ABORDAGEM DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE NO PRÉ-NATAL ODONTOLÓGICO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10201826


Diangelis Tosta Alves1
Euler Nogueira Magalhães2
Mariana Kely Diniz Gomes de Lima³


RESUMO

Introdução: É comum pensar que os cuidados com a saúde materno-fetal durante a gestação se limitam apenas às consultas periódicas médicas dentro do pré-natal convencional. Poucas são ainda as informações sobre o pré-natal odontológico que faz parte do cuidado integral oferecido à gestante. Objetivo: Realizar uma revisão de literatura de artigos científicos voltados à abordagem do pré-natal odontológico no contexto do Sistema Único de Saúde. Metodologia: As pesquisas foram realizadas no período de julho a setembro de 2023. Foram selecionados artigos provenientes das plataformas Scielo, BVS e Google Acadêmico. A buscas foram delimitadas utilizando-se os seguintes descritores: Pré-natal odontológico; Saúde Bucal em Gestantes; Pré-natal na ESF. Resultados e discussão: O pré-natal odontológico é uma política de saúde pública importante, pois reduz o risco de morbimortalidade materna e do bebê. Os serviços oferecidos incluem medidas profiláticas, atendimento curativo e educação em saúde bucal. Conclusão: O oferecimento do pré-natal odontológico foi um passo importante para melhorar o atendimento da gestante dentro da visão holística e multidisciplinar do SUS.

ABSTRACT

Palavras chaves: Pré-natal Odontológico; Saúde Bucal em Gestantes; Pré-natal; Gestantes; Sistema Único de Saúde.

1 Graduanda em Odontologia (Bacharelado) pelo Centro Universitário Maurício de Nassau – Cacoal, 2023. Endereço: Rua

Manoel Nunes de Almeida-3716, Bairro: Village do Sol 2. Cacoal/RO. Email: tostaalvesdiangelis@gmail.com

² Graduando em Odontologia (Bacharelado) pelo Centro Universitário Maurício de Nassau-Cacoal, 2023. Endereço: Rua Dr.

Miguel Ferreira Vieira-3816, Bairro: Texeirão, Cacoal/RO. Email: magalheseuler@gmail.com

³Graduada em Enfermagem pela Universidade de Marília, especialista em Saúde Coletiva pela Unifacimed, especialista em Vigilância em Saúde pelo EVS Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa e docente dos cursos de medicina, enfermagem e odontologia na UNINASSAU-CACOAL. Email: 360102105@prof.sempreunifacimed.com.br.

Introduction: It is common to think that maternal-fetal health care during pregnancy is limited only to periodic medical consultations within conventional prenatal care. There is still little information about dental prenatal care, which is part of the comprehensive care offered to pregnant women. Objective: To carry out a literature review of scientific articles focused on the approach to dental prenatal care in the context of the Unified Health System. Methodology: The research was carried out from July to September 2023. Articles were selected from the Scielo, BVS platforms and Google Scholar. The searches were delimited using the following descriptors: Dental prenatal; Oral Health in Pregnant Women; Prenatal care at the ESF. Results and discussion: Dental prenatal care is an important public health policy, as it reduces the risk of maternal and infant morbidity and mortality. Services offered include prophylactic measures, curative care and oral health education. Conclusion: Offering dental prenatal care was an important step towards improving care for pregnant women within the holistic and multidisciplinary vision of the SUS.

Keywords: Prenatal Dental; Oral Health in Pregnant Women; Prenatal; Pregnant women; Unic Health System.

INTRODUÇÃO

O mantimento de uma boa saúde bucal é imprescindível durante toda a vida, não sendo diferente durante a gravidez. Nesse período a gestante está a passar por uma fase de grandes manifestações hormonais, o que pode deixá-la com certa vulnerabilidade a algumas manifestações sistêmicas e locais. Nessa fase, por exemplo, é comum surgirem algumas manifestações orais de doenças como periodontite, cárie dental e gengivite, o que nos faz refletir sobre a atenção odontológica durante esse processo, uma vez que o Sistema Único de Saúde (SUS) também propõe uma atenção integral e abrangedora as gestantes.

No que diz respeito aos cuidados no pré-natal, Moura et al. (2022) ressalta que estes devem ser exercidos por profissionais diversos, de modo a atuarem por meio das diretrizes com o acolhimento adequado, criando-se um vínculo com a população usuária do serviço fornecido. O que torna essa etapa confortável àquelas as quais estão sendo amparadas, aumentando assim a probabilidade de um maior empenho na participação destas.

De acordo o ministério da saúde, segundo a Política nacional de atenção básica, a equipe de saúde bucal deve realizar ações de atenção integral, através de condutas de promoção, prevenção e atendimento à população condicionada a tal, realizando um trabalho humanizado, facilitando a criação de vínculos com a comunidade, encaminhando, quando necessário o usuário para outros níveis de atenção (BARBIERI et al., 2018). 

A atenção ofertada a saúde da mulher abrange várias iniciativas e tem como objetivo atender a população feminina de forma integral. Uma das ramificações dessa atenção diz respeito ao amparo durante o período que vai do pré-natal ao puerpério. Esse amparo é constituído por um conjunto de medidas criadas no intuito de garantir o acolhimento das gestantes, a ampliação ao acesso, um pré-natal seguro e de qualidade dentre outras ações (BARBIERI et al., 2018)

O cuidado pré-natal é uma fase de grande importância na vida das gestantes, sendo necessário o direcionamento de uma robusta atenção às futuras mães e ao feto em gestação. Se trata de um momento delicado na vida das gestantes, uma vez que a saúde destas está a passar por várias transformações internas e externas (MOURA et al., 2022). Além do mais, também é um período de grande apreensão e repleto de dúvidas, o que torna necessária a implementação de um certo amparo, principalmente às mães de primeira viagem, que em muitos casos, têm pouco acesso aos canais de informação. De acordo com Costa (2005), a redução da mortalidade materna e perinatal está diretamente relacionada com o acompanhamento das gestantes no prénatal, contanto que os serviços de monitoramento sejam acessíveis às mesmas.  

Outro impasse muitas vezes encontrado na assistência às gestantes é a deficiência na estruturação o sistema de amparo às mesmas, onde a organização da equipe assistencial como um todo acaba por sofrer algumas baixas, seja por problemas basilares ou por falhas em áreas capilares específicas.  As ações de saúde bucal que prevalecem nos serviços atuais não decorrem somente de problemas estruturais, mas se devem também a políticas públicas e ao modelo assistencial oferecido pelo sistema de saúde, sendo importante a ressalva que uma estruturação física, sem uma atenção à racionalização do trabalho acaba se tornando insatisfatória (NUNES, 2018).

Nesse contexto, o presente trabalho objetivou a análise da abordagem do sistema único de saúde no pré-natal em gestantes. Observando os meios de amparo realizados pelo sistema único de saúde, bem como os recursos de abordagem, prevenção e instrução fornecidos pela saúde pública às prenhes.

METODOLOGIA

Esse trabalho trata de um estudo de cunho descritivo utilizando como método a revisão de literatura, onde selecionaram-se pesquisas científicas que remetiam ao tema Abordagem do Sistema Único de Saúde no pré-natal odontológico, publicadas no período entre 2018 e 2023. A pesquisa foi realizada entre julho e outubro de 2023. Para delimitar os rumos do estudo, foram usados os seguintes descritores: Pré-natal Odontológico; Saúde Bucal em Gestantes; pré-natal na Estratégia de Saúde da Família; 

As plataformas utilizadas para a localização dos trabalhos foram o Scielo, a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e o Google acadêmico. Inicialmente o estudo abordaria a atuação da Estratégia de Saúde da Família nos casos de Gengivite gravídica no pré-natal. No entanto, notou-se a ausência de variedade de artigos e todos os que se assemelhavam a esse tema traziam informações mais genéricas relacionadas ao pré-natal odontológico, o que nos levou a ampliar o tema para Abordagem do Sistema Único de Saúde no Pré-natal Odontológico.

 A seleção iniciou-se pelo tema dos artigos, onde selecionou-se trabalhos com títulos que aparentavam estar relacionados com o tema proposto. A segunda filtragem se deu pela leitura dos resumos, onde fomos descartando aqueles que fugiam do tema proposto pelo presente estudo, além dos realizados fora do país, os que datavam de um período anterior ao escolhido para coleta de pesquisas. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Relação entre saúde bucal e gestação

A gravidez é um período caracterizado por diversas mudanças de cunho fisiológico e psicossocial que podem ser vistos como fatores de risco para a saúde bucal. Estas alterações afetam principalmente o periodonto, cuja função é a sustentação e proteção do dente (BOTELHO et al., 2018).

Segundo Aleixo et al. (2021), essas alterações patológicas podem ocorrer em função de deficiências nutricionais e mudanças dos níveis hormonais de estrógeno e progesterona. Além disso, o acúmulo de placa bacteriana, com deslocamento do equilíbrio para favorecer bactérias potencialmente patogênicas para saúde geral e periodontal, como S. mutans e Prevotella intermedia, junto a um quadro de imunodepressão temporária que tende agravar o estado de saúde bucal da gestante e implicar, indiretamente ou diretamente, em agravos mais sérios como parto prematuro e baixo peso ao nascer do recém-nascido. 

Para intervir nestes problemas, segundo Nunes (2018), as equipes de saúde pública organizam suas agendas incluindo as gestantes como prioridade. Visto isso, foram criadas estratégias dentro do âmbito do SUS para fornecer à gestante um acompanhamento integral da gestação. 

Acompanhamento da gestante no contexto da ESF e pré-natal odontológico

Moura et al. (2022), relata que há uma relação positiva quando se realiza o acompanhamento pré-natal as gestantes, pois, este contribui na redução da baixa de taxas nutritivas e de mortalidade infantil, somada à redução da mortalidade materna, além de acarretar percepções positivas durante o período da gravidez. Fato este que leva a refletir sobre o quanto o acesso a esse acompanhamento tem relevância no que diz respeito ao bem-estar das mulheres gestantes e de seus bebês.

Aguiar et al. (2023) versa sobre os avanços do pré-natal odontológico como parte do cuidado integral à saúde da gestante, afirmando que foi fruto dos esforços exercidos pelo Ministério da Saúde a partir de 2011, visando qualificar os serviços ofertados pelo sistema de saúde, em especial à saúde da mulher, criando-se o programa Rede Cegonha. Este programa possui várias frentes de trabalho que possuem o objetivo promover qualidade de vida durante a gestação, parto e pós-parto. Dentro da Rede Cegonha, são realizados, também, os encaminhamentos para a realização do pré -natal odontológico. Esse programa determina as ações para a sua realização na unidade básica de saúde. Dentro dele, o cirurgião dentista exerce o seu trabalho dentro do contexto multiprofissional.

A influência positiva da intervenção via pré-natal odontológico foi observada, por exemplo, em um estudo realizado por Trindade et al. (2015), no período entre 2005 e. 2015. O estudo foi dividido em 3 fases de observação I (2005-2007), II (2010-2011), III (2012-2015). Comparando-se os três períodos, as frequências de gengivite e periodontite diminuíram; relativamente à condição dentária, as piores situações no número de dentes presentes, hígidos, extraídos e índice CPO-D observaram-se no período III, comparativamente ao período II.

Dentre os procedimentos a serem realizados no pré-natal odontológico, De Almeida Mendes et al. (2022) destacam os seguintes procedimentos: 1 – Orientação a respeito da realização no atendimento durante a gestação; 2 – Exame na mucosa bucal identificação de possíveis riscos; 3 – Diagnóstico e avaliação de necessidade curativa; 4 – Diagnóstico de doenças periodontais e avaliação da necessidade de tratamento; 5 – Orientações a respeito da ingestão de açucares e higiene bucal; 6 – Constante atenção no consentimento da paciente que está sendo atendida, respeitando sempre as vontades da mesma (DE ALMEIDA MENDES et al., 2022). 

Neste sentido Guimaraes et al. (2021) completa que apesar do 2º trimestre da gravidez ser considerado o período mais seguro e propício para a realização de intervenções, eventuais urgências e emergências, como dor e infecções, estas devem ser tratadas em qualquer período gestacional, por meio de endodontias.

O pré-natal odontológico possui também, o caráter preventivo e educativo. Moura et al. (2022), traz que durante as consultas com o cirurgião dentista, deverá ser ensinado como resolver os problemas que possam acometer a saúde oral, como prevenir a doença cárie, periodontal e outras lesões bucais. Problemas estes que podem também ocorrer durante o período gestacional. O mesmo estudo nos traz à tona que não só pode se fazer, como torna-se necessário o acompanhamento com o profissional odontológico, de forma segura e em todos os trimestres da gravidez. 

No que diz respeito à prevenção, ainda na pesquisa realizada por Moura et al. (2022), a maior parte das entrevistadas indicou não ter adquirido novas práticas de higiene bucal no período gestacional. A escovação diária na frequência de duas a três vezes foi referida por todas as gestantes, porém o uso do fio dental e de enxaguantes bucais como um reforço na higiene bucal foram relatados por menos da metade das entrevistadas. Isto pode estar relacionado com o modelo da abordagem desses aspectos pela parte da Equipe de saúde pública que abrange a região analisada durante a realização do pré-natal odontológico.

Além disso, outras medidas educativas devem também ser introduzidas, tais como orientações sobre a amamentação exclusiva durante os primeiros seis meses de vida dos bebês, sobre o contexto da mamadeira e da chupeta, e sua influência no desenvolvimento de efeitos deletérios sobre o sistema estomatognático em questão (ZANDER et al., 2022). 

Desafios e fatores limitantes

A valorização da saúde bucal das gestantes sofre uma deficiência por ainda não ser considerada como parte totalmente inserida na assistência pré-natal nas unidades de saúde pública, o que acaba por desencorajar as mulheres gravidas a procurarem os cuidados necessários ou a abraçarem os acompanhamentos propostos. De acordo com os principais achados do estudo de Saliba et al. (2019), realizado no Município de Feira de Santana/BA, houve uma melhora da condição de saúde bucal das gestantes ao longo dos anos analisados pela pesquisa (2005 – 2015). No entanto, não foram encontrados achados tão positivos na condição dentária, mostrando que o modelo curativista ainda é o mais utilizado nos serviços públicos na área odontológica. 

Resultados similares foram obtidos por Zander et al. (2023) que, em um estudo transversal, verificaram que 54, 84% das gestantes não tinham conhecimento sobre o pré-natal odontológico, e 59,79% das gestantes entrevistadas não foram orientadas sobre tal acompanhamento. Em alguns casos, os próprios profissionais se encontram desconfortáveis e com dúvidas no que diz respeito ao uso de medicamentos ou sobre como agir no caso de determinadas afecções bucais que venham acometer as gestantes. 

A pesquisa de Konzen, Marmitt e Cesar (2019) realizada no estado do Espírito Santo, relata que de 1032 mulheres atendidas no Sistema Único de Saúde no período entre abril e setembro de 2010, a maioria afirmou ter sido submetida a procedimentos mais simples como a profilaxia, enquanto uma menor quantidade relatou ter sido submetida a procedimentos curativos, como controle da dor e extrações dentárias. Aqui, uma das principais dificuldades encontradas, que é compartilhada também pelas gestantes, está relacionada à aplicação de anestésicos, onde tanto o profissional quanto a paciente se sentem inseguros quanto ao efeito que estes sais anestésicos poderão trazer à saúde do feto. Os próprios cirurgiões dentistas formaram o grupo que demonstrou maior preconceito em relação ao atendimento odontológico em gestantes, porém eles reconhecem a necessidade de um acompanhamento e estratégias de enfrentamento diante dos possíveis desafios em casos de afecções bucais na saúde destas mulheres.

No entanto, estas equipes muitas vezes encontram dificuldades vindas tanto da parte das gestantes, quanto de integrantes da própria equipe, trazendo uma dificuldade no acompanhamento e gerência dos grupos educativos (NUNES, 2018). 

Por exemplo, no estudo de Nunes et al. (2018), a dificuldade dos profissionais de saúde pública em acompanhar as gestantes na parte odontológica do pré-natal, tem sido atribuída também à falta de interesse e importância por parte das gestantes, sendo a dor citada por alguns profissionais como fator influente na hora das mulheres procurarem atendimento odontológico no período gestacional evidenciando a pouca informação que estas têm a respeito destes procedimentos. 

No contexto da adesão ao pré-natal odontológico, para Da Paixão Freitas, Dias e De Santana (2022), o acolhimento adequado pelos profissionais da área da saúde bucal e os demais componentes pela equipe multiprofissional. Ele ainda destaca a importância desse tratamento para a saúde materno-fetal. Neste sentido, considera problemático que tenha ainda uma falta de interação e/ou integração da equipe multiprofissional e a dificuldade de acesso aos serviços odontológicos que continuam limitando a adesão da população.

O estudo transversal, realizado por Gonçalves et al. (2020) mostrou, que há vários fatores que influenciam na adesão ao pré-natal odontológico, sendo que foi estabelecida uma relação positiva entre as variáveis como macrorregião, porte populacional do município, cobertura de saúde bucal, idade da gestante, presença do registro de consulta odontológica, participação da equipe em programas de educação permanente e horário de funcionamento que atendam às necessidades das usuárias. A nível individual, mulheres com menor renda e menor idade tiveram menor utilização de serviços de saúde bucal no pré-natal.

Konzen, Marmitt e Cesar (2019) em sua pesquisa reforçam a percepção que podemos obter com as informações aqui citadas, mostrando que as mulheres de menor escolaridade apresentaram associação inversa a consulta odontológica. Pode-se atribuir tal situação ao fato de que tanto o grupo de maior escolaridade como o que já tinham tido filhos, foram expostos a informações repetidas sobre saúde bucal, mostrando que a exposição desses conteúdos por meio das ações programáticas em saúde bucal no pré-natal pode ser um agente importante para a saúde bucal das prenhas. 

Isso foi observado, também, no estudo efetuado por Wagner et al. (2021) onde foram incluídas 3.580 puérperas e 41,4% que realizaram consulta odontológica durante o pré-natal. Segundo os autores, há maior chance de consulta odontológica quando a gestante possui maior escolaridade e maior número de consultas médicas/de enfermagem. Já em casos de não ter trabalho remunerado, a chance diminuiu. O menor acesso aos serviços também foi observado em gestantes que não participaram de atividade educativa no SUS, em geral. 

Outra característica encontrada na pesquisa de Konzen, Marmitt e Cesar (2019) está relacionada com a busca das gestantes pelo acesso ao atendimento odontológico, onde aquelas que participavam de atividades oferecidas pelo Sistema Único de Saúde, obtiveram uma maior busca por consultas com um cirurgião dentista, enfatizando que quanto maior o contato que as mulheres grávidas têm com informações relevantes a respeito do pré-natal, maior a possibilidade de acesso a assistência odontológica. 

O estudo realizado por Jakovljevic, De Leon, Boing (2021) traz à tona que o grau de escolaridade das gestantes é um fator influente para um conhecimento adequado sobre saúde bucal. Já relacionado ao número de filhos, quanto maior a quantidade de filhos as gestantes analisadas tiveram, maior era a chance de ter um conhecimento adequado em saúde bucal do que as mães sem filhos.

Nunes et al. (2018) por sua vez, vem dizer que grupos com menor condição socioeconômica utilizam menos os serviços de saúde e possuem maior carga de doença, de forma a serem duplamente penalizados quanto a sua saúde bucal oral. 

CONCLUSÃO 

A presente pesquisa evidenciou que o pré-natal odontológico é de extrema importância para assegurar a saúde materno-fetal, visto que a gestação pode implicar em alterações bucais que podem, por via sistêmica, comprometer a saúde do bebê, levando à possíveis agravos na saúde destes. Além disso, os agravos podem acometer a saúde da gestante, afetando a sua qualidade de vida. O acompanhamento, neste sentido, visa a manutenção e o restabelecimento da saúde bucal.

Neste sentido, a implementação de medidas de amparo às gestantes por meio de programas de saúde pública, e dentre eles o pré-natal odontológico, mostraram se benéficos para a saúde da gestante e a vida em formação. As principais metas do programa, constitui na promoção de ações educativas, preventivas e curativas.

Ainda, foi evidenciado que a adesão aos projetos de saúde pública idealizados pelo SUS ainda são deficientes, seja por desinformação por parte das gestantes, ou por falta de incentivo pela equipe multidisciplinar. Assim, se destacou a importância de promover ainda mais divulgação entre as pacientes, como também um planejamento multidisciplinar estratégico, a fim de promover uma melhora na saúde geral das gestantes.

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