ABORDAGEM PREVENTIVA E MEDICAMENTOSA DA SILICOSE DENTRO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10160640


Enzo dos Santos Melo Véras¹
Hariel Bringel Fuentes¹
Hendrix Marçal Carvalho Val¹
José Guilherme de Oliveira Rodrigues Ferreira¹
Thaís Machado Lima¹
Vanessa Cristina de Castro Aragão Oliveira²


Resumo

Introdução: A revolução industrial aumentou a exposição a poeiras, como as encontradas na mineração, na extração e beneficiamento de rochas, na lapidação de quartzo e pedras preciosas, na construção civil, no jateamento de areia e na metalurgia. Essa exposição pode causar silicose, uma doença que causa dispneia, dor, perda de peso e febre. Em casos graves, a silicose pode evoluir para complicações, como DPOC, enfisema, câncer de pulmão, tuberculose pulmonar. Metodologia: Este artigo se trata de uma revisão de literatura sistemática, com o objetivo de  identificar a abordagem preventiva e medicamentosa da silicose no Sistema Único de Saúde. Para isso, foram realizadas pesquisas nas bases PubMed, Scielo, Lilacs e Google Acadêmico. A busca foi realizada em setembro de 2023, utilizando as palavras-chave combinadas com os operadores booleanos AND e OR. Discussão:Percebeu-se que a silicose pode ser classificada em três formas: crônica, acelerada e aguda. A forma crônica é a mais comum e se desenvolve após 15 a 20 anos de exposição à sílica. A forma acelerada se desenvolve após 5 a 10 anos de exposição à sílica. A forma aguda se desenvolve após 5 anos de exposição à sílica. A exposição à sílica foi o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. As ocupações relacionadas à exposição à sílica são carvoarias, pedreiras, vidraçarias e mineração. O diagnóstico da silicose é feito com base na história clínica e ocupacional do paciente e nos exames radiológicos. A silicose não tem cura, mas o tratamento pode retardar a progressão da doença. Conclusão: Assim, o estudo confirma a importância dessa doença e da sua prevenção. Isso porque os tratamentos existentes não são eficazes para curar a doença, sendo a profilaxia a melhor forma de evitá-la.

Palavras-chave: Silicose; Pneumoconiose; Sistema ùnico de Saúde

Abstract

Introduction: The industrial revolution increased the exposure to dust, such as those found in mining, extraction and processing of rocks, lapping of quartz and precious stones, construction, sand blasting and metallurgy. This exposure can cause silicosis, a disease that causes dyspnea, pain, weight loss, and fever. In severe cases, silicosis can progress to complications such as COPD, emphysema, lung cancer, pulmonary tuberculosis. Methodology: This article is a systematic literature review, with the objective of identifying the preventive and drug approach to silicosis in the Unified Health System. For this, searches were conducted in the databases PubMed, Scielo, Lilacs and Google Scholar. The search was conducted in September 2023, using the keywords combined with the Boolean operators AND and OR. Discussion:It was noticed that silicosis can be classified into three forms: chronic, accelerated and acute. The chronic form is the most common and develops after 15 to 20 years of exposure to silica. The accelerated form develops after 5 to 10 years of exposure to silica. The acute form develops after 5 years of exposure to silica. Exposure to silica was the main risk factor for the development of the disease. Occupations related to exposure to silica are coal, quarries, glassware and mining. The diagnosis of silicosis is based on the patient’s clinical and occupational history and radiological examinations. Silicosis has no cure, but treatment can slow the progression of the disease. Conclusion: Thus, the study confirms the importance of this disease and its prevention. This is because existing treatments are not effective to cure the disease, and prophylaxis is the best way to avoid it.

Keywords: Silicosis; Pneumoconiosis; Unified Healthy System

Introdução

A silicose é uma doença pulmonar grave e progressiva causada pela exposição crônica à sílica cristalina, um mineral presente em diversas atividades ocupacionais, como a mineração e a construção civil. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), é fundamental abordar o tratamento e a prevenção da silicose, uma vez que essa condição representa um desafio de saúde pública que afeta trabalhadores em diversas regiões do Brasil. 

A revolução industrial aumentou a exposição a poeiras, como as encontradas na mineração, na extração e beneficiamento de rochas, na lapidação de quartzo e pedras preciosas, na construção civil, no jateamento de areia e na metalurgia. Essa exposição pode causar silicose, uma doença que causa dispneia, dor, perda de peso e febre. Em casos graves, a silicose pode evoluir para complicações, como DPOC, enfisema, câncer de pulmão, tuberculose pulmonar, artrite reumatoide, esclerodermia e outras doenças autoimunes. 

A doença é caracterizada pelo acúmulo de sílica nos pulmões, o que pode levar a fibrose pulmonar, dificuldade respiratória e até mesmo morte. A fisiopatologia da silicose envolve uma série de eventos que ocorrem após a inalação de poeira de sílica. As partículas de sílica são pequenas e afiadas, o que as torna capazes de penetrar profundamente nos pulmões. Uma vez nos pulmões, as partículas de sílica são fagocitadas por macrófagos, um tipo de célula do sistema imunológico. Os macrófagos tentam digerir as partículas de sílica, mas isso libera produtos químicos inflamatórios que podem danificar o tecido pulmonar. O dano ao tecido pulmonar leva à formação de granulomas, que são massas de tecido inflamado. O diagnóstico da silicose é geralmente feito por meio de exames radiológicos, como a tomografia computadorizada de tórax. A radiografia de tórax pode mostrar alterações características da silicose, como nódulos pulmonares, opacidades e espessamento das paredes das vias aéreas. 

A tomografia computadorizada de tórax (TC) é um exame mais preciso que a radiografia para o diagnóstico da silicose. A TC pode mostrar alterações características da silicose com mais detalhes do que a radiografia. O tratamento da silicose é sintomático, podendo ser medicamentoso (Anti-inflamatórios não esteroides e/ou Corticosteroides), Oxigenoterapia ou cirúrgico. 

Neste artigo, exploraremos as estratégias de tratamento disponíveis, assim como as medidas de prevenção eficazes para combater a silicose e proteger a saúde dos trabalhadores expostos a esse risco ocupacional.

Objetivos

 Objetivo geral: 

– Compreender a prevenção e o tratamento medicamentoso da silicose no âmbito do SUS

Objetivos específicos:

–  Conhecer como é feita a prevenção da silicose na Rede de Atenção Básica

–  Entender o processo de diagnóstico e tratamento dos casos de silicose no SUS

Metodologia

A metodologia deste artigo consiste em uma revisão de literatura, que é um tipo de pesquisa que busca sintetizar, analisar e avaliar as informações já publicadas sobre o assunto em questão. O objetivo da revisão de literatura é identificar o estado do tema, as lacunas, as tendências e as perspectivas da área de estudo sobre a abordagem preventiva da silicose no Sistema Único de Saúde.

Para realizar a revisão de literatura, foram utilizadas as seguintes etapas:

Definição das palavras-chave e dos critérios de inclusão e exclusão dos artigos. As palavras-chave foram: silicose, prevenção, tratamento, Sistema Único de Saúde, revisão de literatura. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados nos últimos 20 anos, em português, espanhol ou inglês, que abordassem a temática proposta. Os critérios de exclusão foram: artigos duplicados, incompletos, irrelevantes ou fora do escopo.

Busca dos artigos nas bases de dados científicas. Foram consultadas as seguintes bases: PubMed, Scielo, Lilacs e Google Acadêmico. A busca foi realizada em setembro de 2023, utilizando as palavras-chave combinadas com os operadores booleanos AND e OR.

Seleção dos artigos relevantes. Foram selecionados os artigos que atendiam aos critérios de inclusão e exclusão, a partir da leitura dos títulos, resumos e palavras-chave. Foram excluídos os artigos que não se adequavam ao tema ou que apresentavam baixa qualidade metodológica.

Extração e análise dos dados dos artigos selecionados. Foram extraídos os seguintes dados: autores, ano, título, periódico, tipo de estudo, objetivo, método, resultados e conclusões. Os dados foram organizados em uma tabela sintética e analisados de forma crítica e comparativa.

Elaboração da síntese da informação. A partir da análise dos dados, foi elaborada uma síntese da informação, destacando os principais achados, as divergências, as convergências, as limitações e as implicações dos estudos revisados para a abordagem preventiva e medicamentosa da silicose dentro do Sistema Único de Saúde.

Resultados

Autores (Ano)Título Principais achadosConclusão
1ALOCHIO, Luiza Vallar et al. (2021)Silicose pulmonar e doenças autoimunes: série de casos e revisão de literatura.Os principais achados deste material são a relação entre a exposição à sílica e o desenvolvimento de doenças autoimunes, em especial a Síndrome de Sjögren (SS), e a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o material apresenta casos clínicos e revisão de literatura sobre a relação entre silicose pulmonar e doenças autoimunes.A conclusão deste material é que a exposição ocupacional à sílica é um fator de risco para o desenvolvimento de silicose pulmonar e doenças autoimunes, o que aumenta a morbimortalidade. Assim, destaca-se a importância da prevenção da exposição ocupacional de risco e da abordagem sistemática da história laboral na prática médica.
2QI, Xian-Mei, et al. (2021)Pneumoconiosis: current status and future prospects. Esse material tem como principais achados, o estudo a cerda da morfologia da pneumoconiose na qual se caracterizada por apresentar regiões de opacidades generalizadas nos pulmões, principalmente nas zonas superiores de ambos os pulmões. Além disso, esse estudo demonstrou que a silicose apresenta nódulos levemente pigmentados com bordas lisas e uma área central de fibrose acelular em forma de cebola. As lesões fibróticas geralmente aparecem nas zonas superiores dos pulmões e são conhecidas como “lesões em casca de cebola” devido às suas fibras concêntricas de colágeno. O também descreve a aparência radiográfica da pneumoconiose, que pode incluir opacidades nodulares pequenas e redondas com opacidades reticulares.Este material tem o objetivo de demonstrar que a pneumoconiose é uma doença pulmonar causada pela inalação de poeira mineral, que pode levar a danos irreversíveis nos pulmões. A doença é mais comum em trabalhadores expostos a poeira mineral em minas, pedreiras, construção, agricultura e indústrias. A prevenção é fundamental para evitar a doença, e medidas de segurança no local de trabalho, como o uso de equipamentos de proteção individual e a redução da exposição à poeira, são essenciais. O diagnóstico precoce é importante para evitar a progressão da doença, e o tratamento é baseado no controle dos sintomas e na prevenção de complicações. Infelizmente, não há cura para a pneumoconiose, e a doença pode levar a uma diminuição da qualidade de vida e a um aumento do risco de morbidade e mortalidade respiratória.
3MACHADO, Maria Fernanda Freire et al. (2019)SILICOSE PULMONAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Os principais achados incluem relatos de casos de pacientes com silicose, informações sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento da doença, além de medidas preventivas e a importância do uso de equipamentos de proteção individual. O objetivo do material é descrever as alterações que podem ocorrer devido a um diagnóstico tardio de silicose e ressaltar a importância da prevenção da doença.As informações e relatos de experiência apresentados destacam a importância da prevenção da silicose pulmonar, uma doença ocupacional que pode ser incapacitante e até mesmo fatal. A retirada da exposição ao agente tóxico não cura a doença, mas reduz a evolução dela. Portanto, é fundamental que os trabalhadores que estão expostos à sílica utilizem equipamentos de proteção individual adequados e que as empresas adotem medidas de controle ambiental para minimizar a exposição dos trabalhadores à poeira contendo sílica. Além disso, é importante que os profissionais de saúde estejam atentos aos sintomas da doença e realizem o diagnóstico precoce para que o tratamento possa ser iniciado o mais cedo possível.
4DA SILVA TELES, Juliana Augusta Spinelli. (2016)Silicose e esclerose sistêmica (síndrome de Erasmus): a importância do reconhecimento da associação entre doençasOs principais achados deste material são associação entre silicose e esclerose sistêmica, a importância do reconhecimento precoce dessa associação, a ênfase na história ocupacional, principalmente em casos de ES que apresentem comprometimento pulmonar em indivíduos do sexo masculino, e a descrição de casos clínicos que ilustram a relação entre essas duas doenças. Além disso, o material também apresenta informações sobre os sintomas, fatores de risco e medidas de prevenção da silicose e outras doenças ocupacionais relacionadas à exposição à sílica.A conclusão deste material é que é importante reconhecer precocemente a associação entre silicose e esclerose sistêmica, dando ênfase na história ocupacional. O diagnóstico precoce da síndrome de Erasmus por pneumologistas, reumatologistas e médicos do trabalho permitirá intervenções mais efetivas e um tratamento precoce, que proporcionarão um melhor prognóstico para esses pacientes. Além disso, é importante adotar medidas de prevenção para evitar a silicose e outras doenças ocupacionais relacionadas à exposição à sílica.
5BARBOZA, Carlos Eduardo Galvão et al. (2008)Tuberculose e silicose: epidemiologia, diagnóstico e quimioprofilaxiaA exposição à sílica aumenta o risco de desenvolvimento de tuberculose, mesmo em indivíduos sem silicose estabelecida.  A tomografia computadorizada de alta resolução do tórax pode ser útil para o diagnóstico de silicose, com achados como nódulos difusos, opacidades centrolobulares ramificadas, nódulos subpleurais e linfadenomegalias. A quimioprofilaxia para tuberculose em silicóticos pode ser realizada com isoniazida por 6 a 12 meses, com monitoramento cuidadoso para efeitos adversos.Este material conclui que a exposição à sílica aumenta o risco de desenvolvimento de tuberculose, mesmo em indivíduos sem silicose estabelecida. Além disso, a quimioprofilaxia para tuberculose em silicóticos pode ser realizada com isoniazida por 6 a 12 meses, com monitoramento cuidadoso para efeitos adversos. No entanto, mais estudos são necessários para consolidar as indicações e identificar o melhor esquema de medicação de escolha, dose e duração. Por fim, a prova tuberculínica pode ser realizada em indivíduos com silicose ou exposição prolongada à sílica, mas deve ser interpretada com cautela devido à possibilidade de resultados falsos positivos.
6BON, Ana Maria Tibiriçá. (2006)Exposição ocupacional à sílica e silicose entre trabalhadores de marmorarias, no município de São Paulo.Este trabalho tem a função de demonstrar que a silicose é uma doença ocupacional causada pela inalação e acumulação de poeira de sílica no pulmão, que pode afetar gravemente a saúde dos trabalhadores expostos.  A sílica é um dos poluentes mais comuns na crosta terrestre e pode ser encontrada em muitos ambientes de trabalho, incluindo a construção. A identificação dos perigos no ambiente de trabalho é fundamental para prevenir a silicose. Existem medidas de controle de risco que podem ser implementadas para mitigar o risco de exposição à sílica no ambiente de trabalho. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são importantes para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores afetados pela silicose.A silicose é uma doença ocupacional grave que afeta a saúde dos trabalhadores expostos à poeira de sílica no ambiente de trabalho, especialmente na construção. A identificação dos perigos no ambiente de trabalho e a implementação de medidas de controle de risco são fundamentais para prevenir a silicose. Além disso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são importantes para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores afetados pela doença. É essencial que as empresas e os trabalhadores estejam cientes dos riscos associados à exposição à sílica e tomem medidas preventivas para garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável.
7SILICOSIS, O. F. (2019)Produção mineral no brasil: ensaio teórico sobre a epidemiologia da silicoseA exposição à sílica pode ser verificada em diversos ramos de atividade, contudo, as com maior potencial de exposição a este mineral são a indústria extrativa; o beneficiamento de minerais em atividades de corte, polimento e moagem de pedras; a lapidação de pedras preciosas e semipreciosas; a indústria da construção; o jateamento de areia; a escavação de poços em solos que apresentam camadas de rocha ricas em quartzo; as indústrias cerâmicas; as indústrias metalúrgicas; a produção, uso e manutenção de tijolos refratários; a fabricação de vidros e na indústria da borrachas (BRASIL, 2017; OSHA, 2018). Na tabela 1 são demonstradas as principais estimativas de trabalhadores expostos no mundo até o ano de 2018.Apesar de o setor mineral representar parcela importante da economia brasileira, as iniciativas tanto do setor público quanto do privado para manter a saúde e prevenir o adoecimento decorrente desta atividade parecem ainda não ser efetivas. A exposição ocupacional dos trabalhadores de mineração a diversos agentes patogênicos pode ser intensa, dependendo da área de atuação. Quando esta exposição se refere à sílica cristalina, o número de trabalhadores expostos é alarmante. Os estudos recentes desenvolvidos na área demonstram que o caminho para a diminuição do aparecimento de novos casos de silicose, é o investimento em estratégias de prevenção que sejam efetivas e visem a educação dos trabalhadores. Dessa maneira, acredita-se na importância e na necessidade dessas estratégias serem implementadas em nossa realidade.
8BON, Ana MT. (2006)Exposição ocupacional à sílica e silicose entre trabalhadores de marmorarias, no município de São Paulo. Apresentam-se primeiramente os resultados dos levantamentos feitos para caracterização das marmorarias e de medida de concentração de poeira e silica cristalina respirável utilizados no estudo de exposição ocupacional, no estudo de alternativas de controle para a poeira e para estimar a porcentagem de silica cristalina respirável para determinadas matérias-primas. Na seqüência apresentam-se os resultados de caracterização da população, de avaliação médica e o cruzamento das informações de história ocupacional, avaliação médica e exposição acumulada à sílica cristalina.A avaliação das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores em decorrência da exposição ocupacional a poeiras minerais contendo sílica cristalina marmorarias no Municipio de São Paulo foi realizada. A correlação dos resultados da avaliação da exposição ocupacional à sílica cristalina na fração respirável de poeiras minerais com os achados de história ocupacional, clínicos e radiológicos dos trabalhadores foi realizada por meio de estudo transversal analítico. A caracterização dos processos de beneficiamento final de rochas ornamentais foi realizada por meio do estudo de alternativas de controle e do estudo de matérias-primas.
9FERREIRA, Lucille Ribeiro et al. (2008)A silicose e o perfil dos lapidários de pedras semipreciosas em Joaquim Felício, Minas Gerais, Brasil. Além da lapidação de pedras semipreciosas, 23 (32,9%) lapidários já tinham trabalhado em outras atividades em que havia exposição à sílica, sendo 21 deles em lavra de cristal ou de outras pedras semipreciosas. Um lapidário relatou ter trabalhado em marmoraria e, outro, em pedreira. Dos 23 indivíduos com história ocupacional pregressa de exposição à sílica em outras atividades, três eram portadores de silicose. Destes, dois trabalharam em lavra de cristal e um em pedreira. A média do tempo de exposição total à sílica desses três lapidários era de 14,2 anos e a contribuição da exposição em atividades diversas da lapidação mostrou-se pequena, apenas 1,6 ano. Dessa forma, provavelmente, a principal fonte de exposição à sílica desses trabalhadores ocorreu na atividade de lapidação de pedras.Diante do exposto, torna-se necessária a atuação de uma equipe multidisciplinar, oriunda de instituições governamentais e não-governamentais, no sentido de gerar alternativas para minimizar ou erradicar o risco de adoecer por silicose na atividade de lapidação de pedras preciosas e semipreciosas. Tais ações poderiam estar vinculadas ao Programa Nacional de Eliminação da Silicose 18, que tem demonstrado interesse pelas pequenas empresas, inclusive as do setor de economia informal. Sugere-se, ainda, ao Sistema Único de Saúde local e estadual a continuidade das ações de vigilância em saúde do trabalhador, bem como o periódico acompanhamento clínico e radiológico de todos os lapidários, iniciados a partir da realização desta pesquisa por autoridades de saúde.
10SILVA, Leandro Liberino et al. (2018)Modificação do perfil da silicose na mineração subterrânea de ouro em Minas Geraiso diagnóstico de silicose foi confirmado em 19,7% dos avaliados. Nenhum caso da doença foi identificado em indivíduos que trabalharam apenas na superfície. A prevalência no grupo que trabalhou até 5 anos no subterrâneo foi de 3,8% e no grupo com mais de 20 anos de trabalho nesse local foi de 44,2%. Os admitidos para trabalho subterrâneo até 1950 apresentaram prevalência de 57,9%. Entre os admitidos após 1990, não houve registro de casos.Verificou-se uma queda expressiva na ocorrência de silicose no período analisado. Uma vez que a doença é sabidamente dose-dependente, é esperado que a diminuição dos níveis de exposição, obtido pelas melhorias dos ambientes ocupacionais, tenha refletido nestes resultados. É fundamental que tais medidas continuem a ser adotadas na mineração e em outros ramos de atividade visando reduzir a ocorrência da doença.
11MAGALHÃES, Fernanda Mesquita et al. (2020)Silicose: uma revisão sistemáticaNo seguinte estudo é observado que dentro de uma faixa de indivíduos estudados, há uma alta predisposição do acometimento de silicose para com pessoas do sexo masculino, com uma idade variando entre 27 e 72 anos, onde isso seria comum, já que todos compartilhavam de ocupações que trabalhavam com poeira. Dentro dessa vereda, é visto que, de acordo com as literaturas estudadas nesse estudo, as profissões que são mais acometidas pela silicose, são: pedreiros, mineiros, atividades que envolvem túneis e fundição. Considerando o exposto, torna-se evidente a gravidade da silicose e suas consequências na vida das pessoas afetadas por essa condição. Em relação às variáveis observadas, foi notado que todos os indivíduos afetados são do sexo masculino, e a idade não desempenha um papel determinante no desenvolvimento da doença, uma vez que há uma ampla variação na faixa etária dos pacientes. Além disso, o local de trabalho, independentemente da nacionalidade dos trabalhadores, não parece ser um fator influente. No entanto, o fator mais significativo associado à patologia é a presença de sílica no ambiente de trabalho, o que é comum em diversas profissões. Além disso, após a exposição à sílica, ocorre a formação de fibrose no tecido pulmonar, precedendo a perda da funcionalidade do órgão. A gravidade dessa lesão irreversível está diretamente relacionada ao tempo de exposição a essa substância nociva, ou seja, são proporcionais.
12AZEVEDO, Roberta Guio et al. (2021)Silicose nas pedreiras: a sutil diferença entre conhecer e adoecer. Intervenções em Saúde do Trabalhador na explotação de rochas ornamentaisNo que diz respeito à prevenção primária, um princípio fundamental reside na capacidade de controlar não apenas a poeira, mas, em certas circunstâncias, modificar o próprio processo de trabalho de forma a evitar a sua formação. Isso implica na adaptação dos métodos de perfuração de rochas nas indústrias de extração mineral, substituindo o método de perfuração a seco pelo processo de perfuração úmida. Além disso, é crucial utilizar instrumentos de amostragem de poeira e técnicas de análise de partículas para certificar que a exposição às poeiras se mantenha abaixo dos limites de tolerância estabelecidos. Essas medidas de controle devem ser aplicadas de forma padronizada em todas as atividades de risco relacionadas à extração mineral. A capacitação é fundamental, com procedimentos operacionais claros e bem definidos que garantam uma execução segura de cada atividade. A substituição de equipamentos e tecnologias por alternativas mais modernas e seguras visa isolar as fontes emissoras, reduzindo a exposição. Nesse sentido, as medidas prioritárias estão diretamente ligadas à redução significativa do tempo de exposição e à implementação abrangente de medidas de controle ambiental. A redução da exposição também requer um processo contínuo e progressivo de vigilância, com o objetivo de otimizar a proteção no manuseio de materiais que contenham sílica.Nas pedreiras que foram examinadas, foram identificadas diversas medidas visando à prevenção dos riscos à saúde dos trabalhadores. De forma sistemática, a importância do processo umidificado é destacada no Diálogo Diário de Segurança (DDS), visando a redução da exposição e da inalação de poeiras respiráveis que contêm sílica livre cristalina. Outra estratégia comum adotada consiste na implementação de ações voltadas para a prevenção e controle do ambiente de trabalho. Isso inclui a instalação de placas de advertência que informam sobre a presença de poeira de sílica na área, identificando o risco por meio de pictogramas de perigo, palavras de alerta, frases de perigo e precaução. Os sindicatos patronais e de trabalhadores, juntamente com a Fundacentro/ES, estabeleceram uma parceria para disseminar o Programa Nacional de Eliminação da Silicose (PNES) com o objetivo de alcançar a “taxa zero de poeira”. Eles realizam ações voltadas para a conscientização e a eliminação da exposição. Além disso, os riscos laborais associados à atividade em pedreiras foram abordados em palestras ministradas em escolas da região, buscando promover o entendimento sobre a saúde dos trabalhadores e os riscos inerentes a esse setor, uma vez que a atividade em pedreiras é uma opção de emprego para muitos. A solicitação feita pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Espírito Santo (MTE/ES) para a implementação da ginástica laboral como uma ferramenta de prevenção foi bem recebida pelos trabalhadores. Sob a orientação de especialistas, a prática da ginástica é disseminada por profissionais da pedreira, sendo realizada diariamente e dividida por equipes de trabalho. Os registros dos participantes e eventuais não conformidades são mantidos em um livro, com o gestor monitorando de perto todas as ocorrências.
13CASTRO, Marcos César Santos de et al. (2022)Estudo de associação entre potenciais biomarcadores genéticos e o desenvolvimento de silicose simples e complicada em trabalhadores brasileiros exposto à sílica.De acordo com a duração da exposição à poeira e os níveis envolvidos, são reconhecidas três variantes da silicose: a crônica, a acelerada e a aguda, também conhecida como silicoproteinose. A silicose crônica é a manifestação mais comum e se desenvolve ao longo de muitos anos de exposição a concentrações relativamente baixas de poeira. Seu avanço é geralmente gradual, a menos que haja fatores de suscetibilidade individuais. A forma nodular simples frequentemente não está associada a sintomas ou a achados clínicos significativos. O sintoma predominante da silicose é a dispneia (dificuldade respiratória) durante o esforço. No entanto, alguns pacientes, mesmo com achados radiológicos acentuados, não experimentam dispneia em nenhum grau. Em muitos casos, o surgimento da dispneia marca o início de complicações, como fibrose maciça progressiva (FMP), tuberculose ou doenças das vias aéreas. Quando a FMP se estabelece, o paciente começa a apresentar sintomas relacionados à diminuição dos volumes pulmonares, distorção brônquica e enfisema. A doença pode progredir para estágios avançados, resultando em insuficiência respiratória grave, perda de peso e fraqueza generalizada, tornando o paciente mais suscetível a infecções do trato respiratório inferior. Na FMP, a expansibilidade da parede torácica pode estar reduzida, a traqueia pode estar desviada, a percussão do tórax e os sons pulmonares afetados nas áreas com fibrose, principalmente nas partes superiores, e ruídos adventícios não específicos podem ser auscultados devido à distorção brônquica e à acumulação de secreções. Às vezes, é possível palpar linfonodos aumentados nas cadeias cervicais e na região supraclavicular. A silicose acelerada é uma condição clínica que se situa em termos de progressão entre a silicoproteinose aguda e a forma nodular crônica clássica. Ela requer, em média, de 4 a 8 anos de exposição à poeira para que ocorram alterações radiológicas. Essa variante afeta trabalhadores expostos a níveis significativos de sílica livre no ambiente de trabalho e tem sido observada mais recentemente em jateadores de tecidos e em trabalhadores que lidam com pedras artificiais.O tempo de afastamento das atividades laborais com exposição aos cristais de sílica foi maior nos pacientes com silicose complicada quando comparado aos pacientes com silicose simples. Pacientes com maior comprometimento parenquimatoso pela silicose (silicose complicada) apresentaram maior impacto funcional pulmonar, com menores valores de FVC%, FEV1% e FVC/FEV1. O genótipo TT do polimorfismo -509C/T (rs1800469) em TGFB1 mostrou efeito protetor para a gravidade da silicose. O polimorfismo -844C>T (rs763110) em FASLG mostrou efeito protetor para a gravidade da silicose, considerando ou não o tempo de exposição à sílica. Em análise multivariada, a combinação dos genótipos TT+TC do polimorfismo -844C>T (rs763110) em FASLG foi preditor de proteção para a gravidade da silicose. A ausência de EPI e um maior tempo de afastamento da exposição aos cristais de sílica foram fatores independentes para o risco de silicose complicada. O estudo demonstrou elevada prevalência de tuberculose na amostra, com setenta pacientes, sendo que 25 com silicose simples e 45 com silicose complicada. Os pacientes com tuberculose apresentaram maior comprometimento funcional pulmonar para CVF% e VEF1%. O genótipo GT do polimorfismo rs260925 em FAM13A atuou como um fator de proteção para a tuberculose em pacientes com silicose. A análise multivariada mostrou que rs2609255 em FAM13A foi a única variável independente significativamente associada à tuberculose, após controle de outros fatores de risco.
14DA ROCHA, Rejane Gonçalves; MANCINI, Maria Angélica Ribeiro (2019)SILICOSE: DOENÇA PULMONAR RELACIONADA AO AMBIENTE DE TRABALHOidentifica-se que 90% dos indivíduos apresentaram tosse e falta de ar durante o período de trabalho, que se agravam com cansaço e náuseas nos finais de semana, tal agravo nas  condições  de  saúde  foi mencionado por  90%  dos  trabalhadores  e  80% relatam ir ao médico pelo  menos  uma  vez  ao  ano. Pode-se concluir que  a  função  respiratória  dos trabalhadores da marmoraria apresentou-se diminuída, e a fadiga é uma constante na maioria dos trabalhadoresFundacentro estão  contribuindo  para  o  fim  da silicose, através  de  fiscalização,  Conforme os resultados observados,  ainda  há  grandes  riscos para  os  colaboradores  de Marmorarias,  identificando como  grande  vilão  do  ambiente  a  quantidade  de  poeira  que  o trabalhador  está  exposto. A conscientização  sobre  o  uso  dos  Equipamentos  de  Proteção Individuais,  que  utilizados  corretamente  amenizam  os   malefícios  causados  pela  poeira desprendida  no  processo  de  transformação se  apresenta  ainda  como uma  dificuldade a  ser superada. 

Discussão

A silicose é conceituada como uma doença ocupacional pulmonar, fibronodular intersticial difusa, causada pela inalação de sílica cristalina. É classificada como a principal causa de invalidade entre as doenças respiratórias ocupacionais e sua apresentação clínica depende essencialmente da intensidade e da duração da exposição. Deste modo, a silicose pode tomar as formas de silicose aguda ou silicoproteinose, silicose acelerada e silicose crônica – simples ou complicada, de acordo com os achados radiológicos (MACHADO, 2019).

O principal fator de risco de desenvolvimento de silicose é a concentração de sílica cristalina respirável do material particulado suspenso em ambientes de trabalho. Outros fatores importantes são: tamanho da partícula, origem da sílica, duração da exposição do trabalhador, tempo entre a primeira exposição e o diagnóstico de suscetibilidade individual (BON, 2006).

A silicose pode ser classificada por tempo de exposição e pela quantidade inalada de sílica até o início de desenvolvimento da doença. A forma crônica é a mais comum, ocorrendo após 15 a 20 anos de exposição moderada a baixa à sílica cristalina respirável. A forma acelerada ocorre após 5 a 10 anos de alta exposição e a forma aguda ocorre após alguns meses ou até 5 anos de exposição a concentrações extremamente altas de sílica, sendo a forma mais grave. A fisiopatologia da silicose envolve deposição de partículas de sílica nos alvéolos e sua fagocitose por macrófagos, desencadeando resposta inflamatória que leva a proliferação de fibroblastos e produção de colágeno, culminando com a fibrose nodular característica (ALOCHIO, 2021).

Ainda sobre a fisiopatologia, geralmente a poeira não progride através do sistema respiratório devido a ação do muco produzido na traqueia e nos brônquios, porém, como na exposição ocupacional o contato é excessivo e prolongado, extrapolam os limites de reparo do organismo e provoca uma hipertrofia das estruturas geradoras de muco. Se esse elemento atinge os alvéolos o corpo recruta células de defesa para fagocitar as partículas, contudo são liberadas novamente e permanecem em um ciclo indefinido, o que caracteriza um processo inflamatório crônico, a fibrose pulmonar e os efeitos tóxicos da sílica no corpo humano vão depender do feedback biológico e do tipo de apresentação (MAGALHÃES, 2020).

A silicose é a principal causa de invalidez entre as doenças respiratórias ocupacionais e no Brasil, a silicose é a principal pneumoconiose do ponto de vista epidemiológico e de saúde pública, com aproximadamente 2 milhões de trabalhadores expostos à sílica na construção civil; 272 mil na indústria de minerais não metálicos, particularmente indústria de cimento, vidro e cerâmica; 270 mil na metalúrgica, particularmente nas fundições; 125 mil na mineração; 131 mil na agricultura, 295 mil expostos no setor de prestação de serviço ou administração técnica profissional (CASTRO, 2022).

O diagnóstico da doença é realizado pela integração da história clínica e ocupacional com achados de imagem, habitualmente radiológica, dentro de padrões determinados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nas imagens são visualizados micronódulos, eventualmente coalescentes, que habitualmente ocorrem nas regiões superiores e posteriores dos pulmões. Muitos estudos têm demonstrado que a tomografia computadorizada de alta resolução é mais acurada que a radiografia para identificar os nódulos silicóticos, bem como sua confluência e grandes opacidades. Atualmente, a tomografia é um reconhecido método de imagem complementar à radiografia para a avaliação da exposição à sílica e da suspeita de silicose e seus principais benefícios se dão no diagnóstico de casos iniciais da doença não manifestos na radiografia, bem como na avaliação de grandes opacidades em casos radiologicamente bem definidos (SILVA, 2028).

Ainda no diagnóstico dessa patologia, pode ser feito testes de função pulmonar constituídos por espirometria completa em aparelho do tipo pneumotacógrafo, realizados segundo as Diretrizes para Testes de Função Pulmonar de 2002, utilizando-se valores previstos para população brasileira. Aqueles cuja espirometria basal foi classificada como obstrutiva foram submetidos à prova broncodilatadora. Os casos com diminuição isolada da relação FEF25-75%/CVF foram classificados como “possível obstrução leve”, e aqueles com os resultados da espirometria próximos aos limites inferiores da normalidade como “distúrbio indeterminado” (FERREIRA, 2008).

A Silicose é incurável, crônica e progressiva, e infelizmente ainda não há um tratamento efetivo para a doença e a prevenção e o afastamento precoce da exposição aos cristais de sílica são as medidas mais efetivas. Nos casos mais graves, com extenso comprometimento do parênquima pulmonar, levando a um intenso agravo clínico e funcional, o transplante pulmonar pode ser uma possibilidade ( CASTRO, 2022).

Além dos efeitos pulmonares da sílica livre, existe associação entre esse tipo de exposição e diversas outras enfermidades. A associação entre silicose e tuberculose é bastante conhecida e é recomendado quimioprofilaxia para os portadores da silicose.O II Consenso Brasileiro de Tuberculose recomenda que pacientes com silicose e que sejam reatores fortes à prova tuberculínica (induração ≥ 10 mm) recebam isoniazida, na dose de 300 mg/dia (ou 10 mg/kg/dia) durante seis meses. Considerando-se que a quimioprofilaxia por períodos maiores tem eficácia semelhante, deve-se reservar o esquema de nove meses para grupos de muito alto risco para tuberculose (BARBOZA, 2008). Também existem vários relatos da associação entre essa pneumoconiose e as doenças relacionadas com mecanismos autoimunes, incluindo esclerose sistêmica (ES), artrite reumatoide (síndrome de Caplan), granulomatose de Wegener, anemia hemolítica, dermatomiosite, síndrome de Sjögren, doença de Graves e lúpus eritematoso sistêmico ( TELES, 2016).

Para prevenção da silicose, várias medidas podem ser adotadas para o controle da exposição ocupacional, que deve ser de caráter coletivo, relacionadas ao local e ao processo de trabalho e pessoal e geralmente, é necessário adotar um conjunto de medidas para se prevenir tal doença. Aponta-se como principais medidas coletivas, a modificação no processo de produção; implantação de umidificação nas atividades que geram poeira; instalação de sistemas de ventilação local; isolamento de fontes geradoras de poeira e implantação de programa de manutenção nas máquinas e ferramentas. Já para as medidas pessoais são exames médicos; orientação aos trabalhadores; implantação de procedimentos de segurança e de boas práticas de trabalho. Toda a instalação deve ser projetada, reformada, ampliada, reparadas e inspecionada de forma a garantir a segurança e a saúde do trabalhador, deve-se fornecer gratuitamente, os equipamentos de proteção individual com Certificado de Aprovação (CA) válido e emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, conforme a Norma Regulamentadora NR-6. Dessa forma, a saúde de todo trabalhador que se expõe à poeira contendo sílica e a outros agentes em uma marmoraria deve ser acompanhada por meio de exames médicos, como admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional, conforme a NR-7 que apresenta as diretrizes do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) (ROCHA, 2019).

Conclusão

Diante do exposto, foi observado majoritariamente que a silicose, uma patologia acarretada pela inalação de sílica cristalina, é a principal causa de invalidez respiratória por parte de trabalhadores, sendo que sua qualidade clínica e incapacitante depende quase que unicamente de tempo e quantidade de material inalado por parte do paciente. 

Ademais, a patologia pode ser classificada quanto a tempo e quanto a exposição à sílica. É possível observar a forma crônica, sendo a mais comum, onde há uma instalação da sintomatologia respiratória há cerca de 15 a 20 anos, em um ambiente de inalação baixo a moderada. Também há a forma acelerada, que o indivíduo desenvolve a sintomatologia respiratória em 5 a 10 ano em um ambiente de alta exposição à sílica. Por fim, há a forma aguda, onde o indivíduo desenvolverá o quadro clínico cerca de 5 anos após o começo de sua exposição, em um ambiente com contato e inalação massiva do material.

O diagnóstico da silicose é feito com base na história clínica e ocupacional do paciente e nas imagens radiológicas. O paciente deve ter histórico de exposição à sílica, como por exemplo, trabalhar em minas, pedreiras, indústrias de construção civil ou em atividades de mineração artesanal. A exposição à sílica pode ocorrer por inalação de partículas de sílica cristalina, que podem ser liberadas no ar durante a perfuração, escavação, corte ou moagem de materiais que contenham sílica. As imagens radiológicas são o principal método para diagnosticar a silicose. A radiografia de tórax é o exame mais comumente utilizado. No entanto, a tomografia computadorizada de alta resolução (TC) é mais precisa para identificar os nódulos silicóticos, bem como sua confluência e grandes opacidades.

A silicose é uma patologia crônica, progressiva e incurável, onde, um tratamento específico eficaz ainda não faz parte da realidade atual. As melhores maneiras de combater esta patologia seriam medidas eficazes de prevenção e o afastamento da exposição à sílica de maneira mais rápida possível. Quanto à prevenção, há medidas coletivas que podem ser realizadas como a modificação no processo de produção; implantação de umidificação nas atividades que geram poeira; instalação de sistemas de ventilação local; isolamento de fontes geradoras de poeira e implantação de programa de manutenção nas máquinas e ferramentas. Já quanto às medidas de prevenção pessoal, realização de avaliações médicas, orientação aos colaboradores, implementação de protocolos de segurança e adoção de boas práticas laborais são indispensáveis. Cada estrutura deve ser planejada, renovada, expandida, reparada e inspecionada de maneira a assegurar a saúde e a segurança dos trabalhadores. É essencial fornecer gratuitamente equipamentos de proteção individual com Certificado de Aprovação (CA) válido, emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, conforme preconiza a Norma Regulamentadora NR-6.

Referências:

ALOCHIO, Luiza Vallory et al. Silicose pulmonar e doenças autoimunes: série de casos e revisão de literatura. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 6, p. 64851-64860, 2021.

AZEVEDO, Roberta Guio; SCHÜTZ, Gabriel Eduardo. Silicose nas pedreiras: a sutil diferença entre conhecer e adoecer. Intervenções em Saúde do Trabalhador na explotação de rochas ornamentais. Cadernos Saúde Coletiva, v. 29, p. 67-76, 2021.

BARBOZA, Carlos Eduardo Galvão et al. Tuberculose e silicose: epidemiologia, diagnóstico e quimioprofilaxia. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 34, p. 959-966, 2008.

BON, Ana MT. Exposição ocupacional à sílica e silicose entre trabalhadores de marmorarias, no município de São Paulo. São Paulo, 2006.

CASTRO, Marcos César Santos de. Estudo de associação entre potenciais biomarcadores genéticos e o desenvolvimento de silicose simples e complicada em trabalhadores brasileiros exposto à sílica. 2022.

DA ROCHA, Rejane Gonçalves; MANCINI, Maria Angélica Ribeiro. Silicose. Revista Científica Área da Saúde Fasipe, v. 1, n. 1, p. 51-60, 2019.

DA SILVA TELES, Juliana Augusta Spinelli. Silicosis and systemic sclerosis (Erasmus syndrome): the importance of the recognition of the association between diseases/Silicose e esclerose sistêmica (sindrome de Erasmus): a importância do reconhecimento da associação entre doenças. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, v. 14, n. 1, p. 45-52, 2016.

FERREIRA, Lucille Ribeiro et al. A silicose e o perfil dos lapidários de pedras semipreciosas em Joaquim Felício, Minas Gerais, Brasil. Cadernos de saúde pública, v. 24, p. 1517-1526, 2008.

MACHADO, Maria Fernanda Freire et al. SILICOSE PULMONAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Revista Interdisciplinar Pensamento Científico, v. 5, n. 4, 2019.

MAGALHÃES, Fernanda Mesquita et al. Silicose: uma revisão sistemática. Revista Ciência e Estudos Acadêmicos de Medicina, n. 12, 2020.

QI, Xian-Mei et al. Pneumoconiosis: current status and future prospects. Chinese Medical Journal, v. 134, n. 08, p. 898-907, 2021.

SILICOSIS, O. F. Produção mineral no Brasil: ensaio teórico sobre a epidemiologia da silicose. Revista CIATEC–UPF, v. 11, n. 1, p. 70-77, 2019.

SILVA, Leandro Liberino et al. Modificação do perfil da silicose na mineração subterrânea de ouro em Minas Gerais. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v. 43, p. e8, 2018.


¹ Acadêmico do 8° período do curso de medicina da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde Do Piauí (FAHESP)
² Orientador, Doutora em Saúde Pública, Professora do curso de medicina da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde Do Piauí (FAHESP)