REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10072011
Elciane Picanço Pereira Nóbrega1
Prof. Esp. Priscila de Paula Motta
RESUMO
A paralisia facial periférica – (PFP) é uma condição neuromuscular debilitante que afeta milhares de brasileiros a cada ano, representando um desafio significativo tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. Este artigo visa descrever sobre a abordagem Fonoaudiológica na reabilitação da paralisia facial periférica de acordo com as melhores práticas da atualidade no tema. E como objetivos específicos visa: descrever a fisiopatologia da paralisia facial periférica, elucidar sobre as técnicas de terapia miofuncional e liberação miofascial na reabilitação de PFP, explicar o papel do fonoaudiólogo na reabilitação da PFP. A metodologia utilizada foi revisão integrativa de literatura onde foram revistos artigos científicos publicados nos últimos 10 anos, fazendo uso das seguintes bases de dados: PubMed, MEDLINE, SciELO e Lilacs. A expectativa é que esta pesquisa contribua para o avanço do conhecimento sobre a abordagem fonoaudiológica em pacientes com PFP, fornecendo diretrizes de prática clínica que possam nortear os profissionais da área. Como resultados esperados, a partir dos resultados e análise dos dados, possa-se contribuir para a melhoria da qualidade da assistência prestada aos pacientes com essa condição.
Palavras-chave: Paralisia Facial, Fonoaudiologia, Reabilitação
ABSTRACT
Peripheral facial paralysis (PFP) is a debilitating neuromuscular condition that affects thousands of Brazilians each year, representing a significant challenge for both patients and healthcare professionals. This article aims to describe the speech therapy approach in the rehabilitation of PFP according to the best practices in the field. The specific objectives are to: describe the pathophysiology of PFP, elucidate the techniques of myofunctional therapy and myofascial release in the rehabilitation of PFP, and explain the role of the speech-language pathologist in the rehabilitation of PFP. The methodology used was a literature review of scientific articles published in the past 10 years, using the following databases: PubMed, MEDLINE, SciELO, and Lilacs. It is expected that this research will contribute to the advancement of knowledge about the speech therapy approach in patients with PFP, providing clinical practice guidelines that can guide professionals in the field. As expected results, from the results and data analysis, it is possible to contribute to the improvement of the quality of care provided to patients with this condition.
Keywords: Facial Paralysis; Speech language and hearing sciences, Rehabilitation
INTRODUÇÃO
Paralisia facial é uma condição que na qual os músculos da face são afetados, causando fraqueza ou paralisia em um dos seus lados, e podem ser: paralisias faciais centrais, quando há lesão no cérebro, no tronco encefálico ou na medula espinhal sendo as causas mais comuns de paralisia facial central o acidente vascular cerebral, os tumores, as infecções e lesões na cabeça; e, paralisias faciais periféricas que ocorrem quando há lesão no nervo facial, que é responsável pela inervação dos músculos da face (PRADO & MACHADO, 2022).
A paralisia facial periférica (PFP) é a forma mais comum de paralisia facial. Os sintomas da paralisia facial periférica podem incluir: ptose (queda da pálpebra superior), redução da expressão facial, dificuldade para fechar o olho, dificuldade para franzir a testa, dificuldade para sorrir, dificuldade para mastigar, dificuldade para engolir, e outros. A condição debilitante afeta milhares de brasileiros a cada ano, representando um desafio significativo tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde (SILVA, & LIMA, 2020).
De acordo com o Ministério da Saúde (2002), a (PFP) é a segunda causa mais comum de paralisia facial, representando cerca de 20% dos casos. No Brasil, estima-se que existam cerca de 300.000 novos casos de (PFP) por ano. Ela ocorre quando o fluxo de impulsos nervosos é interrompido em qualquer parte do nervo facial, o que acarreta a perda da função motora dos músculos faciais, refletindo diretamente na qualidade de vida, na comunicação e na saúde mental dos indivíduos afetados (Wenceslau et al., 2015; Roob, Fazekas & HP, 1999).
Diversas causas podem dar origem a patologia, incluindo infecciosas, traumáticas, neoplásicas e idiopáticas, sendo a paralisia de Bell a forma mais comum e idiopática da condição. Os sintomas podem variar desde fraqueza facial até paralisia completa, afetando funções essenciais como a expressão facial, a fala, a deglutição e até mesmo a proteção ocular. Em um país onde a comunicação e a expressão emocional desempenham um papel central na interação social, a paralisia facial periférica representa um desafio clínico de grande relevância (Steiner, 1996; Cunha & Lima, 2011)
O tratamento aplicado exige esforços de equipe multidisciplinar, e, neste sentido a abordagem fonoaudiológica desempenha um papel crucial na reabilitação desses pacientes, contribuindo na recuperação da função facial, na prevenção de complicações e na restauração da qualidade de vida. Diante deste cenário, percebe-se a necessidade constante de aprimoramento de diretrizes baseado em evidências clínicas sobre o tema. Logo, tem-se a problemática: Qual a abordagem Fonoaudiológica na reabilitação da paralisia facial periférica?
Para responder a esta questão, este artigo tem por objetivo geral descrever sobre a abordagem Fonoaudiológica na reabilitação da paralisia facial periférica de acordo com as melhores práticas da atualidade no tema. E como objetivos específicos visa: descrever a fisiopatologia da paralisia facial periférica, elucidar sobre as técnicas de terapia miofuncional e liberação miofascial na reabilitação de (PFP), explicar o papel do fonoaudiólogo na reabilitação da (PFP).
Além desta introdução, este artigo possui mais duas sessões: desenvolvimento e considerações finais. A sessão desenvolvimento subdivide- se em: referencial teórico, onde será exposto o ponto de partida e itens de relevância sobre o tema; a metodologia com os caminhos metodológicos para construção da proposta incluindo métodos, dados, análise deles, bem como suas fontes, critério de inclusão e exclusão; e, resultados e análise. Por fim, as considerações finais com uma sintetização dos principais achados da pesquisa realizada e seus encaminhamentos.
ABORDAGEM FONOAUDIOLOGICA EM PACIENTES COM
PARALISIA FACIAL
2.1 Descrição da anatomia da face
A face é uma região do corpo humano que se estende do crânio à base do pescoço. É composta por uma variedade de estruturas, incluindo ossos, músculos, vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo. A compreensão de sua anatomia é fundamental para profissionais da área da saúde que atuam no diagnóstico e tratamento de distúrbios e disfunções nessa região, como distúrbios da fala e mastigação (CUNHA, 2015).
Os músculos da face, conforme Oliveira (2021), são agrupados em diferentes áreas e desempenham um papel crucial na expressão facial, articulação da fala e mastigação. Alguns dos principais músculos e suas áreas anatômicas conforme o autor são:
– Área Orbital: Músculo Orbicular dos Olhos: Responsável pelo fechamento e abertura das pálpebras; Músculo Corrugador Superciliar: Causa a contração da pele da testa e rugas na região entre as sobrancelhas.
– Área Nasal: Músculo Prócero: Permite o franzir do nariz; Músculo Nasalis: Controla a abertura e o fechamento das narinas.
– Área Oral: Músculo Orbicular da Boca: Controla os movimentos dos lábios; Músculo Risorius: Estende os lábios lateralmente; Músculo Zigomático Maior e Menor: Responsáveis pelos sorrisos e elevação do lábio superior; Músculo Levantador do Ângulo da Boca: Levanta o ângulo da boca; Músculo Depressor do Ângulo da Boca: Abaixa o ângulo da boca; e, Músculo Mentoniano: Eleva o lábio inferior.
– Área da Mandíbula: Músculo Masseter: É o principal músculo da mastigação; Músculo Temporal: Auxilia na mastigação e movimentos da mandíbula; Músculo Pterigoideo Lateral e Medial: Participam da mastigação.
O nervo facial, conhecido como o sétimo nervo craniano (VII), é um componente crucial do sistema nervoso periférico, desempenhando um papel essencial na inervação da musculatura da face e na condução de informações sensoriais. Origina-se no tronco encefálico, na porção ventral do tronco cerebral. Em seu núcleo motor, localizado no tronco encefálico, as fibras nervosas motoras que inervam os músculos da face têm sua origem. Essas fibras desempenham um papel central na coordenação dos movimentos faciais (CUNHA, 2015; OLIVEIRA, 2021).
Ele segue um trajeto sinuoso através do osso temporal, percorrendo o canal ósseo conhecido como o canal auditivo interno. À medida que o nervo facial se aproxima da base do crânio, ele se divide em duas porções principais: a porção labiríntica e a porção timpânica. A porção labiríntica penetra na orelha interna, enquanto a porção timpânica fica suspensa dentro do canal auditivo interno.
Quanto a sua ramificação, divide-se em várias à medida que percorre a orelha média e a orelha externa. Essas ramificações incluem o nervo estapédico, responsável pela inervação do músculo estapédio no ouvido médio, e o nervo corda do tímpano, que transporta fibras gustativas para a região anterior da língua e também inerva as glândulas submandibulares e sublinguais (CUNHA, 2015; OLIVEIRA, 2021).
Quando aos ossos que compõem a região e são responsáveis pela estrutura e forma do local, Fonseca (2018) aponta:
– Osso frontal: Localizado na testa, formando a testa e as sobrancelhas;
– Osso zigomático: Conhecido como osso da bochecha, forma a proeminência das maçãs do rosto.
– Maxila: O osso maxilar superior sustenta os dentes superiores e a parte central da face.
– Mandíbula: A mandíbula inferior abriga os dentes inferiores e é responsável pela mastigação e articulação da mandíbula.
A vascularização facial é um componente essencial da anatomia da face, desempenhando um papel crucial na manutenção da saúde e funcionalidade desta região do corpo. É composta por uma série de vasos sanguíneos, incluindo artérias e veias, que fornecem nutrientes e oxigênio às estruturas faciais, além de remover produtos de resíduos metabólicos (FONSECA, 2018; CUNHA, 2015; OLIVEIRA, 2021).
A principal artéria que fornece sangue à face é a artéria facial, uma ramificação da artéria carótida externa. Ela se ramifica em várias pequenas artérias que alimentam diferentes regiões do rosto. As veias faciais acompanham a mesma distribuição das artérias e são responsáveis por drenar o sangue desoxigenado e produtos de resíduos da face de volta ao sistema venoso. A vascularização facial também inclui a circulação capilar, que irriga os tecidos faciais em um nível microscópico, permitindo a troca de nutrientes e resíduos metabólicos (FONSECA, 2018; CUNHA, 2015; OLIVEIRA, 2021).
Ademais, a vascularização facial é influenciada por uma rede intricada de vasos pequenos e capilares que garantem a irrigação adequada da pele, músculos, glândulas e outras estruturas faciais. Essa rede vascular é vital para a manutenção da temperatura corporal, o transporte de nutrientes para as células e a remoção de produtos de resíduos (FONSECA, 2018; CUNHA, 2015; OLIVEIRA, 2021).
2.2 Etiologias e tipos mais frequentes
A paralisia facial é uma condição que envolve a fraqueza ou perda de movimento nos músculos do rosto, afetando a expressão facial e a função motora. A sua etiologia é multifatorial, o que significa que várias causas podem desencadear esse distúrbio neuromuscular. As etiologias e tipos mais frequentes são:
– Paralisia de Bell: Etiologia Viral, uma das formas mais comuns de paralisia facial é a Paralisia de Bell, que é muitas vezes idiopática, ou seja, a causa exata não é conhecida. No entanto, estudos sugerem que infecções virais desempenham um papel importante na sua etiologia. O vírus herpes simplex é frequentemente implicado como agente desencadeante. Acredita-se que a infecção viral cause inflamação e edema no nervo facial, resultando em compressão e subsequente paralisia. Pesquisas neuropatológicas demonstraram evidências de processos inflamatórios no nervo facial de pacientes com Paralisia de Bell (Adour et al., 1978)
– Paralisia Facial de Origem Infecciosa. Além da Paralisia de Bell, outras infecções virais, como o vírus da varicela-zóster, o vírus da caxumba e o vírus da imunodeficiência humana (HIV), também podem causar paralisia facial. Essas infecções podem disseminar-se ao longo dos nervos cranianos, resultando em danos aos nervos faciais. A confirmação da etiologia viral da paralisia facial muitas vezes envolve a detecção do agente infeccioso por meio de técnicas moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR) (Greene et al., 2020).
– Paralisia Facial Traumática. Causas traumáticas, como lesões diretas no nervo facial devido a fraturas cranianas, ferimentos por arma de fogo ou outros traumas na região da face, também podem levar à paralisia facial. Nesses casos, a compressão do nervo facial por hematomas ou fraturas ósseas é comum. A avaliação radiológica, incluindo tomografia computadorizada e ressonância magnética, desempenha um papel fundamental na determinação da extensão do trauma (Fisch, 1980).
– Paralisia Facial de Origem Neoplásica. Tumores que afetam o nervo facial ou o tronco cerebral também podem ser responsáveis por paralisias faciais. Os tumores do ângulo ponto-cerebelar, como o neuroma do acústico, são notórios por comprimir o nervo facial à medida que crescem, resultando em paralisia facial periférica. Além disso, tumores malignos originários da glândula parótida, como o carcinoma mucoepidermoide, podem envolver o nervo facial e causar paralisia. O diagnóstico e tratamento de paralisias faciais neoplásicas geralmente envolvem abordagens cirúrgicas para a remoção do tumor (House & Brackmann, 1985; Urban, P.P., et al. 2010)
– A Paralisia Facial Congênita é uma condição rara que se desenvolve durante a gestação devido a anormalidades no desenvolvimento dos nervos faciais ou dos músculos da face. Estudos genéticos têm identificado mutações em genes relacionados ao desenvolvimento neural como possíveis causas dessa condição.
2.3 Reabilitação Fonoaudiologica na (PFP)
A reabilitação fonoaudiológica é um componente essencial do tratamento da (PFP). O objetivo da reabilitação fonoaudiológica é melhorar a função motora e estética da face. As técnicas de terapia miofuncional e liberação miofascial são duas abordagens terapêuticas eficazes que podem ser utilizadas na reabilitação de pacientes com PFP (CARVALHO, 2021; BRAZ & MARQUES, 2022; DIAS, SILVA & BARRETO 2021).
2.3.1 Técnicas de terapia miofuncional na reabilitação de (PFP):
A terapia miofuncional é uma abordagem terapêutica que visa melhorar a função dos músculos da face. As técnicas de terapia miofuncional utilizadas na reabilitação de pacientes com (PFP), conforme explicado por Carvalho (2021), são projetadas para:
– Fortalecer os músculos da face;
– Melhorar a coordenação dos músculos da face;
– Reduzir a tensão muscular;
– Aumentar a amplitude de movimento dos músculos da face .
As técnicas de terapia miofuncional mais comumente utilizadas na reabilitação de pacientes com (PFP) incluem, de acordo com Braz & Marques (2022):
– Exercícios isotônicos: Exercícios que envolvem contração e relaxamento dos músculos da face.
– Exercícios isométricos: Exercícios que envolvem a contração dos músculos da face sem movimento.
– Exercícios de reeducação postural: Exercícios que visam melhorar a postura da cabeça e do pescoço, o que pode ajudar a melhorar a função dos músculos da face.
2.3.2 Técnicas de liberação miofascial na reabilitação de (PFP):
A liberação miofascial, conforme explicada por Carvalho & Oliveira (2021) é uma abordagem terapêutica que visa liberar a tensão nos tecidos moles da face. A tensão nos tecidos moles da face pode causar dor, rigidez e redução da amplitude de movimento. As técnicas de liberação miofascial mais comumente utilizadas na reabilitação de pacientes com (PFP) incluem:
– Massagem: Aplicação de pressão manual nos tecidos moles da face;
– Alongamento: Alongamento dos músculos da face;
– Técnicas de liberação ativa: Técnicas que envolvem o movimento ativo dos músculos da face para liberar a tensão.
Como resultado, a liberação contribui para a melhora da função motora e estética da face nos pacientes acometidos pela patologia, aumento da amplitude dos movimentos, redução da tensão muscular, melhora da dor, dentre outros (Fonseca & Padovani, 2022; Carvalho 2021).
2.3.3 Papel do fonoaudiólogo na reabilitação de (PFP):
O Fonoaudiólogo é o profissional que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológicas na área da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em aperfeiçoamento dos padrões da fala e da voz (BRASIL, 1981). A profissão é regulamentada pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), e a Lei Federal n° 6965/1981 estabelece as competências e atribuições dos fonoaudiólogos. Ele é o profissional qualificado para avaliar e tratar as alterações motoras e estéticas da face, o que o torna um profissional essencial na equipe multidisciplinar que trata a (PFP).
O profissional é o responsável pela avaliação da função motora e estética da face do paciente com (PFP). A avaliação fonoaudiológica deve incluir, conforme carvalho (2021) e Braz & Marques (2022):
– Anamnese: Coleta de informações sobre os sintomas, história médica e familiar do paciente.
– Inspeção: Avaliação visual da face do paciente.
– Palpação: Avaliação manual dos músculos da face do paciente.
– Testes de função muscular: Avaliação da força, amplitude de movimento e coordenação dos músculos da face do paciente.
– Avaliação da fala: Avaliação da articulação, prosódia e voz do paciente.
A partir da avaliação, será elaborada a estratégia de tratamento que visa melhorar a função motora, estética e redução da dor do paciente, conforme visto na seção anterior a este item.
METODOLOGIA
3.1. Tipo de estudo
Trata-se de uma revisão narrativa de literatura de publicações de periódicos.
3.2. Operacionalização da coleta de dados
Foi realizada uma busca bibliográfica por meio das fontes de buscas constituídas pelos recursos eletrônicos nas seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Health Information from the National Library of Medicine (Medline), Web of Science, Scopus e na biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Library On-line (SciELO) publicados no período de 2013 a 2023
Os descritores utilizados foram:Paralisia facial/Facial Paralysi, Fonoaudiologia/Speech Langua-ge and Hearing Sciences/ Reabilitação/Rehabilitation. Salienta-se que os descritores supracitados encontram-se nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).
A coleta dos dados ocorreu no decorrer do meses de abril a outubro de 2023.
3.3. Tratamento dos dados e apresentação dos resultados
Após a identificação dos artigos, nas fontes de busca mencionadas, foram avaliados os títulos e resumos, de modo a selecioná-los. Foram elencados os artigos que fizeram parte da amostra, estes foram registrados em ficha própria contendo dados do periódico, base de dados, idioma, ano de publicação, objetivos, resultados e conclusões.
Depois de identificados os artigos, estes foram analisados e os que atenderam aos objetivos do estudo e no idioma português e ingles tiverem sido publicados nos últimos 10 anos, foram incluídos no roteiro para registro. Os resultados foram apresentados por meio de tabela que contem as principais características dos artigos utilizados na pesquisa.
RESULTADO E DISCUSSÂO
Foram encontrados artigos cientificos que após a leitura e submissão aos criterios de inclusão e exclusão foram seleicionados os apresentados na tabela a seguir:
Tabela 01 – Resultados da pesquisa
A partir das literatura verificada na pesquisa, selecionada a partir da metodologia descrita anteriormente, pontua-se os protocolos de avaliação mais usados pelos profissionais para avaliar a paralisia facial periférica (PFP):
– Protocolo de avaliação da paralisia facial de House-Brackmann: Este protocolo é um dos mais amplamente utilizados para classificar a gravidade da PFP. A classificação é feita em uma escala de 0 a 6, sendo 0 o pior grau e 6 o melhor grau.
– Protocolo de avaliação da paralisia facial de Sunnybrook: Este protocolo é semelhante ao protocolo de House-Brackmann, mas inclui uma escala para avaliar a função do músculo frontal.
– Protocolo de avaliação da paralisia facial de Bell: Este protocolo é um protocolo mais específico para a paralisia facial de Bell, que é a forma mais comum de PFP. O protocolo avalia a força, amplitude de movimento e coordenação dos músculos da face.
– Protocolo de avaliação da paralisia facial de Marin: Este protocolo é um protocolo mais abrangente, que avalia a função motora, estética e comunicativa da face.
A seleção do protocolo será com base no verificado de acordo com o que melhor se adequar ao caso do paciente, e o profissional, a partir dos resultados, elaborará a estratégia de reabilitação. E, quanto a este item, pelo menos dois recebem maior destaque: o protocolo de Gardner-Allen e o protocolo de Brandenburg. De maneira geral, a terapia miofuncional e a liberação miosfacial se mostraram eficazes na melhora da função motora, estética e redução da dor dos pacientes acometidos pela patologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A paralisia facial periférica (PFP) é a forma mais comum de paralisia facial. No Brasil, estima-se que existam cerca de 300.000 novos casos de (PFP) por ano. Ela ocorre quando o fluxo de impulsos nervosos é interrompido em qualquer parte do nervo facial, o que acarreta a perda da função motora dos músculos faciais, refletindo diretamente na qualidade de vida, na comunicação e na saúde mental dos indivíduos afetados.
Este artigo buscou descrever a abordagem Fonoaudiológica na reabilitação da paralisia facial periférica. E para tanto, descreveu a fisiopatologia da paralisia facial periférica, apresentou as técnicas de terapia miofuncional e liberação miofascial na reabilitação de da patologia e explicou o papel do fonoaudiólogo na reabilitação da (PFP).
A Paralisia de Bell é uma das formas mais comuns de paralisia facial e muitas vezes é idiopática, ou seja, a causa exata não é conhecida. A reabilitação fonoaudiológica é um componente essencial do tratamento da (PFP). O objetivo da reabilitação fonoaudiológica é melhorar a função motora e estética da face, além é claro de reduzir a dor do paciente, melhorando sua qualidade de vida.
O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para atuar na avaliação e elaboração de protocolo de recuperação do paciente, em conjunto com equipe multidisciplinar e, para tanto pode fazer uso de diversos protocolos consolidados na literatura, para então seguir para elaboração de conduta mais adequada a realidade do paciente, gerando redução da dor, melhora da função motora e estética deste.
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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Nilton Lins, como requisito parcial à obtenção do Grau de Bacharel em Fonoaudiologia.
Orientador: Prof. Esp.Priscila de Paula Motta1