FOOD AND NUTRITIONAL EDUCATION ACTION FOR STUDENTS AT A SCHOOL IN THE COUNTRYSIDE OF BAHIA
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8236240
¹Larissa Silva Gradil Costa
²Marya Eduarda de Souza Costa Melo
³Joseana Moreira Assis Ribeiro
4Victor Guilherme Pereira
5Maíra Damasceno Costa
6Everson Costa dos Santos Moura
7Cinthia Pereira Jacomini
8Maria Kéren Ribeiro Sousa
9Vitória Oliveira Diniz Kzam
10Daniel Vitor Kzam Pereira
RESUMO
A educação alimentar e nutricional para as crianças tem como alvo a transformação dos hábitos alimentares em relação a inclusão de alimentos saudáveis e a promoção de uma dieta balanceada e nutritiva cada vez mais frequente. Além do ambiente familiar, a escola também é um local que exerce influência na construção da cidadania e do perfil alimentar das crianças, sendo este um local imprescindível para a ampliação de programas coletivos educativos. Trata-se de um estudo descritivo na modalidade relato de experiência que expõe uma ação de educação alimentar e nutricional, sobre o incentivo e conscientização da alimentação saudável na infância, realizada em uma escola do município de Jequié-BA. Foi realizada a dinâmica do “semáforo da alimentação”, sendo a cor vermelha indicada para alimentos que devem ser evitados, a cor amarela para os alimentos que devem ser consumidos com moderação e a cor verde indicada para os alimentos que devem ser consumidos sem restrição. A partir do desenvolvimento das atividades observou-se a importância das ações de educação alimentar e nutricional, permitindo levar conhecimento acerca de uma alimentação saudável para as crianças. Este trabalho propiciou transmitir conhecimento para as crianças a respeito da identificação e classificação dos alimentos, sensibilizando-as do quão importante é manter e adotar hábitos alimentares saudáveis.
Palavras-chave: Alimentação saudável. Educação alimentar e nutricional. Alimentação escolar.
ABSTRACT
Food and nutrition education for children aims to transform eating habits in relation to the inclusion of healthy foods and the promotion of an increasingly frequent balanced and nutritious diet. In addition to the family environment, the school is also a place that influences the construction of citizenship and children’s food profile, which is an essential place for the expansion of collective educational programs. This is a descriptive study in the experience report modality that exposes a food and nutrition education action, on the encouragement and awareness of healthy eating in childhood, carried out in a school in the municipality of Jequié-BA. The dynamics of the “food traffic light” were carried out, with the red color indicated for foods that should be avoided, the yellow color for foods that should be consumed in moderation and the green color indicated for foods that should be consumed without restriction. From the development of activities, the importance of food and nutrition education actions was observed, allowing to bring knowledge about healthy eating to children. This work allowed transmitting knowledge to children about the identification and classification of foods, raising awareness of how important it is to maintain and adopt healthy eating habits.
Keywords: Healthy eating. Food and nutrition education. School meals.
INTRODUÇÃO
A alimentação de crianças com idade de zero a seis meses se constitui exclusivamente de leite materno, após os seis meses recomenda-se uma alimentação complementar ao aleitamento, fase conhecida como introdução alimentar. Nesse período, recomenda-se que a criança seja exposta a uma diversidade de alimentos in natura ou minimamente processados, para que ela se familiarize com os sabores, aromas e texturas dos novos alimentos1.
Uma alimentação saudável e equilibrada com a inclusão dos principais grupos alimentares na infância é fundamental para garantir uma melhor qualidade de vida, tornando-se eficaz na prevenção de doenças, além de fortalecer o sistema imunológico2. À vista disso, a infância é o momento determinante para inserir e aguçar a formação de hábitos alimentares saudáveis que se perpetuarão até a vida adulta3.
Casos malsucedidos de introdução alimentar tardia, a preferência inata do paladar infantil pelo sabor doce e salgado ou por influências parentais podem resultar em dois principais transtornos: a seletividade e a neofobia alimentar4. A seletividade alimentar é marcada por uma tríade de inapetência, recusa e desinteresse por algum alimento. Já a neofobia é representada pelo receio em consumir novos alimentos, ou seja, a criança desenvolve uma resistência em experimentar alimentos e preparações que não fazem parte do seu padrão habitual de consumo5.
Em decorrência desses transtornos alimentares muitos pais e responsáveis acabam por inserir cada vez mais precocemente na rotina alimentar das crianças alimentos ultraprocessados, cujas formulações possuem alto teor de açúcares, gorduras e sódio6. Evidencias apontam que o aumento do consumo de alimentos hipercalóricos podem desencadear alterações no perfil lipídico, obesidade infantil, diabetes, problemas cardiovasculares, vários tipos de câncer e são capazes de contribuir para o surgimento de deficiências nutricionais 7.
A educação alimentar e nutricional para as crianças tem como alvo a transformação dos hábitos alimentares em relação a inclusão de alimentos saudáveis e a promoção de uma dieta balanceada e nutritiva cada vez mais frequente8. Além do ambiente familiar, a escola também é um local que exerce influência na construção da cidadania e do perfil alimentar das crianças, sendo este um local imprescindível para a ampliação de programas coletivos educativos9.
Desta forma, o objetivo desse estudo é relatar uma ação de educação alimentar e nutricional onde foi utilizada uma tecnologia educativa visando orientar as crianças sobre a escolha de alimentos saudáveis e desenvolver a consciência de sua contribuição para a promoção da saúde de uma forma atraente, lúdica e educativa.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo na modalidade relato de experiência que expõe uma ação de educação alimentar e nutricional, sobre o incentivo e conscientização da alimentação saudável na infância, realizada em uma escola do município de Jequié-BA. A meta principal da ação teve como objetivo a identificação dos alimentos de acordo com a sua qualidade nutricional e seus respectivos grupos alimentares, com a dinâmica do “Semáforo da Alimentação” baseado no Guia Alimentar para a População Brasileira. Para o desenvolvimento da ação foram definidos alguns objetivos específicos, dentre eles, incentivar o consumo de alimentos saudáveis e promover mudanças dos hábitos alimentares. De início, os mediadores fizeram uma breve explicação sobre a classificação e a composição dos alimentos e o impacto que cada um pode provocar na saúde. Após o momento de esclarecimentos, foi realizada a dinâmica do “semáforo da alimentação”, sendo a cor vermelha indicada para alimentos que devem ser evitados, pois possuem adição excessiva de ingredientes além de substancias sintetizadas em laboratório derivadas de outros alimentos e fontes orgânicas, a exemplo destes os refrigerantes, bebida láctea, salgadinho de “pacote”, empanado de frango, biscoito recheado, dentre outros. A cor amarela foi utilizada para identificar alimentos que devem ser consumidos com moderação, tais alimentos sofrem a adição de sal, açúcar ou outras substancias que agregam sabor e durabilidade ao alimento in natura, como pães, queijos, frutas em calda e sardinha enlatada. A cor verde representava alimentos que devem ser consumidos sem restrição nas refeições diárias, sendo estes as frutas, verduras, legumes, raízes, tubérculos, derivados do leite, ovos e carnes que tenham sofrido processos mínimos de transformação. Durante a dinâmica foram apresentadas fotos de diferentes tipos de alimentos e as crianças deveriam informar em qual cor do semáforo o alimento em questão pertencia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A escola tem participação no processo de educação alimentar do aluno. É na escola que as crianças e jovens passam grande parte do seu dia, convivem com pessoas da mesma faixa etária e adultos nos quais se espelham e tem confiança. Diante do exposto, ações de educação alimentar e nutricional com alunos podem ocasionar modificações nas escolhas alimentares e melhorar a qualidade de vida da criança e do futuro adulto10 .
As dinâmicas em grupos são ferramentas valiosas de ensino-aprendizagem que promovem um comprometimento efetivo dos participantes, pois retrata uma concepção de educação que engloba a teoria e a prática, além de considerar todos os envolvidos no processo. As atividades lúdicas também se caracterizam como como ótimas técnicas de ensino, estas atividades tem por objetivo aprofundar e desenvolver os conhecimentos do aluno, de uma maneira divertida e não tradicional9.
As atividades ludo-pedagógicas são de extrema importância para a inserção da educação alimentar e nutricional nas escolas, por meio de jogos, brincadeiras, teatros, dentre outros, assim o desempenho na aprendizagem se torna mais ativo11. A atividade empregada às crianças utilizou linguagem de fácil compreensão para o público em questão e os recursos utilizados despertaram interesse e atenção. O “semáforo da alimentação” é um instrumento de fácil entendimento, sendo bastante atrativo para as crianças.
O andamento da ação foi pautado em perguntas que visavam promover a percepção dos hábitos alimentares atuais dos alunos acerca do conteúdo explanado. Logo no início da atividade, os alunos foram questionados sobre suas preferências alimentares, a maioria da turma mencionou gostar mais de consumir pizza, hambúrguer, pastel e outros tipos de salgados. Apenas uma criança informou ter preferência em consumir fruta.
Scapin et al12 demonstrou em seu estudo que alimentos ultraprocessados são os mais consumidos no lanche por escolares brasileiros, e que o consumo tem sido favorecido pela sua produção abundante, a um custo relativamente baixo. Completa afirmando que o consumo frequente de alimentos com características de ultraprocessados e insuficiente de alimentos in natura como ovos, leite, suco natural, cereais, vegetais, frutas, carnes e peixes, tem sido associado com o aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis e com as crescentes prevalências de sobrepeso e obesidade.
Durante a dinâmica do semáforo da alimentação, foram realizadas perguntas do tipo: “Quais alimentos fazem parte do grupo verde, vermelho e amarelo? ”, “Quais devem ser consumidos em maior quantidade? ”, “ Quais devem ser consumidos em pouca quantidade? “, “Por que dar prioridade em consumir alimentos do grupo verde? ”, dentre outras.
Notou-se que os alunos já obtinham conhecimento a respeito dos alimentos benéficos para a saúde, como frutas, verduras e legumes. Da mesma maneira, entendiam que os alimentos industrializados como doces, bolacha recheada e macarrão instantâneo poderiam causar danos à saúde. Porém, não souberam informar a respeito da frequência e a quantidade indicada para consumo. Quando questionados sobre a composição das refeições diária dos alunos fora do ambiente escolar, as respostas da maioria dos alunos mostraram que elas eram compostas por massas, bolachas, fast foods, sucos de caixinha, iogurte, lanches compostos por embutidos de carne com queijo, dentre outros alimentos ultraprocessados, quando consumiam frutas essas eram quase frequentemente banana e maçã.
Os hábitos alimentares e o estilo de vida da família e dos responsáveis representam o primeiro e principal fator de influência para o desenvolvimento das escolhas alimentares das crianças. Segundo Piasetzki13, é necessário que a família tenha o costume de se alimentar de maneira saudável, pois as crianças não terão uma alimentação saudável se os adultos ao seu redor comem mal. É necessário que o ambiente familiar seja exemplar ao realizar suas refeições, priorizando alimentos naturais, ricos em ferro, proteína, vitaminas e fibras, evitando o consumo de ultraprocessados.
Durante a idade escolar a promoção dos hábitos alimentares e o estilo de vida saudáveis também passam a ser atribuições da comunidade escolar. Práticas de educação alimentar dentro das escolas estimulam as crianças a conhecer os nutrientes presentes nos alimentos, obter conhecimento para fazer suas escolhas alimentares e identificar os riscos e benefícios da ingestão de cada alimento14.
CONCLUSÃO
Considera-se que a atividade proposta atingiu seu objetivo de transmitir conhecimento para as crianças a respeito da identificação e classificação dos alimentos, sensibilizando as crianças do quão importante é manter e adotar hábitos alimentares saudáveis.
É muito importante que as crianças aprendam desde cedo a se alimentar da maneira correta. Portanto estratégias de educação alimentar devem estar sempre presentes nas escolas, pois este ambiente é formado por um grupo exposto diariamente ao aprendizado, dessa forma, a utilização de diversos recursos educativos irão auxiliar na construção de hábitos saudáveis, bem como para que se tornem adultos conscientes e saibam fazer escolhas corretas e que cresçam com saúde.
Diante disso, recomenda-se que essas ações integrem o currículo escolar e sejam planejadas por uma equipe multidisciplinar, incluindo o nutricionista. Destaca-se também, a importância do trabalho multiprofissional com outras áreas da saúde, contemplando conhecimentos de diversas áreas com o objetivo de promoção da saúde e prevenção de doenças.
Referências
1. Leão BR, Silva JM da, Brito LA de, Evangelista TF, Nahas PC. INTRODUÇÃO ALIMENTAR: UM OLHAR IMPORTANTE PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL. 2021;1–23.
2. Cavalcante FR, Líber NL, Costa FN. Imunidade: a importância de uma alimentação adequada em tempos de pandemia. Res Soc Dev. 2021;10(14):e309101422177.
3. Santana P da S, Alves TCHS. Consequências da seletividade alimentar para o estado nutricional na infância: uma revisão narrativa. Res Soc Dev. 2022;11(1):e52511125248.
4. Serra YCC, Nunes GS. Os desafios familiares e nutricionais da seletividade alimentar em crianças. Brazilian J Heal Rev. 2022;5(6):24188–97.
5. Torres T de O, Gomes DR, Mattos MP. Fatores Associados À Neofobia Alimentar Em Crianças: Revisão Sistemática. Rev Paul Pediatr [Internet]. 2020;39. Available from: http://www.scielo.br/j/rpp/a/xsn45fp4ZVngJGRBFSqPFyx/?lang=pt
6. Cola GCI, Costa T. SELETIVIDADE ALIMENTAR NA FASE PRÉ ESCOLAR. Available from: https://revistas.unilago.edu.br/index.php/revista-cientifica/article/view/806/663
7. Silva A de FR da, Silva JEN da, Rocha LGA, Santos AC de CP. Impacto e consequências do consumo de alimentos ultraprocessados na saúde infantil. Res Soc Dev. 2022;11(15):e123111536883.
8. Cervato-Mancuso AM, Vincha KRR, Santiago DA. Educação Alimentar e Nutricional como prática de intervenção : reflexão e possibilidades de fortalecimento. Physis Rev Saúde Coletiva [Internet]. 2016;26(1):225–49. Available from: https://www.scielo.br/j/physis/a/cFCwkTrh6KxsDnDvSHDYy7m/?format=pdf&lang=pt
9. Pereira TR, Nunes RM, Moreira B. A importância da educação alimentar e nutricional para alunos de séries iniciais. Lynx [Internet]. 2018;1(1). Available from: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lynx/article/view/25591/20619
10. Lopes FM, Nunes T. Inclusão De Hábitos Alimentares Saudáveis Na Educação Infantil Com Alunos De 4 E 5 Anos. Cad da Fucamp [Internet]. 2016;15(24):105–26. Available from: http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/view/932/677
11. Santos JDS. O lúdico nas ações de Educação Alimentar e Nutricional aos beneficiários do Programa de Aquisição de Alimentos-PAA The ludicial in Food and Nutritional Education actions for the beneficiaries of the Food Acquisition Program-PAA. Rev Pró-discente Cad Produção Acadêmico-Científica. 2021;27(1):120–40.
12. Scapin T, Moreira CC, Fiates GMR. Influência infantil nas compras de alimentos ultraprocessados: Interferência do estado nutricional. Mundo da Saude. 2015;39(3):345–53.
13. Piasetzki CT da R, Boff ET de O, Battist IDE. Influência da Família na Formação dos Hábitos Alimentares e Estilos de Vida na Infância. Rev Context Saúde Ed. 2020;20(41):13–24.
14. Viana AC, Ferreira TS, Schuabb BL. Práticas lúdicas de educação alimentar e nutricional infantil baseadas no semáforo nutricional. SAÚDE COLETIVA AVANÇOS E DESAFIOS PARA A Integr DO Cuid. 2021;265–78.
¹Nutricionista pós-graduanda em Nutrição Clínica pela Faculdade de Minas (FACUMINAS)- MG
²Graduanda em Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)- PE
³Nutricionista, Doutora em saúde pública pela Universidade Federal do Pará (UFPA)- PA
4Enfermeiro graduado na Faculdade de Saúde e Humanidades Ibituruna (FASI)- MG
5Nutricionista graduada pela Universidade Anhanguera de Salvador – BA
6Graduando em Nutrição pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)- BA
7Graduanda em medicina pela Universidade municipal de São Caetano do Sul (USCS) -SP
8Graduanda em medicina na Faculdade Pitágoras de Bacabal- MA
9Graduanda em medicina na Faculdade Uniderp- MS
10Graduando em medicina na Faculdade Uniderp- MS