ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA NOS CUIDADOS PALIATIVOS À PACIENTE COM DOENÇA DE PARKINSON

SPEECH THERAPY APPROACH IN PALLIATIVE CARE FOR PATIENTS WITH PARKINSON’S DISEASE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10057646


Juliano da Silva Albuquerque1
Priscila de Paula Motta2


RESUMO: O presente estudo teve como objetivo identificar os cuidados paliativos utilizados pelo fonoaudiólogo para controlar os sintomas em pacientes com Parkinson por meio de uma revisão integrativa de literatura. Para maior compreensão do referencial teórico, este estudo propôs os seguintes objetivos específicos: conhecer na literatura os principais conceitos de cuidados paliativos; compreender algumas limitações impostas pela doença de Parkinson; descrever as algumas intervenções fonoaudiológicas realizadas em pacientes em cuidados paliativos com doença de Parkinson. Sobre a metodologia proposta, realizou-se uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, onde a revisão integrativa de literatura foi realizada em um recorte de tempo, por meio de leituras em publicações de artigos, revistas e livros eletrônicos, no período de 2017 a 2023. Considera-se a construção dessa pesquisa importante, pelo fato de que o fonoaudiólogo é um dos profissionais que podem oferecer uma variedade de intervenções que auxiliam no tratamento de pessoas com Parkinson, a partir de estratégias de reabilitação ou no monitoramento das funções da respiração, deglutição, voz e fala destes pacientes.

Palavras-chave: Parkinson. Fonoaudiólogo. Paliativos.

ABSTRACT: This study aimed to identify the palliative care used by speech therapists to control symptoms in patients with Parkinson’s through an integrative literature review. For a better understanding of the theoretical framework, this study proposed the following specific objectives: to learn about the main concepts of palliative care in the literature; understand some limitations imposed by Parkinson’s disease; to describe some speech therapy interventions performed in patients in palliative care with Parkinson’s disease. About the proposed methodology, a descriptive research was carried out, with a qualitative approach, where the integrative literature review was carried out in a time frame, through readings in publications of articles, magazines and electronic books, in the period from 2017 to 2023 The construction of this research is considered important, due to the fact that the speech therapist is one of the professionals who can offer a variety of interventions that help in the treatment of people with Parkinson’s, from rehabilitation strategies or monitoring breathing functions, deglutition, voice and speech of these patients.

Keywords: Parkinson. Speech therapist. Palliatives.

1  INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson caracteriza-se por ser heterogênea e com uma evolução diferente em cada um dos pacientes (VIANA, 2021). Por este motivo, é necessária uma intervenção individualizada, buscando-se adaptar cada pessoa de acordo com os seus sintomas e evolução, levando também em conta as circunstâncias pessoais e familiares. 

Nesse sentido, pelo fato dos cuidados paliativos requer uma assistência complexa, a equipe multidisciplinar conforme preleciona Santos; Mituuti; Luchesi (2020, p. 7) poderá ser composta por: “médicos, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes espirituais e outros”. A partir dessa colocação, para haver um melhor entendimento sobre o tema proposto, realizou-se apenas uma abordagem fonoaudiológica nos cuidados paliativos à paciente com a doença de Parkinson.

Sobre a atuação do fonoaudiólogo nos cuidados paliativos, os autores Luchesi & Silveira (2018) descreveram ser um processo complexo, na maioria das vezes. Porém, entendem que à medida que a doença progride e as manifestações clínicas da doença se agravam, o fonoaudiólogo paliativista poderá trabalhar na comunicação entre o paciente e a família, promovendo a reabilitação da comunicação e a manutenção da alimentação por via oral, de forma segura e prazerosa, na perspectiva de expandir ao máximo a dependência alimentar, reduzindo o risco de aspiração brônquica desde o diagnóstico inicial da doença até o seu término final.

Ademais, os mesmos autores aprofundam sua ideia ao esclarecer que a forma como o fonoaudiólogo trabalhará com o paciente e seus respectivos familiares será primordial, haja vista, que o tratamento por parte destes profissionais poderá desenvolver terapias para reabilitar a comunicação, a escrita, a respiração e a alimentação dos pacientes, minimizando assim as dificuldades e promovendo através de técnicas, exercícios e atividades que revigoram os músculos da região do rosto, garganta e pescoço (LUCHESI & SILVEIRA, 2018). Diante o exposto, elaborou-se o seguinte problema de pesquisa: DE QUE FORMA O FONOAUDIÓLOGO PODERÁ UTILIZAR OS CUIDADOS PALIATIVOS PARA AJUDAR PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON?

A relevância do desenvolvimento deste estudo proveio pela razão de refletir sobre como o fonoaudiólogo exerce o papel de protagonismo diante um atendimento qualificado em cuidados paliativos à paciente com a doença de Parkinson, haja vista, os tratamentos disponíveis oferecem um bom controle dos sintomas motores, contudo, não impedem a progressão da neurodegeneração, a evolução da doença e o aumento da incapacidade do paciente (MATTOS et al. 2018). 

O presente estudo teve como objetivo identificar os cuidados paliativos utilizados pelo fonoaudiólogo para controlar os sintomas em pacientes com Parkinson por meio de uma revisão integrativa de literatura.

2  ENTENDENDO A DOENÇA DE PARKINSON

A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo crônico que afeta principalmente a coordenação motora. Diversos autores têm contribuído para o entendimento dessa doença, tanto em relação aos seus sintomas e diagnósticos, quanto em relação ao tratamento e reabilitação dos pacientes.

Viana (2021) em seus estudos, baseando-se na definição apresentada em 1998, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), descreveu que a doença de Parkinson (DP), é a segunda patologia neurodegenerativa, crônica e progressiva no sistema nervoso, mais prevalente do que a doença do Alzheimer, sendo capaz de causar grande impacto na qualidade de vida dos indivíduos.

Seguindo o entendimento apresentado pela OMS, Barbosa e Ferraz (2019, p. 72) explicam em seus estudos que a doença de Parkinson ocorre quando as células nervosas (neurônios) não produzem o suficiente de uma substância química importante no cérebro, chamada de dopamina. Nessa ideia, os autores estimam que cerca de 10% de pessoas com Parkinson têm origem genética. Contudo, destacam ainda que essa patologia pode não ocorrer na maioria dos membros da mesma família.

Os principais sintomas da doença de Parkinson incluem tremores, rigidez muscular, lentidão nos movimentos e dificuldade em manter o equilíbrio. Além disso, os pacientes também podem apresentar problemas de fala, dificuldade em engolir, alterações na marcha e tremores nas extremidades do corpo. Sobre os sintomas, eles podem variar de pessoa para pessoa e podem evoluir ao longo do tempo (BARBOSA, FERRAZ (2019).

Embora praticamente qualquer pessoa possa estar em risco de desenvolver Parkinson, algumas pesquisas sugerem que essa doença “pode afetar mais os homens do que as mulheres” (BARBOSA, FERRAZ, 2019, p. 72). 

3  DIAGNÓSTICO 

O diagnóstico da doença de Parkinson é baseado nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, além de excluir outras causas que possam estar causando sintomas semelhantes. Não há um único teste definitivo para diagnosticar o Parkinson, portanto, o médico geralmente utiliza uma combinação de avaliação de histórico médico detalhada, exame neurológico, e às vezes testes complementares (BERETA, 2023).

Para Viana (2021) o diagnóstico clínico da doença de Parkinson é baseado na presença de dois dos três principais sinais motores: tremor de repouso, rigidez muscular e bradicinesia (diminuição da capacidade de realizar movimentos voluntários). Além disso, a presença de instabilidade postural também é considerada um critério importante para o diagnóstico da doença.

Nessa mesma ideia, é importante destacar que muitas outras doenças têm características semelhantes ao Parkinson, contudo, requerem tratamentos diferentes, por essa razão, é importante obter um diagnóstico preciso o mais rápido possível (BARBOSA, FERRAZ 2019).

4  IMPACTOS NA COMUNICAÇÃO E NA DEGLUTIÇÃO

Pessoas com doença de Parkinson podem experimentar uma variedade de sintomas que afetam sua comunicação e deglutição. Na comunicação, os sintomas dessa patologia podem levar a alterações na voz e na fala. Muitas pessoas com a doença apresentam disartria que é a dificuldade em articular as palavras corretamente. Isso pode resultar em fala abafada, monótona ou de volume baixo. Além disso, a voz pode tornar-se trêmula, rouca ou fraca. Essas alterações na fala podem dificultar a compreensão e a comunicação efetiva com os outros. A hipofonia é uma condição caracterizada pela produção de voz fraca ou abafada. Pessoas com Parkinson podem ter dificuldade em projetar a voz adequadamente, o que pode tornar sua fala difícil de ser ouvida e compreendida (VARGAS, 2020).

A disfonia é um distúrbio da voz que pode resultar em alterações na qualidade da voz, como rouquidão, voz trêmula ou voz áspera. Pessoas com Parkinson podem experimentar esses sintomas, o que pode afetar sua capacidade de se comunicar de forma clara e eficaz (BARBOSA, 2021).

Além disso, a doença de Parkinson também pode afetar a expressão facial das pessoas resultando em uma diminuição da amplitude dos movimentos faciais. Isso influencia a capacidade de comunicação não verbal como expressão de emoções e leitura de expressões faciais dos outros. Essa dificuldade na comunicação não verbal pode levar a mal-entendidos e comprometer a interação social (QUEIROZ et al. 2022).

No que diz respeito à deglutição a doença de Parkinson, pode afetar a musculatura oral e faríngea prejudicando a coordenação dos músculos envolvidos no processo de mastigação e deglutição. Isso pode resultar em dificuldade para engolir alimentos e líquidos aumentando o risco de engasgos e aspirações que é quando o alimento ou líquido entra nas vias aéreas ao invés de seguir o caminho correto até o estômago. Essa disfunção da deglutição pode levar a problemas nutricionais e respiratórios impactando diretamente a qualidade de vida das pessoas com Parkinson (NÓBREGA, 2020).

A disfagia ou dificuldade de engolir é comum nesses pacientes, devido à diminuição do controle muscular na boca e na garganta. Isso pode levar a engasgos, refluxo, tosse durante as refeições e até mesmo à aspiração de alimentos ou líquidos para os pulmões, o que aumenta o risco de pneumonia aspirativa (FONTANESI, SCHMIDT, 2017).

5  EXERCÍCIOS E PRÁTICAS UTILIZADAS PELO FONOAUDIÓLOGO PARA MELHORAR A COMUNICAÇÃO E A DEGLUTIÇÃO

De acordo com os estudos de Queiroz et al. (2022) existem diversos exercícios e práticas que podem ser utilizados pelo fonoaudiólogo para melhorar a deglutição e a comunicação. Entre esses exemplos incluem: exercícios de fortalecimento muscular, os exercícios de respiração, exercícios de articulação, exercícios de vocalização. Para melhor entendimento, faz-se necessário explicar cada um, conforme entendimento dos autores.

Nos exercícios de fortalecimento muscular, o fonoaudiólogo pode prescrever exercícios específicos para fortalecer os músculos envolvidos na deglutição e na produção da fala. Isso pode incluir exercícios de movimento da língua, bochechas, lábios e músculos do pescoço (QUEIROZ et al. 2022).

Já os exercícios de respiração, os autores explicam que o fonoaudiólogo pode ensinar técnicas de respiração adequadas para melhorar a qualidade vocal e a eficiência da respiração durante a fala. Isso pode incluir exercícios de inspiração e expiração controlada, uso adequado do diafragma e técnicas de relaxamento (QUEIROZ et al. 2022).

Nos exercícios de articulação, para melhorar a articulação da fala, o fonoaudiólogo pode trabalhar com exercícios específicos que visam os movimentos precisos dos órgãos articulatórios como língua, lábios, mandíbula e palato (QUEIROZ, et al. 2022).

No que concerne aos exercícios de vocalização, os autores explicaram que realizar exercícios de vocalização ajuda a melhorar a ressonância, a projeção e o controle vocal. Isso pode envolver a prática de diferentes sons, entonações intensidades e velocidades da fala (QUEIROZ et al. 2022).

6  CUIDADOS PALIATIVOS

A terminologia “cuidados paliativos” refere-se a um conjunto de abordagens que busca melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares diante de uma doença que ameace a vida, por meio de prevenção e alívio do sofrimento e de identificação precoce, avaliação e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais (WHO, 2002).

Trovo e Silva (2021) em seus estudos, relatam que os cuidados paliativos ajudam as pessoas a entender como seu diagnóstico pode afetá-las agora e no futuro. Conforme os autores, os cuidados paliativos ajudam a esclarecer os valores pessoais para tomar decisões de saúde consistentes com os objetivos de vida e dar a conhecer os desejos de uma pessoa no caso de ela não poder falar por si mesma no futuro.  Os cuidados paliativos podem ser úteis em qualquer estágio da doença após o diagnóstico. Os serviços podem ser prestados em um hospital, ambulatório, instalação ou domicílio, pessoalmente ou por telemedicina (TROVO, SILVA, 2021, p. 39).

Cuidados paliativos é uma forma especializada de cuidado interdisciplinar para indivíduos com doenças graves com risco à vida. Uma meta abrangente de cuidado paliativo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes, que frequentemente envolve o manejo de alta qualidade da dor e de sintomas, a clara comunicação a respeito de condições médicas e a combinação das metas de cuidados do paciente com os tratamentos adequados (SILVA, CORTIZO, 2021).

A PPS (Palliative Performance Scale) e a FAST (Functional Assessment Staging Tool) são escalas utilizadas na área da medicina paliativa para estimar a capacidade funcional e o prognóstico de vida de pacientes com doenças em estágios avançados (SANTOS, RIGO, ALMEIDA, 2023). 

7   CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS EM PACIENTES COM PARKINSON

Dentro da medicina paliativa, os cuidados oferecidos são, em geral, para pacientes com câncer avançado e AIDS. Entretanto, essa atuação está se expandido para pacientes com doenças crônicas progressivas e neurodegenerativas, como esclerose lateral amiotrófica, mal de Parkinson, doença de Alzheimer e outras demências (MELO, RIOS & FERREIRA, 2020).

Diante dos estudos analisados por Alves, Faria, Galvão (2016) o Ministério da Saúde em 2018, informou que houve um progresso de publicações sobre os cuidados paliativos associados ao atendimento fonoaudiológico nos ambientes hospitalares do Brasil, tal qual, houve uma normatização pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que propõe diretrizes para atuação dos cuidados paliativos desde o diagnóstico até a fase terminal, na perspectiva de proporcionar maior tempo de vida aos pacientes.

Conforme observou-se durante os estudos, normalmente, o papel do fonoaudiólogo no atendimento ao paciente com DP é maximizar a independência e a segurança em torno da mobilidade do paciente. Na clínica interdisciplinar, esse papel se estende mais amplamente para o profissional fonoaudiólogo elaborar estratégias de reabilitação ou monitoramento nas funções da respiração, deglutição, voz e fala deste paciente (CARRO, MORETI, PEREIRA, 2017).

As percepções sobre os cuidados paliativos na reabilitação vocal de paciente com doença de Parkinson foram conhecidas a partir dos estudos de Jacinto-Scudeiro, Ayres, Olchik (2019) onde verificou-se que é muito comum na doença, o paciente ter dificuldades para engolir, devido ao enfraquecimento dos músculos da língua, lábios, bochecha, laringe e da faringe, acabando desta maneira prejudicando a execução rápida e coordenada dos movimentos envolvidos durante o ato de engolir. Por essa razão, os autores sugeriram que o tratamento fonoaudiólogo em cuidados paliativos poderá ajudar a melhorar esses processos através da prescrição de exercícios e manobras.

No que concerne ao processo de reabilitação vocal em paciente com Parkinson, os autores Diaféria et al. (2017) ao relatarem uma experiência descreveram que as manifestações de pacientes acometidos por esta doença podem acarretar problemas nas reduções das expressões faciais, o que poderá dificultar um pouco mais a compreensão da mensagem por parte de quem a ouvir. Assim, os autores sugerem que através da intervenção fonoaudiológica, é possível realizar alguns protocolos de avaliação na expectativa de proporcionar qualidade de vida relacionada à voz e da fala desse paciente, ajudando-os assim a produzir uma voz mais forte e mais clara, tal qual, poderão produzir uma fala mais compreensível e uma expressão facial mais compatível com as emoções que o paciente deseja transmitir.

8  METODOLOGIA

Essa pesquisa tem natureza descritiva, com abordagem qualitativa, que teve como objetivo identificar os cuidados paliativos utilizados pelo fonoaudiólogo para controlar os sintomas em paciente com Parkinson, por meio de uma revisão integrativa de literatura, onde o levantamento bibliográfico foi realizado em um recorte de tempo, mediante às leituras em publicações de artigos e revistas eletrônicas, indexada nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library on Line (SciELO); Repositório PUC Goiás; Revista Multidisciplinar em Saúde; Repositório UFPB Institucional; Revista UNILUS Ensino e Pesquisa; Plataforma Sucupira; Revista Distúrbios da Comunicação; Revista Eletrônica Acervo Saúde. Como critérios de inclusão foram selecionados artigos nacionais e internacionais, disponíveis na íntegra, publicados nos idiomas português ou inglês, entre 2017 a 2022.

9  RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na expectativa de mostrar as buscas pelos resultados, dividiu-se este estudo nos seguintes tópicos: a) conhecer na literatura os principais conceitos de cuidados paliativos; b) compreender algumas limitações impostas pela doença de Parkinson; c) descrever as algumas intervenções fonoaudiológicas realizadas em pacientes em cuidados paliativos com doença de Parkinson.

ANOTÍTULO DO ARTIGOAUTORESRESUMO
2022Fatores associados à síndrome de fragilidade em idosos com doença de Parkinson.COUTO & SOARESAnalisou os fatores clínicos associados à fragilidade em idosos com doença de Parkinson no contexto de um Serviço de Atenção Especializada em Saúde do Idoso.
2020Recursos e estratégias na reabilitação vocal de pessoas com doença de Parkinson.  MARQUES & BORGESIdentificou recursos e estratégias na reabilitação vocal de pacientes com Doença de Parkinson, no sentido de auxiliar o trabalho do fonoaudiólogo de modo a adequar a comunicação dessa pessoa.
2020Discrepâncias entre uso e prescrição de medicamentos em idosos com doença de Parkinson: um estudo transversal em uma farmácia especializada do Rio de Janeiro.  SILVÉRIOObjetivou estimar e caracterizar as discrepâncias entre o modo de uso dos medicamentos e o que é prescrito para os pacientes com DP atendidos em uma farmácia especializada do Sistema Único de Saúde.
2019Cuidados Paliativos: Alternativa para o cuidado essencial no fim da vida.ALVES et al.Apresentou uma revisão de literatura acerca dos cuidados paliativos, numa perspectiva histórico-conceitual e em interface com as políticas públicas de saúde do Sistema Único de Saúde.
2019Cuidados paliativos e terminalidade: percepção de pacientes diante da impossibilidade de CuraMEDEIROSInvestigou a percepção de pacientes terminais em cuidados paliativos diante da impossibilidade de cura
2019Doença de Parkinson: o tratamento terapêutico       ocupacional      na perspectiva dos profissionais e dos idosos.SILVA,CARVALHORealizou uma compreensão sobre a Terapia Ocupacional por parte dos idosos com Doença de Parkinson.
2019Cuidados Paliativos na Atenção Primária à Saúde: perspectiva dos profissionais de saúde. COBO et al.Identificou como são compreendidos e realizados os cuidados paliativos na Atenção Primária à Saúde.
2019Atuação interdisciplinar de fisioterapia e fonoaudiologia a pacientes com doença de Parkinson. SILVADescreveu a atuação interdisciplinar de fisioterapia e fonoaudiologia a pacientes com doença de Parkinson, no      Ambulatório Interdisciplinar de  Fonoaudiologia.
2018Cuidados paliativos, esclerose lateral amiotrófica e deglutição: estudo de caso.LUCHESI & SILVEIRADiscutiu os aspectos da atuação fonoaudiológica em disfagia, voltada para os cuidados paliativos e a qualidade de vida em deglutição.
2017Clima de grupo na terapia vocal de pacientes com Doença de Parkinson.DIAFÉRIA  et al.Verificou o impacto de estratégias de coaching e de dinâmica dos grupos na voz, fala, comunicação e clima do grupo de pacientes com DP.

Sobre a conceituação de cuidados paliativos, os autores Alves et al. (2019) discutiram em seus estudos ser uma abordagem multidisciplinar que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças incuráveis por meio do alívio dos sintomas físicos, psicológicos e sociais. Essa abordagem é voltada para o paciente e sua família com o objetivo de proporcionar conforto, respeitar as preferências individuais e promover uma morte digna.

Assemelhando-se ao entendimento descrito acima, os autores Cobo et al. (2019) explicaram em seus estudos que os cuidados paliativos são abordagens multidisciplinares que se concentram no alívio da dor de doenças graves e de outros sintomas que pacientes enfrentam principalmente aqueles que estão em estágios avançados.

Já nos estudos de Medeiros (2019) os cuidados paliativos visam prevenir e aliviar o sofrimento dos pacientes, através do controle adequado dos sintomas como dor, falta de ar, fadiga, náuseas, entre outros, melhorando a qualidade de vida.

No que diz respeito a compreender algumas limitações impostas pela doença de Parkinson, os autores Silva e Carvalho (2019) ao realizarem uma pesquisa chegaram à conclusão que pessoas com Parkinson podem apresentar alterações em sua função cognitiva, incluindo problemas de memória, falta de atenção, capacidade de planejar e/ou realizar tarefas, estresse, depressão entre outros.

Apresentando uma perspectiva diferente, Couto e Soares (2022) em suas pesquisas elencaram algumas limitações impostas pela doença de Parkinson que incluem: rigidez muscular, tremores, bradicinesia, instabilidade postural, dificuldades na fala e na escrita e alterações cognitivas.

Nos estudos de Silvério (2020) a autora explica que o Parkinson pode causar uma variedade de sintomas que podem afetar a qualidade de vida de uma pessoa. Entre esses sintomas, os mais comuns incluem a rigidez muscular, dificuldade na fala, estresse e tremores principalmente nas mãos, braços, pernas, queixo e lábios. Outra complicação comum, apresentada nos estudos da autora foi a disfagia (dificuldade de deglutição que pode ocorrer em estágios mais avançados do Parkinson).

No que concerne a descrever as algumas intervenções fonoaudiológicas realizadas em pacientes em cuidados paliativos com doença de Parkinson, as autoras Luchesi & Silveira (2018) ao realizarem um estudo de caso sobre cuidados paliativos, esclerose lateral amiotrófica e deglutição, chegaram à conclusão de que o fonoaudiólogo paliativista poderá trabalhar na comunicação entre o paciente e a família, promovendo a reabilitação da comunicação e a manutenção da alimentação por via oral, de forma segura e prazerosa, na perspectiva de expandir ao máximo a dependência alimentar, reduzindo o risco de aspiração brônquica desde o diagnóstico inicial da doença até o seu término final.

No que concerne ao processo de reabilitação vocal em paciente com Parkinson, os autores Diaféria et al. (2017) ao relatarem uma experiência descreveram que as manifestações de pacientes acometidos por esta doença podem acarretar problemas nas reduções das expressões faciais, o que poderá dificultar um pouco mais a compreensão da mensagem por parte de quem a ouvir. Assim, os autores sugerem que através da intervenção fonoaudiológica, é possível realizar alguns protocolos de avaliação na expectativa de proporcionar qualidade de vida relacionada à voz e da fala desse paciente, ajudando-os assim a produzir uma voz mais forte e mais clara, tal qual, poderão produzir uma fala mais compreensível e uma expressão facial mais compatível com as emoções que o paciente deseja transmitir.

Numa pesquisa realizada por Marques e Borges (2020) as autoras apresentaram alguns dos principais recursos e estratégias na reabilitação vocal de pessoas com doença de Parkinson, entre eles, mostraram que através do trabalho da respiração e controle respiratório, o profissional Fonoaudiólogo poderá auxiliar o paciente a melhorar a capacidade respiratória e o controle da respiração o que pode contribuir para uma fala mais precisa e uma melhor projeção vocal.

Nos estudos de Silva (2019) a autora avalia a atuação interdisciplinar proposta por profissionais de Fisioterapia e da Fonoaudiologia no atendimento a pacientes com Parkinson. No estudo em questão, a autora descreveu apenas os exercícios propostos pela terapia fonoaudiológica realizados para portadores de Parkinson, na expectativa de melhorar a comunicação oral destes pacientes. Nesse sentido, a autora também demonstrou em seus estudos, que através dos exercícios propostos pela fonoaudióloga houve as seguintes contribuições ao paciente: aumento da loudness (padrão relacionado à intensidade vocal), redução de tremor, astenia fraqueza) e/ou rugosidade da qualidade vocal, houve equilíbrio ressonantal, melhora dos aspectos prosódicos, um pitch mais adequado, uma articulação mais ampla e mais precisa, aumento da coordenação pneumofonoarticulatória e dos tempos fonatórios, apoio respiratório mais eficiente considerando tanto a inspiração quanto a expiração e uma velocidade de fala mais eficiente (mais rápida ou lenta conforme a necessidade).

10  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conclusão, há diversas considerações importantes a serem destacadas em relação à abordagem fonoaudiológica nos cuidados paliativos à paciente com doença de Parkinson.

Primeiramente, constatou-se que a doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa que afeta progressivamente a coordenação motora, incluindo a musculatura responsável pela fala e deglutição. Portanto, a intervenção fonoaudiológica é crucial para garantir a qualidade de vida da paciente nessa fase avançada da doença.

No contexto dos cuidados paliativos, constatou-se que o fonoaudiólogo desempenha um papel fundamental para a gestão dos sintomas relacionados à comunicação e deglutição. Observou-se durante as pesquisas que a terapia fonoaudiológica pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias compensatórias para as dificuldades na fala, como a utilização de dispositivos de amplificação sonora e exercícios de articulação. Além disso, técnicas de facilitação da deglutição podem ser implementadas, minimizando os riscos de engasgo e desnutrição.

É importante ressaltar que o fonoaudiólogo deve trabalhar em equipe interdisciplinar, colaborando com médicos, enfermeiros, psicólogos e outros profissionais de saúde. A abordagem integrada visa oferecer um suporte global à paciente, ajudando-a a lidar com os sintomas físicos, emocionais e sociais decorrentes da doença.

Além disso, é relevante considerar aspectos éticos e legais relacionados ao cuidado fonoaudiológico em pacientes em cuidados paliativos. A autonomia do paciente deve ser respeitada, garantindo-se sua participação nas decisões sobre o tratamento e os objetivos terapêuticos. Também é necessário assegurar a privacidade e a confidencialidade das informações compartilhadas durante as sessões terapêuticas.

Destaca-se a importância da pesquisa e do desenvolvimento de novas abordagens fonoaudiológicas para o cuidado paliativo à paciente com doença de Parkinson. Investimentos em estudos clínicos e em capacitação profissional são necessários para aprimorar as intervenções terapêuticas e promover melhores resultados para esses pacientes.

Em termos acadêmicos, o estudo nessa área permite obter maior compreensão sobre os desafios enfrentados pelas pessoas com doença de Parkinson em estágios avançados. Isso inclui dificuldades de comunicação como a disartria e a disfonia, dificuldades de deglutição e alterações na qualidade de vida relacionadas à comunicação e alimentação.

Em relação à sociedade, essa abordagem fonoaudiológica traz benefícios significativos para pacientes com doença de Parkinson e seus familiares. 

Quanto às expectativas futuras, espera-se que sejam realizados estudos cada vez mais aprofundados e abrangentes sobre a abordagem fonoaudiológica nos cuidados paliativos à paciente com doença de Parkinson.

REFERÊNCIAS

ALVES, L.M.; FARIA, I.D.; & GALVÃO, C.P. Protocolos fonoaudiológicos para avaliação da deglutição: proposta para segurança e qualidade dos atendimentos hospitalares. Revista Tecer, v. 9, n. 17, p. 169. 2016. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-izabela/index.php/tec/article/view/1060. Acesso em: 08 out. 2023.

ALVES, R.S.F., et al. Cuidados Paliativos: Alternativa para o cuidado essencial no fim da vida. Psicologia: Ciência e Profissão. v. 39, n. 14, p. 19. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/NSScM87z94MQRGL8RPtBGzJ/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 08 out. 2023.

BARBOSA, E.R.; FERRAZ, H.B.; Doença de Parkinson. In: GAGLIARDI, Rubens J.; TAKAYANAGUI, Osvaldo M. (org.). Tratado de neurologia da Academia Brasileira de Neurologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

BARBOSA, E.A.; Manual prático de cuidados paliativos em fonoaudiologia. Elizangela Aparecida Barbosa & Natália de Castro Silva e Martins. 1ª Ed. – Rio de Janeiro, RJ: Thieme Revinter Publicações, 2021.  

BEZERRA, C.F.; Evolução motora e qualidade de vida de indivíduos com doença de Parkinson participantes de grupo terapêutico remoto durante pandemia da Covid-19: um estudo longitudinal / Clarice Fernandes Bezerra. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia). Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2022. 42f.

BORGES, J.M.; O papel do fonoaudiólogo junto ao idoso hospitalizado: Revisão integrativa de literatura. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia). Centro de Ciências da Vida da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. 2021. 41f.

CLARA, Maykel Gonçalves. et al.Escala Palliative Care Screening Tool como instrumento para indicação de cuidados paliativos em idosos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v. 22, n. 5, 2019.


1Graduando do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Nilton Lins. Contato: (92) 98435-7760. E-mail: julianoalbuquerque0205@gmail.com
2Professora Especialista em Disfagia. Contato: (11) 97213-2334. E-mail: priscilapmotta.fono@gmail.com