ACIDENTES DE TRABALHO POR AGENTES BIOLÓGICOS NA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR

OCCUPATIONAL ACCIDENTS DUE TO BIOLOGICAL AGENTS IN HOSPITAL CARE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10725100


Victor Nunes Cavalcanti¹;
Pedro Marco Karan Barbosa².


Resumo

Acidente de trabalho normalmente acaba por ocasionar lesão corporal ou perturbação funcional, que pode até resulte em morte, perda ou redução da capacidade laboral, de maneira permanente ou temporária. Neste sentido nosso propósito de pesquisa é o de identificar os agentes de risco responsáveis pelos acidentes de trabalho ocorridos com profissionais da equipe de enfermagem expostos ao risco biológico. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, longitudinal de caráter retrospectivo e análise documental, onde a coleta de dados foi feita através do acervo histórico de documentos ocupacionais do SESMT, com o registro dos profissionais da saúde submetidos a acidente com o agente biológico, totalizando 168 profissionais, destes 137 eram da equipe de enfermagem. Para a análise considerou todos os profissionais da saúde que sofreram acidentes de trabalho com abertura de CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho no período de 2013 a 2022. Os resultados demonstram que dos 137 profissionais de enfermagem acidentados, 81,5% foram técnicos de enfermagem, 70,2%, acidentes com perfurocortantes, 29,8% com fluidos biológicos. No tangente ao local, 73,8% estão relacionadas as mãos e 26,2% a face. Ao concluirmos, entendemos que a enfermagem tem em sua essência a aproximação do doente para execução de procedimentos, não somente técnicos, como também no ato de acolher as necessidades que muitas vezes o paciente não consegue executar sem o auxílio deste profissional.

Palavras-chave: Acidente de Trabalho, Enfermagem; Exposição Ocupacional; Fatores biológicos.

1 INTRODUÇÃO

A definição de acidente de trabalho se dá quando ocorre durante o exercício do trabalho ou a serviço da empresa, ocasiona lesão corporal ou perturbação funcional, que resulte em morte, perda ou redução da capacidade laboral, de maneira permanente ou temporária1. Classificam-se como: acidentes típicos, que são àqueles que ocorrem quando o trabalhador está exercendo suas atividades no ambiente de trabalho, ou durante a jornada de trabalho; e os acidentes de trajeto, que são àqueles que ocorrem quando o trabalhador faz o trajeto de sua casa para o trabalho, ou deste para a sua residência; ou ainda, as doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho2.

Para os trabalhadores da área da saúde, um dos mais relevantes riscos laborais aos quais estão expostos é o de acidentes com material biológico. Este tipo de ocorrência enseja grande preocupação, em razão de sua nocividade para a saúde do trabalhador e tem maior prevalência entre os profissionais da enfermagem e assistência, pois as particularidades que envolvem as atividades desses profissionais na assistência aos doentes em geral os deixam constantemente expostos aos agentes biológicos com significativo potencial de risco para a saúde humana3.

Acidentes biológicos são aqueles causados por microrganismos como bactérias, fungos, vírus e outros. São capazes de desencadear doenças devidas à contaminação e pela própria natureza do trabalho. Pode ocorrer de quatro maneiras ou vias diferentes: a) exposição percutânea – quando o acidente envolve perfurocortante que provoque incisão/perfuração que atravesse a barreira cutânea; b) exposição mucosa; c) exposição em pele não íntegra quando há contato direto com tecido cutâneo que apresente corte, arranhadura, dermatite ou qualquer injúria; d) e, finalmente, por arranhaduras ou mordeduras quando envolvem presença de sangue. É oportuno esclarecer que o contato com a pele íntegra não oferece risco de contaminação já que a pele é uma barreira física bastante eficiente4.

Quadro 1. Tipos de Exposição com risco de contaminação com material biológico

Fonte: Cunha (2017) 4

Frisa-se que todo acidente do trabalho ou doença profissional deve ser comunicado pelo empregador do regime geral, os seja, que admitam funcionários de acordo com a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, ao Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS, sob pena de multa em caso de omissão. A comunicação é feita através da Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT, a ser feita no mesmo dia do acidente de trabalho (em caso de óbito) e em até um dia útil após o fato ocorrido. Tal sistemática configura o INSS como uma importante fonte de dados para levantamento de acidentes de trabalho, inclusive de acidentes com exposição a material biológico5.

Outro aspecto relevante é que de posse do conhecimento relacionado ao agente de riscos responsáveis pelos acidentes de trabalho, propicia a construção de ações corretivas bem como processos correção de lacunas educacionais de base como um dos meios de auxiliar na prevenção dos acidentes de trabalho em questão.

Sabendo que os profissionais que atuam na assistência hospitalar estão submetidos aos riscos de acidente relacionados ao trabalho, com diferentes níveis de riscos ocupacionais e potencial exposição aos riscos biológicos em suas práticas laborais, identificamos que a educação em saúde tem relevância e é fundamental na prevenção dos acidentes de trabalho, visto que é verificado que os acidentes do trabalho, motivados por exposição ao risco biológico possuem prevalência no cenário hospitalar, sendo necessário um controle da exposição a estes riscos ou condições através de atuação na prevenção e segurança dos trabalhadores da saúde.6,7

O profissional da saúde que atua de forma permanente na assistência hospitalar está submetido à exposição em potencial aos agentes biológicos, tais como vírus, fungos e bactérias, presentes nos fluídos biológicos, tais como sangue, secreção e excreção decorrentes do contato e assistência aos pacientes. Os acidentes de trabalho com materiais perfurocortantes, classificado como típico para esses profissionais, exercem relevância social considerável neste cenário, onde se busca compreender a representatividade dos sentimentos e abalos construídos pela vivência no ambiente de trabalho com profissionais que já foram expostos a estes acidentes.8

Vivenciar as angústias e sofrimentos desses profissionais, que foram expostos a acidentes perfurocortantes, produz transformações no ambiente laboral e nos indivíduos, pois ocorre a reflexão sobre sua prática e conduta, bem como sobre o comportamento dos demais profissionais que atuam no ambiente hospitalar9.

Ambientes hospitalares possuem condições insalubres, com diferentes níveis e potenciais de riscos. Os índices de mortalidade ocasionados por acidentes típicos de trabalho são mínimos no cenário hospitalar, mas exercem forte representatividade social com os envolvidos. A sensibilização dos profissionais através das ações de Educação Continuada em pequenos grupos, nem sempre são efetivas na adesão e comprometimento ao uso dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) e vestimentas adequadas e respeitos as Normas

Regulamentadoras da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, em especial as NR06 – Equipamento de Proteção Individual e NR32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde. Não vislumbram a necessidade e o compromisso da efetiva empregabilidade de medidas preventivas frente aos riscos de serem acometidos por acidentes biológicos. O controle da exposição ocupacional a este risco é determinante para a saúde e a segurança do trabalhador, bem como ao paciente, pois ambos podem sofrer danos à saúde, reversíveis ou até irreversíveis10.

Neste sentido, atuando como engenheiro em um serviço de segurança do trabalho, e identificando os índices de acidentes em profissionais de enfermagem com risco biológico, surgiu a seguinte indagação: Quais os agentes de riscos responsáveis pelos acidentes de trabalho ocorridos com os profissionais da equipe de enfermagem expostos ao risco biológico?

2 OBJETIVO

OBJETIVO PRIMÁRIO

Identificar os agentes de risco responsáveis pelos acidentes de trabalho ocorridos com profissionais da equipe de enfermagem expostos ao risco biológico

OBJETIVOS SECUNDÁRIOS

  1. Verificar a ocorrência por ano de acidentes de trabalho com risco biológico em profissionais da equipe de enfermagem;
  2. Verificar a ocorrência do número de acidentes de trabalho e motivos relacionados ao risco biológico em profissionais da equipe de enfermagem;
  3. Verificar a parte do corpo mais atingida por acidentes biológicos nos profissionais da equipe de enfermagem
  4. Verificar a ocorrência de acidentes com risco biológico por categoria profissional da equipe de enfermagem.

3 MÉTODO

3.1 Tipo de pesquisa

Pesquisa quantitativa, longitudinal retrospectiva com a análise documental, com foco na identificação da prevalência dos fatores de acidentes no ambiente de trabalho.

3.2 Local do estudo

O desenvolvimento da pesquisa foi realizado no – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) de caráter privado o qual executa apoio a um Hospital Público Estadual na cidade de Marília. Esta instituição consta atualmente com 1.802 funcionários ativos em 10/08/2023.11

3.3 População

Para a composição do estudo, após o levantamento e análise dos acidentes de trabalho por agentes biológicos da instituição estudada, foram: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, correspondendo de 81,5% (137) profissionais do total de profissionais acidentados.

Vale considerar que para o estudo, a análise dos profissionais de enfermagem é essencial, visto que estes estão mais expostos aos agentes relacionados ao acidente de trabalho com exposição ao material biológico, em função de atuarem diretamente em contato permanente com o paciente no ambiente hospitalar, desenvolvendo cuidados assistenciais diretos.

3.4. Coleta de dados

Foi utilizado o acervo histórico de documentos ocupacionais do SESMT, com o registro dos profissionais da saúde submetidos a acidente com o agente biológico. A coleta foi realizada pelo próprio pesquisador em horário que não comprometa a atuação profissional na instituição.

Ressaltamos que do instrumento utilizado para registro da coleta de dados, foram abstraídas as informações relevantes a pesquisa sem a exposição de informações nominais, ou de qualquer outra forma de identificação do funcionário, respeitando assim os preceitos éticos da pesquisa.

3.5 Análise dos dados

A Análise considerou todos os profissionais da saúde que sofreram acidentes de trabalho com abertura de CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho no período de 2013 a 2022.

Os dados foram analisados através de estatística descritiva para avaliar a significância da diferença entre eles. As variáveis qualitativas foram descritas pela distribuição de freqüência absoluta (f) e relativa (%). Em função das nossas variáveis serem categóricas e nominais, as associações entre essas variáveis foram analisadas pelo teste do Qui-quadrado de Person com correção de continuidade de Yates. Para todas as análises foi utilizado o software SPSS versão 19.0 for Windows, sendo adotado nível de significância de 5%.

As fases da análise do conteúdo documental e análise de dados de interesse para a pesquisa organizam-se em torno de 03 (três) pólos: 1. A pré-análise, 2. A exploração do material e 3.O tratamento do material: Compreende a inferência e a interpretação dos resultados.

3.6 Comitê de Ética em Pesquisa

O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa (CEP) da FAMEMA, número do CAAE: 74210623.4.0000.5413.e número do parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP: 5413 – Faculdade de Medicina de Marília – FAMEMA.

4 RESULTADOS

Muito embora nosso trabalho tem como propósito estudar a equipe de enfermagem com atuação na assistência hospitalar, correlacionando o agente de risco biológico com acidentes de trabalho, nossas figuras apontam para um total de acidentes na equipe multiprofissional no ambiente hospitalar, considerando que o acidente é igualmente importante quando se trata na ocorrência com seres humanos. Diante desta totalidade de profissionais estratificados (168), identificamos em nossa análise dos documentos que 81,5% (137) estão relacionados a equipe de enfermagem, o que nos chamou atenção especial para a análise detalhada frente ao nosso objetivo de pesquisa.

A análise estatística demonstrada na Tabela 1 abaixo demonstra à distribuição absoluta (quantidade) e relativa (percentual) de 3 (três) variáveis, sendo a categoria Profissional, como já citado, 81,5% corresponde à equipe de enfermagem e, o Agente de lesão, onde a categoria do Perfurocortante representou 70,2% e o Fluído Biológico 29,8% e a Região da lesão, onde as mãos representou 73,8% e a face 26,2 dos acidentes biológicos, sendo o valor de “p” significativo para todas as variáveis.

Tabela 1: Distribuição de freqüência absoluta (f) e relativa (%) das variáveis qualitativas da amostra.

Nota: p-valor calculado pelo teste de Qui-quadrado. * indica diferença significativa na distribuição de proporção para p-valor ≤ 0,05.
Elaboração: Autor

A análise estatística demonstrada na Tabela 2 abaixo demonstra à distribuição de 2 (duas) variáveis relacionados ao acidente com exposição ao agente de risco biológico e a parte do corpo atingida, destacando a categoria Profissional mais afetada, os profissionais de enfermagem, foram expostos por 80,5% dos acidentes envolvendo perfurocortantes e 84% dos Agentes de lesão envolvendo fluído biológico e tiveram 79% dos acidentes envolvendo a mão e 88,6% da exposição da face como Região da lesão em relação a todos os acidentes do período de 2013 a 2022 do total das categorias profissionais, sendo o valor de “p” não significativo para todas as variáveis.

Tabela 2: Analise da associação das variáveis da amostra com a distribuição de freqüência do profissional.

Nota: p-valor calculado pelo teste de Qui-quadrado para associação.
Elaboração: Autor

A análise estatística demonstrada na Tabela 3 abaixo demonstra à distribuição da variável Agente de Lesão, distribuída em função da região da lesão, concluindo que do total de acidentes ocorridos com a equipe multiprofissional por Perfurocortantes, 71,2% atingiu a mão e 28,8% a face e do total de acidentes ocorridos com a equipe multiprofissional com Fluído biológico 80% atingiu a mão e 20% a face, sendo o valor de “p” não significativo para a variável analisadas.

Tabela 3: Analise da associação entre os agentes de lesão e a região da lesão.

Nota: p-valor calculado pelo teste de Qui-quadrado para associação
Elaboração: Autor

5. DISCUSSÃO

Ao analisarmos nossos dados obtidos relacionados aos anos das ocorrências, identificamos que em nossa população nos anos de 2020 à 2022 houve um aumento significativo, os quais podem estar relacionados ao aumento de atendimento hospitalar em decorrência da pandemia COVID 19.

Em pesquisa realizada no ano de 2022, o autor conclui que o cenário pandêmico do COVID-19 causou incertezas para os profissionais de saúde que trabalharam na linha de frente e lidaram diretamente com o vírus. As características epidemiológicas do novo coronavírus e seu funcionamento em longo prazo não são totalmente compreendidas. Por isso, os riscos ocupacionais que os trabalhadores estão envolvidos em seu cotidiano têm sido exacerbados em alguns pontos, tendo em vista o nível de infectividade que o vírus tem e suas consequências para a saúde física e mental de toda a sociedade. O autor da pesquisa traz em sua descrição a importância de conhecer e controlar os riscos aos quais os profissionais de saúde estão expostos, estabelecendo estratégias de prevenção e minimização de doenças.12

Outro dado interessante encontrado em nosso trabalho foi o poder fazer a identificação da prevalência dos agentes de lesão, sendo que o acidente com perfurocortante estão entre as maiores ocorrências com 118 casos ante os 168 estudados nos anos que correspondem ao nosso estudo.

No estudo referente a Acidentes Ocupacionais com Perfurocortantes executados com Profissionais de Enfermagem, apresentou resultado que evidenciaram um elevado índice de acidentes de trabalho entre os entrevistados, onde 65,7% sofreram acidentes com material perfurocortantes. Dentre os acidentados, 76% são técnicos de enfermagem e 24% são enfermeiros. Isso leva a refletir que a profissão de enfermagem pode ser considerada de altíssimo risco para acidente com material biológico13.

Ao verificarmos os acidentes relacionados à categoria profissional de enfermagem exposta no ambiente hospitalar, ou seja, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nossa analise identificou que houve uma prevalência de acidentes na categoria do profissional técnico de enfermagem, sendo 98 profissionais acidentados, seguidos dos auxiliares (22) e enfermeiros (17), totalizando 81,5% de toda equipe multiprofissional que sofreu acidente no período, corroborando com os resultados do trabalho apresentado acima.

Outro estudo Envolvendo Acidentes de trabalho com profissionais de saúde de um hospital universitário, envolvendo equipe médica, de enfermagem e fisioterapia, identificou a quantidade de registros entre os profissionais de enfermagem (auxiliar, técnico e enfermeiro), somada, equivale a 73,6% das ocorrências dos acidentes. Este fato reforça a preocupação evidenciada pela vasta literatura sobre acidentes de trabalho entre profissionais desta área por estarem mais expostos a riscos ocupacionais devido às peculiaridades das atividades de cuidados diretos e ininterruptos aos pacientes, sendo estas atividades características legais da profissão em questão, tendo o cuidado direto ao paciente a essência na execução do cuidar.14

Não devemos desconsiderar os outros profissionais, pois o acidente de trabalho independente da causa ou profissão deve ser considerado para uma situação de intervenção como fator preventivo. É importante conhecer as atividades que os profissionais mais afetados por acidentes de trabalho para a elaboração de procedimentos, campanhas e melhorias, a fim de se encontrar maneiras para a minimização de tais acontecimentos. A Segurança do Trabalho, além de avaliar e promover ações de prevenção, também auxilia na elaboração do planejamento para a atuação da Inspeção de segurança no Trabalho.

Destaca-se também a importância da correta notificação do acidente e sua análise, para a devida apuração dos fatos e possíveis tratativas, evitando a possibilidade de subnotificação. O que acreditamos ter ocorrido nos nossos achados de pesquisa, visto a grande disparidade existente entre a equipe de enfermagem em relação aos outros profissionais, sem deixar de considerar que dentro própria equipe de enfermagem deve haver também.

Aliado ao estudo realizado pelo Ministério Público do Trabalho, outro estudo levanta a suspeita de alto índice de subnotificação dos acidentes ocorridos, tendo em vista o número de trabalhadores na instituição e a quantidade de atividades e procedimentos realizados.15

Conforme abordado na literatura, a subnotificação dos acidentes de trabalho na área hospitalar é preocupante e esta é decorrente principalmente da autoavaliação do profissional de que a situação ou lesão ocorrida não é de risco. No entanto, outras causas, tais como o desconhecimento da obrigatoriedade da notificação do acidente, a falta de tempo devido ao excessivo ritmo de trabalho ou até mesmo o medo de demissão, são citadas entre os profissionais acidentados. Neste estudo, levanta-se também a possível influência da ausência de uma sede fixa da comissão para registro das ocorrências.16

Desta forma, acreditamos que os gestores dos hospitais precisam ter condições e ferramentas para poderem conhecer e avaliar as situações de risco e assim, apoiar e intervir com medidas preventivas e ações direcionadas, além de mitigar os efeitos que um acidente de trabalho causa.

Estratégias preventivas apresentam-se ainda como desafio para administradores e trabalhadores, implicando em maior ganho quanto a promoção da saúde destes profissionais.

Dentre as estratégias estudiosos apontaram a importância dos equipamentos de proteção individual para evitar ou minimizar os acidentes. Portanto, é preciso haver concentração de esforços e recursos para mudanças no ambiente de trabalho, com a implementação de programas de prevenção e conscientização de práticas seguras e o fornecimento, de forma contínua e uniforme, dos dispositivos de segurança para todos os trabalhadores, além da educação continuada em segurança no local de trabalho.

Desta forma, é preciso a elaboração de um material educativo para auxiliar no trabalho de conscientização em relação à importância da reflexão sobre a prática profissional no ambiente hospitalar e resgatar os conceitos prevencionistas já adquiridos pelos profissionais quando de sua formação básica para o exercício profissional, visando identificar alternativas de promoção à segurança e saúde do trabalhador a partir dos riscos ocupacionais que os profissionais estão expostos.

O uso obrigatório de EPI – Equipamento de Proteção Individual e a presença de EPC – Equipamento de Proteção Coletiva, incluindo Procedimentos Operacionais Padrão de descarte de Materiais potencialmente infectados, requer capacitação periódica, direcionada para melhorar e resgatar as práticas profissionais é significativo, ajudaria a reduzir a exposição dos trabalhadores de saúde aos fluídos biológicos e perfurocortantes, consequentemente mudando a realidade do ambiente laboral dos funcionários assistenciais.

Além disso, é preciso acompanhamento e atualização com ações constantes de Educação Continuada, onde se faz necessário garantir espaços para construção e compartilhamento dos saberes, e aprendizados, proporcionando a construção de lições aprendidas e melhoria contínua.

6 CONCLUSÃO

Ao concluirmos, podemos identificar que os acidentes de trabalho muito embora nesta pesquisa estejam relacionados a categoria profissional de enfermagem, tem relevância a todas as profissões, pois o ato de cuidar é inerente a categoria profissional da saúde. No entanto, na enfermagem entendemos que sua essência está no desenvolvimento de constante aproximação do doente para execução de procedimentos, não somente técnicos, como também no ato de acolher as necessidades que muitas vezes o paciente não consegue executar sem o auxílio deste profissional.

Também queremos relatar a falta de conscientização da equipe multiprofissional, que ao nosso entender, acabam não notificando os acidentes ocorridos, dificultando uma análise do processo de trabalho e de condições de identificação para procedermos a atividades de capacitação e educação frente a necessidade real dos acontecimentos.

REFERÊNCIAS

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¹Discente do Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Saúde e Envelhecimento – Mestrado Acadêmico na Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) e-mail: victorcavalcanti@bol.com.br
²Docente do Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Saúde e Envelhecimento – Mestrado Acadêmico na Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). e-mail: assessoriadiradm2@famema.sp.gov.br