Atenção Básica à Saúde, auxilia no cuidado, higienização, crescimento e desenvolvimento da criança em seus primeiros anos de vida. O objetivo deste estudo foi analisar as principais estratégias de enfermagem na consulta de puericultura em crianças menores de 01 ano na atenção básica. Assim, foi feita uma previsão integrativa sobre a temática, onde foram analisados 14 artigos, um dos meios de cuidado à saúde da criança no Brasil é desenvolvido pelo Programa de Puericultura, inserido pela Estratégia de Saúde da Família do Ministério da Saúde.

Nas publicações observou-se que a prática do profissional de enfermagem no acompanhamento em puericultura deve preocupar-se com o uso de tecnologia de cuidado e educação em saúde de maneira que contribua para que na infância o ser humano possa ser capaz de desenvolver suas potencialidades, orientado familiares/cuidadores acerca dos cuidados com a criança em seus primeiros anos de vida. Nos estudos acompanhados nesta revisão integrativa verificou-se que a algumas instituições de atenção básica da saúde durante a consulta de puericultura desconsideram significativamente o histórico de enfermagem, a educação em saúde e o acompanhamento da criança entre 0-6 meses, condicionando-se apenas a verificar fatores de ordem física da criança.

Outro ponto bastante discutido pelos autores verificados é a importância da amamentação e os cuidados com a inserção de novos alimentos à dieta da criança entre 0-12 meses, bem como sobre as características do sono da criança entre 6 -12 meses, sendo necessárias 12 horas dormidas à criança.

O profissional em acompanhamento de puericultura deve estar alerta às necessidades da criança e da mãe ou cuidador, principalmente no primeiro ano de vida. Sabe-se que conjuntura atual da saúde no Brasil, muitos profissionais encontram-se atuando sob jornadas de trabalho abusivas, extremamente desgastados e isso pode levá-los a uma dificuldade em ouvir os problemas e necessidades dos pais quanto ao acompanhamento com a criança, onde o atendimento à criança é feito mecanicamente e muitas informações necessárias são deixadas de lado durante o atendimento. Contudo, vale lembrar que o primeiro ano de vida da criança e as condições de sua saúde podem afetar todo seu crescimento e formação humana.

As ações são desenvolvidas pelo profissional de enfermagem que utiliza de seus conhecimentos a serviço do usuário, promovendo a assistência individualizada em prol do bem-estar da criança, levando em consideração circunstâncias sociais e econômicas nas famílias que se encontram. As estratégias do enfermeiro na atuação de sua profissão, tem sido de grande proveito através da puericultura, pois esse projeto ajuda a manter um vínculo de confiança entre pais e profissionais levando assim ao maior índice de aproveitamento nas consultas, logo, as consultas de enfermagem tem por objetivos prestar assistência de forma global e individualizada. Podendo identificar problemas de saúde-doenças ou também promover saúde através de suas orientações adequadas.

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