REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202505271422
L. B. A. Costa1
L. A. Gomes1
M. F. C. Almeida1
I. A. D. Araújo1
B. C. Pereira2
L. M. M. Santiago2
F. R. F. Campos2
L. B. Tavares1
Resumo — A Lesão Medular (LM) pode ser traumática ou não traumática, resultando em danos que variam de acordo com a gravidade e a localização da lesão, sendo mais comum em homens jovens. A reabilitação é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, envolvendo uma abordagem multidisciplinar que visa maximizar a funcionalidade e a participação na sociedade. Este estudo apresenta os relatos de casos de dois jovens com LM traumática em tratamento multidisciplinar no Instituto Santos Dumont. O primeiro caso é de um jovem de 17 anos com lesão de nível T6 após um acidente de moto, que busca recuperar o controle urinário e a mobilidade do tronco para dirigir uma motocicleta. O segundo caso é de um jovem de 19 anos com lesão em C4 após um acidente de trabalho, que busca recuperar a mobilidade dos membros superiores para tocar violão e recuperar a sensibilidade nas pernas. Ambos os pacientes enfrentam desafios significativos, como dor e limitações funcionais, mas apresentam progresso em sua reabilitação. A neuroplasticidade, especialmente nos primeiros 6 a 12 meses após a lesão, é crucial para a recuperação. A reavaliação constante dos objetivos do tratamento é essencial para manter a motivação do paciente e orientar as intervenções terapêuticas. O redirecionamento de objetivos, com objetivos divididos em cronogramas e focados em funções motoras alcançáveis que auxiliam nas atividades diárias, permite uma análise detalhada do progresso e aumenta a motivação ao longo do processo de tratamento. Além disso, o apoio psicológico desempenha um papel importante na adesão ao tratamento e na qualidade de vida dos pacientes.
Keywords: Spinal Cord Injury, Multidisciplinary Approach, Goals.
I– INTRODUÇÃO
A Lesão Medular Traumática (LMT) pode resultar de mecanismos traumáticos ou não traumáticos, sendo sua gravidade determinada pelo nível e extensão da lesão, resultando frequentemente em incapacidade residual persistente[1][2]. Nos Estados Unidos, a maioria das lesões medulares é traumática, sendo as causas mais comuns ferimentos por arma de fogo, acidentes automobilísticos e quedas.
A literatura indica uma predominância de lesão medular traumática (LMT) em homens, com incidência notável entre adultos jovens, afetando principalmente indivíduos em seus anos produtivos[3][4].
Como a LME é uma condição crônica, o processo de reabilitação se torna contínuo ao longo da vida do paciente, começando com o diagnóstico e continuando indefinidamente. Isso exige que os objetivos do paciente, sua rede de apoio e toda a equipe de reabilitação sejam ajustados ao longo do tempo. Nesse contexto, o engajamento de todos esses “atores” é essencial para uma melhor gestão dos desafios diários. É igualmente importante que os profissionais de saúde estejam atentos tanto às novas dificuldades quanto às habilidades que o paciente desenvolve durante sua reabilitação. Portanto, é crucial revisitar e ajustar as metas à medida que novas necessidades do paciente surgem e os profissionais as identificam [3]. Este trabalho apresenta relatos de caso de dois jovens do sexo masculino com lesão medular traumática durante o primeiro ano de reabilitação. O objetivo é discutir, a partir de uma perspectiva multidisciplinar, o ajuste das metas terapêuticas com base nos achados das avaliações.
II– APRESENTAÇÃO DOS CASOS
A. METODOLOGIA:
Este estudo é descritivo e qualitativo, envolvendo um relato de caso de dois jovens com lesão medular traumática atendidos no Instituto Santos Dumont. Analisa as repercussões cinético-funcionais, as características socioemocionais, a aplicabilidade das abordagens adotadas e sua influência no desempenho das atividades e na participação social, a partir do desenvolvimento e ajuste de metas de reabilitação na perspectiva de uma equipe multidisciplinar. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do HUOL/UFRN sob o CAAE: 38865820.5.0000.5292, e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
B. APRESENTAÇÃO DO CASO:
TABELA 1 – APRESENTAÇÃO DOS CASOS
ITEM | CASO 1 | CASO 2 |
IDADE (ANOS) | 17 | 19 |
DATA DA LESÃO | 05/08/2023 | 29/02/2023 |
MECANISMO DE LESÃO | TRAUMATISMO POR ACIDENTE DE MOTOCICLETA | TRAUMA POR ACIDENTE DE TRABALHO |
NÍVEL DA LESÃO | 6ªVÉRTEBRA TORÁCICA | 4ªVÉRTEBRA CERVICAL |
GRAU DE COMPROMETIMENTO | PARALISIA DOS MEMBROS INFERIORES, FALTA DE CONTROLE DO TRONCO E DISFUNÇÃO DOS ÓRGÃOS PÉLVICOS | PARALISIA DOS MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES, FALTA DE CONTROLE CERVICAL E DISFUNÇÕES NOS ÓRGÃOS PÉLVICO |
Em relação ao Caso 1, uma avaliação dos padrões motores foi conduzida em 29 de fevereiro de 2024, para analisar os movimentos essenciais para a independência funcional e o alcance do objetivo de controle do tronco com o objetivo de pilotar uma motocicleta. Os resultados indicaram que a assistência foi necessária para a maioria dos movimentos avaliados, variando de ajuda mínima em atividades como manter o controle do tronco sem apoio, até assistência total em tarefas como engatinhar e passar de quadrúpede para sentar-se sobre os calcanhares. Na avaliação de acompanhamento, realizada com o mesmo instrumento em 20 de junho de 2024, houve melhora na atividade funcional descrita anteriormente que exigia assistência mínima. No entanto, os movimentos que indicavam necessidade de assistência total apresentaram melhora, mas ainda necessitam de apoio.
No Caso 2, em 5 de março de 2024, foi realizada uma avaliação do Controle da Bexiga, Anal e do Esfíncter Sexual, que revelou ausência de sensibilidade vesical e anal. Nesse momento, aspectos relacionados à sexualidade não haviam sido discutidos, visto que o paciente não era sexualmente ativo, embora tenha demonstrado interesse. Além disso, foi realizada uma avaliação do tônus muscular pela Escala de Ashworth modificada em 6 de agosto de 2024. Os resultados mostraram hipotonia nos músculos dos membros superiores e inferiores, exceto nos flexores dos dedos e flexores plantares de ambos os lados, que foram classificados como nível 2.
Em relação ao acompanhamento psicológico, o Caso 1 iniciou a terapia motivado e lidou bem com sua situação, utilizando as mídias sociais para apresentar sua imagem e se comunicar com outras pessoas. No entanto, com a estabilização da lesão e a compreensão das funções perdidas, as amizades, a sexualidade e a interação social foram afetadas, levando a alterações de humor e sintomas depressivos que estão sendo avaliados pela psicologia.
Em relação ao Caso 2, o paciente é um tanto reservado e obteve apenas pequenos ganhos funcionais desde a lesão. É desafiador para a equipe de psicologia incentivá-lo a falar sobre seus sentimentos, apesar dos relatos de sua família sobre momentos de desânimo e tristeza em casa. No entanto, o paciente não comunica sua insatisfação à equipe, o que é crucial para o manejo de sua lesão, reavaliando sua vida com base nas mudanças vivenciadas e melhorando suas interações sociais e familiares.
C. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE INCAPACIDADE E SAÚDE
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é crucial no desenvolvimento de metas de reabilitação, pois fornece uma estrutura abrangente para avaliar e classificar a funcionalidade e a incapacidade do paciente. Utilizando a CIF, foi possível identificar com precisão as limitações e barreiras enfrentadas pelos pacientes (Tabela 2), o que permite o estabelecimento de metas específicas e mensuráveis voltadas para melhorar a funcionalidade e a qualidade de vida (Tabela 3).
TABELA 2 – APRESENTAÇÃO DOS CASOS A PARTIR DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF)
CIF | CASO 1 | CASO 2 |
CONDIÇÃO DE SAÚDE | LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA | LESÃO MEDULAR TRAUMÁTICA |
ESTRUTURA E FUNÇÃO CORPORAL | NÍVEL DE LESÃO – ASIA: T6 DOR NAS COSTAS AO EMPURRAR A CADEIRA POR LONGAS DISTÂNCIAS | NÍVEL DE LESÃO – ASIA: C4 DOR NO PEITO QUANDO POSICIONADO EM DECÚBITO LATERAL |
ATIVIDADE E PARTICIPAÇÃO | MONETIZA NA INTERNET COM SUA IMAGEM PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS SOCIAIS | PAROU DE FREQUENTAR A IGREJA |
FATORES AMBIENTAIS (BARREIRAS E FACILITADORES) | FACILITADORES: ACESSO AO TRANSPORTE DA PREFEITURA PARA REALIZAR O TRATAMENTO. FATORES PESSOAIS BARREIRAS: POR NÃO TER CADEIRA DE RODAS PRÓPRIA, USA A DISPONÍVEL NO CER QUE É INADEQUADA E RESTRINGE SUA MOBILIDADE | FACILITADORES: POSSUI CADEIRA DE RODAS PARA MOBILIDADE. BARREIRAS: A CADEIRA DE RODAS NÃO É MOTORIZADA, SENDO NECESSÁRIA UMA PESSOA PARA TRANSPORTÁ-LO |
FATORES PESSOAIS | ATIVO EM REDES SOCIAIS O QUE FAVORECE A COMUNICAÇÃO E RELATO SOBRE SUAS PREOCUPAÇÕES | RESERVADO E COM DIFICULDADE DE FALAR SOBRE SI E SUAS INSATISFAÇÕES |
TABELA 3 – ELABORAÇÃO DE METAS PELA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR AO LONGO DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO
META | CASO 1 | CASO 2 |
META APRESENTADA NA AVALIAÇÃO | CONTROLE DO TRONCO, CONTROLE DO ESFÍNCTER URINÁRIO E PILOTAR UMA MOTOCICLETA | RECUPERAR A CAPACIDADE DE MOVER OS BRAÇOS E AS MÃOS, TOCAR VIOLÃO, RECUPERAR A SENSIBILIDADE NAS PERNAS E CONSEGUIR FICAR DE PÉ |
REDIRECIONAMENTO DA META COM A EQUIPE JUNTO COM O SUJEITO | CURTO PRAZO (6 MESES): TER MAIS AUTONOMIA E ADQUIRIR A CAPACIDADE DE DIRIGIR UMA MOTOCICLETA LONGO PRAZO (18 MESES): CONTROLE NOTURNO DA BEXIGA | CURTO PRAZO (6 MESES): RECUPERAR A SENSIBILIDADE NOS MEMBROS INFERIORES LONGO PRAZO (18 MESES): RECUPERAR A MOBILIDADE DOS MEMBROS SUPERIORES PARA TOCAR VIOLÃO |
III. DISCUSSÃO
Este artigo discutiu dois casos clínicos de jovens com lesão medular, com foco no desenvolvimento e ajuste de metas com base nos achados das avaliações realizadas por uma equipe multidisciplinar durante o primeiro ano do processo de reabilitação.
Ambos têm acesso a tratamento ambulatorial envolvendo uma equipe multidisciplinar com diretrizes baseadas no cuidado centrado na pessoa e na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), considerando seu ambiente, vida diária e fatores pessoais, físicos e emocionais.
O processo de definição e ajuste de metas seguiu uma avaliação multidisciplinar, na qual metas de curto e longo prazo foram desenvolvidas pela equipe de reabilitação em colaboração com o paciente e sua rede de apoio. O planejamento da intervenção foi realizado por meio da criação de estratégias específicas para o alcance dessas metas iniciais. Consequentemente, ao longo do processo, a análise das mudanças motoras e comportamentais dos indivíduos revelou a inviabilidade das metas iniciais e a necessidade de a equipe repensar e estabelecer novas metas por meio de discussões multidisciplinares [5].
O objetivo era alcançar a maior funcionalidade e participação possível para cada indivíduo, visando explorar todo o potencial do paciente, incentivando seu envolvimento no processo e reforçando o que já são capazes de fazer por meio de uma abordagem positiva. Pacientes com lesão medular podem desenvolver a capacidade de reorganizar suas conexões neurais por meio do conceito de neuroplasticidade. Esse processo pode levar à formação de novas vias neurais e potencialmente à recuperação de funções motoras ou sensoriais comprometidas. Geralmente, os maiores ganhos são mais evidentes nos primeiros 6 a 12 meses após a lesão, quando a neuroplasticidade é mais pronunciada e a reabilitação intensiva é mais eficaz [6][7].
O paciente do Caso 1 necessitou de assistência total na posição ajoelhada devido à necessidade de controle do tronco e do quadril, bem como de apoio nessa área durante a marcha assistida. Após receber fisioterapia e intervenções, melhorias foram observadas em vários aspectos avaliados, como assistência moderada na posição ajoelhada e apoio mínimo no quadril durante a marcha em barras paralelas. O paciente do Caso 2 inicialmente utilizou um colar cervical, mas com o progresso do tratamento, ele não foi mais necessário. Houve também melhorias em alguns movimentos, principalmente no membro superior esquerdo. Esses ganhos motores foram cruciais para auxiliar em diversas atividades diárias; no entanto, ao considerar os objetivos pretendidos, a execução permaneceu limitada, necessitando de uma reavaliação dos objetivos pré-estabelecidos.
Em termos de aspectos psicológicos, observou-se que o paciente do Caso 1 teve mais facilidade para lidar com a condição clínica em comparação ao paciente do Caso 2. Isso impacta a motivação, a adesão ao tratamento e a recuperação. No ISD, ambos tiveram acesso a apoio psicológico com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e promover melhores resultados na reabilitação.
No contexto da saúde mental, há um crescente reconhecimento da associação entre lesão medular (LM) e um risco aumentado de morbidades psicológicas. Estudos indicam que, especialmente entre indivíduos mais jovens, há um risco elevado de desenvolver transtornos como ansiedade ou depressão após a alta hospitalar[3].
Como resultado, além da reabilitação física, é essencial que os pacientes tenham acesso a um programa coordenado por uma equipe multidisciplinar com foco em saúde mental, fornecendo as ferramentas necessárias para que desenvolvam um estilo de vida satisfatório e produtivo[1]. Considerando esse apoio aos indivíduos abordados neste estudo, acreditamos que os ganhos alcançados podem ser influenciados por essa abordagem multidisciplinar.
Além disso, a rede de apoio é um fator crucial para superar os obstáculos encontrados durante o processo. A reabilitação oferece uma oportunidade de retorno às atividades diárias, restaurando a funcionalidade, facilitando as interações sociais e promovendo o autocuidado e a adaptação [8].
IV. CONCLUSÃO
Portanto, o ajuste de metas deve ser considerado com base no que se deseja alcançar em uma habilidade ou função, definido de acordo com critérios específicos. As metas SMART precisam ser específicas, mensuráveis, alcançáveis, realistas e oportunas. Isso envolve levar em consideração as necessidades, habilidades e desejos do paciente. Frequentemente, uma intervenção multidisciplinar é necessária para que o paciente e sua família compreendam os ajustes necessários para o alcance funcional, mantendo a motivação ao longo do tratamento e auxiliando os profissionais de saúde na eficácia dos planos terapêuticos.
Nessa perspectiva, a presença de uma equipe multidisciplinar serve como facilitadora no processo de tomada de decisão, pois fornece um foco claro para a reabilitação. Os autores observaram que essa abordagem, baseada em discussões sobre os casos atendidos no Instituto, promove um ambiente enriquecedor de aprendizado contínuo, dadas as extensas discussões prévias com a equipe.
CONFLITO DE INTERESSES
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer ao Instituto Santos Dumont (ISD), à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao Ministério da Educação (MEC) pelo auxílio durante a pesquisa.
REFERÊNCIAS:
- UMPHRED, D. A. Reabilitação neurológica. Tradução: Fernando Diniz Mundim. 5a. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
- CRISTINA et al. Redes de apoio no continuum processo de reabilitação no quotidiano de pessoas com lesão medular. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 22, 26 abr. 2023.
- ELLEN LEMES AMÂNCIO et al. Um olhar sobre os impactos emocionais nos pacientes acometidos por lesão medular traumática. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 7, n. 14, p. e14917–e14917, 24 jan. 2024.
- CARDOZO-GONZALES, R. I.; VILLA, T. C. S.; CALIRI, M. H. L. O processo da assistência ao paciente com lesão medular: Gerenciamento de caso como estratégia de organização da alta hospitalar. Medicina (Ribeirão Preto Online), v. 34, n. 3/4, p.325–333, 2001.
- CARVALHO, Silvana Cabral et al. Atuação da equipe multidisciplinar em um centro de reabilitação para lesões neurológicas: um relato de experiência. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 15, n. 6, p. e 10438-e 10438, 2022.
- HUTSON, Thomas H.; DI GIOVANNI, Simone. The translational landscape in spinal cord injury: focus on neuroplasticity and regeneration. Nature Reviews Neurology, v. 15, n. 12, p. 732-745, 2019
- MARTIN, John H. Neuroplasticity of spinal cord injury and repair. Handbook of Clinical Neurology, v. 184, p. 317-330, 2022.
- DA SILVA LIMA, Thamyres Cristina et al. Redes de apoio no continuum processo de reabilitação no quotidiano de pessoas com lesão medular. Cienc Cuid Saude, v. 22, p. e 65897, 2023.
1Federal University of Rio Grande do Norte, Department of Physical Therapy, Natal, Brazil.
2Rehabilitation Centre/Anita Garibaldi Center for Education and Research in Health/Santos Dumont Institute, Macaíba, Brazil.