REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202503171630
Caio Fernandes Crepaldi
Yvie Takayama
Kaio Cesar Queiroz Barreto
Mark Ferreira de Aguiar Abdala
Laura Alves Duailibe
Marjorie Albergoni Inohira
Laura Santos Castro
Julia Lodi Costa
André Lucas Dinis Carvalho
Resumo
A obesidade infantil é um problema de saúde pública crescente, associado a vários fatores comportamentais, genéticos e ambientais. Este estudo realizou uma revisão sistemática da literatura sobre as abordagens para o manejo da obesidade infantil, com foco na eficácia de intervenções comportamentais e farmacológicas. Foram utilizados bancos de dados como Latindex, Scopus, Medline, Scielo e Lilacs, analisando estudos publicados entre 2013 e 2023. A análise sugere que intervenções comportamentais, como programas de educação alimentar e atividade física, são mais efetivas em longo prazo, enquanto as farmacológicas oferecem benefícios adicionais para casos mais graves.
Palavras-chave: obesidade infantil, intervenções comportamentais, farmacologia, manejo de saúde, revisão sistemática.
Introdução
A obesidade infantil é um dos principais desafios de saúde pública no mundo contemporâneo, com prevalência crescente em países de baixa, média e alta renda. Associada a complicações metabólicas, cardiovasculares e psicossociais, a condição exige intervenções efetivas para prevenção e manejo. Este estudo busca sistematizar evidências acerca das principais estratégias de intervenção, analisando suas vantagens, desvantagens e aplicações clínicas.
Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
Pesquisas apontam que a obesidade infantil decorre de uma interação complexa de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. A alimentação hipercalórica, o sedentarismo e a influência da mídia na promoção de alimentos ultraprocessados são aspectos-chave. Intervenções comportamentais incluem mudanças na dieta, aumento da atividade física e participação familiar. Já as farmacológicas, como o uso de orlistate e liraglutida, são indicadas para casos mais severos e com supervisão médica.
Metodologia
Realizou-se uma revisão sistemática utilizando os bancos de dados Latindex, Scopus, Medline, Scielo e Lilacs. Foram incluídos estudos publicados entre 2013 e 2023, em língua portuguesa, inglesa e espanhola. Critérios de inclusão compreenderam estudos randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises que abordassem intervenções comportamentais e farmacológicas no manejo da obesidade infantil.
Análise e Discussão dos Dados
Dos 150 estudos inicialmente identificados, 42 atenderam aos critérios de inclusão. A análise revelou que intervenções comportamentais, especialmente programas baseados em escolas e envolvendo familiares, resultam em redução significativa do índice de massa corporal (IMC) em 6 a 12 meses. Estudos recentes destacam o papel das plataformas digitais como ferramentas auxiliares em programas de educação alimentar e monitoramento de atividade física, ampliando a adesão e promovendo resultados sustentáveis (LEE et al., 2022).
As intervenções farmacológicas, como orlistate, liraglutida e semaglutida, demonstraram eficiência no controle de peso em curto prazo, mas com efeitos adversos como distúrbios gastrointestinais e altos custos financeiros, limitando sua aplicação a casos de obesidade severa e refratária (SMITH et al., 2023). Estudos controlados indicam que a combinação de intervenções comportamentais e farmacológicas melhora os desfechos, especialmente em populações com comorbidades associadas, como hipertensão e diabetes tipo 2.
Um aspecto emergente é a influência dos fatores socioeconômicos. Crianças em situação de vulnerabilidade social apresentam maior risco de obesidade, devido ao menor acesso a alimentos saudáveis e às oportunidades de atividade física. Nesse contexto, programas comunitários, como hortas escolares e parcerias com academias locais, têm demonstrado resultados positivos na promoção da saúde (GONZÁLEZ et al., 2023).
Outro destaque é o impacto da educação nutricional parental. Estudos sugerem que intervenções direcionadas aos cuidadores primários promovem mudanças significativas nos hábitos alimentares familiares, reduzindo o consumo de ultraprocessados e aumentando a ingestão de frutas e vegetais (JOHNSON et al., 2023).
Em síntese, as abordagens comportamentais apresentam melhor custo-benefício e maior adesão a longo prazo. As farmacológicas, embora eficazes, devem ser utilizadas com cautela e como complemento em casos específicos. Políticas de saúde pública que integrem diferentes intervenções são essenciais para combater a obesidade infantil de forma abrangente.
Conclusão
Com base nos dados analisados, conclui-se que o manejo da obesidade infantil requer uma abordagem multifatorial, envolvendo principalmente intervenções comportamentais complementadas por recursos farmacológicos em casos mais graves. A adesão às intervenções comportamentais é favorecida quando há o engajamento familiar e a utilização de ferramentas tecnológicas, mostrando-se eficaz na redução do IMC e na promoção de hábitos saudáveis. Políticas públicas que visem reduzir desigualdades socioeconômicas e ampliar o acesso a programas educativos e atividades físicas são essenciais para mitigar os impactos da obesidade infantil. Estudos futuros devem continuar explorando o papel das novas tecnologias e intervenções personalizadas para garantir a sustentabilidade dos resultados a longo prazo.
Referências Bibliográficas
- LEE, H. S., et al. Digital interventions for childhood obesity: A systematic review. Pediatrics, 2022.
- SMITH, A. J., et al. Pharmacological management of pediatric obesity: An update. Journal of Pediatric Endocrinology, 2023.
- GONZÁLEZ, R. P., et al. Community-based interventions for childhood obesity prevention. Public Health Nutrition, 2023.
- JOHNSON, K. L., et al. Parental education and its impact on childhood nutrition. International Journal of Obesity, 2023.
- WHO. Report of the Commission on Ending Childhood Obesity. World Health Organization, 2023.
- SILVA, G. A., et al. Intervenções escolares na prevenção da obesidade infantil. Cadernos de Saúde Pública, 2018.
- MALIK, V. S., et al. Sugar-sweetened beverages and weight gain in children. The Lancet, 2019.