NURSING APPROACHES TO PROMOTING HEALTH AND WELL-BEING OF PEOPLE WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202504271932
Thamilly Lua Barros2
Pamela Rioli Rios Bussinguer3
RESUMO:
Este estudo teve como objetivo investigar o papel do enfermeiro na promoção da saúde e do bem-estar de indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), por meio de uma revisão integrativa da literatura. A metodologia compreendeu a análise de estudos publicados entre 2015 e 2024, selecionados nas bases SciELO, LILACS e BVS, com base nos descritores “Transtorno Autístico”, “Enfermagem” e “Criança”. Foram incluídos oito artigos, sistematizados a partir do modelo PRISMA 2020. Os resultados revelaram que, embora haja avanços pontuais na assistência a pessoas com TEA, persistem lacunas na formação acadêmica e na capacitação contínua dos enfermeiros, refletindo insegurança e fragilidades no cuidado. As evidências apontam para a importância do diagnóstico precoce, do uso de estratégias comunicacionais adaptadas e da atuação interdisciplinar integrada à família. Identificou-se, ainda, a necessidade de protocolos específicos, maior articulação com o sistema educacional e valorização do autocuidado e da autonomia da criança com TEA. Conclui-se que a atuação do enfermeiro junto a essa população deve ir além da dimensão técnica, exigindo sensibilidade, empatia e preparo para atender às singularidades de cada indivíduo. A formação continuada, o fortalecimento de políticas públicas e a integração multiprofissional são fundamentais para a qualificação da assistência e a promoção de um cuidado inclusivo, humanizado e efetivo.
Palavras-chave: Enfermagem. Transtorno do Espectro Autista. Promoção da Saúde. Cuidado Humanizado.
ABSTRACT:
This study aimed to investigate the role of nurses in promoting the health and well-being of individuals with Autism Spectrum Disorder (ASD), through an integrative literature review. The methodology included analyzing studies published between 2015 and 2024, selected from the SciELO, LILACS and BVS databases, based on the descriptors “Autistic Disorder”, “Nursing” and “Child”. Eight articles were included and systematized using the PRISMA 2020 model. The results revealed that, although there have been occasional advances in the care of people with ASD, there are still gaps in academic training and in the continuous training of nurses, reflecting insecurity and weaknesses in care. The evidence points to the importance of early diagnosis, the use of adapted communication strategies and interdisciplinary action integrated with the family. It also identified the need for specific protocols, greater coordination with the educational system and valuing the self-care and autonomy of children with ASD. The conclusion is that nurses’ work with this population must go beyond the technical dimension, requiring sensitivity, empathy and preparation to attend to the singularities of each individual. Continuous training, the strengthening of public policies and multi-professional integration are fundamental to improving care and promoting inclusive, humanized and effective care.
Keywords: Nursing. Autistic Spectrum Disorder. Health Promotion. Humanized Care.
1 INTRODUÇÃO
No cenário contemporâneo da saúde, a atenção à diversidade de condições clínicas tem se consolidado como prioridade nas políticas e práticas assistenciais. Dentre essas condições, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) destaca-se por sua complexidade e prevalência crescente, sendo definido como uma condição de base neurológica caracterizada por déficits persistentes na comunicação social e pela presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento. O entendimento e o manejo adequados dessa condição requerem abordagens interdisciplinares e integradas, nas quais a atuação do enfermeiro se revela essencial, dada sua inserção nos diversos níveis de atenção à saúde e sua capacidade de articulação com outros profissionais da rede de cuidados (Sousa, 2022).
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o TEA acomete cerca de uma em cada 160 crianças globalmente, representando uma das condições de desenvolvimento mais prevalentes da atualidade. No Brasil, estimativas epidemiológicas demonstram taxas semelhantes, o que reforça a relevância do tema no contexto da saúde pública nacional e evidencia a necessidade de qualificação dos profissionais de saúde envolvidos na assistência a essa população (Brasil, 2022).
Nesse contexto, o enfermeiro assume um papel central na promoção da saúde e do bem- estar de indivíduos com TEA, atuando em múltiplos cenários, como unidades básicas de saúde, instituições escolares e espaços comunitários. Sua atuação abrange desde a identificação precoce e o devido encaminhamento, até o suporte emocional, educacional e o acompanhamento longitudinal de pacientes e suas famílias (Ferreira et al., 2023).
Entretanto, embora seja notória a importância do enfermeiro nesse processo, ainda persistem lacunas significativas no conhecimento sobre as práticas e estratégias específicas utilizadas no cuidado de pessoas com TEA. A investigação dessas práticas é fundamental para aprimorar a qualidade do cuidado e garantir intervenções mais eficazes, individualizadas e baseadas em evidências (Ferreira; Theis, 2021).
A complexidade do transtorno, caracterizada por uma ampla variabilidade de sintomas e manifestações clínicas, impõe desafios consideráveis à prática de enfermagem, exigindo não apenas domínio técnico, mas também sensibilidade para reconhecer as singularidades de cada paciente. Dessa forma, o cuidado prestado deve ser constantemente ajustado às necessidades individuais, o que requer formação continuada e capacidade de adaptação por parte do profissional (Magalhães, 2020).
Um dos principais entraves identificados na assistência a indivíduos com TEA refere- se às dificuldades na comunicação e na interação social, frequentemente observadas entre esses pacientes. Muitos apresentam limitações tanto na comunicação verbal quanto não verbal, o que dificulta a avaliação de seus sintomas, sentimentos e demandas. Frente a isso, o enfermeiro deve estar preparado para adotar estratégias comunicacionais alternativas e adaptativas, que possibilitem uma interação eficaz e respeitosa com o paciente, favorecendo o vínculo terapêutico e a efetividade das intervenções propostas (Ferreira et al., 2023).
Considerando a natureza multifacetada e em constante evolução do TEA, torna-se imprescindível que os profissionais de enfermagem participem ativamente de programas de educação continuada e capacitações específicas sobre o tema. A atualização sistemática de conhecimentos permite a incorporação de boas práticas clínicas, a adequação das condutas assistenciais às diretrizes mais recentes e, sobretudo, a melhoria contínua da qualidade do cuidado oferecido (Lima, 2018).
Além disso, a adoção de uma abordagem centrada no paciente e em sua família constitui princípio fundamental na assistência de enfermagem, pois considera não apenas as necessidades clínicas do indivíduo, mas também suas condições sociais, emocionais e culturais. Tal abordagem favorece o envolvimento ativo da família no processo terapêutico, promove a autonomia do paciente e fortalece os vínculos de cuidado, resultando em melhores desfechos em saúde (Fonseca, 2019).
A efetividade do cuidado prestado, entretanto, não pode se restringir à atuação isolada do enfermeiro, sendo necessária a articulação com profissionais de outras áreas, como psicologia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, pedagogia, entre outras. A integração interdisciplinar amplia a compreensão das múltiplas dimensões envolvidas no TEA e possibilita a construção de planos terapêuticos mais abrangentes, coerentes e centrados no paciente. Essa cooperação contribui para intervenções mais coordenadas e eficazes, fortalecendo a rede de apoio e a integralidade do cuidado (Lima, 2018).
Diante do exposto, o presente estudo propõe-se a refletir sobre as abordagens de enfermagem na promoção da saúde e do bem-estar de pessoas com Transtorno do Espectro Autista, destacando sua relevância no cenário assistencial e os impactos decorrentes de sua atuação. Assim, o objetivo geral da pesquisa consiste em investigar o papel do enfermeiro na promoção da saúde e do bem-estar de indivíduos com TEA.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa da literatura, método que visa analisar criticamente o conhecimento previamente produzido por meio de pesquisas científicas, possibilitando a identificação de avanços, lacunas e a geração de novos saberes com base nos resultados obtidos por investigações anteriores. Trata-se, portanto, de uma abordagem metodológica que permite a síntese de múltiplas evidências, contribuindo para o fortalecimento da prática profissional e para a orientação de futuras pesquisas (Oliveira, 2011).
Esta revisão compreende um conjunto de etapas sistemáticas que asseguram a fidedignidade dos achados. Esse processo é composto por seis fases principais: (1) identificação do tema e formulação da questão de pesquisa; (2) estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão dos estudos; (3) definição das informações relevantes a serem extraídas dos artigos selecionados; (4) avaliação crítica dos estudos incluídos; (5) interpretação e análise dos dados; e (6) apresentação da revisão, com ênfase nas evidências mais relevantes. Tais etapas conferem rigor metodológico ao estudo e contribuem para a delimitação da linha de investigação (Tako; Kameo, 2023).
A formulação da pergunta norteadora foi guiada pela estratégia PICo, na qual P (População) refere-se às pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA); I (Interesse) às abordagens do enfermeiro; e Co (Contexto) à promoção da saúde e bem-estar. Com base nessa estrutura, definiu-se a seguinte questão norteadora: “Qual é o papel das abordagens do enfermeiro na promoção da saúde e bem-estar de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)? ”.
Os critérios de inclusão desta pesquisa foram: artigos disponíveis eletronicamente na íntegra e gratuitamente; trabalhos escritos em português e inglês; artigos que abordaram a temática escolhida; e estudos publicados entre 2015 e 2024. Estabeleceu-se como critérios de exclusão: artigos de revisão integrativa e/ou sistemática; tese; dissertação; manuais; protocolos; cartas editoriais; artigos pagos, relatos de experiência e artigos duplicados.
A coleta de dados ocorreu de fevereiro a abril de 2025. As bases de dados utilizadas para busca dos artigos foram: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Scientific Electronic Library Online (Scielo), através dos seguintes Descritores em Ciência da Saúde (DECS): Transtorno Autístico (Autistic disorder), enfermagem (nursing) e criança (child) separados pelo operador booleano AND.
A apresentação dos dados foi realizada por meio do fluxograma PRISMA 2020, complementado por um quadro síntese contendo informações como identificação do estudo, autor e ano de publicação, tipo de estudo, principais resultados e conclusão. Essa estrutura permitiu a organização e visualização clara das evidências científicas analisadas.
3 RESULTADOS
O fluxograma apresentado na Figura 1 ilustra o processo metodológico de busca, triagem e seleção dos artigos incluídos na presente revisão, resultando em uma amostra final composta por oito estudos.
Figura 01: Fluxograma do processo de seleção dos artigos

Fonte: Adaptado de Prisma (2020)
Inicialmente, foram identificados 60 artigos, sendo 15 oriundos da base de dados LILACS, 15 da BVS e 30 da SciELO. Após a exclusão de 30 estudos duplicados, 30 artigos permaneceram para a etapa de triagem. A leitura dos títulos e resumos resultou na exclusão de 10 artigos, por não apresentarem aderência à temática proposta. Foram, então, selecionados 20 estudos para leitura na íntegra, dos quais 12 foram excluídos por não responderem à questão norteadora da pesquisa. Dessa forma, oito estudos compuseram a amostra final, cujas informações foram sistematizadas nos quadros subsequentes.
Sendo assim, o Quadro 1 apresenta a caracterização dos artigos selecionados, destacando os principais achados relacionados à temática investigada.
Quadro 1 – Caracterização dos artigos.



Fonte: Autoria Própria (2025).
4 DISCUSSÃO
Os achados analisados na presente revisão integrativa reforçam a importância da atuação do enfermeiro na promoção da saúde e bem-estar de pessoas com TEA, destacando desafios e necessidades relacionadas à capacitação profissional, ao diagnóstico precoce e ao cuidado individualizado. A capacitação dos enfermeiros é um fator determinante para que o atendimento ocorra de forma lúdica e segura, permitindo uma melhor relação entre profissional, paciente e familiares (A1 a A8) discorrem bem a esse respeito. No entanto, há evidências de que o conhecimento dos enfermeiros sobre o TEA ainda é limitado, o que reforça a necessidade de maior abordagem do tema na formação acadêmica e na educação continuada.
O estudo A6 evidencia a importância de um cuidado integral, humanizado e ético, que leve em consideração as particularidades de cada paciente com TEA. A abordagem da enfermagem deve ir além dos cuidados hospitalares, assim como mencionado no achado A5, que promove a integração entre enfermeiro, paciente e familiares, proporcionando um acolhimento eficaz desde o diagnóstico até o acompanhamento longitudinal. Essa abordagem se alinha à Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem e com o mencionado no A1, que pode ser utilizada como referencial para fundamentar o processo de enfermagem e o desenvolvimento de planos de cuidado individualizados.
Nesse sentido, Eduardo et al. (2021) possuem ideias que são compatíveis com o A5, ao apontarem a dificuldade dos profissionais em orientar os pais de crianças com TEA. Essa limitação evidencia não apenas uma falta de preparo, mas também uma carência de conhecimento sobre o tema, o que reforça a importância de investimentos em capacitações específicas.
Por sua vez, Freitas et al. (2023) alinharem-se com os achados do A1 e A6, destacando que muitos profissionais de enfermagem ainda se sentem inseguros e pouco preparados para lidar, na prática clínica, com pacientes com autismo e suas famílias. Ainda assim, os autores reconhecem a relevância do papel do enfermeiro na atenção primária, desde o momento do diagnóstico até o acolhimento contínuo da família. Porém, alertam que a falta de conhecimento persiste como um desafio e que, para tornar o cuidado realmente eficaz, é fundamental investir em educação continuada não apenas para os profissionais, mas também como forma de sensibilizar a sociedade como um todo.
Outro aspecto relevante apontado pelo artigo A2 diz respeito à necessidade de formação continuada e de fomento de discussões específicas sobre o TEA no meio científico, visando ampliar a qualificação dos profissionais e melhorar a prestação de assistência. A dificuldade no diagnóstico do TEA, em razão da ausência de sinais físicos evidentes e de exames específicos, também foi apontada como um desafio na pesquisa A7, sendo necessário o desenvolvimento de instrumentos padronizados para a detecção precoce do transtorno. Essa realidade reflete a urgência de políticas públicas que incentivem a formação e a capacitação dos enfermeiros, além da implementação de programas de intervenção para pacientes com TEA e seus familiares.
Neste contexto, Ribeiro et al. (2024) concordam diretamente com os achados do estudo A2, ao apontarem que, mesmo quando há certo domínio do tema por parte das enfermeiras, ainda existe a consciência da necessidade de aprofundar o conhecimento e tornar o cuidado mais sistematizado. Essa percepção reforça a importância da formação continuada como ferramenta essencial para qualificar a assistência ponto também destacado no A2. Além disso, o estudo A7 complementa essa discussão ao destacar a dificuldade no diagnóstico do TEA, justamente pela ausência de sintomas físicos evidentes ou exames específicos. Essa limitação, somada à carência de formação aprofundada mencionada por Ribeiro et al., evidencia os desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem desde a identificação até o cuidado contínuo dessas crianças, mostrando a urgência de estratégias formativas mais robustas e alinhadas à realidade clínica.
Os resultados obtidos evidenciam que a prática dos enfermeiros no atendimento a pacientes com TEA enfrenta desafios significativos, incluindo a deficiência na formação acadêmica e a carência de protocolos específicos. Como apontado na pesquisa A6, há uma necessidade urgente de que os currículos de graduação em enfermagem incluam mais conteúdo sobre o TEA, preparando os profissionais para um atendimento mais humanizado e eficiente. A formação inadequada resulta em dificuldades na identificação das necessidades específicas dos pacientes e pode comprometer a qualidade da assistência prestada.
Ademais, a literatura destaca a relevância do envolvimento familiar no processo de cuidado ao paciente com TEA. O suporte dos enfermeiros às famílias se mostra essencial como mostrou o estudo A5 proporcionando orientações sobre o manejo dos sintomas e estratégias para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Nesse contexto, torna-se imprescindível que os profissionais de enfermagem atuem de maneira colaborativa, garantindo um atendimento multidisciplinar e integrando esforços com outros profissionais da saúde.
Ao realizar uma análise comparativa entre os estudos, é possível observar que muitos deles apontam limitações na formação dos profissionais de enfermagem. Tanto A1 quanto A6 relatam a insegurança dos profissionais diante da assistência à criança com TEA, destacando que a ausência de preparo durante a formação acadêmica reflete negativamente na prática clínica. Já A2 complementa essa visão, evidenciando que, embora os profissionais tenham algum conhecimento sobre o transtorno, ele ainda é superficial, o que compromete a qualidade do cuidado.
Por outro lado, A5 e A7 convergem ao apresentar estratégias e abordagens que favorecem a identificação precoce do transtorno e o acompanhamento qualificado. O A5 destaca a necessidade de articulação com o sistema educacional e com as famílias para garantir continuidade no cuidado, enquanto A7 enfatiza a importância da triagem precoce e da escuta ativa aos familiares como formas eficazes de diagnóstico. Tais estratégias demonstram um caminho promissor para superar os desafios enfrentados pela enfermagem.
Por outro lado, o A3 propõe uma reflexão sobre a atuação das políticas públicas e a forma como estas podem promover um cuidado mais integral e humanizado às pessoas com TEA. Embora não se concentre diretamente na prática do enfermeiro, o estudo reafirma a necessidade de estratégias organizadas pela Rede de Atenção Psicossocial, o que amplia o debate para além do profissional individual e chama a atenção para o sistema de saúde como um todo.
A análise do A8 traz à tona as limitações que crianças com TEA enfrentam no que diz respeito ao autocuidado, especialmente em atividades básicas como alimentação, higiene e interação social. Diante disso, reforça-se a necessidade de intervenções específicas que envolvam não apenas a criança, mas também seus cuidadores, valorizando um cuidado contínuo, planejado e participativo. Além disso, o artigo destaca a importância de estimular a autonomia progressiva, promovendo o empoderamento tanto da criança quanto da família no processo de cuidado. Essa visão dialoga com os princípios propostos por Orem e reforça a importância de se trabalhar o empoderamento da criança e da família no processo de cuidado.
Essa perspectiva encontra força e concordância em Oliveira (2018), que defende a construção da autonomia e do autocuidado da criança com TEA ao longo da vida, destacando como a Teoria do Autocuidado de Dorothea Orem, associada a estratégias como as Social Stories, pode trazer respostas positivas nesse processo.
Na mesma linha, Nunes et al. (2020) apontam que a utilização da teoria de Orem como base para um plano terapêutico detalhado e contínuo é fundamental para preservar a autonomia da criança com TEA. Por sua vez, Silva e Furtado (2019) ampliam essa visão ao defenderem a importância de práticas de enfermagem que respeitem as particularidades do paciente autista e incentivem sua inserção no contexto social, sem limitar sua evolução por abordagens restritivas. Para os autores, garantir a autonomia e a participação ativa da criança é um direito e um dever dentro do SUS. Nota-se que os pensamentos que os pensamentos desses autores convergem com os achados do A8, todos ressaltando a importância do empoderamento da criança e da família, da construção de autonomia progressiva e da atuação sensível e planejada da enfermagem diante das especificidades do TEA.
Assim, os achados de A3 e A8 ampliam o olhar sobre a atuação da enfermagem no cuidado às pessoas com TEA, demonstrando que os desafios não estão restritos ao ambiente hospitalar, mas abrangem também o campo social, educativo e familiar. Os demais artigos analisados (A1 a A7) corroboram essa visão, ao evidenciarem a necessidade de políticas públicas que promovam capacitação contínua, sensibilização profissional e acolhimento humanizado. A promoção do autocuidado, o fortalecimento do vínculo com os familiares e a atuação interdisciplinar são pilares para que o atendimento à pessoa com TEA seja eficaz, ético. e respeitoso.
5 CONCLUSÃO
Os estudos analisados evidenciam um cenário que ainda demanda atenção, investimento e comprometimento por parte das instituições formadoras, dos serviços de saúde e dos profissionais. A ausência de preparo específico para lidar com o TEA compromete a efetividade da assistência e reforça a necessidade de educação permanente e de protocolos claros e acessíveis.
Embora haja avanços no reconhecimento dos direitos das pessoas com TEA, a prática profissional ainda não reflete esse progresso de forma homogênea. Muitos enfermeiros relatam insegurança, lacunas na formação e falta de suporte institucional. Isso revela desafios que poderiam ser mitigados com políticas públicas eficazes, capacitação contínua e maior articulação entre os setores da saúde e da educação.
A atuação do enfermeiro junto a pessoas com TEA exige mais do que domínio técnico. É necessário um olhar sensível, capaz de compreender e respeitar as singularidades de cada indivíduo, promovendo escuta ativa, empatia e cuidado isento de julgamentos. Tal abordagem requer preparo, tempo e um ambiente institucional que a favoreça.
Nesse contexto, investir na formação continuada, estimular a troca de experiências entre profissionais e fortalecer o diálogo com as famílias são estratégias fundamentais para um cuidado mais humanizado e eficaz. A presença do enfermeiro, quando qualificado, pode reduzir barreiras no acesso à saúde e contribuir significativamente para o bem-estar das pessoas com TEA e suas famílias.
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1 Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma
2 Acadêmica do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: thamillylua24@gmail.com.br
3 Orientadora. Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão – IESMA/Unisulma. E-mail: pamela.bussinguer@unisulma.edu.br