OPHIDIAN ACCIDENTS IN MANAUS-AMAZONAS BETWEEN THE YEARS 2012-2021
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8115265
SILVA, J. C.1
RODRÍGUEZ-CHACÓN, Z. M.2
RESUMO
O Brasil é o terceiro país, junto ao Vietnã, em número de acidentes com serpentes peçonhentas no mundo. As regiões do Brasil com as maiores taxas de acidentes ofídicos por 100.000 habitantes são o Centro-Oeste e o Norte. Esforços importantes e bem sucedidos têm acontecido no Brasil para diminuir esses tipos de acidentes. Entre eles estão: a produção e o controle de qualidade de soros antiofídicos, assim como o treinamento de profissionais de saúde no diagnóstico e manejo dessa classe de acidentes. No entanto, pouco se sabe sobre os determinantes dos acidentes ofídicos para poder planejar intervenções e reduzir o impacto desta condição de saúde. O presente trabalho objetivou estabelecer um perfil epidemiológico de acidentes ofídicos na região de Manaus entre os anos de 2012 e 2021. Foi observada uma maior frequência de acidentes com serpentes peçonhentas em homens de idade produtiva, na região metropolitana de Manaus, com maior incidência de serpentes dos gêneros Bothrops e Lachesis. Foi observada uma relação entre o aumento da incidência mensal de acidentes e a precipitação pluviométrica. A elevação do nível dos rios, faz com que essas serpentes, que habitam nas regiões em torno das margens do Rio Negro, se desloquem a procura de abrigo, causando o aumento de acidentes ofídicos na região.
Palavras-Chave: Serpentes. Peçonhentas. Antiofídicos.
ABSTRACT
Brazil is, together with Vietnam, the third country, in the number of accidents with venomous snakes in the world. The regions of Brazil with the highest rates of snake bites per 100,000 inhabitants are the Midwest and North. Important and successful efforts have been made in Brazil to reduce these types of accidents. Among them are the production and quality control of antivenom, as well as the training of health professionals in the diagnosis and management of this class of accidents. However, little is known about the determinants of snakebites, to plan interventions and reduce the impact of this health condition. The present study aimed to establish an epidemiological profile of snakebites in the region of Manaus between the years 2012 and 2021. A higher frequency of accidents with venomous snakes was observed in men of working age, in the metropolitan region of Manaus, with a higher incidence of snakes of the genera Bothrops and Lachesis. A relationship was observed between the increase in the monthly incidence of accidents and rainfall. The rise in the level of the rivers causes these snakes, which inhabit the regions around the banks of the Negro River, to move in search of shelter, causing an increase in snakebites in the region.
Keywords: Venom. Snakes. Antivenom.
1. INTRODUÇÃO
A picada de serpente é considerada um problema significativo em termos de incidência e gravidade. A apresentação clínica de envenenamento por picada de serpente levou a Organização Mundial da Saúde a incluir a picada de cobra na categoria de doenças tropicais negligenciadas em 2017 (OMS 2017). Estima-se que cerca de 5.500.000 de acidentes ofídicos ocorrem globalmente a cada ano, resultando em 1.841.000 envenenamentos e 94.000 mortes. As vítimas mais vulneráveis são muitas vezes membros das comunidades mais pobres (SILVA et al., 2020).
Por certo, o Brasil é o terceiro país, junto ao Vietnã, em número de acidentes com serpentes peçonhentas no mundo, atrás apenas da Índia e Sri Lanka (KASTURIRATNE et al., 2008). As regiões do Brasil com as maiores taxas de acidentes ofídicos por 100.000 habitantes são o Centro-Oeste e o Norte. No entanto, as taxas de acidentes no Nordeste tendem a ser altas, mesmo com grande percentual de subnotificação, pois o acesso à assistência médica é difícil (PINHO et al., 2001).
De fato, no Brasil já foram catalogadas 430 espécies de serpentes, das quais 70 são peçonhentas, pertencentes às famílias Elapidae e Viperidae (BERNILS & COSTA, 2021). Os principais gêneros de serpentes peçonhentas, dos quais se tem maior número de registro de acidentes no Brasil, são Bothrops (jararacas) com (90,0%), Crotalus (cascavéis) (7,7%) e Lachesis (surucucu-pico-de-jaca) (1,4%) que são da família Viperidae. O gênero Micrurus, (corais-verdadeiras) da família Elapidae, representa (0,5%) (OLIVEIRA et al., 2011).
A saber, as serpentes peçonhentas produzem toxinas em glândulas especializadas e têm um dispositivo adequado para sua inoculação, cuja função é imobilizar a presa, auxiliar na digestão e autodefesa. (BERNARDE, 2014). Elas possuem os dentes organizados em diferentes arranjos, que resultam em uma classificação em quatro categorias: áglifas, opistóglifas, solenóglifas e proteróglifas. As espécies que possuem a dentição áglifas, como Jiboias (Boa constrictor) e Sucuris (Eunectes murinus) não possuem presas inoculadoras de veneno (FRAGA et al., 2013).
De acordo com Fraga et al. (2013), as serpentes com a dentição solenóglifa possuem presas grandes, localizadas na região anterior da boca, que se deslocam pela movimentação do osso maxilar durante um ataque. As presas são como agulhas hipodérmicas, existindo um canal por onde a peçonha é injetada. Esses tipos de presas são encontrados em serpentes da família Viperidae, representada na região de Manaus pela Jararaca (Bothrops atrox), e pela Surucucu-pico-de-jaca (Lachesis muta).
Certamente, a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, e tem uma das maiores biodiversidades de serpentes. Muitas delas são peçonhentas, acontecendo assim inúmeros casos de acidentes ofídicos (envenenamentos) com esses animais (MANUIAMA & LIMA 2022).
Frequentemente, os incidentes com serpentes em toda a Amazônia ocidental são um grande problema de saúde pública devido à sua alta ocorrência, por isso é necessário conhecer as principais espécies responsáveis por causar mais incidentes em cada região. Na Amazônia, as principais atividades de trabalho são o extrativismo, a pesca e a caça (CAMARA et al., 2020), o que torna essa população mais vulnerável aos acidentes e a expõe a danos irreversíveis e até mesmo à morte. Um dos principais inconvenientes do atendimento de urgência é a dificuldade de obtenção de unidades de referência para esse atendimento, pois está concentrado no entorno da cidade. Os centros de saúde, para cuidar dessas intoxicações por serpentes, estão em áreas de acesso por via fluvial e rodoviária, sendo que na estação chuvosa não é possível o tráfego de veículos (CAMARA et al., 2020).
Atualmente, os dados de acidentes ofídicos são coletados por sistemas de notificação como: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/AM), Sistema Nacional de Informações sobre Toxicologia e Farmacologia (SINITOX/Fiocruz) e o Sistema de Informação Hospitalar (do Sistema Único de Saúde). Apesar de todos esses sistemas, os dados epidemiológicos disponíveis não descrevem a real magnitude do problema, o que pode ser devido à subnotificação de casos, entre outros fatores, considerando a dificuldade de acesso aos serviços de saúde em muitas cidades brasileiras (PINHO et al., 2001).
Apesar dos esforços importantes e bem-sucedidos no Brasil para diminuir os acidentes, incluindo a produção de soros antiofídicos, o controle de qualidade, e o treinamento de profissionais de saúde no diagnóstico e manejo de acidentes ofídicos, pouco se sabe sobre os determinantes desses acidentes para planejar intervenções e reduzir o impacto desta condição de saúde. Compreender as complexas interações ecológicas no ambiente é importante para prever, prevenir e controlar as medidas de risco de acidentes ofídicos (R.M RODRIGUES et al., 2020).
Maia et al. (2021) compararam o número de casos de acidentes ofídicos registrados no estado do Amazonas nos anos de 2018 a 2019, para estabelecer parâmetros profiláticos eficazes, a fim de reduzir os índices desses acidentes no Amazonas. Os autores realizaram uma coleta de dados no sistema de informação de agravos de notificação (SINAN), observando que o maior número de acidentes correspondeu a serpentes peçonhentas, sendo 79,58% do gênero Bothrops seguido de 13,44% do gênero Lachesis.
Também, no ano de 2020 foi iniciado um estudo sobre levantamento epidemiológico para estabelecer um perfil de acidentes ofídicos no Amazonas, entre 2010 a 2020. Esse trabalho observou uma maior frequência de acidentes ofídicos com homens em idade produtiva, na zona rural, e nos centros urbanos dos municípios do Amazonas, com as maiores incidências de serpentes dos gêneros Bothrops e Lachesis. A influência da precipitação pluviométrica, elevando o nível dos rios, faz com que essas serpentes e outros animais peçonhentos, que habitam nas regiões em torno das margens do rio Negro, se desloquem à procura de abrigo, e que com a perca de território, causem o aumento de acidentes ofídicos (MANUIAMA & LIMA 2022).
Finalmente, em 2021 a cheia dos rios em Manaus ultrapassou a maior marca já registrada, que foi em 2012 (SOUZA, L.V.P. de, 2021) havendo a necessidade de continuar os estudos para verificar a relação existente entre as cheias dos rios e os acidentes ofídicos nos últimos anos.
Portanto, o presente trabalho objetivou estabelecer um perfil epidemiológico de acidentes ofídicos no município de Manaus entre os anos de 2012 e 2021.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Descrição geral
O presente trabalho consiste em um levantamento de dados, referente aos casos de acidentes ofídicos no município de Manaus entre os anos de 2012 e 2021. Os dados foram obtidos mediante um levantamento documental na busca eletrônica, no banco de dados do Sistema de Informações de Agravos e Notificações (SINAN). A coleta de dados foi realizada entre os meses de agosto e outubro de 2022.
2.2 Localização da área de levantamento de dados
O estudo realizado inclui dados coletados dentro do município de Manaus, no estado do Amazonas, localizado na região norte do Brasil; é a região conhecida como Amazônia Ocidental.
Este estudo foca exclusivamente o município de Manaus, que possui aproximadamente 2.219.580 habitantes, e uma área de 11.401 Km² (figura 1).
Figura 1. Área considerada na coleta de dados.
Fonte: Google 2022
2.3 Análise de dados
Foram analisadas as seguintes variáveis: número de ocorrências por ano, faixa etária e gênero dos pacientes, mês e ano do acidente, identificação da serpente e tempo da ocorrência até a Intervenção médica.
Os dados foram apresentados em forma de médias mensais e anuais e em porcentagens, analisados com a ajuda do programa Excel, o qual também foi utilizado para a confecção dos gráficos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com os dados obtidos no presente trabalho, entre os anos de 2012 até 2021 foi registrada a ocorrência de 942 casos de acidentes ofídicos, (média anual de 94 casos), com coeficiente de 41,8 casos/100.000 habitantes, com média aproximada de 8 acidentes por mês (gráfico 1).
Gráfico 1. Número de acidentes ofídicos por ano na área urbana de Manaus nos anos 2012 até 2021.
A nível de todo o país, segundo Brasil et al. (2019), há uma estimativa de 29.000 casos de acidentes ofídicos a cada ano, com uma média de 125 mortes. Devido a esse número impressionante de casos, em 2009, a Organização Mundial da Saúde decidiu incluir esses incidentes na Lista de Doenças Tropicais Negligenciadas.
Os Acidentes Ofídicos no Brasil, são o segundo tipo de envenenamento mais comum nos seres humanos, perdendo apenas para intoxicações por medicamentos (MORAES et al., 2021).
Após uma diminuição de acidentes ofídicos entre os anos de 2015-2018, nos últimos anos (2019-2021), a perda de áreas de vegetação nativa e o isolamento da população, devido à pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, propiciaram o aumento de animais silvestres na área urbana de Manaus. Em 2013, Fraga et al. já mencionaram como animais silvestres mais comuns da área urbana de Manaus as serpentes, muitas delas peçonhentas, causando diversos acidentes ofídicos na região.
Esses acidentes ofídicos ocasionam numerosos casos de intoxicação. Segundo Lopes (2017), as serpentes são a principal causa de intoxicação por animais na região Norte, contrariando o perfil do país, que mostra maior incidência de acidentes com escorpiões.
Adicionalmente, o aumento do nível do rio Negro durante a cheia, é um fator a ser correlacionado com o aumento de acidentes ofídicos. Souza (2021) menciona que o rio Negro atingiu a maior cheia em 2014 em relação aos anos anteriores, atingindo a marca de 29,50cm de acordo com a Agência Nacional de Água (ANA); ele observou que a maioria dos acidentes ofídicos aconteceu quando o nível do rio Negro aumentou, sendo que em 2021 o rio Negro atingiu seu maior nível, chegando a 30,02cm.
Com relação à sazonalidade, de acordo com Waldez & Vogt (2009), a maior parte dos acidentes ocorreu durante o período fluvial de nível mais alto das águas (cheia) e mais de 80% dos acidentes aconteceram no ambiente de terra-firme.
No presente estudo, no que se refere à sazonalidade, os meses de janeiro e abril foram os de maior incidência de acidentes ofídicos (gráfico 2), que são os meses de cheia do rio Negro (novembro a julho), como constatado perante análise no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (FILIZOLA et al., 2009), corroborando o apresentado por WALDEZ & VOGT (2009) sobre incidência desses acidentes.
Gráfico 2. Sazonalidade dos acidentes ofídicos nos anos 2012/2021 por mês na área urbana de Manaus.
Já no que se refere aos principais gêneros de serpentes responsáveis pelos acidentes ofídicos, os dados obtidos no presente trabalho mostram que a maioria corresponde ao gênero Bothrops, (figura 2) refletindo as condições nacionais como evidenciado por outros estudos (LOPES et al., 2017).
Também, Oliveira & Martins (2001) observaram uma maior ocorrência noturna para acidentes com B. atrox (figura 2), que pode estar relacionado ao fato de o estudo ter sido desenvolvido em Manaus, onde o uso da energia elétrica pode ter determinado aumento na atividade humana noturna na região. No presente trabalho não foi possível obter informações sobre o horário exato dos acidentes para confirmar essas ocorrências.
As informações colhidas neste estudo indicam que, em 10 anos, houve 942 casos de envenenamento por serpentes peçonhentas em Manaus. Encontrou-se referência aos gêneros que causaram os acidentes, sendo que 735 casos (78%) foram causados por Bothrops (figura 2), 32 casos (3%) por Lachesis (figura 3), 76 casos (8%) por serpentes não peçonhentas, e 98 casos (11%) ignorados. Não foram registrados casos de envenenamento pelo gênero Micrurus (Gráfico 3).
Este trabalho também avaliou a proporção de acidentes em seres humanos de acordo com o sexo, obtendo-se dados que indicam 743 pacientes do sexo masculino (77%) e 199 do sexo feminino (23%), sendo que 499 homens e 177 mulheres estavam na faixa etária mais recorrente de 15 a 59 anos (Tabela 1).
Gráfico 3. Principais gêneros de serpentes envolvidas nos acidentes ofídicos nos anos 2012/2021 na área urbana de Manaus.
A maioria dos pacientes se encontram em idade produtiva, entre 15 e 59 anos (90%), observando um número expressivo de acidentes em indivíduos a partir dos 15 anos de idade, tanto para sexo masculino quanto para sexo feminino.
Tabela 1. Faixa etária e sexo de pacientes envolvidos nos acidentes ofídicos nos anos 2012/2021 na área urbana de Manaus.
De acordo com Azevedo et al. (2021), com relação aos acidentes ofídicos no Brasil durante o período de 2007 e 2011, a maior parte dos casos envolviam indivíduos do sexo masculino, aproximadamente 74,60%, enquanto pacientes do sexo feminino apresentaram 25,4%, demostrando uma semelhança com a casuística observada nesta pesquisa.
De maneira similar, Lopes et al. (2017), realizaram um estudo em toda região Norte, entre os anos de 2012 e 2015, no qual o tempo médio entre a picada e o atendimento médico foi de 1 até 3 horas, apresentando 31,2 % das notificações, sendo seguido pelo intervalo entre 3 e 6 horas, com 21,9% das notificações. Consta-se uma semelhança com a casuística observada no presente trabalho, sendo que o tempo 1-3 horas apresentou uma porcentagem maior devido possivelmente ao fato de nosso trabalhos se referir à área Metropolitana, onde existe maior acesso a unidades de saúde.
No presente trabalho, em 18% dos casos, foi registrado que os pacientes procuraram imediatamente um hospital, 41% levaram até 3 horas para procurar uma intervenção médica após o envenenamento, 22% levaram até o dobro do tempo para procurar ajuda profissional e apenas 5% esperaram mais de 1 dia após a picada para procurar um serviço médico (Gráfico 4).
Gráfico 4. Tempo estimado em porcentagem de acidentes ofídicos nos anos 2012/2021 na área urbana de Manaus.
Apesar de Manaus estar se tornando uma grande metrópole bastante desenvolvida, observamos um alto percentual de vítimas, com demora em procurar de imediato um serviço médico após o envenenamento, podendo-se assim sugerir programas de educação ambiental nas comunidades, a fim de diminuir esses resultados.
Acrescenta-se que a maioria das pessoas vitimadas reconheceu, segundo Borges et al. (1999), a causalidade do acidente, por não terem visualizado com antecedência a serpente, mesmo no período diurno. Estes resultados afirmam que, conjuntamente com o aumento da atividade humana em áreas de mata, a camuflagem excepcional e o comportamento agressivo de B. atrox seriam importantes fatores causadores dos acidentes na região.
Outrossim, vale ressaltar que o soro antiofídico tem sido o mais indicado ao longo dos anos para o tratamento de acidentes ofídicos. Tendo em vista a importância da realização de um atendimento precoce, se o uso do soro for necessário, os pacientes devem receber o medicamento o mais breve possível para que a peçonha seja rapidamente neutralizada no organismo (Silva et al., 2021).
4. CONCLUSÃO
No presente estudo, observou-se uma grande variação no número de acidentes ofídicos ocorridos na cidade de Manaus, entre os anos de 2012 até 2021, que acometeram principalmente indivíduos em idade produtiva do sexo masculino.
Com relação aos gêneros de serpentes mais registrados, foi observada uma maior incidência de acidentes do gênero Bothrops (jararacas), seguido do gênero Lachesis (surucucus).
A maior incidência de acidentes ofídicos nos anos de 2014 e 2021 na cidade de Manaus, coincide com as maiores cheias dos últimos anos.
O aumento no número de casos de acidentes ofídicos na cidade de Manaus, no ano de 2021, pode estar relacionado com a maior cheia já registrada e o período de pandemia, em que os animais estiveram mais próximos das populações.
A diminuição no número de acidentes quando comparados os anos 2012- 2014 aos anos seguintes pode estar relacionada, não somente à diminuição no nível das águas, mas também à ocupação pelo homem que leva a uma perda progressiva do habitat para serpentes e outros tipos de animais.
Estima-se que o tempo médio relativo, do momento do acidente até os primeiros atendimentos médicos, em um serviço de emergência adequado, na maioria dos pacientes (59%) é de até 3 horas, um tempo ainda longo quando se trata de acidentes ofídicos.
Sugere-se ampliar a pesquisa em um próximo trabalho, para analisar os aspectos epidemiológicos. Nesse sentido recomenda-se uma coleta de dados analisando individualmente os pacientes acidentados por ano, mediante o prontuário médico da Fundação de Medicina Tropical da região.
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1Discente do Curso de Graduação em Ciências Biológicas da UNL., johnnbiocosta@gmail.com
2 Dra. em Biologia de Água Doce e Pesca Interior (INPA), Mestre em Produção Animal (UFSM), Engenheira Agrónoma com ênfase em Zootecnia (UCR), Profa. na UNL, zenia.r@live.com